domingo, 24 de junho de 2012

A Origem do Alcorão (6) - Argumento das vidas transformadas


Os artigos anteriores sobre o assunto podem ser vistos aqui: Primeira parte / Segunda parte / Terceira parte / Quarta parte / Quinta parte

Apologistas indicam a transformação das vidas e da cultura pelo Alcorão como prova da sua origem divina. Tais transformações são esperadas. Quando alguém acredita em algo fervorosamente, vive segundo essa crença. Mas isso ainda não responde à questão se essa é a Palavra de Deus.

Qualquer grupo de idéias cridas e aplicadas fervorosamente transformará os seguidores e sua cultura. Isso é verdadeiro sejam eles budistas (v. BUDISMO), cristãos, muçulmanos ou judeus. Que muçulmano aceitaria o argumento de que O capital de Karl MARX, é inspirado porque transformou milhões de vidas e muitas culturas?

Os críticos não se surpreendem pelo fato de tantos terem se convertido ao islamismo quando lembram o que foi prometido como recompensa para os que se convertessem e a ameaça de castigo para os que não se convertessem. Os que se "submetessem" receberiam a promessa do paraíso com belas mulheres (2.25; 4.57).

O castigo para aqueles que lutam contra Allah e contra o Seu Mensageiro, e semeiam a corrupção na terra, é que sejam mortos, ou crucificados, ou lhes seja decepada a mão e o pé de lados apostos, ou banidos (5.33).

A tradição islâmica relata que Maomé deu a seguinte exortação para seus seguidores:
A espada é a chave do paraíso e do inferno; uma gota de sangue derramado pela causa de Deus, uma noite na luta, vale mais que dois meses de jejum e oração. Quem cai na batalha terá seus pecados perdoados no dia do julgamento" (Gibbon,p. 3).
A ganância humana teve influência: "Guerreiros árabes tinham direito a 4/5 de todo saque que juntavam na forma de bens móveis e escravos" (Noss, p. 711). Era muito vantajoso submeter-se ao inimigo. Os politeístas tinham duas escolhas: submeter-se ou morrer. Os cristãos e judeus tinham outra alternativa: pagar altos impostos (9.5,29). E as conquistas islâmicas foram bem-sucedidas porque, em algumas das terras conquistadas, o povo estava cansado dos maus tratos dos governantes romanos e aceitaram voluntariamente a ênfase do islamismo à igualdade e fraternidade.

Além disso, o cristão ou judeu poderia argumentar a favor da verdade das suas religiões pelo mesmo fundamento. Não seria surpreendente se a crença sincera em Deus, em sua lei moral e no dia final do juízo mudasse a vida de uma pessoa — coisas em que todos os monoteístas morais acreditam. Mas não se pode concluir com isso que Maomé seja o último profeta de Deus.

Se é possível provar que vidas mudadas numa religião são evidência de sua origem divina singular, à luz do poder transformador do evangelho (Rm 1.16), o cristianismo é igual, se não superior, ao islamismo. No livro Evidences of christianity [Evidências do cristianismo], William PALEY observa:
Pois o que estamos comparando? Um camponês Galileu acompanhado por alguns pescadores com um conquistador à frente de um exército. Comparamos Jesus, sem força, sem poder, sem apoio, sem nenhum atrativo ou influência externa, prevalecendo contra os preconceitos, a erudição, a hierarquia de seu país, contra as antigas opiniões religiosas, os ritos religiosos pomposos, a filosofia, a sabedoria, a autoridade do império Romano no período mais civilizado e iluminado de sua existência — com Maomé fazendo suas jornadas entre os árabes; captando seguidores em meio a conquistas e triunfes, na era e nos países mais em trevas do mundo, e quando o sucesso militar não só operava por esse controle das vontades dos homens e pessoas que buscam feitos prósperos, como também era considerado o testemunho certo da aprovação divina. 0 fato de multidões, persuadidas por esse argumento, se ajuntarem ao séquito do líder vitorioso; o fato de multidões ainda maiores se prostrarem, sem protesto, perante poder irresistível — é uma conduta em que não podemos ver nada surpreendente; em que não podemos ver nada que se assemelhe às causas pelas quais o estabelecimento do cristianismo foi efetuado (Paley, p. 257).

quinta-feira, 21 de junho de 2012

O Credo - Missa Tridentina


Essa parte é grande, mas rica, por isso resolvi colocá-la toda, em vez de apenas comentar.

O leitor poderá perceber cada vez mais a riqueza da liturgia, e ver que boa parte das acusações protestantes contra a Igreja não possuem fundamento.

Já adianto aqui que em breve estarei sorteando um livro desse.

Mas quem quiser comprar (o que recomendo), pode fazer o pedido na Editora Permanência. Se for da Bahia, entre em contato comigo pois sei onde se vende por aqui, e posso até enviar por correio.

Bom proveito:

Ao Evangelho sucede o Credo. O fim proposto pela recitação do Credo é levar os fiéis a confessar a fé. Como sua fé está baseada no Santo Evangelho, o Credo se segue imediatamente à leitura da Palavra Sagrada. É conveniente que os fiéis façam sua profissão de fé contra as heresias.

Além dos domingos, diz-se o Credo nas festas dos Apóstolos, que pregaram a fé; nas festas dos doutores que a defenderam; na de Santa Madalena, que foi a primeira a crer na ressurreição, anunciou-a aos Apóstolos e foi assim apóstolo dos apóstolos; nas festas dos Santos Anjos, porque é deles que se diz: factorem caeli et terrae, visibiliu omnium et invisibillium - criador do céu e da terra, das coisas visíveis e invisíveis; nas festas da Virgem Santíssima, pois o Símbolo fala igualmente de Nossa Senhora (no entanto, não se diz nas missas votivas). Diz-se ainda na festa da dedicação de uma igreja e nas festas dos padroeiros, porque se supõe que haverá nesses dias mais concurso de povo; é o que acontece quando a festa de São João Batista cai no domingo; quando cai em outro dia não é dito, porque São João veio antes da consumação dos mistérios, e não se fala dele no Símbolo. Diz-se também o Credo por causa da concorrência do povo, quando uma igreja possui uma relíquia insigne do santo festejado nesse dia.

O Credo que a Santa Igreja emprega na Santa Missa não é o Símbolo dos Apóstolos, é o de Nicéia; e, se quisermos ser mais exatos, devemos chamá-lo de Símbolo de Nicéia-Constantinopla, porque todo o artigo do Espírito Santo foi acrescentado, contra Macedônio, no primeiro Concílio de Constantinopla.

Até o século XI, o Credo não era recitado publicamente na Igreja Romana. Santo Henrique, Imperador da Alemanha, vindo a Roma, surpreendeu-se por não escutar o Credo. Falou então ao Papa Bento VIII, que ocupava a cátedra de São Pedro, e este pontífice respondeu que a Igreja Romana marcava assim a pureza de sua fé, já que não havia necessidade de rejeitar o erro que não estava em seu seio. No entanto, logo depois da observação do santo Imperador, o Papa decidiu que o Credo seria dito na missa nos dias de domingo, na Igreja Romana, a fim de que esta confissão de fé fosse sublinhada, por ser proclamada pela própria cátedra de São Pedro,.

O Símbolo de Nicéia é mais longo do que o dos Apóstolos, apesar de este conter igualmente todas as verdades da fé; mas, com as heresias aparecendo sucessivamente, foi necessário dar desenvolvimento a cada um dos artigos que eram atacados, sendo assim cortados pela raiz os diversos erros, na media em que apareciam. O símbolo contém tudo o que devemos crer porque dizemos: Credo Ecclesiam; crendo tudo o que crê a Santa Igreja, possuímos tudo o que foi adotado, tudo o que foi declarado como verdade, nos Concílios de Nicéia, de Constantinopla e em todos os seguintes.

Eis como começa este Símbolo: Credo in unum Deum.

Notemos a diferença. Os Apóstolos não puseram a palavra unum, não julgaram necessário em sua época. Foi no Concílio de Nicéia que a Igreja achou necessário acrescentá-la, a fim de manter a afirmação da unidade divina ao lado da profissão expressa da trindade das Pessoas, dirigida contra os arianos.

Mas por que dizemos: Credo in Deum? Qual é aqui a utilidade desta preposição in?

Ela é de grande importância e compreende-se facilmente. A fé não é outra coisa do que um movimento de nossa alma para Deus; a fé, unida à caridade, a fé vida que a Igreja colocou no coração de seus filhos, tende, por sua natureza, para Deus, sobe e se eleva para ele, Credo in Deum.

Há duas maneiras de se conhecer a Deus. Um homem que vê todas as coisas que compõe o universo: a Terra com suas produções numerosas, o firmamento enriquecido com seus astros, no meio dos quais brilha o Sol com um esplendor magnífico, e onde todas as revoluções se operam de maneira tão admirável; esse homem, digo, diante de tantas maravilhas, dispostas com tanta ordem e perfeição, não pode deixar de reconhecer que alguém fez tudo isso: é o que se chama uma verdade racional. Tal é pois a maneira de conhecer a Deus pela razão: cê-se a criação e se conclui que é a própria obra de Deus.

Mas quando dizemos: conhecer a Deus como Pai, Filho e Espírito Santo, é preciso, certamente, que Deus nos tenha dito e que acreditemos em Sua Palavra, pela fé, quer dizer, por esta disposição que nos é dada sobrenaturalmente de crer naquilo que Deus disse, de nos entregarmos à Sua Palavra. Deus me revela tal coisa por sua Igreja; logo saio de mim mesmo, lanço-me para Ele e reconheço como verdade o que Ele se digna me revelar. É assim que confessamos nosso Deus: Credo in unum Deum, Patrem omnipotentem.


Factórem cæli et terræ, Visibílium ómnium et invisibílium - Deus fez o céu e a terra, todas as coisas visíveis e invisíveis. Custava aos gnósticos atribuir a Deus a criação da matéria e dos seres visíveis; foram condenados por essa decisão do Concilio de Nicéia, que determinou que todas as coisas visíveis e invisíveis, visibilium et invisibilium, são obra de Deus. Rende-se, assim, homenagem ao Deus eterno, por ser todo poderoso e por ter criado, por este poder, todas as coisas visíveis e invisíveis. Por aí faz-se também profissão de fé à criação dos anjos.

Et in unum Dóminum Iesum Christum, Fílium Dei Unigénitum - E em um só Senhor, Jesus Cristo, Filho unigênito de Deus. Dizemos aqui, outra vez: creio em um Senhor. A palavra unum é essencial: não é em dois Filhos que cremos, mas em um só; não é em um homem e em um Deus, separados e formando duas Pessoas diferentes: é na mesma Pessoa, a do Filho único de Deus. Mas porque o chamamos Senhor de uma maneira tão especial? Já o tínhamos dito, falando do Pai. Damos este título a Jesus Cristo porque somos duas vezes Dele. Primeiramente somos Dele porque nos criou com o Pai, que fez todas as coisas por Seu Verbo; além disso, somos Dele porque nos redimiu por Seu Sangue e nos arrancou do demônio; somos Sua compra, Seu bem, Sua possessão; além de ser nosso Criador, nos possui a outro título, e Seu amor pelas almas leva-O a querer possuí-las como Esposo.

Um Filho em Deus, eis um exemplo do conhecimento de Deus diferente do conhecimento racional, de que falamos mais atrás. A razão, por si só, não poderia nos mostrar que há em Deus um Pai e um Filho: é preciso, para sabê-lo, ou estar no céu ou isto ser revelado pela Escritura ou pela Tradição. Assim como cremos em um só Deus Pai e não em dois, assim cremos em um só Filho: et in unum Dominum Jesum Christum, Filium Dei Unigenitum.

