segunda-feira, 21 de agosto de 2017

São Pedro em Roma – Autor desconhecido

Depois de haver fundado as igrejas de Jerusalém e Antioquia, as mais célebres da Ásia, partiu S. Pedro para o Ocidente com o propósito de fixar-se em Roma, até então baluarte do paganismo e destinada a tornar-se o centro da vida cristã.
Na cidade dos Césares estabeleceu ele a sua cátedra episcopal. Derramando nela seu sangue por amor do divino Mestre, inaugurou a dinastia dos Papas, que já conta vinte séculos de existência. É exatamente isto que pretendemos demonstrar contra os sofismas do protestantismo. É fora de dúvida que o príncipe dos apóstolos, tendo-se libertado da prisão em Jerusalém, escolheu Roma para sua residência episcopal. Sobre a certeza deste fato, em toda a antiguidade cristã, não pairou sequer a sombra de uma contestação.
Foi somente no século quatorze que apareceu o primeiro a pô-lo em dúvida, aliás interesseiramente. Com o intuito de defender Luiz de Baviera contra o Papa João XXII, Marcílio de Pádua lançou no ar a dúvida, que os protestantes breve converteram em negação formal, como quem aproveita toda a arma para atingir o fim que tem em mira.
Para que saiba, entretanto, quanto é fora de contestação a estada de São Pedro em Roma, bastam os seguintes testemunhos, todos de imenso valor.
São Cipriano que viveu no século terceiro da nossa era e foi bispo primaz da África, numa sua epístola a Antoniano, diz: “Tendo ficado vaga a sede de Fabiano, isto é, a sede de Pedro, e da dignidade da cátedra, foi Cornélio criado bispo” (Epístola X ad Antonianum).
Orígenes, o maior luminar da Escola de Alexandria, falecido em 254, atesta que São Marcos escreveu o seu Evangelho a pedido dos “romanos que tinham ouvido a pregação de São Pedro” (Coment. In Genes., tomo 3).
Tertuliano, morto depois de 222, entre outras alusões à estada de São Pedro em Roma, diz o seguinte: “Oh! Igreja feliz à qual deram os apóstolos, juntamente com seu sangue, o tesou re sua doutrina, onde Pedro se assemelhou ao Mestre no gênero de morte. Etc.” Escrevendo contra os hereges, o vigoroso polemista apelava para o fato da estada de São Pedro em Roma, sem medo de ser contestado.
Há, porém, entre quase uma dezena de outros documentos comprovando a tese da Santa Igreja, dois, pelo menos, de uma força demonstrativa extraordinária. São os testemunhos deixados por Santo Irineu e Santo Inácio.
Santo Irineu morreu em 202, após haver sido educado na escola de Policarpo, que, por sua vez, fica distanciado dos apóstolos apenas por uma geração. Pois este venerando varão, na sua obra “Contra as Heresias”, repetidas vezes fala na presença de São Pedro em Roma. Acha-se isto no III livro, c. I, n. I da citada obra. Eis o trecho decisivo: “Encontrando-se entre os hebreus, redigiu Mateus o Evangelho na língua deles, enquanto Pedro e Paulo evangelizavam em Roma e aí fundavam a Igreja”.
Não podemos, entretanto, deixar sem especial menção o testemunho de Eusébio, tristemente adulterado por protestantes. Assim reza o texto de Irineu: “Fundando, portanto, e instituindo a Igreja, os bem-aventurados apóstolos Pedro e Paulo entregaram o episcopado a Lino… A este sucedeu Anacleto. Depois deste, em terceiro lugar, Clemente ocupou o episcopado (transmitido) pelos apóstolos” (Adversus Hereses, III, 3)
Vejamos agora o que diz Eusébio na sua História Eclesiástica: “Depois de Pedro, Lino foi o primeiro a exercer o episcopado na Igreja Romana”. É ainda Irineu quem, no seu livro Chronicon, em texto sagazmente omitido por protestantes, escreveu o seguinte: “Como o apóstolo Pedro houvesse fundado a igreja de Antióquia, foi enviado para Roma, e aí, pregando o Evangelho, permaneceu bispo desta cidade por vinte e cinco anos. Depois de Pedro, Lino foi o primeiro a reger a Igreja de Roma.” (Hist. Ecclesiae, livro III, cap. 4)
Diante do exposto, como preservar negando verdades tão meridianas? Negar a verdade conhecida por tal é pecado contra o Espírito Santo, atitude indigna de um discípulo do Salvador.
Santo Inácio, martirizado no ano 107, de viagem para Roma, escreveu várias epístolas a diferentes igrejas, confortando-as na Fé e obediência aos superiores eclesiásticos. Numa dessas cartas, dirigida aos romanos, diz textualmente: “Tudo isto não vos ordeno como Pedro e Paulo, eles eram apóstolos, enquanto eu sou um condenado à morte.”
Parece claro, em tal linguagem, haver nos romanos, já então, um perfeito conhecimento daqueles dois arautos do Evangelho…
[Continua…]

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