domingo, 21 de dezembro de 2014

Projeto Anscar Vonier

Um dos principais motivos para não ter postado por um bom tempo no blog é que iniciamos um grupo cujo objetivo é traduzir e divulgar todo trabalho de Dom Anscar Vonier.

Atualmente ele é praticamente desconhecido aqui no Brasil, apesar do prestigio que já teve por conta de publicações antigas.

Infelizmente foram deixados de lado uma vasta quantidade de grandes autores católicos. Soma-se a isso  ao fato de que nem sempre se dá prioridade à tradução de textos que ainda não se encontram em nosso idioma. Esse é, inclusive, o motivo de termos decidido dar prioridade aos textos que  ainda não estão em português.

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Quem foi Anscar Vonier?

Em poucas linhas pretendemos dar aqui os traços principais da vida desse grande monge beneditino, que foi Dom Anscar Vonier.

Filho de família profundamente católica, Dom Vonier nasceu em 11 de novembro de 1875 em Ringschnait na Suábia, sul da Alemanha. Seus pais foram Teodulfo e Ágata Vonier. Posto que o nome da sua família o faça parecer de descendência francesa, os seus antepassados, no entanto, eram oriundos daquela região em que ele nascera, onde desde séculos sempre residiram.

Educado na escola da piedade cristã, o jovem Martinho, era esse o seu nome de batismo, comprazia-se em ajudar à Missa, acompanhando-a no seu pequeno pissal. Em casa havia armado um pequeno altar em que imitava a celebração dos santos mistérios. Daí lhe veio o desejo de abraçar a vida monástica. A esse tempo (1888), tendo ele treze anos, passou pela sua cidade um sacerdote angariando vocações para o mosteiro de Buckfast, na Inglaterra, o qual acabava de ser restaurado pelos monges da Congregação Sublacense da província francesa.

O jovem Martinho foi um dos primeiros que corresponderam a esse chamamento do Senhor. Mandado à França, fez os estudos de humanidades no colégio dos padres do Espírito Santo da cidade de Beauvais. Desses estudos e anos passados na pátria de São Luiz lhe veio um grande amor à cultura francesa.

Terminado o curso de humanidades, foi mandado para Buckfast. Ao ser admitido ao noviciado canônico, recebeu o nome de Anscar. Em 2 de julho de 1894, fez os votos de religião e em 17 de dezembro de 1898 foi ordenado sacerdote. No ano seguinte foi mandado para o colégio de S. Anselmo em Roma onde, após um brilhante curso de filosofia que sendo de três, ele completou em dois anos, defendeu a tese e recebeu as láureas de doutor.

Em 1906 ocupava Dom Vonier a cátedra de filosofia no colégio de S. Anselmo onde se havia doutorado. Nas férias desse ano o seu abade, Dom Bonifácio Natter, o tomou como companheiro numa viagem à Argentina com o encargo de fazer a visita canônica a um dos mosteiros de sua Congregação naquele país. Tendo embarcado no vapor Sírio, este sossobrou nas costas da Espanha, em 4 de agosto, perecendo entre muitos outros passageiros o abade Dom Bonifácio Natter. Dom Vonier foi salvo por um pescador. Os monges de Buckfast já tinham por mortos a ambos, tanto o abade como o seu companheiro, por cujas almas celebraram solenes exéquias. Dias depois receberam carta de Dom Vonier comunicando ter sido salvo. No dia 14 de setembro do mesmo ano, Dom Vonier foi eleito pela comunidade abade do mosteiro, e em 18 do mês seguinte, festa de S. Lucas, recebeu a benção abacial.

O novo abade desde logo manifestou o desejo de restaurar a igreja abacial, destruída no século XVI, no tempo da Reforma. Nesta obra, empreendida alguns anos mais tarde, trabalharam os próprios monges como construtores. Em 1932 Dom Vonier teve a grande satisfação de ver realizado esse desiderato, que fazia parte do seu programa de governo da abadia. Nesse mesmo ano, 15 de agosto, foi a igreja consagrada pelo Cardeal Bourne, delegado do Papa, com assistência de vários bispos e de milhares de fiéis.