Et ex Patre natum, ante omnia saecula — nascido do Pai antes de todos os séculos. Os séculos não tinham começado quando Deus fez sair de suas mãos a obra da criação. Para que houvesse século, era preciso que o tempo existisse. E para que houvesse tempo, era preciso haver os seres criados. Ora, antes de todos os séculos, antes que algo tivesse saído do nada, o Filho de Deus tinha saído do Pai, assim o confessamos pelas palavras: Et ex Patre natum ante ómnia sæcula.Deum de Deo, lumen de lúmine, Deum verum de Deo vero, — nascido do Pai antes de todos os séculos. Deus de Deus, Luz da Luz, Deus verdadeiro de Deus verdadeiro.

O mundo criado procede de Deus, já que é Sua obra. Mas ele não é Deus por isso: o Filho de Deus, ao contrário, saindo do Pai, é Deus como Ele, porque é engendrado nEle: de sorte que tudo o que se diz do Pai convém ao Filho, salvo que Ele não é o Pai, mas é sempre a mesma substância, a mesma essência divina.

No entanto, como o Filho pode ser da mesma substância do Pai, sem que esta substância seja esgotada? Santo Atanásio, talando sobre esse assunto, faz a seguinte comparação que, apesar de material, nos faz apreender um pouco dessa verdade. Assim, diz ele, como uma tocha, tomando sua luz de outra tocha, não diminui em nada aquela onde foi acesa, assim o Filho de Deus, tornando a substância do Pai, não diminui em nada essa substância divina que possui com ele. Ele é verdadeiramente Deus deDeus, Luz da luz, verdadeiro Deus de Deus verdadeiro,

Genitum, non factum - Gerado, não criado. Nós, criaturas humanas, somos feitos, somos todos obra de Deus, sem exceção, mesmo a Virgem Maria e os anjos. O Verbo, Filho de Deus, não é assim: ele é engendrado, não criado; sai do Pai, mas não é sua obra. Tem a mesma substância, a mesma essência, a mesma natureza do Pai.

Em Deus, devemos fazer a distinção das Pessoas, mas devemos também considerar sempre a mesma substância divina, tanto para o Pai e o Filho como para o Espírito Santo: Idem quoad substantiam. E Nosso Senhor nos diz, ele próprio: Ego et Pater unum sumus; são uma mesma coisa, mas as Pessoas são distintas; Pai, Filho e Espírito Santo, são os três termos que servem para designar as Pessoas. E, pois, muito importante essa palavra do Concilio de Nicéia: consubstantiálem Patri, consubstancial ao Pai. Sim, o Filho é gerado pelo Pai, tem a mesma sustância, é a mesma essência divina.

Per quem ómnia facta sunt — por quem todas as coisas foram feitas. Está dito no começo do Símbolo que Deus fez o céu e a terra, todas as criaturas visíveis e invisíveis; e aqui nos diz, falando do Verbo, Filho de Deus, que todas as coisas foram feitas por Ele. Como enquadrar tudo isso? — Compreende-se facilmente comparando à nossa alma.

Três faculdades diferentes são postas nela para a realização de seus diferentes atos: a força, a inteligência e a vontade. Estas três faculdades são necessárias para que o ato seja feito. Pela força, a alma age, mas sua ação supõe o conhecimento e a vontade. Também Deus Pai Todo Poderoso fez todas as coisas por seu poder, fez tudo com inteligência por seu Filho; enfim. pôs sua vontade pelo Espírito Santo e assim o ato se realizou. Ií, pois, mais do que justo que digamos, quando falamos do Filho: Per quem ómnia facta sunt.

Qui propter nos hómines et propter nostram salútem descéndit de cælis — o qual, por amor de nós, homens, e para nossa salvação, desceu dos céus. Depois de ter-nos mostrado o Verbo fazendo tão grandes coisas, a Igreja acrescenta que Ele veio à terra por nós, homens pecadores. E não somente veio pelo homem, mas veio para reparar os pecados do homem e para resgatá-lo da infelicidade eterna. Em uma palavra, para operar nossa salvação: et propter nostram salutem. Por esta causa desceu dos céus: descendit de caelis. Não obstante, não deixou o Pai e o Espírito Santo, não ficou privado, por isso, da beatitude da divindade, mas uniu-se ao homem e suportou nesse homem tudo o que o homem podia suportar, exceto o pecado: desceu dos céus para ser uma criatura, vivendo no meio de nós, andando conosco, conformando-se com todas as coisas da exigência da natureza humana.

Et incarnatus est de Spirítu Sancto - O Verbo se encarnou, fez-se carne por operação do Espírito Santo. Deus fez todas as coisas, e compreendemos como as fez pelas três Pessoas. No mistério da Encarnação, as três Pessoas divinas têm também sua ação. O Pai envia seu Filho, o Filho vem à Terra e o Espírito Santo preside esse sublime mistério.

Ex Maria Virgine - Atenção para essas palavras: ex Maria. Maria forneceu-lhe a substância de seu ser humano, substância que lhe era própria e pessoal, de modo que tomou de si mesma para dar ao Filho de Deus, tornado por isso mesmo seu Filho. O quanto foi preciso que Maria fosse pura para ser achada digna de dar ao Filho de Deus a substância do seu ser humano! O Verbo não quis se unir a uma criatura humana tirada imediatamente do nada, como o primeiro homem, mas ser da raça de Adão. Para isso encarnou-se no seio de Maria, o que o tornou filho de Adão. Não apenas desceu em Maria, mas tomou de Maria, ex Maria: ele é de sua própria substância.

Et homo factus est — E Ele fez-se homem. O Verbo de Deus não tomou somente a aparência de homem, mas fez-Se verdadeiramente homem. Nestas palavras sublimes vemos a própria divindade desposando a humanidade. A genuflexão é feita nesse lugar como uma marca de honra dada ao mistério da Encarnação.

Crucifíxus étiam pro nobis sub Póntio Piláto; passus, et sepúltus est — também por amor de nós foi crucificado, sob Pondo Pilotos, padeceu a morte e foi sepultado. Crucifixus. O Símbolo dos Apóstolos serviu-se igualmente dessa expressão. Os Apóstolos fizeram questão de dizer que Nosso Senhor foi crucificado, não dizendo simplesmente que ele morrera, porque era importante assinalar para todos a vitória da cruz sobre Satanás. Como fomos perdidos pelo madeiro, Deus quis que nossa salvação fosse também operada pelo madeiro, como cantamos: ipse lignum tunc notavit, damna ligni ut solveret — o próprio Deus destinou o madeiro para reparar a danação causada pelo madeiro. Sim, era preciso que o artifício do nosso inimigo fosse enganado por seu próprio artifício: et medelam ferret inde, hostis unde Iceserat, e que o remédio fosse tirado de onde o inimigo tirara o veneno
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Por esse motivo, os Apóstolos faziam tanta questão de assinalar o suplício do Senhor e, anunciando a fé entre os pagãos, falavam imediatamente da cruz. São Paulo, escrevendo aos Coríntios, lhes dizia que, indo até eles, não julgava que devesse lhes falar de outra coisa que não fosse de Jesus, e de Jesus crucificado: Non enim judicavi me scire aliquíd inter vos, nisi fesum Christum et hunc crucifixum^. Já lhes tinha dito: E nós, pregamos o Cristo crucificado: escândalo, é verdade, para os judeus, e loucura para os gentios: Judceis quidem scandalum, Gentibus autem stultitiam.

Jesus Cristo foi crucificado e acrescenta o Símbolo: pro nobis. Assim como dizemos propter nos homines descendit de caelis, era justo que a Santa Igreja nos lembrasse que se o Senhor foi crucificado, foi por nós. Crucifixus etiam pro nobis, sub Pontio Pilato passus. O nome do governador romano acha-se aqui mencionado pelos Apóstolos para dar uma uara.

Et sepultus est - Cristo sofreu, é verdade; é verdade que Ele foi sepultado e isso era preciso, porque se não fosse sepultado, como se cumpriria a profecia que dizia que deveria sair do túmulo no terceiro dia? Isso provava também que Sua morte foi real, completa e não fictícia, já que foi até o sepultamento, e a sepultura, como se pratica para os outros homens.

Et resurréxit tértia die, secúndum Scriptúras - No terceiro dia ressuscitou, conforme o que anunciavam as profecias, particularmente a do profeta Jonas. Nosso Senhor disse: "Esta geração má pede um sinal, mas não lhe será dado outro além do profeta Jonas", nisi signum Jonce prophetce33. Pois assim como Jonas ficou três dias e três noites no ventre da baleia, também o Filho do Homem ficará três dias e três noites no seio da terra.

Et ascendit in caelum - Subiu ao céu. O Verbo de Deus, vindo à terra para se fazer homem, não deixou por isso o seio de seu Pai. Aqui se diz que subiu ao céu no sentido de que sua humanidade efetivamente subiu e que foi objeto de uma entronização para a eternidade.

Sedet ad déxteram Patris - Está sentado à direita do Pai como mestre, como senhor. Mestre e Senhor, Ele sempre o foi segundo a natureza divina, mas devia ser também segundo a natureza humana e é o que exprimem estas palavras. De fato, devia ser porque a natureza humana, estando unida à natureza divina numa mesma Pessoa, que é a do Filho de Deus, pode-se dizer dela com toda verdade: o Senhor está sentado à direita do Pai. Davi o tinha anunciado quando dizia: Dixit Dominus Domino meo: sede a dextris meis. Isto nos prova a íntima união que existe entre a natureza divina e a natureza humana, na Pessoa de Nosso Senhor. Por isso, o Salmo 109 é verdadeiramente o salmo da Ascensão, porque é ali que o Senhor Pai diz ao Senhor Filho: senta à minha direita: Sede a dextris méis.

Et íterum ventúrus est cum glória, iudicáre vivos et mórtuos - O Credo fala de Nosso Senhor em duas vindas: na primeira Ele nasceu sem. glória e, como nos diz São Paulo, aniquilou-se tomando a forma de escravo: semetipsum exinanivitformam servi accipiens; na segunda deve vir com glória, venturus est cum gloria. E por que vem? Não mais para nos salvar, como da primeira vez, mas para julgar: judicare vivos et mortuos. Não somente virá julgar aqueles que estarão ainda na Terra no momento dessa segunda vinda, mas também todos os que estão mortos desde o começo do mundo, porque absolutamente todos devem ser julgados.

Cuius regni non erit finis — E seu reino não terá fim. Trata-se aqui do Reino de Jesus Cristo em Sua humanidade, pois na Sua divindade nunca deixou de reinar. Esse Reino será não somente glorioso, mas nunca terá fim.

A segunda parte do Credo termina aqui; é a mais importante. E justo que nessa confissão pública da nossa fé se falasse mais longamente de Jesus Cristo, porque pessoalmente Ele fez mais por nós, apesar de não ter feito nada sem o acordo e o concurso das duas outras Pessoas. Nessa parte O chamamos de Nosso Senhor. Esse título de Senhor convém ao Pai que nos criou, mas convém duplamente ao Filho que, além de nos ter criado, já que Deus faz todas as coisas por seu Verbo, nos resgatou. Nós Lhe pertencemos a duplo título.

Et in Spíritum Sanctum, Dóminum et vivificántem - Creio igualmente no Espírito Santo, ou seja, pela fé vou até Ele para a Ele aderir. E quem é o Espírito Santo? Dominurn. É Senhor, é Mestre como as outras duas Pessoas. Mas o que é mais? Vivificantem, dá a vida. Assim como a alma dá a vida ao nosso corpo, assim o Espírito Santo dá a vida à nossa alma, E o Espírito Santo que a anima pela graça santificante que nela derrama, a sustenta e a faz agir, vivifica-a e a faz crescer no amor. Do mesmo modo, na Igreja, é o Espírito Santo quem tudo sustenta, é Ele quem faz que todos esses membros, de nações, línguas e costumes tão diferentes, vivam a mesma vida, pertençam ao mesmo Corpo, cujo chefe é Jesus Cristo. Com efeito, todos têm a mesma fé, recebem as mesmas graças nos mesmos sacramentos, e as mesmas esperanças os animam e os confortam. Em uma palavra, o Espírito Santo sustenta a todos.

