quinta-feira, 30 de outubro de 2008

Por que Deus não cura as pessoas como antes?


As vezes me pergunto porque Deus não cura a grande quantidade de pessoas com problemas graves, pois se Deus criou o universo do nada, curar uma pessoa assim não é nada difícil pra Ele. Tudo que aquelas pessoas precisam é de uma cura, simples, rápida, e Deus pode, mas por que não faz? Não só eu, mas na própria bíblia tem coisas parecidas:

Tu és tão puro de olhos, que não podes ver o mal, e a opressão não podes contemplar. Por que olhas para os que procedem aleivosamente, e te calas quando o ímpio devora aquele que é mais justo do que ele?

Até quando, SENHOR, clamarei eu, e tu não me escutarás? Gritar-te-ei: Violência! e não salvarás?

O livro de Jó tem perguntas assim também.

Mas se o que Deus sabe é muito mais do que podemos imaginar, Ele pode está usando o sofrimento em certo período de tempo pra nos ensinar e nos dar algo melhor em um maior tempo.

Acredito que Deus faz milagres quando quer confirmar uma mensagem de redenção, da mesma forma que acontecia com os profetas e Jesus. Mas também, mesmo que não entendamos, o melhor seria não fazer o milagre como desejamos, pois, de certa forma, o sofrimento serve pra nos ensinar algo, e muitas vezes o fim não é ruim (aprendemos coisas boas através do sofrimento). Talvez para Deus estas não sejam prioridades para operar milagres e fazer com que seus servos se maravilhem com estas ações, pois nos maravilhamos com as coisas e muitas vezes não aprendemos nada de bom. Continuaríamos sendo egoístas, mentirosos, falsos e pecadores, com a única diferença de estar maravilhados, apenas nos maravilhamos e logo esquecemos, não foi isso que aconteceu com os milagres de Jesus? Alguns apóstolos continuaram incrédulos, muita gente duvidou, outros atribuíam ao diabo, grande parte se maravilhou, mas sua vida não mudou. Coisas assim são como um megafone de Deus querendo falar para a humanidade caída que precisamos dEle, como C. S. Lewis disse: “Deus sussurra em nossos prazeres, fala em nossa consciência, mas grita em nosso sofrimento: ele é o seu megafone para despertar um mundo surdo. Um homem mau, mas feliz, é um indivíduo que não tem a mínima noção de que seus atos não são uma ‘resposta’, de que eles não se conformam às leis do universo.”.

Assim, o que aprendemos se torna um verdadeiro milagre, não sei como, mas sempre que lembramos de momentos difíceis, vemos que aprendemos valiosas lições. Não lembro onde li, mas dizia que no céu, a primeira coisa a dizer é “Ahhhh... Agora entendi”, e isso tem muita coisa verdadeira, pois veremos que o sofrimento nos proporcionou uma alegria maior.

Quando fizeram uma pergunta parecida, Peter Kreft disse que "Ele próprio está envolvido nessa agonia, ele próprio suportou toda dor desse mundo, e isto é inimaginável e devastador e ainda mais impressionante que o poder divino de criar o mundo em primeiro lugar. Simplesmente imagine cada dor em particular na história do mundo, tudo reunido em uma bola, comido por Deus, digerido, plenamente experimentado, eternamente. No ato de criar o mundo, Deus não somente disse que houvesse lindos coelhinhos, flores e crepúsculos, mas também sangue, entranhas e moscas zunindo em torno da cruz. Deus está intimamente envolvido com o ato de criar um mundo de sofrimento. Não foi ele quem o fez - nós o fizemos - no entanto ele disse: "Que esse mundo exista".
Se ele fizesse isso e depois simplesmente se sentasse e dissesse: "Bem, afinal de contas, é culpa de vocês" - embora tivesse plena justificativa em fazê-lo - eu não vejo como poderíamos amá-lo. O fato de ter ultrapassado inacreditavelmente a justiça, fê-lo tomar todo o sofrimento para si, e torna-o tão fascinante que a resposta ao sofrimento é como você poderia deixar de amar esse ser que andou 'a segunda milha' , que praticou mais do que pregou, que entrou em nosso mundo, que sofreu as nossas dores, que se oferece a nós no meio de nossas tristezas? O que mais ele poderia fazer? Muitos cristãos tentam tirar Deus da dificuldade no que tange ao sofrimento; Deus se colocou em dificuldade, por assim dizer - na cruz.No céu nós diremos a Deus: " Muito obrigado por esta pequena dor que não entendo agora e por aquela dor que não entendi à ocasião; agora vejo que foram as coisas mais preciosas da minha vida.


Mesmo que eu não me ache emocionalmente capaz de dizê-lo neste instante, ainda que não possa honestamente dizer a Deus em meio à dor "obrigado pela dor", mas tenha que dizer "livra-me do mal”, no entanto creio que essa não é a ultima palavra. As ultimas palavras do pai-nosso não são “livra-me do mal”, elas são "teu é o poder e a glória".

Autor: Jonadabe Rios 

sábado, 25 de outubro de 2008

A fé dos ateus

Constantemente ouvimos ateus dizer que eles somente negam a existência de Deus e por isso não têm fé, pois quem tem fé é quem acredita em Deus. Claro que não são todos que falam isso, por isso venho falar apenas dos que querem passar o “ônus da prova” para os teístas, pois, dizem eles, “são eles que afirmam, e o ônus da prova está com quem afirma”. Pensava que pelas leis o ônus está com quem acusa, rsrs, mas sabe como é, um diz aqui, outro repete, repete, repete.... (repito, não são todos). O que posso dizer é que eles não estão totalmente certos, nem errados, mas que algo deve ser esclarecido.

Não é porque eles não tenham fé em Deus que signifique que não tenham fé em outra coisa, neste caso, no materialismo. Espere um minuto! O materialismo é apenas a negação de tudo que é espiritual! Quem nega não está afirmando algo. Exatamente. Mas quem nega um conjunto de crenças, está afirmando outro conjunto oposto. Por exemplo, quem nega que uma mente inteligente criou o universo, as condições para vida e deu consciência a poeiras de átomos está afirmando que tudo veio por processos aleatórios. Ou seja, os ateus não têm fé em Deus, mas acreditam (tem fé) que todos os processos que levaram ao surgimento do universo e da primeira vida foram randômicos. Do mesmo modo, os teístas não acreditam no acaso (negam o acaso) e tem fé em Deus.

