quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Uma Igreja corrompida até o topo [Final - Outras consequências da Reforma] - Diane Moczar

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As explicações para o surgimento e a sobrevivência das novas religiões são, geralmente, políticas. Na Inglaterra, Henrique VIII e, em grande parte, Elisabete I, uniram seu poder político, sua riquesa e influência internacional ao controle da religião. Isso também aconteceu no continente europeu, onde muitos príncipes alemães ligaram-se ao movimento da Reforma para beneficiarem politicamente a si e ao território que representavam. A nova religião protestante dos holandeses seria um dos movimentos da rebelião contra os seus governantes católicos espanhóis. "No século XVI", escreve Cameron, "religião se tornou política de massa".

As consequências culturais e psicológicas de longo prazo causadas pela Reforma na Europa e Inglaterra não são nosso tópico aqui, mas vale a pena lembrar que elas foram tão devastadoras que até alguns protestantes modernos lamentaram a atitude de seus antepassados. Walsh, em The Thirteenth, Greatest of Centuries, cita um dramaturgo alemão discutindo a ruptura cultural causada pela Reforma:
Eu, como protestante, muitas vezes lamentei o fato de termos adquirido nossa liberdade de consciência, nossa liberdade individual, a custos tão altos. A fim de dar espaço a uma vil e pequena planta de vida pessoal, destruímos todo um jardim ornamental e derrubamos uma floresta virgem de ideias estéticas. Jogamos fora o jardim de nossas almas o solo fértil que vinha sendo cultivado por milhares de anos, e então passamos a arar sobre terrá estéril.
A referência à "vida pessoal" aqui apresenta outra característica da Reforma e a razão por que teve êxito: é o subjetivismo essencial do protestantismo, exemplificado no seu princípio de julgamento privado. Cameron observa que os reformistas triunfaram em "sujeitar a doutrina ao debate público; as pessoas eram, de fato, convidadas a escolher as ideias religiosas que as agradavam". Eis o nosso subjetivismo moderno: apoio a minha religião não porque reconheço que é a única fundada por Cristo, mas porque me agrada.

Essa mudança brusca de perspectiva espiritual teve um preço. O pastor protestante David Hartman, no The New Oxford Review, de 28 de setembro de 1989, escreve:
Até mesmo para um pastor protestante como eu é difícil levantar a hipótese objetiva de que o estado dos afazeres humanos no seu todo tenha sido melhorado pela Reforma. 'Uma das maiores tragédias da História', observa o historiador Paul Johnson, 'e a tragédia central do cristianismo - foi a ruptura da harmoniosa ordenação de mundo que havia se desenvolvido na Idade Média sobre uma base cristã'.
Felizmente, do outro lado da revolta protestante viria a verdadeira reforma, inadequadamente conhecida por "Contra-Reforma". Pierre Janelle observa que a Contra-Reforma "dificilmente poderia ter triunfado, caso a cristandade estivesse realmente corrompida na sua alma; mas não estava (...) A Europa cristã era rica em fé, caridade e devoção" - e daria à luz outra grande era da Igreja.

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