Qui ex Patre Filióque procédit — que procede do Pai e do Filho. Como se pode imaginar que o Pai e o Filho não sejam unidos? Havia necessidade de um laço que reunisse um ao outro. O Pai e o Filho não são apenas justapostos, mas um laço os une, os encerra, e esse laço procede de um e de outro formando um com eles. Esse amor mútuo é o Espírito Santo.

No Concilio de Nicéia, foi redigido o artigo do Símbolo que trata de Jesus Cristo; no Concilio de Constantinopla resolveram completar o Símbolo de Nicéia acrescentando o que se refere ao Espírito Santo, mas sem o Filioque; seria dito simplesmente: Qui ex Patre procedit.

Os padres desse Concilio não viram necessidade de dizer mais nada, porque as palavras de Nosso Senhor no Evangelho não podem deixar dúvida. Nosso Senhor tinha dito: "Enviarei o Espírito que procede do Pai" — ego mittam vobis a Patre, Spiritum veritatis, qui a Patre procedit; ele é, pois, também princípio do Espírito Santo, já que o enviou. O Pai envia o Filho, e fica claro para todos que o Filho emana do Pai, é engendrado por Ele. Nosso Senhor dizendo enviarei o Espírito, prova que Ele próprio é fonte do Espírito Santo, como o Pai. E se Nosso Senhor acrescenta essas palavras: Qui a Patre procedit, não é para nos dizer que o Espírito Santo procede somente do Pai; ao contrário, é para melhor explicar e para nos mostrar que não o envia sozinho, mas que o Pai O envia com Ele.

Os gregos não quiseram admitir essa verdade e levantaram uma discussão sobre essa passagem, a fim de destruir a Trindade. Mas compreende-se que a Trindade está ligada nas suas três Pessoas dessa maneira admirável, quer dizer, que a primeira Pessoa engendra a segunda, a primeira e a segunda estão unidas entre si pela terceira. Aquele que recusasse adotar a crença desse laço produzido pelo Pai e o Filho, e que Os reúne, isolaria completamente o Espírito Santo do Filho, o que destruiria a Trindade.

Foi na Espanha que se introduziu primeiro o Filioque no Símbolo, para explicar melhor o que tinham dito os Padres de Constantinopla; corria então o século VIII. A Igreja romana só o adotou no século XI. Sabia que isso provocaria dificuldades; mas vendo que essa medida tornava-se necessária, decidiu-se, e desde então essa adição no Símbolo é obrigatória para toda a Igreja.

Qui cum Patre et Fílio simul adorátur et conglorificátur — o qual é, com o Pai e o Filho igualmente adorado e glorificado. O Espírito Santo deve ser adorado porque é verdadeiramente Deus. Para se ter a verdadeira fé, não basta render homenagem ao Espírito Santo, é preciso adorá-lo corno Deus, assim como adoramos o Pai e o Filho, simul adoratur: é adorado ao mesmo tempo que as duas outras Pessoas divinas, simul. Nesse momento, a Santa Igreja quer que inclinemos a cabeça para render homenagem ao Espírito Santo, pois reconhecemos a sua divindade.

Et conglorificátur - É conglorificado, isto é, recebe glória com o Pai e o Filho; está dentro da mesma doxologia, quer dizer, na mesma glorificação: doxologia significa glorificação da grandeza e da majestade divina.

Qui locútus est per prophétas -  Eis outro dogma. O Espírito Santo falou pelos profetas, e a Santa Igreja o declara. Ela formulou esse artigo para confundir os marcionitas, que queriam admitir o princípio de uni Deus bom e um Deus malvado. Segundo eles, o Deus dos judeus não era bom. A Igreja, declarando que o Espírito Santo falou pelos profetas desde os livros de Moisés até os mais próximos do tempo de Nosso Senhor, proclama que a ação do divino Espírito Santo se estende sobre a Terra desde o princípio.

No dia de Pentecostes, o Espírito Santo desceu sobre os Apóstolos e veio sobre a terra para ficar, sendo sua missão diferente da de Nosso Senhor. O Verbo feito carne veio à Terra, mas, depois de certo tempo, voltou ao céu. O Espírito Santo, ao contrário, veio para ficar; Nosso Senhor disse que tal era sua missão, quando disse aos Apóstolos estas palavras: Et Paraclitum dabit vobis, ut maneai vobiscum in aeternum — Vos enviarei o Paraclito, que permanecerá convosco para sempre. Mais tarde lhes disse como este Espírito lhes ensinaria todas as coisas, sugerindo tudo o que Ele mesmo ensinara: et suggeret vobis omnia quacumque dixero vobis.

A Igreja, com efeito, precisou ser ensinada, ser guiada, conduzida e sustentada. Quem devia fazê-lo? Quem o fez? O Espírito Santo deve assisti-la até o fim dos séculos, segundo a palavra de Nosso Senhor. Por isso o Filho foi enviado pelo Pai, depois voltou ao céu; e o Pai e o Filho enviaram o Espírito Santo para permanecer com a Igreja até o fim. Nosso Senhor disse: "Meu Pai vos enviará o Espírito", e ainda: "Eu vos enviarei o Espírito" a fim de marcar as relações que existem entre as Pessoas divinas que não podem ser isoladas uma da outra, como quiseram os heréticos.

A Santa Igreja nos desdobrou, pois, o dogma da Santíssima Trindade. Primeiramente, o Pai Todo Poderoso, criador de todas as coisas; em seguida o Filho, descendo do céu, fazendo-se homem e morrendo por nós, depois ressuscitando vencedor da morte e triunfando em sua Ascensão; enfim, vem o Espírito Santo, Senhor como o Pai e o Filho, dando a vida, que falou pelos profetas e que é Deus como o Pai e o Filho.

Agora outro assunto: Et unam, sanctam, cathólicam et apostólicam Ecclésiam. Notemos: não dizemos: Credo in.... Por quê? Porque a fé, que tem a Deus por objeto imediato, é um movimento de nossa alma para Deus; ela se lança e repousa nele; então cremos in Deum — em Deus. Mas para as coisas criadas e intermediárias que concernem a Deus, que servem para nos conduzir a Ele e que não são Ele, nós cremos simplesmente, sem movimento interior que nos traga o repouso. Por exemplo: a Igreja que Jesus Cristo fundou, no seio da qual, se encontra, exclusivamente salvação, Credo Ecclesiam. Neste Símbolo, esse artigo é mais desenvolvido do que no Símbolo dos Apóstolos, que nos faz dizer simplesmente: Credo Sanctam Ecdesiam Catholicam.

Dizemos, pois, primeiramente, que a Igreja é una: Credo unam Ecclesiam. No Cântico dos Cânticos escutamos o próprio Esposo chamá-la minha única: una est columba mea.

Além disso ela é santa: Credo sanctam Ecclesiam; ainda uma vez ouvimos o Esposo dizer no Cântico: Amica mea, columba mea, formosa mea... et macula non est in te — Amiga minha, minha columba, minha formosa... não há em ti nenhuma mancha. São Paulo, escrevendo aos Efésios, diz também que ela é sem mancha nem ruga: non habentem maculam aut rugant.  A Igreja de Jesus Cristo é santa, só nela há santos e nela sempre haverá santos. Ainda mais: sendo santa, só pode ensinar a Verdade.

A Igreja é católica: Credo Ecclesiam Catholicam. Quer dizer, é universal, por estar espalhada por toda a terra; e também que sua existência se prolongará até o fim dos tempos. A qualidade de católica que lhe é dada compreende tudo isso.

Enfim, é apostólica: Credo Ecclesiam Apostolicam. Sim, remonta ao começo, quer dizer que vem de Nosso Senhor; não foi elevada de repente no meio dos tempos, como fez o protestantismo, no século XVI Assim não seria de Nosso Senhor. Para ser a verdadeira Igreja, deve ser apostólica: isso significa que é preciso uma hierarquia que esteja em linhagem direta até os Apóstolos, e pelos Apóstolos a Nosso Senhor em pessoa. Assim cremos na Igreja, e Deus quer que a creiamos una, santa, católica e apostólica: Et unam, sanctam, cathólicam et apostólicam Ecclésiam. Cremos que ela é fundada sobre estes quatro caracteres essenciais que são a noção c a prova de sua instituição divina.

Confíteor unum baptísma in remissiónem peccatorum - Confesso um só batismo para a remissão dos pecados. A palavra Confiteor significa aqui reconheço. Mas por que a Igreja nos faz confessar tão expressamente um só batismo: Confiteor unum baptisma? — Porque insiste que proclamemos que só há um meio de nascimento espiritual e, segundo a palavra do Apóstolo aos Efésios, um só batismo, como um só Deus e uma só fé: Unus Dominus, uma fides, unum baptisma.

O batismo nos faz filhos de Deus ao mesmo tempo em que nos dá a graça santificante, pela qual o Espírito Santo vem habitar em nós. E quando pelo pecado mortal o homem tem a infelicidade de perder essa graça, a absolvição o reconcilia com Deus, restaurando-Lhe a graça do batismo. Essa graça primeira é tão forte, que ela mesma é devolvida, e não outra. O batismo tira sua força da água que saiu do lado de Nosso Senhor e que foi para nós o princípio de vida. Por isso, Nosso Senhor verdadeiramente nos produziu, e este é o único batismo que devemos confessar e conhecer.

Et expecto resurrectionem mortuorum - Espero a ressurreição dos mortos. A Igreja não faz somente dizer: creio na ressurreição dos mortos, mas espero. Devemos ficar impacientes para ver chegar o momento da ressurreição, pois a união do corpo com a alma é necessária para a perfeição na bem-aventurança.

Os pagãos tinham muita dificuldade em aceitar essa verdade, porque a morte parece ser uma condição de nossa natureza. Como a nossa natureza se compõe de alma e de corpo, e esses elementos podem ser separados, a morte conserva algum império sobre nós. Mas, para nós cristãos, a ressurreição dos mortos é um dogma fundamental. Nosso Senhor, ressuscitando no terceiro dia depois de sua morte, confirma-o de maneira estrondosa, pois, diz São Paulo, foi o primeiro a sair dentre os mortos: primogenitus ex mortuis; como devemos segui-lo, devemos todos ressuscitar.

Et vitam ventúri saeculi - Espero também a vida do século vindouro, que não conhece a morte. Na Terra, vivemos a vida da graça, apoiando-nos na fé, na esperança e na caridade; mas não vemos a Deus. Na glória, ao contrário, gozaremos plenamente da presença de Deus, varnos vê-lO face a face, como nos diz São Paulo: Videmus nunc per speculum in aegnigmate: tuc autem facie ad faciem — Agora vemos como num espelho, numa imagem} mas depois veremos face a face. Além do mais, durante nossa peregrinação terrestre, estamos expostos à perda da graça, ao passo que no céu não existe nenhum temor desse gênero, e possuiremos algo que satisfaz todos os desejos do homem: possuiremos o próprio Deus, que é o fim do homem. E, pois, com razão, que a Santa Igreja nos faz repetir: Et exspecto vitam venturi saeculi.

Tal é a magnífica profissão de fé que a Igreja põe na boca de seus filhos. Existe outra fórmula do nosso Símbolo que foi composta por Pio IV, depois do Concilio de Trento. Essa que acabamos de ver acha-se ali incluída, mas com muitos outros artigos dirigidos contra os protestantes, e é lida por eles na ocasião de sua abjuração: não podem obter a absolvição se não cumprirem essa condição. Além desses, todos os que recebem benefícios eclesiásticos devem pronunciá-lo ao tomar posse. Assim, um bispo deve fazê-lo chegando a sua diocese. Todos os párocos deveriam fazê-lo igualmente, ao assumir sua paróquia, mas esse costume foi abandonado depois da Revolução, sendo observado apenas em certas localidades particulares.

segunda-feira, 18 de junho de 2012

As duas faces do Islã - Pe. Zakaria Botros

Traduzido por Jonadabe Rios

Introdução


Após os recentes ataques terroristas no World Trade Center e no Pentágono nos EUA, houve um debate muito claro na mídia internacional a respeito da natureza do Islam. Observamos também uma mudança na mídia de um extremo anti-islamismo a outro extremo a favor do islã (para apresentar um equilíbrio político e humano).