Às vezes eu penso que quando dizem que simplesmente negam, e apenas isso, querem deixar de dar uma explicação para sua crença. Evidencias para a existência de Deus são muitas, ao contrario das que apóiam o ateísmo. Nem o problema do mal pode ser usado como argumento contra a existência de Deus, pois ao dizer que algo é ruim se assume a existência de um padrão que o diferencia do bom. Mas se Deus não existe, em que padrão estão se baseando? C. S. Lewis usou muito bem isto como argumento a favor da existência de Deus no livro Cristianismo puro e simples. Nem mesmo os erros da igreja pode ser um argumento, pois Deus não é igreja. Ou o evolucionismo, pois, primeiro, essa teoria está enfrentando diversos problemas, segundo, o evolucionismo fala sobre a evolução das espécies, não da origem da vida (alias, até o evolucionismo é usado como argumento para a existência de Deus). Além do argumento que C. S. Lewis mostrou em seu livro, existem muitos outros baseados nas principais descobertas cientificas que mostram que precisa de muita fé para ser ateu. Antony Flew expôs isso em seu livro “Um ateu garante: Deus existe”, da mesma forma que Norman Geisler e Frank Turek no livro “Não tenho fé suficiente para ser ateu”.

Então, vão continuar passando o “ônus da prova” para os teístas? E mesmo com os argumentos teístas da existência de Deus, vão continuar ignorando?

O "Novo Ateísmo"

Texto retirado do Apêndice A do livro Um ateu garante: Deus existe, Antony Flew

O "Novo Ateísmo": Uma apreciação critica de Dawkins, Dennett, Wolpert, Hárris e Stenger

Roy Abrahám Varghese


Na base do "novo ateísmo" reside a crença de que não existe Deus, de que não há uma Fonte eterna e infinita de tudo o que existe. Essa e a crença-chave que precisa ser estabelecida para que a maioria dos outros argumentos faça sentido. Minhá presente alegação e a de que os "novos ateístas", Richárd Dawkins, Daniel Dennett, Lewis Wolpert, Sam Hárris e Victor Stenger não apenas falham na defesa de sua tese, como também ignoram os fenômenos que são particularmente relevantes a questão da existência de Deus.

A meu ver, cinco fenômenos apresentam-se evidentes em nossa experiência imediata que podem apenas ser explicados em termos da existência de Deus. A saber: em primeiro lugar, a racionalidade implícita a toda nossa experiência do mundo físico; em segundo, a vida, a capacidade de agir de forma autônoma; em terceiro, a consciência, a capacidade de estar ciente; em quarto, o pensa mento conceitual, o poder de articular e entender símbolos com significado, tais como aqueles inerentes a linguagem e, por fim, em quinto lugar, a personalidade humana, o "centro" da consciência, do pensamento e da ação. Três coisas devem ser ditas sobre esses fenômenos e sua aplicação a existência de Deus. Em primeiro lugar, estamos acostumados a ouvir falar de argumentos e provas da existência de Deus. De meu ponto de vista, tais argumentos são úteis na articulação de certas percepções fundamentais, mas não podem ser considerados "provas", cuja validade formal determinaria se há ou não um Deus. Em vez disso, cada um dos cinco fenômenos tratados aqui pressupõe, a sua maneira, a existência de uma Mente eterna e infinita. Deus e a condição que da supor-te a tudo aquilo que, em nossa experiência, e evidente por si só. Em segundo lugar, como se torna evidente a partir da primeira observação, não estamos falando so­bre probabilidades e hipóteses, mas sim sobre encontros com realidades fundamentais que não podem ser negadas sem que se caia em contradição. Em outras palavras, não aplicamos teoremas de probabilidade a certos conjuntos de dados, mas consideramos a questão muito mais básica sobre como, afinal, a ação de avaliar dados e possível. Da mesma forma, não se trata de uma questão de se deduzir Deus a partir da existência de certos fenômenos complexos. Ao contrario, a existência de Deus e pressuposta por todos os fenômenos. Em terceiro lugar, os ateístas, os velhos e os novos, têm se queixado de que não há evidencias da existência de Deus, enquanto cer­tos teístas respondem que nosso livre-arbítrio só pode ser preservado se tal evidencia não for coerciva. A abordagem tomada aqui e a de que temos toda a evidencia necessária em nossa própria experiência direta da realidade, e que apenas uma recusa proposital de "olhar" poderia ser responsável pelo ateísmo, em qualquer de suas formas.

Ao considerarmos nossa experiência imediata, vamos fazer um experimento mental. Imagine estar diante de uma mesa de mármore. Você acha que, apos um trilhão de anos, ou mesmo um tempo infinito, aquela mesa po­deria tornar-se, repentina ou gradualmente, consciente, ciente do ambiente que a circunda, de sua própria identidade, da mesma forma que você? E simplesmente inconcebível que tal coisa viesse ou pudesse vir a acontecer. E o mesmo e verdade para qualquer tipo de matéria. Uma vez que você compreende a natureza da matéria, da relação massa-energia, percebe que, por sua própria nature­za, a matéria nunca poderia tornar-se //ciente,/, nunca poderia "pensar", nunca poderia vir a pronunciar //eu,/. Mas a posição ateísta e a de que, em algum ponto da historia do universo, o impossível e o inconcebível aconteceram. Matéria não diferenciada — e aqui nos incluímos energia —, em algum ponto do tempo, tornou-se "viva", depois consciente, depois conceitualmente proficiente e finalmente um "eu". Mas voltando a nossa mesa, vemos que tal idéia e simplesmente ridícula. A mesa não tem nenhuma das propriedades de um ser consciente e, dado um tempo infinito, não pode "adquirir" tais pro­priedades. Mesmo que se recorra a algum cenário absurdo sobre a origem da vida, será necessário abrir mão da própria razão para sugerir que, dadas certas condições, um pedaço de mármore poderia passar a produzir conceitos. E, num nível subatômico, aquilo que e valido para a mesa e valido para toda a matéria restante do universo.

Ao longo dos últimos trezentos anos, a ciência empírica desvendou mais dados sobre o mundo físico do que jamais poderia ser imaginado por nossos ancestrais. Isso inclui um entendimento amplo da genética e das redes neurais que sustentam a vida, a consciência, o pensamento e o ser. Mas alem de dizer que esses quatro fenômenos operam sobre uma infra-estrutura que e mais bem compreendida hoje do que jamais foi, a ciência nada pode afirmar sobre a natureza e a origem dos próprios fenômenos. Embora alguns cientistas tenham tentado explica­r como manifestações da própria matéria, não há maneira possível de se demonstrar que meu entendimento dessa sentença nada mais e do que uma transação neurológica especifica. Concordo que há transações neurais que acompanham meus pensamentos, e a neurociência moderna já identificou precisamente as regiões do cérebro que dão suporte a diferentes tipos de atividade mental. Mas afirmar que dado pensamento e apenas uma transação neurológica especifica e tão insensato quanto sugerir que a idéia de justiça nada mais e que algumas marcas de tinta sobre o papel. E incoerente, portanto, sugerir que a consciência e o pensamento sejam apenas e tão somente transações físicas.