Desde o começo da sua vida monástica mostrou Dom Vonier uma predileção toda especial pelo estudo da Sagrada Escritura. Durante muitos anos dedicou diariamente uma hora inteira à leitura e estudo da Bíblia. Daí lhe veio uma grande familiaridade com as Sagradas Escrituras e sobretudo com as Epístolas de São Paulo que praticamente sabia de cór.

Possuia o dom da palavra: pregava ordinariamente aos domingos na igreja abacial e muitas vezes em outras igrejas. Era com frequência convidado pelas comunidades religiosas para lhes dirigir a palavra de vida, em exercícios espirituais. Grande foi também a sua atividade literária. Escreveu várias obras de espiritualidade, profundas em doutrina e de um sabor e atrativo pouco comum nesse gênero de literatura. Escrevia também artigos para as principais revistas católicas de Londres.

Dom Vonier, no dizer de um dos seus religiosos, foi construtor, pregador, escritor, mas foi antes de tudo e acima de tudo um monge, isto é, um homem de Deus e da Igreja. Como fruto dos seus trabalho e do seu espírito apostólico e de vida interior, a vida de oração e de união com Deus, temos as suas obras. Quem quiser conhecer Dom Vonier, leia os seus livros. Eles nos dizem melhor que qualquer biógrafo quem foi esse grande beneditino: o teólogo profundo, o monge apaixonado pelo ideal monástico, o homem de Deus, inflamado do amor de Cristo e da sua Igreja.

Das suas obras, 4 já foram traduzidas para o português*. Além de “Nova e Eterna Aliança” (The New and Eternal Convenant), temos a “Vitória de Cristo” (Victory of Christ), o “Espírito Cristão” (The Christian Mind) e o “Mistério da Igreja”, editadas pela “Lumen Christi”.

Nas obras de Dom Vonier goza-se e admira-se com a profundidade da sua doutrina e originalidade de expressão. Todas foram editadas em inglês, com exceção do “Mistério da Igreja” por se compor de três conferências, feitas em alemão pelo autor, em Salzburgo, e publicadas em forma de livro em Munique, em 1933, com o título de “Das Mysterium der Kirche”. Não se acha pois no elenco das obras do abade de Buckfast.

Suas obras são:

(As obras iniciadas com um "+" já estão em português em edições muito antigas. Faremos, entretanto, novas traduções.)

• A alma humana e suas relações com outros espíritos, 1913. (Tradução em andamento)
• A personalidade de Cristo, 1914. (Tradução em andamento)
• A Maternidade Divina, 1921. (Tradução completa)
• Chave para a doutrina da Eucaristia, 1925. (Tradução quase completa)
• A vida do mundo vindouro, 1926.
• Arte de Cristo, 1927.
+ Os Anjos, 1928.
+ A nova e eterna aliança, 1930.
• Morte e Julgamento, 1930. (Tradução Completa)
• Cristo, o rei da Glória, 1932.
• Christianus, 1933. (Tradução completa)
+ A vitória de Cristo, 1934.
• O Espírito e a Noiva, 1935.
+ O Povo de Deus, 1937.
+ O Espírito Cristão.

Cheio de merecimentos, Dom Anscar Vonier foi chamado por Deus em 26 de dezembro de 1938 para receber no céu a recompensa do seu trabalho. Ele, no entanto, continua a nos intruir e a nos reconfortar om os seus escritos.

D. Joaquim G. de Luna, O.S.B.
Tijuca, Pentecostes de 1942.

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Fonte: Introdução no livro “A nova e eterna aliança”, edições Lumen Christi.


* Número de traduções na época. As nossas traduções darão prioridade aos textos que ainda não estão em português.

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