O cristianismo nos ensina claramente o amor ao próximo, inclusive aos nossos inimigos, mas de modo algum fala para nos tornarmos cegos para a realidade e a verdade e sermos enganados por estarmos desinformados.

Para fazer uma avaliação justa em relação a qualquer questão, é preciso estar ciente de todos os lados do assunto em pauta, e, por esta razão, este estudo irá demonstrar um lado o islã que não foi precisamente retratado pela mídia popular.

Os fatos aqui mostrados são baseados nos textos de uma reconhecida interpretação do Corão [The meaning of the holy Quran, by Abdullah Yusuf Ali, 1992]*. Observe que se escreve “interpretação” e não “tradução”, pois o Islã proíbe a tradução literal de seu livro sagrado – por esta razão os textos árabes do Corão serão incluídos, de modo que a acusação de uma interpretação errada não seja possível.


As duas faces do Islam

Após os ataques de 11 de setembro, muitos muçulmanos (e não-muçulmanos com finalidades políticas) em todo o mundo têm tentado apresentar o Islam como uma religião de paz e amor, querendo assim desassociá-lo daqueles vergonhosos e brutais acontecimentos. Assim, segundo suas afirmações, não há violência no Islam.

Porém, é fato que os autores desses atos basearam sua violência em claros e indiscutíveis versos do Corão, demonstrado claramente na afirmação de Osama Bin Laden na CNN. Baseados nessa premissa, Bin Ladem, o Taleban, e o grupo muçulmano das Filipinas Abu Saiaf, entre outros, têm abertamente declarado guerra contra os EUA em nome do Islã usando citações do Corão como:

‘And those of the people of the Book (Jews & Christians) who aided them (the unbelievers), Allah (God) did take them down from their strongholds. And cast terror into their hearts, so that some ye slew, and some ye made prisoners. And He made you heirs of their lands, their houses, and their goods’ (Surah Al Ahzab 33:26 and 27)

“E (Deus) desalojou de suas fortalezas os adeptos do Livro, que o (inimigo) apoiaram, e infundiu o terror em seus corações. Matastes uma parte e capturastes outra. E (depois disso) vos fez herdeiros de sua cidade, de suas casas, seus bens e das terras que nunca havíeis pisado (antes); sabei que Deus é Onipotente.”
 (سورة الأحزاب آيات 26و27)وأنزل الذين ظاهروهم (إي الذين كفروا) من أهل الكتاب من صياصيهم (حصونهم) وقذف في قلوبهم الرعب فريقا تقتلون وتأسرون فريقا. وأورثكم أرضهم وديارهم وأموالهم وأرضا لم تطأها وكان الله على كل شيء قديرا]

Muitos estão confusos.

É o Islam uma religião violenta ou é uma religião da paz?

Quando nós estudamos o livro do Islã, o Corão, descobrimos que ele possui duas faces e cada uma delas representa certo estágio do caráter de Maomé: um em Meca, outro em Medina.

A primeira face do Islam e o caráter de Maomé em Meca

Maomé ainda não tinha muito poder quando deu inicio, em 610 A.D. na cidade de Meca, a sua nova religião. Por isso, para ser aceito por todos, ele apresentou o lado pacífico do Islam, evitando, assim, qualquer menção à violência, como podemos vernessas citações corânicas:

1 - Foi dito a Maomé para ter paciência com seus opositores na Surah Al Muzzammil (73:10): "E tolera tudo quanto te digam, e afasta-te dignamente deles."


+سورة المزمل (73: 10)  "واصبر على ما يقولون واهجرهم هجرا جميلا"


2 - Foi dito a Maomé para não impôr o Islam a força na Surah Al baqarah (2: 256): "Não há imposição quanto à religião"


+سورة البقرة (2: 256) "لا إكراه في الدين"

3 - Foi dito para falar de forma agradável ao "povo do Livro" (Cristãos e Judeus) na Surah Al Ankabut (29:45): "E não disputeis com os adeptos do Livro, senão da melhor forma, exceto com os iníquos, dentre eles. Dizei-lhes: Cremos no que nos foi revelado, assim como no que vos foi revelado antes; nosso Deus e o vosso são Um e a Ele nos submetemos."


+ سورة العنكبوت (29: 46) "ولا تجادلوا أهل الكتاب إلا بالتي هي أحسن ... وقولوا آمنا بالذي أنزل إلينا وأنزل إليكم وإلهنا وإلهكم واحد ونحن له مسلمون"


A segunda face do Islam e o caráter de Maomé em Medina.

Após sua viagem para Medina, em 622 A.D., quando sua força e quantidade de seguidores cresceram (se tornando, assim, um grande guerreiro), ele desejou expandir sua religião a força, sendo esta a nova mensagem. Eis algumas evidências do Corão em relação a esta face:

1 - Ele afirmou que Deus mandou matar seus opositores na Surah Al baqarah (2:191): "Matai-os onde quer se os encontreis e expulsai-os de onde vos expulsaram, porque a perseguição é mais grave do que o homicídio. Não os combatais nas cercanias da Mesquita Sagrada, a menos que vos ataquem. Mas, se ali vos combaterem, matai-os. Tal será o castigo dos incrédulos."


+ سورة البقرة (2: 191) "واقتلوهم حيث ثقفتموهم (وجدتموهم) ..."

Imam Ali Abdullah Yusuf comenta a respeito desse versículo dizendo: "Esta passagem é ilustrada pelos eventos que aconteceram em Hudaybiyyah [uma batalha], no sexto ano da Hégira [êxodo de Maomé de Meca para Medina]. Os muçulmanos, a essa altura, era uma comunidade forte e influente". (The Meaning of the Holy Quran P77)


+ سورة البقرة (2: 193) "وقاتلوهم حتى لا تكون فتنة ويكون الدين لله ..."


2 - Ele afirmou que Deus mandou matar todos que rejeitam o Islam na Surah Al Baqara (2:193): "E combatei-os até terminar a perseguição e prevalecer a religião de Deus. Porém, se desistirem, não haverá mais hostilidades, senão contra os iníquos."

Imam Ali Abdullah Yusuf comenta esse versículo dizendo: "O Islã não vai tolerar a atitude errada, e seus homens manterão suas vidas em defesa da honra e da religião que consideram sagrada. Eles acreditam na coragem, obediência... e um esforço constante por todos os meios que estão ao seu alcance... Eles não vão recuar da guerra se sua honra exige isso e um Imam justo os comanda. (The Meaning of the Holy Quran P77).

3 - Ele afirmou que Deus disse para lutarem com "povos do Livro" na in Surah Al Tawba (2:29): "Combatei aqueles que não crêem em Deus e no Dia do Juízo Final, nem abstêm do que Deus e Seu Mensageiro proibiram, e nem professam a verdadeira religião daqueles que receberam o Livro, até que, submissos, paguem o Jizya."


+ سورة التوبة (2: 29) قاتلوا الذين لا يؤمنون بالله واليوم الآخر ... ولا يدينون دين الحق من الذين أوتوا الكتاب (أي النصارى واليهود) حتى يعطوا الجزية وهم صاغرون ...”


Imam Ali Abdullah Yusuf comenta dizendo: "A luta reta pela causa da verdade; sair corajosamente a lutar e lutar e provar-se digno de Alla" (The Meaning of the Holy Quran P. 446).

4 - (Surah Al Tawbah 9: 12): "Porém, se depois de haverem feito o tratado convosco, perjurarem e difamarem a vossa religião, combatei os chefes incrédulos, pois são perjuros; talvez se refreiem."


(سورة التوبة 9: 12) "... فقاتلوا أئمة الكفر إنهم لا أيمان لهم لعلهم ينتهون"


Imam Abdullah Yusuf Ali comenta esse versículo dizendo: "A lista dos seus pecados a ser estabelecidos, é claro que eram agressores da pior forma, e por isso a guerra tornou-se inevitável." (The Meaning of the Holy Quran P.440)

5- (Surah Al Tawbah 9: 14): "Combatei-os! Deus os castigará, por intermédio das vossas mãos, aviltá-los-á e vos fará prevalecer sobre eles, e curará os corações de alguns fiéis"


(سورة التوبة 9: 14) "قاتلوهم يعذبهم الله بأيديكم ويخزهم وينصركم عليهم ويشف صدور قوم مؤمنين"


Imam Abdullah Yusuf Ali comenta esse versículo dizendo: "Quando o direito de Alá está firmado, o fogo da indinação é sufocado e a verdadeira Paz do Islã é atingida" (The Meaning of the Holy Quran P.441).

6 - (Surah Al Tawbah 9: 123): "Ó fiéis, combatei os vossos vizinhos incrédulos para que sintam severidade em vós; e sabei que Deus está com os tementes."


(سورة التوبة 9: 123) "يا أيها الذين آمنوا قاتلوا الذين يلونكم من الكفار وليجدوا فيكم غلظة واعلموا أن الله مع المتقين"


Imam Abdullah Yusuf Ali comenta esse versículo dizendo: "Quando o conflito se torna inevitável, a primeira coisa é limpar nosso ambiente de todo mal... Devemos resistir ao mal" (The Meaning of the Holy Quran P.475).

7 - (Sura Al Anfal 8: 65): "Ó Profeta, estimula os fiéis ao combate. Se entre vós houvesse vinte perseverantes, venceriam duzentos, e se houvessem cem, venceriam mil do incrédulos, porque estes são insensatos."


(سورة الأنفال 8: 65) "يا أيها النبي حرض المؤمنين على القتال إن يكن منكم عشرون صابرون يغلبوا مائتين وإن يكن منكم مائة يغلبوا ألفا من الذين كفروا بأنهم قوم لا يفقهون"


Imam Abdullah Yusuf Ali comenta esse versiculo dizendo: "Em uma luta... os homens de fé não se assustam. Se eles vencerem ou morrerem, a causa prevalece. Eles estão certos da vitória: porque (1) eles têm ajuda divina e (2) mesmo humanamente falando, aqueles que lutam contra a verdade são tolos, seu poder aparente é apenas uma cana quebrada"  (The Meaning of the Holy Quran P.431).

Ele acrescenta: "A Jihad (guerra santa) é travada sob condições estritas e estabelecidas pelo Islã, e glória para a causa de Alá" (The Meaning of the Holy Quran P.431).

8- (Surah Al Baqara 2: 216): "Está-vos prescrita a luta (pela causa de Deus), embora o repudieis. É possível que repudieis algo que seja um bem para vós e, quiçá, gosteis de algo que vos seja prejudicial; todavia, Deus sabe todo o bem que fizerdes, Deus dele tomará consciência.".


(سورة البقرة 2: 216) "كتب عليكم القتال ..."

Imam Abdullah Yusuf Ali comenta sobre esse versículo dizendo: "Lutar pela causa da verdade é uma das mais altas formas de caridade". (The Meaning of the Holy Quran P.86)

Ou seja: No Islã, a luta é uma forma de caridade!

9- (Surah Al Anfal 8:60): "Mobilizai tudo quando dispuserdes, em armas e cavalaria, para intimidar, com isso, o inimigo de Deus e vosso, e se intimidarem ainda outros que não conheceis, mas que Deus bem conhece. Tudo quanto investirdes na causa de Deus, ser-vos á retribuído e não sereis defraudados."


 (سورة الأنفال 8: 60) "وأعدوا لهم ما استطعتم من قوة ومن رباط الخيل ترهبون به عدو الله وعدوكم ..."


Imam Abdullah Yusuf Ali comenta: "Em cada braço luta-se com as melhores armas contra seu inimigo, de modo a incutir respeito a você à causa que defendemos" (The Meaning of the Holy Quran P.429).

A mesma ideologia e estratégia


O problema com a avaliação do Islã no ocidente, que é predominantemente cristão, é que o mesmo é encarado como outra fé (como o cristianismo) e, portanto, é do direito de cada indivíduo aceitar o culto que o agrada. Isso está certo, mas o problema é que o Islã não é como o cristianismo.