Dado o espaço limitado deste documento, apresento uma revisão extremamente condensada dos cinco fenômenos fundamentais que dão suporte a nossa experiência do mundo e que não podem ser explicados dentro da estrutura do "novo ateísmo". Um estudo mais detalhado poderá ser encontrado em meu próximo livro, The Missing Link (O elo perdido).


RACIONALIDADE

Dawkins e outros perguntam quem criou Deus. nesse ponto, claramente, teístas e ateístas podem concordar sobre uma coisa: se algo existe, deve ter havido algo que o precedeu, que sempre havia existido. Como essa realidade eternamente existente poderia ter surgido? A resposta e que ela nunca "surgiu". Faça sua escolha: seja Deus ou o universo, alguma coisa sempre existiu.

E precisamente neste ponto que o tema da racionalidade volta ao primeiro piano. Contrariamente aos protestos dos ateístas, há uma grande diferença entre o que teístas e ateístas afirmam sobre essa entidade que sem­pre teria existido. Os ateístas dizem que a explicação para o universo e a de que simplesmente ele sempre teria existido, mas não conseguimos explicar como esse estado eternamente existente teria surgido. Esse seria um fato inexplicável e deveríamos aceita-lo como tal. Os teístas, no entanto, são determinados em afirmar que, em ultima analise, Deus não e algo inexplicável: a existência de Deus e inexplicável para nos, mas não para o próprio Deus.

Tal existência eterna de Deus deve ter sua própria lógica interna e visível, porque só pode haver racionalidade no universo se ela estiver baseada em uma racionalidade definitiva e maior. Em outras palavras, fatos singulares tais como nossa capacidade de entender e explicar verdades, a correlação entre o funcionamento da nature­za e nossas descrições abstratas desse funcionamento — aquilo que o físico Eugene Wigner chamou de eficácia irracional da matemática —, e o papel dos códigos — sis-temas de símbolos que atuam no mundo físico —, tais como o código genético e o neural, nos níveis mais fundamentais da vida, manifestam, por sua própria existência, a natureza abrangente e fundamental da racionalidade. O que essa lógica interior realmente e, não podemos ver exatamente, embora idéias tradicionais sobre a natu­reza de Deus certamente dêem alguns indícios. Por exemplo, Eleonore Stump e Norman Kretzmann argumentam que o atributo divino da simplicidade absoluta, quando completamente compreendido, ajuda a mostrar por que Deus não pode não existir. Alvin Plantinga afirma que Deus, entendido como Ser necessário, existe em todos os mundos possíveis.

Os ateístas podem responder de duas maneiras: o universo pode ter uma lógica interna motivando sua existência, que não podemos ver, e/ou não precisamos acreditar que tem de haver um Ser (Deus) com sua própria lógica interior para existir. Sobre o primeiro ponto, os teístas afirmarão que não há tal coisa como um "univer­so" que existe alem da soma total de todas as coisas que o constituinte, e sabemos, de fato, que nenhuma das coi­sas do universo tem qualquer lógica interior motivando uma existência sem fim. Sobre o segundo ponto, os teístas simplesmente argumentam que a existência da racionalidade que nos inequivocamente percebemos — desde as leis da natureza ate nossa capacidade de pensamento racional — não pode ser explicada se não estiver baseada em um substrato definitivo, que não pode ser nada menos do que uma Mente infinita. "O mundo e racional", afirmou o grande matemático Kurt Godel. A relevância dessa racionalidade e que "a ordem do mundo reflete a ordem da mente suprema que o governa". A realidade da racionalidade não pode ser evitada com qualquer apelo a seleção natural. A seleção natural pressupõe a existência de entidades físicas que interagem de acordo com leis especificas e de um código que rege os processos da vida. Falar de seleção natural e assumir que há alguma lógica naquilo que acontece na natureza — adaptação —, e que nos somos capazes de compreender essa lógica.

Voltando ao exemplo anterior, da mesa de mármore, estamos dizendo que a racionalidade fundamental ao nosso pensamento, e que encontramos em nosso estudo de um universo matematicamente preciso, não poderia ter sido gerada por uma pedra. Deus não e um fato bruto, mas sim a Racionalidade definitiva que permeia cada dimensão do ser.

Uma nova, apesar de implausível, proposta a questão da origem da realidade física e a tese de Daniel Dennett de que o universo "cria a si mesmo ex nihilo, ou a partir de algo que e virtualmente indistinguível do nada". Essa idéia foi apresentada com maior clareza por outro novo ateísta, o físico Victor Stenger, que apresenta sua própria solução para as origens do universo e as leis da natureza em Not By Design: The Origin of The Universe, Hás Science
Found God?) The Comprehensible Cosmos
e em God: The Failed Hipothesis..Entre outras coisas, Stenger oferece uma nova crítica a idéia das leis da natureza e de suas supostas impli­cações. Em The Comprehensible Cosmos, ele sustenta que essas assim chamadas leis não são impostas "do alto", nem são restrições inerentes ao comportamento da matéria. Elas são simplesmente restrições a maneira como os físicos conseguem formular as afirmações matemáticas sobre suas observações. A defesa de Stenger e basea­da em sua interpretação de uma idéia chave na física moderna, a idéia de simetria. De acordo com diversas explicações da física moderna, simetria e qualquer tipo de transformação que preserva inalteradas as leis físicas que se aplicam a um sistema. A idéia foi aplicada inicial-mente as equações diferenciais da mecânica clássica e eletromagnetismo e, então, aplicada de novas maneiras a relatividade especial e aos problemas da mecanica quantica. Stenger fornece a seus leitores uma visão geral desse poderoso conceito, mas então chega a duas conclusões incoerentes. Uma delas e a de que os princípios de simetria eliminam a idéia de leis da natureza, e a outra e a de que o nada pode produzir algo porque "o nada,/ e instável!

De forma impressionante, Fearful Symmetry, um livro de Anthony Zee, uma autoridade em simetrias, usa os mesmos fatos reunidos por Stanger para chegar a uma conclusão muito diferente:

Simetrias tem tido um papel cada vez mais central em nosso entendimento do mundo físico... Físicos fundamentais são sustentados pela fé de que o desígnio definitivo e coberto de simetrias. A física contemporânea não teria sido possível sem simetrias para nos orientar... A medida que a física se distancia cada vez mais da experiência cotidiana e fica mais próxima da mente do Planejador Supremo, nossa mente e puxada para longe de seus atracadouros mais familiares... Eu gosto de pensar em um Planejador Supremo como definido por simetria, um Deus Congruentiae.

Stenger argumenta que "o nada" e perfeitamente simétrico porque não há posição absoluta, tempo, velocidade ou aceleração no vazio. A resposta a questão "de onde vieram as simetrias?", ele diz, e que elas são exata-mente as simetrias do vazio, porque as leis da física são exatamente aquilo que se esperaria que elas fossem se viessem do nada.

O engano fundamental de Stenger e bastante antigo e consiste no erro de tratar o "nada" como sendo um tipo de "algo". Ao longo dos séculos, pensadores que consideraram o conceito de "nada" foram bastante cuidadosos em apontar que o "nada" não e um tipo de entidade. O nada absoluto significa a ausência de leis, de vácuos, campos, energia, estruturas, de entidades físicas ou mentais de qualquer tipo — e ausência de "sime­trias". O "nada" não tem propriedades ou potencialidades. O nada absoluto não pode produzir algo, dado um tempo infinito. Na verdade, não pode existir tempo no nada absoluto.

O que dizer sobre a idéia de Stenger, fundamental para seu livro God: The Failed Hipothesis, de que o surgimento do universo a partir do "nada" não viola os princípios da física, porque a energia liquida do universo e zero? Essa e uma idéia primeiramente lançada pelo físico Edward Tryon, que afirmou ter demonstrado que a ener­gia liquida do universo e quase zero e que, portanto, não haveria contradição na afirmação de que o universo surgira do nada, uma vez que ele era "nada". Somando-se a energia coesiva da atração gravitacional, que e negativa, e o resto de toda a massa do universo, que e positiva, chega-se a quase zero. Assim, nenhuma energia seria necessária para criar o universo, portanto nenhum cria-dor seria necessário.

Com respeito a essa e outras afirmações similares, o filosofo ateísta J. J. C. Smart aponta para o fato de que a postulação de um universo com energia liquida nula ainda não responde a pergunta de por que, afinal, deveria existir alguma coisa. Smart observa que as hipóteses e suas formulações modernas ainda pressupõem um espaço-tempo estruturado, um campo quântico e leis da natureza. Consequentemente, elas não respondem a questão de por que o universo existe, nem encaram a questão sobre se há uma causa a tempo oral para a existência do universo espaço-temporal.

Torna-se aparente, a partir dessa analise, que Stenger deixa sem resposta duas questões fundamentais: por que as coisas existem, em vez do nada absoluto? E por que as coisas que existem adaptam-se a simetrias ou formam estruturas complexas?

Zee lança mão dos mesmos elementos de simetria referenciados por Stenger para chegar a conclusão de que a Mente do Planejador Supremo e a fonte da simetria.

As leis da natureza, de fato, refletem simetrias fundamentais na natureza. E a simetria, não apenas as leis da natureza, que revela a racionalidade e inteligibilidade do cosmo — uma racionalidade enraizada na Mente de Deus.


A VIDA

Outro fenômeno a ser considerado e a vida. Diante do tratamento que Tony Flew da ao assunto neste livro, não há muito mais a ser dito sobre a questão da origem da vida. Devemos notar, porem, que as atuais discussões sobre essa questão parecem não abordar os assuntos de maior importância. Há quatro dimensões de seres vivos. Esses seres são agentes, tem metas e se reproduzem e são movidos semioticamente, isto e, sua existência depende da interação entre códigos e química. Cada ser vivo age ou e capaz de agir. E cada um deles e a força unificada e o centro de todas as suas ações. Como esses agentes são capazes de sobreviver e agir de modo independente, suas ações são, de certo modo, guiadas por metas — nutrição —, e eles se reproduzem, portanto, são agentes autônomos que buscam alcançar metas e são auto-reprodutores. Como Howard H. Patee observa, encontramos nos seres vivos a interação de processos semióticos — regras, códigos, linguagens, informações, controle — e sistemas físicos — leis, dinâmica, energia, forças, matéria.

Dos livros estudados aqui, apenas o de Dawkins aborda a questão da origem da vida. Wolpert e muito franco sobre a situação desse campo: "Não se pode dizer que todas as questões cientificas relacionadas a evolução foram resolvidas. Pelo contrario, a própria origem da vida, a evolução da célula miraculosa da qual todas as coisas vivas evoluíram, ainda e muito pouco compreendida". Dennett, em obras anteriores, simplesmente admitiu que algumas explicações materialistas devem ser certas.

A abordagem de Dawkins, infelizmente, ate mesmo em nível físico-químico, e inadequada, ou pior. "Mas como a vida começou?", ele pergunta. "A origem da vida foi um acontecimento químico, ou uma serie de acontecimentos que deram origem as c6ndigoes vitais para a seleção natural. Assim que o ingrediente vital — algum tipo de molécula genética — aparece, a verdadeira seleção natural de Darwin pode entrar em ação." Como isso acontece? "Cientistas recorrem a magia dos grandes números... A beleza do principio antrópico e que ele nos diz, contra toda intuição, que um modelo químico precisa apenas predizer que a vida emergira em um plane-ta daqui a um bilhão de anos para nos dar uma boa e totalmente satisfatória explicação para a presença da vida aqui."

Dado esse tipo de raciocínio, que pode ser mais bem descrito como um audacioso exercício de superstição, qualquer coisa que desejamos pode existir em algum lugar, bastando para isso que "recorramos a magia dos gran­des números". Unicórnios ou o elixir da juventude podem começar a existir "contra toda a intuição", e o único requisito para isso e "um modelo químico" que "precisa apenas predizer" que isso vai acontecer "em um planeta, daqui a um bilhão de anos".


CONSCIÊNCIA

As coisas não estão tão ruins no estudo da consciência, felizmente. Hoje, há uma crescente percepção da percepção..

Somos conscientes, e conscientes de que somos conscientes. Ninguém pode negar isso sem se contradizer, embora haja quem negue. O problema se torna insolúvel quando entendemos a natureza dos neurônios. Primeiro, os neurônios não tem nenhuma semelhança com nossa vida consciente. Segundo, e isso e mais importante, suas propriedades físicas não dão nenhuma razão para acreditarmos que eles podem ou que irão produzir cons­ciência. A consciência esta relacionada a certas regiões do cérebro, mas quando os mesmos sistemas de neurônios estão presentes no tronco do cérebro, não há "produção" de consciência. Na verdade, como o físico Gerald Schroeder observa, não há diferença essencial nos constituintes físicos fundamentais de um monte de areia e o cérebro de um Einstein. Só uma fé cega e infundada na matéria esta por trás da alegação de que certas porções de matéria podem, de repente, //criar,/ uma nova realidade que não tem semelhança com a matéria.

Embora os estudos sobre corpo e mente hoje reconheçam a realidade e o resultante mistério da consciência, Daniel Dennett e um dos poucos filósofos que continuam a negar o obvio. Ele diz que a questão de se alguma coisa e "realmente consciente" não e interessante, nem exige resposta, e afirma que maquinas podem ser cons­cientes porque são maquinas que são conscientes!