O cristianismo é um sistema de fé e moral que pode existir em qualquer sistema estatal, mas o Islã, todavia, tem uma política particular baseada na Sharia (sua constituição) que governa todos os muçulmanos. Por este motivo, os muçulmanos fundamentalistas que vivem de forma equilibrada em um estado muçulmano moderado, com um sistema político secular, querem conseguir a derrota desse sistema, pois ele não abrange de forma suficiente o sistema islâmico de “Religião e Estado”.

Esse estudo não foi feito para tentar apresentar a imagem de todos muçulmanos como pessoas más, pois isso não é verdade, pois existem muitos muçulmanos moderados que são boas pessoas e membros construtivos na sociedade, mas estes são considerados como kaffara (apostatas) pelos fundamentalistas por não seguir o Corão fielmente, de forma que são merecedores do mesmo fim de todos não-muçulmanos: a morte.

Dessa modo, o problema é do Islã, não dos muçulmanos. Sabemos que em qualquer religião ou fé esse é o papel de cada um que acredita nas normas ensinadas pela sua fé, e, assim, os ensinos dele tornam-se as regras pelas quais eles vivem (qualquer muçulmano "fiel" deve seguir o Corão).

O Islã segue a mesma estratégia em qualquer lugar do mundo que estiver, especialmente no ocidente. Eles começam com o primeiro estágio de fraqueza para aparentarem ser pacíficos e aproveitam a democracia e os direitos humanos no ocidente para propagar sua fé.

Após seu crescimento, eles não hesitam em matar pessoas e destruir o ocidente, que, de acordo com sua fé, contraria as doutrinas islâmicas. Isto é o que vimos nos ataques ao WTC em Nova York e no Pentágono, em Washington.


Muçulmanos famosos

1 - Mohammed Hassanein Heikal', um famoso autor muçulmano egipcio, refere-se a esse fato em seu famoso livro chamado "Autumn Furor". Ele afirmou que:

"O elemento da Jihad (guerra santa) surgiu na ideologia de Abul Alaa Almaudoody (um fanático muçulmano do Egito). Ele passou a diferenciar duas diferentes fases. Uma comunidade muçulmana passa pela:

Fase de fraqueza - Momento em que a comunidade é incapaz de assumir seu próprio destino. Neste caso - de acordo com seu pensamento - devem isolar-se com a finalidade de se prepararem para serem capaz de executar a segunda fase.

A segunda etapa, que é o Jihad (guerra santa) -  Ela virá quando a comunidade islâmica estiver preparada e pronta para sair de seu isolamento.

Neste livro, Abul Alaa Almaudoody fez uma comparação entre as duas fases, com a luta de Maomé em Meca e em Medina: de um lado, a primeira fase (na qual estão fracos), do outro o Jihad" (Seguindo a mesma estratégia de Maomé).

2 - Assan Abdulla Al Torabi, o mais fanático lider muçulmano do sudão dizia abertamente: "Nós pretendemos ser fracos, até sermos fortes".

3 – Conforme foi exposto anteriormente, Imam Ali Abdullah Yusuf, ao comentar a Surah Al Baqarah (2:191), disse que: "Esta passagem é ilustrada pelos eventos que aconteceram em Hudaybiyyah [uma batalha], no sexto ano da Hégira [êxodo de Maomé de Meca para Medina]. Os muçulmanos, a essa altura, era uma comunidade forte e influente". (The Meaning of the Holy Quran P77).

Esta é a realidade do Islã e suas duas faces.

Devemos estar muito atentos com o que está acontecendo ao nosso redor.

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Nota do tradutor: A tradução do Corão em português usada nesse texto é uma feita pro Samir El-Hayek, e foi copiada de um site muçulmano.

sábado, 16 de junho de 2012

Jesus é o Messias? Lista de artigos.

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Conheça o blog do Projeto: https://anscarvonier.wordpress.com/

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Resolvi colocar os três artigos que traduzi em uma lista, para ficar mais fácil tanto para quem já leu e quer procurar novamente, quanto para quem ainda não conhece. Os artigos mostram textos judaicos antigos que demonstram, ao contrário do proselitismo de alguns judeus (principalmente na internet), que o chamado texto do Servo Sofredor era sim considerada uma referência ao Messias:

http://porquecreio.blogspot.com.br/2012/05/jesus-e-o-servo-sofredor-parte-1.html

http://porquecreio.blogspot.com.br/2012/05/jesus-e-o-servo-sofredor-parte-2.html

http://porquecreio.blogspot.com.br/2012/06/jesus-e-o-messias-parte-3.html

O Evangelho - Missa Tridentina


"Enquanto os diferentes cantos são entoados, o diácono toma o livro dos Evangelhos e o põe sobre o altar, porque o altar representa Nosso Senhor, marcando assim a identidade que existe entre o Verbo de Deus, que se escuta no Evangelho e Nosso Senhor. O padre não incensa o livro, mas benze o incenso, atitude que o diácono não pode realizar.

Estando bento o incenso, o diácono, de joelhos no degrau mais alto do altar, diz a oração Munda cor meum, na qual pede a Deus que se u coração e seus lábios sejam purificados, para que possa anunciar dignamente o Santo Evangelho. Nesta oração, faz alusão à brasa ardente com a qual um serafim toca os lábios do profeta Isaías, para purificar e o tornar digno de anunciar as coisas que lhe eram inspiradas pelo Espírito Santo. Esta oração é dita igualmente pelo padre na missa privada.

Depois da oração, o diácono toma o livro no altar e, ajoelhando-se diante do padre, pede a bênção porque vai ler: Jube, domne, benedicere, como se dissesse: queira me abençoar. Na missa privada, o padre pede a bênção a Deus dizendo: Jube, Domine, benedicere, respondendo ele mesmo pelas palavras da bênção, com as mudanças necessárias para aplicá-las a si mesmo. Depois de receber a benção, o diácono beija a mão do padre que deve estar sobre o livro dos Evangelhos, parecendo assim que o está dando ao diácono, encarregando-o de ler em seu nome.

Dirige-se o diácono para o púlpito do Evangelho e começa por esta grande palavra: Dominus Vobiscum. É a única vez que é permitido o diácono saudar o povo com estas palavras. Parece que ele quer prepará-lo, como quem diz: ouça o Verbo de Deus, a Palavra eterna que é para todos uma grande graça; que o Senhor esteja convosco, que Ele vos esclareça e vos alimente por Sua palavra. E o povo responde a este chamado: Et cum ispiritu tuo.

O diácono então anuncia ao povo o que vai ler, por estas palavras: Initium ou Sequentia sancti Evangelii, fazendo o sinal da cruz sobre o livro, no lugar onde começa a passagem do Evangelho. Depois se persigna sobre a testa, sobre a boca e sobre o peito, pedindo pela cruz, princípio de todas as graças, que tenha sempre o Evangelho no coração e sobre os lábios, e que seu rosto nunca se enrubesça. Com o turíbulo, incensa o livro por três vezes enquanto o povo responde ao anúncio da boa nova, rendendo glória ao Senhor Jesus Cristo cuja palavra vai ser ouvida: Gloria tibi, Domine.

Enfim, é hora de cantar o Santo Evangelho. Para isso, o diácono junta as mãos e não as apoia no livro, não se permite tal familiaridade em relação ao que encerra a expressão da Palavra Eterna.

Terminada a leitura, o subdiácono toma o livro aberto e o leva ao celebrante que diz, beijando o começo do evangelho: Per evangélica dicta, deleantur nostra delicta - pelas palavras do Evangelho, sejam apagados nossos pecados. Encontramos nesta fórmula, que se emprega algumas vezes como bênçãos, em Matinas, uma rima que denota sua origem medieval. Enquanto isso, o diácono volta-se para o padre, em nome do qual cantou o Evangelho e, tomando o turíbulo, incensa-o três vezes. Nesse momento, só o padre recebe essa homenagem.

Quando o padre reza a missa sem ser assistido por seus ministros, deve virar o livro ao evangelho, de modo que fique voltado um pouco para o lado do norte; o diácono também fica voltado para esse ponto quando canta, porque, segundo a palavra do profeta Jeremias: Ab aquilone pandetur malum super omnes habitatores terrae - do aquilão o mal se espalhará sobre todos os habitantes da terra. Pela mesma razão, no batismo dos adultos, os catecúmenos ficam voltados para o norte, quando renunciam a Satanás.

Antigamente havia, nas grandes igrejas, dois púlpitos ou espécies de cátedras elevadas, um para a Epístola e outro para o Evangelho. Hoje não os vemos mais, a não ser na igreja de São Clemente, em Roma, e em São Lourenço fora dos muros. Existiam também na basílica de São Paulo até a época de sua restauração. Era no púlpito que se punha o Círio pascal durante os quarenta dias que terminam a Ascensão.

Devemos notar, a propósito do Evangelho, a diferença estabelecida pela Santa Igreja na maneira de anunciá-lo. Para a Epístola, manda simplesmente dizer qual a passagem que será lida, enquanto manda preceder sempre o Evangelho do Dominus vobiscum. Na Epístola, é apenas o servidor quem fala; aqui, ao contrário, é a palavra do Mestre que se ouve, sendo útil chamar a atenção dos fiéis.

A resposta Laus tibi, Christe, só é dita no fim do Evangelho lido pelo padre, porque antigamente, o celebrante, não lendo nada do que era cantado, escutava simplesmente o Evangelho.

Nas missas dos defuntos, o diácono não pede a benção do padre antes do Evangelho. Como esta é uma cerimônia em honra dos defuntos, ele abstém-se, em sinal de luto e de tristeza. Não se levam também as tochas ao púlpito, e o padre não beija o livro na volta do diácono, assim como o diácono não beija a mão do padre depois de ter pegado o livro no altar."

***


Certa vez Silas Malafaia disse que elogiaria um padre que andasse com a Bíblia na mão (como geralmente ele faz), como se o fato de andar com ela na mão significasse necesseriamente amor pela mesma.

Ora, engraçado é que o culto que Silas Malafaia faz (não incluo aqui todos os cultos protestantes), incluindo várias pregações sua, são desrespeitosas com o Evangelho.

Desde o inicio a Missa é toda Teocêntrica, e em várias partes é demonstrado o valor único dos Evangelhos.

Além disso as principais doutrinas Católicas (se não todas) são expressas na Liturgia da Missa.

Após a Epístola será recitado o Credo.

Essa parte é grande, mas vou preferir digitar para não correr o risco de deixar de dizer algo importante (Essa do Evangelho também foi copiado de forma integral).

segunda-feira, 11 de junho de 2012

Origem do Alcorão (5) - Argumentos da precisão científica e da estrutura matemática.

Os artigos anteriores sobre o assunto podem ser vistos aqui: Primeira parte / Segunda parte / Terceira parte / Quarta parte.

Argumento da precisão científica. Esse argumento conquistou popularidade recentemente, principalmente por causa do livro de Maurice Bucaille "A Bíblia, o Alcorão e a ciência", no qual o cristianismo é atacado por impedir o progresso da ciência, e o Alcorão é exaltado por promovê-la. Na verdade, ele insiste que o Alcorão previu maravilhosamente a ciência moderna em várias de suas afirmações, confirmando assim de forma miraculosa sua origem divina.

Mas o cristianismo, não o islamismo, foi o pai da ciência moderna. M. B. Foster, ao escrever para o reconhecido jornal inglês de filosofia Mina [Mente] observou que a doutrina cristã da Criação é a origem da ciência moderna (v. Foster, Whitehead, p. 3-4). Os fundadores de quase todas as áreas da ciência moderna foram cristãos trabalhando com base na sua cosmovisão. isso inclui homens como Nicolau Copérnico, Johannes Kepler, William Kelvin, Isaac Newton, Blaise PASCAL, Robert Boyle, James Clark Maxwell e Louis Agassiz.