O funcionalismo, a "explicação" de Dennett para cons­ciência, diz que não devemos nos preocupar com o que cria os assim chamados fenômenos mentais, mas que devemos investigar as funções desempenhadas por es­ses fenômenos. Uma dor cria uma reação de rejeição, um pensamento e um exercício de solução de problema. Nada e para ser considerado um acontecimento particular em algum lugar particular. O mesmo vale para todos os outros supostos fenômenos mentais. Ser consciente significa desempenhar essas funções. Como essas funções podem ser executadas por sistemas não vivos — por exemplo, um computador resolve problemas —, não há nada de misterioso na consciência. E certamente não há razão para irmos alem do físico.

Mas o que essa explicação deixa de fora e o fato de que todas as ações mentais são acompanhadas por estados conscientes, nos quais temos percepção do que estamos fazendo. De modo algum o funcionalismo explica o estado de estar consciente, de perceber, o estado em que sabemos o que estamos pensando — computadores não sabem o que estão fazendo. E muito menos nos diz quem e que esta consciente, percebendo e pensando. Dennett, de modo engraçado, diz que a base de sua filosofia e "o absolutismo da terceira pessoa", que o deixa na posição de afirmar "eu não acredito em 'eu'".

Alguns dos mais fortes críticos de Dennett e do fun­cionalismo são, de modo interessante, físicalistas: David Papineau, John Searle e outros. John Searle e especial-mente ríspido: "Se você esta tentado a aderir ao funcio­nalismo, acredito que não precisa de refutação, mas de ajuda".

Ao contrario de Dennett, Sam Hárris tem defendido fortemente a suprafísica realidade da consciência. "O pro­blema, porem, e que nada relacionado ao cérebro, quan­do pesquisado como sistema físico, indica que ele e portador daquela dimensão particular, interior, que cada um de nos percebe como consciência." A conclusão e impressionante: "A consciência pode ser um fenômeno muito mais rudimentar do que as criaturas vivas e seus cérebros, e parece não haver uma maneira de rejeitar essa tese experimentalmente,/.

Para seu credito, Dawkins reconhece a realidade, tanto da consciência e da linguagem, como do problema que isso representa. "Nem Steve Pinker nem eu podemos explicar a consciência subjetiva humana, que os filósofos chamam de qualia"', ele disse uma vez. "Em seu livro Como a mente funciona, Steve elegantemente aborda o problema da consciência subjetiva, pergunta de onde ela vem e qual sua explicação. Então, e bastante honesto para dizer que não sabe. Eu digo o mesmo. Não sabemos. Não compreendemos." Wolpert deliberadamente evita a questão da consciência: "Tenho fugido propositalmente de qualquer discussão sobre a consciência".


PENSAMENTO


Alem da consciência, há o fenômeno do pensamento, da compreensão. Cada uso da linguagem revela uma condição do ser que e, por natureza, intangível. Na base de todo nosso pensamento, comunicação e uso da lin­guagem, esta um poder miraculoso. E o poder de notar diferenças e similaridades, de generalizar e universalizar — o que os filósofos chamam de conceitos ou idéias universais. Isso e natural nos humanos, e único e simples-mente misterioso. Como e que, ainda criança, você conseguia pensar, sem nenhum esforço, tanto em seu cachorro como em cachorros em geral? Podemos pensar em vermelhidão sem pensar em uma especifica coisa vermelha. Abstraímos, distinguimos e unificamos sem pensar na capacidade que temos de fazer essas coi­sas. E podemos ate refletir sobre coisas que não tem características físicas, como a idéia de liberdade ou a atividade dos anjos. Esse poder de pensar em conceitos e, por sua própria natureza, algo que transcende a matéria.

Se há aqueles que refutam isso, a coerência pede que parem de falar e pensar. Cada vez que usam a lingua­gem, estão ilustrando o papel, em nossa vida, dos significados, conceitos, intenções e raciocínio. E simplesmente absurdo dizer que a intelecção tem um correspondente físico, pois não há nenhum órgão que desempenhe a função de compreender, embora, naturalmente, os dados fornecidos pelos sentidos ofereçam um pouco da matéria-prima utilizada pelo pensamento. Se alguém pensar nisso por alguns minutos, saberá instantaneamente que é totalmente absurda a idéia de que o pensamento sobre alguma coisa e, em qualquer sentido, algo físico. Digamos que você pense em um piquenique que esta planejando fazer com a família e os amigos. Pensa em vários locais possíveis, nas pessoas que quer convidar, nas coisas que vai levar, no veiculo que vai usar, e assim por diante. E coerente supor que qualquer um desses pensamentos e, em algum sentido, fisicamente constituído?

Falando estritamente, nosso cérebro não compreende. Nos compreendemos. O cérebro nos capacita a com­preender, mas não porque nossos pensamentos ocorram nele, ou porque fazemos com que certos neurônios entrem em ação. O ato de compreender que acabar com a pobreza e algo bom, por exemplo, e um processo holístico que e suprafisico em essência — significado — e físico na execução — palavras e neurônios. O ato não pode ser dividido em suprafisico e físico porque e o ato indivisível de um agente intrinsecamente físico e suprafisico. Existe uma estrutura para o físico e uma para o suprafisico, mas sua integração e tão completa que não faz sentido perguntar se nossos atos são físicos ou suprafisicos, ou mesmo híbridos.

Muitas idéias errôneas sobre a natureza do pensa-mentos vem de idéias errôneas sobre computadores. Digamos que você esteja lidando com um supercomputador que faz mais de duzentos trilhões de cálculos por segundo. Nosso primeiro erro e presumir que computador e "algo", como uma bactéria, mas, no caso da bactéria, estamos lidando com um agente, um centro de ação que e organicamente unificado, um organismo. Todas as suas ações são incentivadas pela meta de mantê-la existindo e se reproduzindo. O computador e uma porção de pegas que, juntas ou separadamente, desempenham funções "implantadas" e dirigidas pelos criadores do conjunto.

Essa coleção de pegas não sabe o que o "algo" esta fazendo quando executa uma operação. Os cálculos e operações executados por esse supercomputador em reação a dados e instruções são simplesmente uma questão de pulsos elétricos, circuitos e transistores. Os mesmos cálculos e operações feitos por uma pessoa envolvem o mecanismo do cérebro, mas são executados por um cen­tro de consciência que esta consciente do que esta acontecendo, compreende o que esta sendo feito e intencionalmente os executa. Não há percepção, compreensão, sentido, intenção ou pessoa, quando um computador faz as mesmas ações, mesmo que tenha múltiplos processa-dores operando em velocidades sobre-humanas. O que e produzido pelo computador tem //sentido// para nos — a previsão do tempo, ou o saldo bancário —, mas, no que se refere ao conjunto de pegas chamado computador, são só dígitos binários que ativam certas atividades mecânicas. Sugerir que o computador compreende o que esta fazendo e como dizer que uma linha de força pode meditar sobre a questão de livre-arbítrio e determinismo, ou que as substancias químicas em um tubo de ensaio podem aplicar o principio da não contradigam para a solução de um problema, ou que um aparelho de DVD com­preende e aprecia a musica que toca.