Portanto, apesar de o monoteísmo islâmico ter feito muitas contribuições para a cultura moderna, é exagero reivindicar-lhe crédito para a origem da ciência moderna. Os exércitos islâmicos destruíram vastas fontes de conhecimento. Pfander, por exemplo, menciona que, sob o califa Omar, os soldados muçulmanos destruíram vastas bibliotecas em Alexandria e na Pérsia. Quando o general perguntou a Omar o que devia fazer com os livros, acredita-se que ele respondeu: "Lance-os nos rios. Pois, se nesses livros há sabedoria, temos sabedoria ainda melhor no Livro de Deus. Se, pelo contrário, há neles algo que causará desvio, Deus nos proteja deles" (Pfander, p. 365).

É um erro supor que um livro é inspirado só porque se conforma à ciência moderna (v. CIÊNCIA E A BÍBLIA). Apologistas muçulmanos e cristãos cometeram o erro de supor a verdade de um sistema de conhecimento científico específico. O conhecimento científico muda. Assim, o que parecia ser "harmonia5 pode desaparecer. Ao tentar ver teorias científicas modernas em seus "livros sagrados", erros embaraçosos foram cometidos por seus defensores.

Mesmo que se pudesse demonstrar perfeita harmonia entre o Alcorão e os fatos científicos, isso não provaria sua inspiração divina. Simplesmente provaria que o Alcorão não cometeu nenhum erro científico. Na melhor das hipóteses, a precisão científica é um teste negativo da verdade. Se erros fossem encontrados, isso provaria que ele não é a Palavra de Deus. O mesmo se aplica à Bíblia ou a qualquer outro livro religioso. É claro que, se um livro antecipasse de maneira constante e precisa, com séculos de antecedência, o que só viria a ser descoberto mais tarde, isso poderia ser usado num contexto teísta para indicar uma fonte sobrenatural. Mas o Alcorão não demonstra nenhuma evidência de predições sobrenaturais como a Bíblia.

Alguns críticos questionam quão cientificamente preciso o Alcorão é. Por exemplo, a afirmação altamente controversa do Alcorão de que os seres humanos são formados a partir de um coágulo de sangue. A surata 23, versículo 14 diz:
Então, convertemos a gota de esperma em algo que se agarra (coágulo), transformamos CSSQ algo em pequeno pedaço de carne e convertemos o pequeno pedaço de carne em ossos; depois, revestimos os ossos de carne....
Essa dificilmente é uma descrição científica do desenvolvimento embriônico. Para evitar o problema, Bucaille reinterpreta o versículo, traduzindo a palavra árabe yakk [coágulo] por "qualquer coisa que se agarra" (Bucaille, p. 204). No entanto, isso é questionável. É contrário à obra de autoridades islâmicas reconhecidas que fizeram as principais traduções para o inglês. E o próprio Bucaille reconheceu que ‘pasta de sangue’, que figura comumente nas traduções,é uma inexatidão.."(p.233). Isso dá a impressão de que sua tradução caseira foi gerada para resolver o problema, já que reconhece que "uma afirmação desse tipo é totalmente inaceitável para cientistas especializados no assunto" (ibid.).

Da mesma forma, outros críticos observam que na surata 18 versículo 86 o Alcorão fala de alguém viajando para o ocidente "Até que, chegando ao poente do sol, viu-o pôr-se numa fonte fervente". Mas até na tentativa de explicar esse problema, Yusuf Ali admite que isso tem "intrigado os comentaristas". E ele não explica realmente o problema, apenas afirma que isso não pode ser "o extremo oeste, pois tal coisa não existe" (Ali, p. 754, n. 2430). Na realidade, não há extremo oeste, e ninguém que viaja para o oeste chega ao lugar onde o sol se põe. Mas é isso que o texto diz, por menos científico que seja. Outros notaram que a suposta antevisão científica do Alcorão é altamente questionável. Kenneth Cragg observa:
Alguns exegetas do Alcorão afirmavam freqüentemente que invenções modernas e dados científicos, até fissão nuclear, foram previstos ali e agora podem ser detectados em passagens não reconhecidas até agora em sua presciência. Significados anteriormente desconhecidos se revelam à medida que a ciência progride. Essa conclusão, no entanto, "é altamente repudiada por outros como o tipo de corroboração de que o Alcorão, como escritura 'espiritual5, não precisa nem aprova" (Cragg, p. 42).
Mesmo se provassem que o Alcorão é cientificamente preciso, ele não seria divinamente autorizado. Tudo que a precisão prova é que o Alcorão não cometeu erros científicos. Isso não seria inédito. Alguns teólogos judeus afirmam o mesmo a respeito da Tora e muitos cristãos afirmam exatamente a mesma coisa a respeito da Bíblia, usando argumentos bem semelhantes. Mas Bucaille não concordaria que isso prova que o AT e o NT são a Palavra de Deus.

Argumento da estrutura matemática. Uma prova popular da origem divina do Alcorão é sua suposta base milagrosa no número 19. Dezenove é a soma do valor numérico das letras da palavra “um” (com base na crença básica de que Deus é um). Tal método apologético não é bem aceito nos círculos científicos por boas razões. Nenhum muçulmano aceitaria uma mensagem que afirma ser de Deus se ensinasse idolatria ou imoralidade. Certamente nenhuma mensagem contendo tais afirmações seria aceita apenas por motivos matemáticos. Portanto, mesmo se o Alcorão fosse um "milagre” matemático, isso não seria suficiente para provar que era de Deus, mesmo para muçulmanos inteligentes.

Mesmo que a probabilidade for muito alta contra o Alcorão ter todas essas combinações incríveis do número 19, isso não prova nada além de que há uma ordem matemática por trás da linguagem do Alcorão. Como a linguagem é uma expressão da ordem do pensamento humano e como essa ordem pode ser reduzida à expressão matemática, não é anormal que uma ordem matemática possa ser encontrada por trás da linguagem de um documento. Na verdade, não há nada de tão anormal sobre sentenças que têm dezenove letras.

Além disso, o mesmo tipo de argumento (baseado no número 7) foi usado para "provar" a inspiração da Bíblia. Pegue o primeiro versículo da Bíblia "No princípio criou Deus os céus e a terra \ G. Nehls indica que:
O versículo consiste em 7 palavras hebraicas e 28 letras (7 x 4).Há três substantivos: "Deus, céus, terra". Seu valor numérico [...] é 777 (7 x 11). O verbo "criou" tem o valor 203 (7 x 29). O objeto está contido nas três primeiras palavras — com 14 letras (7 x 2). As outras quatro letras contêm o sujeito — também com 14 letras (7 x 2) [e assim por diante].
Mas nenhum muçulmano permitiria que isso valesse como argumento a favor da inspiração divina da Bíblia. No máximo o argumento é esotérico e não convincente. A maioria dos estudiosos muçulmanos inclusive evita usá-lo.

sexta-feira, 8 de junho de 2012

Jesus é o Messias? - Parte 3

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Retirado de The Life and Times of Jesus the Messiah (1883), escrito por (1825-1889; convertido do Judaismo ao Anglicanismo)

Edersheim estudou de forma intensiva as doutrinas, práticas e formas do judaísmo nos séculos anteriores e posteriores ao inicio da era cristã. (Para mais informações sobre ele: http://en.wikipedia.org/wiki/Alfred_Edersheim )

Lista das passagens messiânicas do Antigo Testamento vistos em antigos escritos rabínicos.

A lista a seguir contém as passagens do Velho Testamento aplicadas ao Messias ou aos tempos messiânicos nos mais antigos escritos judaicos... As obras rabínicas mencionadas são o Targumim, os dois Talmudes e os Midrashim mais antigos, em vez do Zohar (que a data de sua composição é debatida), trabalhos cabalísticos ou os Midrashim mais recentes, além, é claro, dos escritos rabinos posteriores. Tenho citado frequentemente o Yakut, obra bem conhecida, pois, embora seja uma obra relativamente tardia, é, como o próprio nome indica, uma seleção e compilação de mais de cinqüenta escritos antigos e confiáveis, e nos apresenta passagens que de outra forma não seriam acessíveis. Tenho aproveitado muito dele, além de ter sido forçado, de forma relutante, à conclusão de que o Midrashim que nós temos foi adulterado em algumas ocasiões controversas.

Isaias 52, 3 é aplicado de forma messiânica no Talmud (Sanh. 97 b), enquanto a última cláusula do versículo 2 é uma das passagens citadas no Midrash sobre Lamentações (Ver Is 11, 12). A declaração evangélica de Isaias 52, 7 é comentada dessa forma em Yalkut (vol. II. P. 53 c):

Na hora em que O Santo (Bendito seja Seu Nome) redimir Israel, 3 dias antes da vinda do Messias virá Elias, e permanecerá diante das montanhas de Israel, e chorará e lamentará por eles, e dirá a eles: "Olhai (para a) Terra de Israel, por quanto tempo você ficará numa região seca e desolada?" E a sua voz será ouvida de canto a canto do mundo, e depois de tudo será dito a eles: "A Paz chegou ao mundo, a Paz chegou ao mundo, como está dito: "Quão belo (por sobre / acima) as montanhas!" E quando os (malignos? pecadores?) ouvirem isso, regozijarão, e então dirão uns aos outros: "A Paz chegou até nós". No segundo dia, ele (Elias?) permanecerá diante das montanhas de Israel, e dirá: "O Bem virá a este mundo, o bem virá a este mundo, como está escrito: 'que trará boas novas do bem' ". No terceiro dia, ele (Elias?) virá e permanecerá diante das montanhas de Israel, e dirá: "A Salvação chegou ao mundo, a Salvação chegou ao mundo, como está escrito: que promulgará/espalhará a Salvação' ".

Do mesmo modo, essa passagem é citada em Yalkut sobre Salmos 122:1. Veja também as observações sobre Cânticos 2:13.

O versículo 8 é uma das passagens que o Midrash se refere acima sobre as Lamentações, e é frequentemente usado em outros lugares como messiânicas.

O versículo 12 é aplicado de forma messiânica em Shemoth R. 15 e 19.

O versículo 13 é aplicado expressamente aplicado no Targum para o Messias. Sobre as palavras “Ele será exaltado e enaltecido”, lemos em Yalkut II. (Par. 338, p. 53 c): Ele deve ser superior a Abraão, a quem se aplica Genesis 14: 22; maior que Moisés, como fala Números 11:12; superior aos anjos, como diz Ezequiel 1:18. Mas a Ele isso não se aplica em Zech. IV. 7: “Quem és tu, ó grande monte?” “E Ele foi ferido pelas nossas transgressões, moído pelas nossas iniqüidades, o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados”. R. Huma diz, em nome de R. Acha: Todos os sofrimentos são divididos em três partes: uma parte vai para Davi e os Patriarcas, outra para a geração rebelde (Israel rebelde), e o terceiro para o Rei Messias, como está escrito (Sl 2:7), “Tenho estabelecido o meu Rei sobre o meu santo monte de Sião”. Segue, então, uma citação curiosa do Midrash sobre Samuel, em que o Messias indica que sua morada é no monte Sião, e que a culpa está relacionada com a destruição de suas paredes.

Em relação a Isaias 53, recordamos que o nome messiânico de “leproso” (Sanh. 98 b) é expressamente baseado nele. No Targum, Isaias 53:10 é aplicado para o Reino do Messias. O versículo 5 é interpretado de forma messiânica referente a Samuel (Ed. Lemberg, p. 45), onde é dito que todos os sofrimentos são divididos em três, um dos quais é do Messias – uma observação que é conectada com Rute 2:44.

sábado, 2 de junho de 2012

Debate: Ateísmo vs. Cristianismo.

Observação: minhas posições sobre a existência de Deus e sobre a ressurreição de Jesus ainda permanecem as mesmas, embora bem mais aprofundadas, mas os argumentos sobre a existência de Deus foram melhorando com o tempo, conforme passei a estudar mais filosofia, principalmente o Tomismo. Se Deus permitir, em breve voltarei a fazer postagens sobre estes assuntos. (01/09/2016)

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Esse foi um debate que tive com um amigo ateu que decidi aceitar para ver o que preciso refletir e pesquisar mais. Eu pessoalmente gostei muito, principalmente porque o Carlos é um grande amigo, e porque geralmente os debates entre ateus e teístas na internet não têm sido muito produtivos e civilizados.

Espero que tirem algum proveito:




JONADABE RIOS - INTRODUÇÃO

Bom, aceitei esse debate pois estou muito desatualizado nessas questões, e como não tenho estudado muito o ateísmo nem assistido ou lido certos debates, esse aqui vai servir como um impulso a tomar vergonha na cara.

Nunca antes tentei num debate dar argumentos positivos em relação ao cristianismo na forma que Carlos propôs. Meus textos em meu blog e debates geralmente são para responder questões específicas propostas por algumas pessoas, ou fazer comentários de minhas leituras.

Passei um bom tempo pensando como escrever uma argumentação que não seja na forma que geralmente fazem, mas não consegui pensar em algo muito bom. Para não pensar demais e o tempo passar, resolvi improvisar e ver o que vai acontecer.

Então irei apresentar as principais razões que pessoalmente considero boas para concluir que o cristianismo é uma posição mais coerente que o ateísmo e depois comentá-las.

Os principais motivos são:

1 - O cristianismo é uma crença que não contradiz a si mesma e responde satisfatoriamente a questão de sabermos ou não a verdade a respeito da realidade através dos nossos sentidos.

2 - Os argumentos a favor da existência de Deus fornecem razões para concluir que é uma crença baseada em evidências reais, enquanto no ateísmo, além de se partir de pressuposições auto-contraditórias, não são apresentados argumentos positivos.

3 - O próprio surgimento do cristianismo oferece razões para concluir que é mais razoável crer na ressurreição de Jesus como um acontecimento histórico verídico do que crer no contrário. Se Jesus ressuscitou, então o cristianismo é verdadeiro. Se não ressuscitou, é vã a fé cristã. Argumentarei a favor da ressurreição.

Essas são três questões que considero respondidas de forma satisfatória pelo cristianismo e não pelo ateísmo. Talvez existam outras, mas como o debate é limitado, resolvi apresentar apenas essas. Tentarei nas próximas postagens apresentar algo razoável, apesar do limite de escrita.

1)      Nossos sentidos e a realidade.

O primeiro ponto que me faz considerar é a pressuposição de que há uma realidade, e que se pode saber a verdade sobre essa realidade através de nossos sentidos.

Isso vem principalmente em relação ao darwinismo: se o "objetivo" da evolução é a sobrevivência e adaptação, não há nada que garanta, dentro do próprio ateísmo, que nossos sentidos podem nos mostrar algo de acordo com a realidade, em vez de apenas sua sobrevivência. Como o Craig certa vez:

"se o naturalismo é verdadeiro, então nossas faculdades cognitivas são produto de um processo evolutivo, o qual não conduz para a produção de crenças que sejam verdadeiras, mas, em vez disso, conduz para crenças que o ajudem a sobreviver. Nossas faculdades cognitivas são escolhidas pelo seu valor para sobrevivência, não pela sua capacidade de perceber a verdade.

[...]

Mas se isso é verdadeiro, então sua própria conclusão de que o naturalismo é verdadeiro é duvidosa, pois ela não é resultado de mecanismos que formam crenças que conduzem à verdade, mas apenas à habilidade de sobreviver.

Então, o próprio naturalismo não pode ser afirmado! Pois, o naturalista está preso aqui em um tipo de ciclo que derrota a si mesmo:

Ele crê no naturalismo com base nas faculdades que, segundo o próprio naturalismo, não podem ser confiadas a produzirem crenças que sejam necessariamente verdadeiras."

Caso isso seja verdade, nem os que são teístas estariam de fora. Mas estamos falando dessas pressuposições materialistas.

Por outro lado, os cristãos acreditam com base em evidências que a Realidade Ultima teria se revelado por meio de Jesus Cristo e ressuscitado dos mortos comprovando que falava a verdade. Penso que isso é uma boa garantia para que confiemos em nossos sentidos, pois segundo a cosmovisão cristã, nossos sentidos não são somente para a sobrevivência, mas para produzir ou captar crenças verdadeiras. O que não contradiz a si mesmo, e o ateísmo ainda não respondeu satisfatoriamente, principalmente com argumentos positivos.


2)     Existência do Sobrenatural.

Quanto aos argumentos para a existência de Deus, citarei apenas um, para ter espaço para os outros argumentos, que você já deve conhecer, por isso só irei citar de relance. Caso tenha alguma critica especifica a esse argumento, tento responder depois.

O argumento da causalidade, onde se busca deduzir algumas características da causa do universo. O que se discute aqui não é se o universo teve uma causa, mas quais as características dela. Se essa causa é pessoal ou não.

Penso que esse argumento não leve necessariamente a conclusão de que foi criado por um ser pessoal (segundo os que defendem isso, só um ser Eterno Pessoal pode escolher transformar um estado de nulidade em algo - o universo). Pode fazer certo sentido, mas não quero tratar desse pondo.

O ponto principal é que se a Matéria, o Espaço e o Tempo tiveram um inicio, então a causa deve ser Imaterial e Atemporal. A não ser que o que causou o universo teve também uma causa (e assim por diante). Como não é possível que exista um passado infinito, pois se existisse não haveria o presente, então necessariamente deve existir uma Causa Ultima, e essa Causa possui essas características citadas.

Ora, essas são as características do que chamamos de Sobrenatural. O que abre a possibilidade de que essa Causa Sobrenatural possa agir na Matéria-Espaço-Tempo.

Essa possibilidade é o principal empecilho filosófico da maioria dos ateus em relação a ressurreição de Jesus (o ponto principal onde quero chegar). Até o momento, a maioria dos ateus com que tratei do assunto tem ficado sem explicações, apenas negando a possibilidade de Milagres. Se milagres são impossíveis, ora, então é claro que Jesus não ressuscitou. Mas se são possíveis, o que não há nada que contradiga essas possibilidades, então o ateu deve explicar satisfatoriamente certos fatos que ocorreram com alguns judeus no primeiro século. Fatos que irei mencionar agora.

Por outro lado, como disse, o ateísmo não tem desenvolvido argumentos positivos para o materialismo.


3)     Ressurreição de Jesus.

É um assunto muito grande, mas tentarei resumir. O que irei colocar é basicamente a argumentação de N. T. Wright, então caso tenha alguma critica a algo que deixei passar em branco, mas que ele menciona, é só dizer que tentarei responder também.

Wright apresenta alguns pontos que, pelo que penso, só podem ser respondidos com a ressurreição de Jesus.

Os discípulos tiveram uma experiência totalmente diferente do que se imaginava no seu tempo, tanto para os judeus quanto para os pagãos. E essa experiência trouxe uma mudança de atitude, foi aí que eles começaram a entender e a pregar o que os evangelhos chamam de Reino de Deus.

Para o autor, e para mim também, a experiência que eles tiveram foi da ressurreição física e real de Jesus, e não dos ensinamentos em seus corações, e essa é a melhor explicação para o surgimento do cristianismo.

O primeiro, e principal, é basicamente que o povo pagão era cético em relação a uma ressurreição da carne, da forma que os judeus acreditavam. Para eles, poderia existir a reencarnação, ou uma volta a vida de qualquer outra forma (em outra vida, por exemplo), mas não uma volta a carne, principalmente para nunca mais morrer.

Por outro lado, os judeus acreditavam que isso só iria ocorrer no ultimo dia, onde todos os seres humanos iriam ressuscitar. Não um sozinho, como foi o caso de Jesus.

Após a morte de Jesus, os discípulos tiveram essas experiências. Como Wright diz: "Diante da desolação, as pessoas recuam para a segurança daquilo que ouviram ou aprenderam no passado. No entanto, os cristãos primitivos organizaram uma crença totalmente nova, de sete maneiras diferentes."

Irei tentar resumir essas sete novas crenças, em alguns momentos irei simplesmente copiar certos trechos.

1) A crença diferente na vida após a morte e a ressurreição, diferente dos moldes pagãos e judaicos além da importância da ressurreição dada pelos cristãos, totalmente diferente do judaísmo.

2) Eles passaram a acreditar que a ressurreição teve inicio com Jesus, e será completada no futuro. "Se Jesus, o Messias, era o próprio 'fim' e o futuro de Deus manifestado no presente, então aqueles que pertenciam a ele, que eram seus discípulos, capacitados pelo seu Espírito, deveriam transformar o presente, à luz do futuro."

3) Alguns judeus consideravam a ressurreição também como uma renovação de Israel, enquanto os discípulos de Jesus passaram a considerá-la como da humanidade. "todos esses significados só poderiam ser compreendidos no contexto judaico; nenhum pagão poderia sequer imaginar algo parecido com isso. Porém, antes do surgimento do cristianismo, nenhum judeu havia enveredado por esse caminho. Estamos diante de uma notável mudança posterior, vinda de dentro."

4) A associação da ressurreição com o messianismo. Segundo Wright, ninguém esperava que o Messias fosse morrer, por tanto não esperavam a ressurreição. "Nenhum judeu com alguma noção das idéias messiânicas teria imaginado, após a crucificação, que Jesus de Nazaré seria de fato o ungido do Senhor. No entanto, desde o começo, de acordo com fragmentos de antigos credos pré-paulinos, os cristãos declaravam que Jesus era de fato o Messias, exatamente por ele ter ressuscitado”.

Essas características, dentre outras, não podem ser explicadas sem a ressurreição. Para quem não entendeu, é só imaginar essa cena feita por ele:

Agora, imagine um encontro desses revolucionários judeus, três dias ou três semanas depois. Um deles diz:

- Sabe, acho que Simão era, de fato, o Messias. Acho que ainda é!
Os outros ficam confusos e dizem:
- É claro que ele não era; os romanos o mataram, como de costume. Se você queria um Messias, é melhor procurar outro.
- Ah, - diz o primeiro – mas eu acredito que ele ressuscitou dentre os mortos.
- O que você está dizendo? – pergunta os outros – Ele está morto e sepultado. – Não! – responde o primeiro. – Eu creio que ele foi elevado ao céu.
Os outros parecem confusos.

- Os justos estão com Deus, todo mundo sabe disso; suas almas estão nas mãos de Deus; isso não quer dizer que eles já ressuscitaram dos mortos. Seja como for, todos nós ressuscitaremos no final dos tempos, mas ninguém ressuscita no meio da história.
- Não – responde o primeiro. – Vocês não compreendem, eu me senti cercado pelo amor de Deus. Senti Deus me perdoando, perdoando a nós todos. Senti meu coração estranhamente aquecido. Além disso, eu vi Sião, ele estava ali comigo...
Os outros o interrompem, agora irados.
- Todos nós podemos ter visões. Muitas pessoas sonham com amigos mortos recentemente. Às vezes esses sonhos são muito reais. Isso não significa que eles ressuscitaram dentre os mortos. E certamente não quer dizer que um deles é o Messias. Se o seu coração está aquecido, então cante um salmo, mas não faça afirmações absurdas sobre Simão.

Isso é o que qualquer judeu da época diria, caso não tivesse tido experiências reais. Esse diálogo também faz perceber como é impossível explicar, não só a crença na ressurreição de Jesus, mas o surgimento de crenças novas em um grupo que havia acabado de sofrer o que em qualquer outro seria "o mal cortado pela raiz". Não foi só um judeu, mas vários discípulos que tiveram essas experiências, boa parte delas são isoladas.

Não é algo obscuro, não são crenças infundadas. É algo objetivo que pode ser verificado através de métodos históricos.

Só alguém com a crença obstinada de que não pode existir milagres irá rejeitar a qualquer custo essas evidências. No máximo poderá dizer que não sabe explicar, mas não vejo como considerar que há alguma outra explicação para esses fatos além da ressurreição.

Isso foi só um resumo do que penso sobre o assunto. Não acho que aqui poderemos ter uma conclusão de fato, também não acho que provei a veracidade do cristianismo. No entanto considero que o cristianismo responde muito melhor essas perguntas do que o ateísmo.