O SER


De modo paradoxal, o mais importante engano dos novos ateístas e o mais obvio de todos os detalhes: eles mesmos. A maior realidade suprafísica / física que conhecemos por experiência e quem a experimenta, isto e, nos mesmos. Assim que percebemos que há uma perspectiva de primeira pessoa, "eu", "me", "mim", "meu", e assim por diante, encontramos o maior e mais excitante mistério. Eu existo. Parafraseando Descartes, "eu existo, logo penso, percebo, intento, interajo". Quem e esse "eu"? Onde esta? Como surgiu? O ser não e apenas alguma coisa física, assim com também não e apenas alguma coisa suprafísica. Você não esta numa particular célula cere­bral ou em alguma outra parte de seu corpo. As células de seu corpo não param de mudar, no entanto você e sempre o mesmo. Se estudar os neurônios, verá que nenhum deles tem a propriedade de ser um "eu". Claro que seu corpo faz parte integral do que você e, mas e um corpo porque e formado como tal pelo ser. Ser humano e estar num corpo e numa alma.

Numa famosa passagem de seu livro Tratado da natureza humana, Hume declara: "Quando entro mais intima-mente naquilo que chamo de mim mesmo, nunca posso me encontrar sem uma percepção e nunca posso observar nada alem dessa percepção". Aqui, Hume nega a existência de urn ser simplesmente argumentando que "e\i" não consegue encontrar o "mim". Mas o que unifica suas varias experiências, que permite que ele esteja consciente do mundo externo, que permanece o mesmo o tempo todo? Quem esta fazendo essas perguntas? Ele presume que "mim" e um estado observável, como seus pensa-mentos e sentimentos. Mas o ser não e alguma coisa que possa ser assim observada. E um constante fato de experiência e, na verdade, o terreno de toda experiência.

De todas as verdades disponíveis para nos, o ser e, ao mesmo tempo, o mais obvio e inexpugnável, e o mais letal para todas as formas de físicalismo. Para começar, a negação do ser não pode nem ser declarada sem contradição. A pergunta "como eu sei que existo", um profes­sor replicou: E quem esta perguntando? O ser e o que somos, e não o que temos. E o "eu" do qual emerge nossa perspectiva de primeira pessoa. Não podemos analisar o ser porque não e um estado mental que pode ser observado ou descrito.

A realidade mais fundamental da qual todos nos te­mos consciência, então, e o nosso ser, e uma compreensão do ser lança luz sobre todas as questões de origem e revela o sentido de realidade como um todo.

Sabemos que o ser não pode ser descrito, muito menos explicado, em termos de física ou química. A ciência não descobre o ser, o ser descobre a ciência. Entendemos que nenhuma explicação da historia do universo e coerente se não pode explicar a existência do ser.


A ORIGEM DO SUPRAFISICO

Então, como a vida, a consciência, o pensamento e o ser começaram? A historia do mundo mostra o repentino surgimento desses fenômenos, a vida aparecendo logo depois do resfriamento do planeta, a consciência misteriosamente manifestando-se na explosão cambriana, a linguagem emergindo na "espécie simbólica", sem nenhum precursor. Os fenômenos em questão vão dos sistemas de processamento de símbolos e códigos, de agentes que buscam metas e manifestam intenção, ate a percepção subjetiva, o pensamento conceitual e o ser humano. O único modo coerente de descrever esses fenômenos e dizer que eles são dimensões diferentes de existência, suprafísicas, de uma maneira ou de outra. Estão total-mente integrados ao físico e, ainda assim, totalmente "novos". Não estamos falando de espíritos em maquinas, mas de agentes de diferentes tipos, alguns conscientes, outros conscientes e pensantes. Não há vitalismo ou dualismo, mas uma integração que e total, um holismo que incorpora o físico e o mental.

Embora os novos ateístas tenham falhado em compreender a natureza ou a fonte da vida, a consciência, o pensamento e o ser, a resposta para a questão da origem do suprafisico parece obvia: o suprafisico só pode ter sua origem numa fonte suprafísica. A vida, a consciência, a mente e o ser só podem vir de uma Fonte viva, consciente e pensante. Se somos centros de consciência e pensa­mento capazes de conhecer, amar, intentar e executar, não vejo como esses centros poderiam vir de algo incapaz de tudo isso. Embora simples processos físicos pudessem criar complexos fenômenos físicos, não estamos preocupados com a relação entre simples e complexo, mas com a origem dos "centros". E simplesmente inconcebível que qualquer matriz material possa gerar agentes que pensam e agem. A matéria não pode produzir conceitos e percepções. Um campo de força não planeja nem pensa. Assim, através da razão e da experiência, ganhamos a percepção de que um mundo de seres vivos, conscientes, pensantes, tem de ter como origem uma Fonte viva, uma Mente.

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Seria Deus incompetente em salvar as pessoas?


"Por fim, objeta-se que a perda definitiva de uma única alma significaria a derrota da onipotência. E assim é. Ao criar seres dotados de livre-arbítrio, a onipotência desde o começo se submete à possibilidade de semelhante derrota. Mas o que você chama de derrota eu chamo milagre, pois criar algo que não a Si mesmo, e assim tornar-se, em certo sentido, passível de achar resistência da parte da própria obra é o mais impressionante e inimaginável dos efeitos que atribuímos à Divindade. (Lewis, O Problema do Sofrimento)



Recentemente me perguntaram isso num debate que antes tratava a questão de se o inferno é compatível com um Deus amoroso, tem um texto nesse blog falando algo sobre isso. Como foi respondido que
o inferno é compatível com um Deus amoroso, a questão mudou. "Tudo bem que Ele respeita as escolhas humanas, mas Deus não seria um incompetente em não conseguir salvar os seus filhos?". Pra não ficar sem postar nada, resolvi colocar a parte do debate que trata desse assunto.



Antes vamos ver algo sobre a onipotência.

A onipotência de Deus não é limitada por nada externo, mas ele não pode contradizer sua natureza. A lógica faz parte da sua natureza (lei da identidade e da não contradição, por exemplo). Por isso sua onipotência significa que ele pode tudo que é logicamente possível e não se contradiga, não dá pra fazer coisas sem sentido. Não confunda não poder se contradizer com não ser livre e onipotente.


Muita gente acha que Deus poderia destruir o inferno ou dar um jeito de criar almas que não fossem ao inferno. Todas essas opções contrariam a livre escolha. Se destruísse o inferno consequentemente acabaria com uma das opções (estar ou não com Deus). Se não existisse nenhuma separação, todos seriam obrigados a “escolher” Deus. Em nenhuma dessas opções haveria uma livre escolha. Então, como Deus quis um mundo onde existisse realmente o amor e não um bando de fantoches, nos deu a oportunidade de ama-lo ou não.


Alguns dos questionamentos.


Do mesmo jeito que ninguém iria para a cadeia se a sociedade não tivesse inventado a cadeia e o sistema de justiça humana, o pecado não conduziria o homem para a condenação se Deus não tivesse inventado a sua Justiça e a condenação

Aí está a questão, e onde você erra ao fazer uma conclusão precipitada. Deus não inventou a justiça. Ele É Justo, faz parte de sua natureza. Não pode contradizer a sua essência. Deus é a fonte de justiça, e sua justiça é imutável, pois Deus não muda. Deus é a bondade, amor, justiça e alegria, se alguém quer se afastar dele (e com foi dito, o pecado é esta “formula”), o que resta é o oposto disso. Ser justo não impede o perdão, mas o perdão de quem não se arrepende, pois perdoar quem não se arrepende é o mesmo que ignorar o pecado, fingir que ele é bom. Deus não seria mentiroso desse modo, e isso é imoral. Se Deus é a única fonte de justiça, vida amor e luz, evitar estar com Deus é evitar isso tudo.


Não existe perfeição na ausencia do amor.

Você está certo, não existe perfeição na ausência de amor. Deus criou um mundo perfeito, mas para ser perfeito tem que haver a opção de não amar. Deus não criou nossa separação, mas a opção de separação. Claro que a partir do momento em que as pessoas escolheram a separação o mundo deixou de ser perfeito, o melhor dos mundos possíveis. Mas mesmo com nossas escolhas Ele providenciou um modo de existir um mundo perfeito novamente. Esse pode não ser agora o melhor dos mundos, mas o melhor mundo para se chegar a este que você tanto fala.

É culpa de Deus sim, Ele poderia ser mais competente ao convencer as pessoas de que algo é errado (ele não fez a pergunta exatamente desse modo)

Uma coisa é convencer uma pessoa que algo é errado, outra é uma pessoa está convencida e ainda continuar errando. Uma coisa é uma pessoa roubar e não saber que está errando (quase impossível), outra bem diferente é saber que é errado roubar e continuar errando. D. A. Carson disse isso de maneira apropriada:

O inferno não é um lugar em que as pessoas estão confinadas porque eram gente boa, mas simplesmente não acreditaram nas coisas certas. Estão confinadas, antes de mais nada, porque desprezaram o seu Criador e querem estar o centro do universo. O inferno não está cheio de pessoas que já se arrependeram, mas Deus não é amável o suficiente para deixa-las sair. O inferno está cheio de pessoas que, por toda a eternidade, ainda querem ser o centro do universo e persistem na sua rebeldia desafiadora contra Deus.
O que Deus devia fazer a respeito? Se disser que não se importa, não será mais um Deus a ser adorado. Ele seria amoral ou positivamente medroso. Agir de qualquer outra maneira face a uma rebeldia tão ostensiva seria diminuir o próprio Deus.


Ninguém teria sido incompetente se não convencesse a pessoa que a droga não é boa, pois a sua vontade, independente de ter sido convencido, ignoraria toda tentativa de fazer com que ele parasse de usar drogas. Mas a questão não é só isso, é quando a pessoa sabe que é errado ignorar o propósito de ser, saber o certo e o errado, saber que Deus é amor e o melhor caminho, entender que o pecado passa uma falsa felicidade, e ainda assim continuar pecando.

Agora convencer de uma forma que transforme é coagir. Ele atua de maneira persuasiva, mas não coerciva de tal modo que não respeite a vontade humana. Quem quer conhecer a Deus de todo coração, vai conhecer. A transformação não se dá quando a pessoa é convencida, mas quando a pessoa quer ser transformada.


Não faz sentido dizer que uma pessoa esta convencida de que um erro é um erro se ela não abandonar o erro.

Não estou falando em fazer uma pessoa ficar sabendo que um erro é um erro.
O verdadeiro convencimento provoca a transformação.

Não existe o verdadeiro convencimento se a pessoa não se transformar.


O que vemos são vários exemplos de pessoas que sabem que algo é errado e mesmo assim continuam errando. Quando uma pessoa é convencida e quer mudar, aí sim há transformação. A vontade pode ignorar muitas outras coisas. Como os fariseus que mesmo vendo os milagres de Jesus como prova conclusiva que ele era o messias e continuaram na sua rebeldia. Outro bom exemplo, que você também falou aqui de outra forma, quando sentimos fome. É algo natural e benéfico se alimentar, mas algumas pessoas deixam de se alimentar por algum motivo, ou os que comem alimentos que fazem algum mal, ignorando todos os argumentos e provas conclusivas de que fazer isso só vai piorar sua situação. Ou pacientes que diante de médicos mostrando que vão morrer em alguns dias se não deixarem de ter certas atitudes, eles simplesmente ignoram, sua vontade diz que não vai acontecer nada, alguns não se importam com o que vai acontecer. Fumantes que sabem que fumar vai prejudicar sua vida e ainda o fazem. Pra terminar, vou citar o caso do sequestro de Eloá e sua amiga. O sequestrador sabia que era errado o que ele fez, mas ignorou isso, deixou o mal tomar conta do seu coração. Ele não fez isso contra a própria vontade, pois teve inumeras oportunidades se render e tirar o ódio do coração.
Enfim, exemplos não faltam para mostrar que uma pessoa pode saber que algo é errado e mesmo assim, por algum motivo, ela ignora isso e prefere continuar no erro.


Propor que Deus leve alguem pra viver com Elee sem respeitar sua vontade está mais pra um desrespeito a vontade humana.



Resumindo:

Deus não é incompetente em convencer as pessoas, mas as pessoas, mesmo depois de convencidas, querem continuar errando. Não sei como continuam pecando sabendo das consequencias. Eu mesmo sendo convencido de que Jesus é o caminho e a vida, peco, não nego, e não quero as conseqüências. A pessoa que tem vontade de ser salva, mesmo com todos os pecados, Deus vai ajudar a deixar o erro.

Outro ponto a destacar é que, mesmo se fosse logicamente possível criar um mundo onde as pessoas iriam escolher ficar com Ele, isso não significa que é algo necessariamente realizavel. Não é necessariamente realizavel enquanto as pessoas continuarem escolhendo não estar com Ele.

Apocalipse 3
20 Eis que estou à porta, e bato; se alguém ouvir a minha voz, e abrir a porta, entrarei em sua casa, e com ele cearei, e ele comigo.

"A quem quer que tiver sede, de graça lhe darei da fonte da água da vida."

"Se alguém quiser fazer a vontade dele, pela mesma doutrina conhecerá se ela é de Deus, ou se eu falo de mim mesmo."

João 3
"19 E a condenação é esta: Que a luz veio ao mundo, e os homens amaram mais as trevas do que a luz, porque as suas obras eram más.
20 Porque todo aquele que faz o mal odeia a luz, e não vem para a luz, para que as suas obras não sejam reprovadas.
21 Mas quem pratica a verdade vem para a luz, a fim de que as suas obras sejam manifestas, porque são feitas em Deus."

Autor: Jonadabe Rios

terça-feira, 14 de outubro de 2008

Por que coisas ruins acontecem se Deus é bom

Como aceitar que existe um Deus amoroso se ele permite tragédias pessoais e calamidades do mundo? Com uma análise teológica e reflexiva do sofrimento humano, o autor indica as restrições, religiosas e filosóficas, que podem tornar situações dolorosas ainda piores, ajudando o leitor a encontrar o propósito de cada experiência negativa, além de garantir que apesar de coisas ruins acontecerem, Deus é bom!

Pra baixar:
http://ebooksgospel.com.br/?p=315

domingo, 12 de outubro de 2008

O relato da criação está em conflito com a ciência?

Encontrei um texto interessante no livro Fundamentos Inabalaveis e gostaria de compartilhar com vocês. Fala sobre os estágios da criação e como eles são compativeis com a ciência.


Estágios 1-2: O “big-bang” marcou a criação do universo espaço-tempo.O Criador produziu luz das trevas numa simples e imensa explosão concentrada de energia. As órbitas dos elétrons decaíram e a energia começou a ser convertida em matéria. Durante este estágio o sistema solar e o galáctico teriam tomado forma, constituindo a Via Láctea e inflamando o sol, que começou a queimar como uma estrela de ordem principal. O Criador formou a terra e o nosso sistema solar da nebulosa informe no espaço escuro, o que causou o contraste entre as trevas e a luz (Gn 1.1-5)


Estágios 2-3: Nesse espaço de temo, a terra teria iniciado atividade vulcânica, e o vapor resultante teria começado a condensar-se. À medida que o planeta esfriava, a água ter-se-ia acumulado formando um mar que cobria a superfície da terra. Nesses estágios, os gases tóxicos da atividade vulcânica provavelmente dominaram a terra. O criador assim formou a expansão (Gn 1.6-8) ou o espaço atmosférico (troposfera), que propiciou uma atmosfera rica em oxigênio, o que fez que o céu opaco (absorvedor de luz) se tornasse num translúcido (difusor de luz). Essa vastidão naturalmente teria resultado numa atmosfera com temperatura e diferenciais de pressão que produziam violentas tempestades elétricas, o que originou a camada de ozônio. As primeiras formas de vegetais unicelulares podem ter sido introduzidas no ecossistema dos maré nesse tempo: “Contrários a opinião cientifica sustentada até recentemente, os dados fósseis demonstram que a primeira vida vegetal simples apareceu imediatamente após a água líquida, não bilhões de anos mais tarde” [Gerald Schroeder, The science of God, p. 68].


Estágios 3-4: Gênesis nos diz que a terra seca foi criada pela junção do mar numa só porção (Gn 1.9,10). Uma explicação plausível de “onde” essa água foi colocada relaciona-se com a origem da lua. Alguns cientistas especulam que a lua foi outrora parte da terra. Isaac Asimov disse que “essa idéia é atraente, já que a lua perfaz só um pouco mais que um por cento da massa combinada erra-lua e é pequena bastante para repousar na extensão do Pacífico. Se a lua fosse feita de camadas externas da terra, explicaria o fato de a lua não ter nenhum núcleo de ferro e ser muito menos densa que a terra e de o fundo do Pacífico não ter granito continental” [Isaac Asimov, Asimov’s guide to science, p. 122.

Depois de formada a terra seca, as primeiras plantas da terra foram criadas (Gn 1.11-13). Durante esse tempo várias espécies de vegetais, entre elas as plantas e as árvores, foram introduzidas no ecossistema. As plantas são a fonte primaria de alimento e energia da terra, produzindo-os por meio da fotossíntese. Por essa razão, a fotossíntese pode ter começado a ocorrer também nessa época, fortalecendo a atmosfera já rica em oxigênio – que, por sua vez, intensificou o processo da fotossíntese. À medida que a fotossíntese prosseguia, a água ia se decompondo, produzindo oxigênio puro e criando o efeito estufa. Conseqüentemente, uma expressa camada de nuvem se teria formado, cobrindo toda a terra, e um ciclo de água estável (evaporação e condensação) se estabeleceria também.

A vida vegetal requer que o ecossistema tenha microorganismos necessários (bactérias e fungos) e insetos (dois milhões de espécies conhecidas no reino animal) para haver equilíbrio devido. Os insetos e os outros organismos são essenciais para tarefas como oxigenação, fertilização, polinização e ações semelhantes. Além disso, o ecossistema agora precisaria de uma cadeia alimentar para manter seu equilíbrio (O número de elos de uma cadeia alimentar média varia entre três e seis.). A introdução de seres criados mais recentemente teria tirado o ecossistema de seu equilíbrio, portanto, foi necessário um ajuste fino, inclusive a quantidade certa de tempo de equilíbrio para a seqüência de mudanças que conduzem a um novo período de estabilização. Quando o ecossistema alcançou seu ponto de equilíbrio, a próxima “eclosão da criação” teria acontecido.


Estágios 4-5: Uma vez que a atividade vulcânica tinha diminuído e a terra esfriado, os níveis de dióxido de carbono teriam diminuído juntamente com a cobertura de nuvens. De forma correspondente, a atmosfera estabilizada (em relação à pressão e à temperatura) e o consumo de dióxido de carbonos pelas plantas teriam exercido um papel chave no desanuviar do céu. Em conseqüência, o sol pôde ser visto durante o dia, e a lua e as estrelas, durante a noite (Gn 1.14-19).

A explosão cambriana mais provavelmente ocorreu nestes últimos estágios da criação. O Criador produziu uma copiosidade de vida aquática juntamente com um exercito de vida animal minúscula e, provavelmente em direção ao final do estágio cinco, introduziu as “grandes criaturas do mar”, entre eles os répteis, sendo o maior deles o dinossauro. [Gerald Sschroeder, The scienc of God, p. 193]. Depois de o ecossistema ter equilibrado essa enorme explosão de vida aquática, as primeiras aves verdadeiras parecem ter sido criadas quando a atmosfera e o ecossistema alcançaram uma temperatura razoavelmente estável (Gn 1.20-23). A estabilização das condições atmosféricas teria sido de importância crítica, pois as aves são criaturas de sangue quente e precisam manter o corpo aquecido para reagir às flutuações da temperatura do ambiente.


Estágios 5-6: Estes estágios entrelaçados preparariam o ecossistema para o propósito principal de ajuste fino do ambiente da terra: criação da vida humana. Próximo do fim do estágio cinco, o Criador criou os animais da terra e os mamíferos conhecidos como animais domésticos, juntamente com os animais selvagens (não domésticos) (Gn 1.24-27). Quando o ecossistema se ajustou para a introdução de vida animal e alcançou um certo nível de equilíbrio, mais provavelmente os mamíferos foram criados.