CARLOS WILKER – INTRODUÇÃO

Apresentarei três argumentos em favor do ateísmo. Em seguida objetarei contra os argumentos colocados pelo Jonadabe.

Chamarei meus argumentos de:
1) A ideia de deus 
2) O problema do sofrimento
3) Argumento contra o cristianismo

1. A Ideia de Deus

Um dos motivos que parece ser mais coerente adotar o ateísmo como posição mais racional do que o cristianismo, é que a própria ideia do deus dos cristãos é confusa, vazia, contraditória, repleta de lacunas.
Vejamos alguns atributos do deus cristão. O deus cristão é um ser pessoal, imaterial e atemporal. Permitam-me deixa isso mais claro: ele não ocupa lugar no espaço, não encerra sobre si nenhuma partícula de matéria, não tem corpo, não tem cérebro, não emite som, não tem imagem, não pode ser detectado, não pode ser testado, não pode ser observado, não teve começo, não tem fim. Mesmo que nosso conhecimento filosófico e científico avance milhões de anos, não avançaríamos nenhum degrau na compreensão desse deus. Um determinado argumento teísta, coloca deus como a única causa plausível pra tudo existir. Porém, olhando os atributos do deus cristão, eu pergunto: é com um ser assim que querem explicar algo? É com um algo assim que vamos explicar as complexidades do universo? Na verdade, Deus não explica, complica.
Deus não tem corpo e nem cérebro, mas pensa, ama, tem planos. Deus é imaterial, não ocupa lugar no espaço, mas ele já existia quando não havia nada, e do nada criou tudo e agora interage com o mundo físico. Alguém pode nos fornecer uma explicação pra o que isso significa?

Eu costumo perguntar aos cristãos: o que é deus? Nunca ouvi uma resposta satisfatória. Ouço respostas e explicações sem sentido, que demonstram claramente que nem mesmo eles entendem e conhecem o deus que acreditam. 
Penso que devemos rejeitar a ideia de deus por ser algo semelhante a um círculo quadrado. O que me leva a pensar que o deus cristão não existe.

2. O Problema do Sofrimento

O deus cristão, segundo afirmam, é poderoso e amoroso. Mediante ao sofrimento em escala alarmante, mediante ao que inocentes e indefesos sofrem, acho implausível que exista mesmo um deus poderoso e amoroso.
Quero deixar bem claro que não estou culpando o deus cristão pelo sofrimento. Isso seria contraditório, já que não acredito que ele exista. A questão é: se existe um deus poderoso e amoroso, por que inocentes e indefesos são torturados, morrem de fome, sofrem injustiças e morrem de forma cruel?

Vejamos alguns exemplos: milhões de crianças morreram de fome; inúmeras são estupradas e mortas; inúmeras foram despedaçadas por tiros e bombas; inúmeras são vítimas de doenças que as devoram lentamente; 
Por que um deus amoroso fica olhando isso acontecer e não faz nada?
Alguns dizem que é culpa do ser humano, e eu concordo. O culpado de tanto sofrimento no mundo, é mesmo os seres humanos. Mas não podemos generalizar! Que culpa essas crianças tiveram? Que culpa uma criança de 3 anos tem de ter sido estuprada e morta? Que culpa milhões de crianças tem de terem morrido de fome ou doentes? Em muitos casos, a culpa é de outras pessoas. Como um deus amoroso fica olhando inocentes pagando pelo erro dos outros? Tumores cerebrais, paralisias... Alguns dizem que é culpa dos pais. Devemos ter cuidado com essa afirmação. Culpa é quando se tem a intenção ou se age de forma irresponsável. Será que todos os casos ocorridos é por culpa dos pais? Quem queria que seu filho nascesse com paralisia cerebral? Ninguém! Mas se nascer, podemos culpar os pais? Claro que não! 

Alguns defendem que essas coisas acontecem por que é plano de deus. Estranho que um ser amoroso tenha em seus planos, tanto sofrimento, dor, medo, desespero, doenças, estupros, guerras, torturas, racismo, mortes e mais mortes.
Alguns defendem que deus tem uma felicidade eterna pra essas crianças. Ou seja, todo esse sofrimento foi apenas uma pegadinha. Se deus queria que essas crianças fossem salvas, ele não poderia ter evitado tanto sofrimento?

3. Argumento Contra o Cristianismo

O cristianismo nos diz que existe um céu e um inferno nos esperando.
Afirma que anjos apareceram a Maria, anunciado que ela daria a luz a um filho concebido pelo espírito santo. Nasce Jesus. Durante sua vida, Jesus prega o evangelho da salvação, faz milagres como transformar água em vinho, andar sobre as águas, ressuscitar e curar pessoas. Jesus também expulsou demônios e foi tentado pelo diabo. Após ser morto, ressuscitou ao terceiro dia e ascendeu aos céus. Há os que entendem estas coisas como metáforas, outros entendem literalmente. Também há os que flertam entre as duas visões. Espero pra ver qual a visão de meu caro Jonadabe.
Permitam-me colocar dois pontos sobre essas coisas:

1) Quando se fala em céu e inferno, estamos falando diretamente sobre vida após a morte e imortalidade. Agora eu pergunto: temos boas razões pra pensar que existe mesmo tais coisas? Se líderes e pregadores afirmam e ensinam tais coisas, eles devem nos fornecer algo satisfatório. Em tempo, desconheço qualquer reivindicação que justifique o cristianismo a afirmar que tais coisas realmente existam. Sendo que existem outras religiões que ensinam coisas semelhantes, o cristianismo deve nos convencer que há mesmo vida após a morte e que existam mesmo um céu reservado aos fiéis a Jesus e um inferno a incrédulos como eu.

2) Anjos, demônios e diabo, pra mim são tão reais como o lobisomem, as fadas e os duendes. Vejam que a bíblia está repleta de seres espirituais, e muitas vezes desempenhando papéis importantes. Há mesmo um ser maligno agindo no mundo, o qual conhecemos por diabo? Haverá mesmo uma batalha cósmica entre as forças do bem e do mal? Há cristãos que entendem essas coisas como metáforas ou mitos. No entanto, a imensa maior parte do cristianismo nos ensina isso de forma bem diferente.

O cristianismo se apóia em coisas muito duvidosas, em coisas que são (ou se assemelham muito) mitologias, crenças recheadas de imaginação, fantasias que em nada se diferenciam de outras religiões.

Nossos Sentidos e a Realidade / Milagres

Admito que não entendi bem o que o Jonadabe colocou. No final, ele incluiu a ressureição de Jesus e isso me confundiu um pouco. Caso eu cometa a falácia do espantalho, espero que me entendam.

Parafraseando uma frase, digo que o naturalismo não explica tudo, (ou pelo menos ainda), mas o sobrenaturalismo não explica nada. Penso que o naturalismo é a posição mais coerente a se tomar por que até o presente momento tem sido a mais adequada. O que o sobrenaturalismo explica, se nem sabemos se existe mesmo o sobrenatural? O psicólogo Michael Shermer disse: “Pra mim existe o natural e aquilo que não sabemos explicar.” Em resumo, recorrer ao sobrenatural, quando nem sabemos se ele existe, é apelo à ignorância, é querer preencher lacunas do nosso conhecimento com coisas muito duvidosas.

Milagres

Sobre os milagres, quero dizer que não nego possibilidades. Apenas acho a explicação que ficaria no último dos últimos lugares em uma lista de explicações mais prováveis. O geneticista Jerry Coyne disse: “Se tem uma coisa que a história da ciência nos mostra é que não vamos a lugar nenhum chamando nossa ignorância de deus”.
Outra coisa que acontece com frequência é que muitos esquecem os milagres defendidos por outras religiões. Se os milagres de outras religiões são verídicos, devemos concluir o quê? Que há inúmeras divindades agindo? Ou eles são todos farsas ou enganos? Isso não é argumento em favor do ateísmo, admito. Mas traz problemas ao cristianismo.

Existência do Sobrenatural

Jonadabe pensa que esse argumento não leva necessariamente a conclusão que tudo foi criado por um ser pessoal. Bem, reconhecendo isso, ele não poderá usar esse argumento em favor da existência do deus cristão, que é um ser pessoal.

Quando ele diz que a matéria, o espaço e o tempo tiveram início, ele está se referindo a Teoria do Big Bang. Caso eu esteja errado, peço que ele me corrija.
Aqui é importante colocarmos dois pontos:

Primeiro. Segundo Bryan Greene, professor de Física e Matemática da Columbia University, A Teoria do Big Bang não fala nada sobre a origem de TUDO. Na verdade, seria mais correto dizer que ela fala sobre o “desenvolvimento” do UNIVERSO. 
Vejam que essa teoria alega que o universo veio de uma ínfimo ponto condensado. Ora, isso é algo! A Teoria do Big Bang não diz que o universo veio do nada, como alguns pensam. Claro, não estou alegando que o Jonadabe pense isso. Portanto, essa teoria não exclui a possibilidade de tudo ter sempre existido. E não podemos esquecer que há outras teorias. E pra mim, são mais plausíveis que um ser pessoal (dotado de pensamentos e sentimentos), imaterial e atemporal.
Sem dúvida há inúmeras questões sem resposta em relação a origem de tudo (se é que teve). Meu primeiro argumento coloca problemas a esse argumento colocado pelo Jonadabe.

Jonadabe falou em abrir uma possibilidade. O problema é que o cristianismo não abre uma possibilidade, ele afirma e ensina. Se trabalharmos com possibilidades, teremos muitas opções. Por exemplo: Jesus pode não ter existido; a bíblia pode ser apenas um livro como o de outras religiões; toda essa história de vida após a morte, céu e inferno, pode ser apenas crendice. São possibilidades, não?

Ressureição de Jesus

Os quatro pontos colocados pelo Jonadabe, não são fatos com muitos pensam. Há um intenso debate e muitas discordâncias entre os estudiosos sobre eles. Não são apenas estudiosos céticos ou ateus que discordam deles. Se for pesquisar, verá que há muitas discordâncias sobre esses pontos entre grandes estudiosos cristãos. Portanto, usá-los como premissas é um tanto quanto questionável. Craig coloca esses pontos em seus debates e “obriga” seu oponente a admitir que a ressureição é a melhor explicação. Mas se quer há concordância sobre eles! Quem rejeita a ressureição de Jesus não implica diretamente que seja um materialista.
Outra coisa que me faz não acreditar na ressureição de Jesus, é que esse argumento é um emaranhado de História, Filosofia, Teologia e até Mitologia.

Vejamos:
A existência de Jesus, sua crucificação e seu impacto. História.
Jesus fez muitos milagres ( transformou água em vinho, andou sobre as águas, expulsou demônios, curou enfermos, ressuscitou pessoas), deus o ressuscitou dos mortos, ele ascendeu aos céus e está “vivo”. História? Não.
Muitos apresentam esse argumento como histórico. Na verdade deveria se chamar o Argumento Histórico Filosófico Teológico Mitológico Pra Ressureição de Jesus. 

O ateísmo parece ser mais coerente do que o cristianismo. Temos bons motivos pra pensar que não há nenhum ser pessoal, sobrenatural, criador de tudo e que nos ama. Enquanto o cristianismo se apoía em coisas no mínimo  muito duvidosas.

JONADABE RIOS – RÉPLICA

Essa minha réplica não está organizada na ordem que você postou. Coloquei desse modo para tentar responder o que colocou de forma mais resumida.

Primeiro chamo atenção a seu “Argumento Contra o Cristianismo” que na verdade não é um argumento positivo contra o cristianismo, apenas a afirmação de ausência de evidências, mas nada que diga que o ateísmo é uma posição mais razoável que o cristianismo. Alguém poderia dizer que o ateísmo não oferece evidências suficientes para suas afirmações, para o surgimento da vida de forma espontânea, dentre outros aspectos do ateísmo, mas nem de longe isso é um argumento que demonstre positivamente algo contra o ateísmo.

Como são algumas razões tenho pretendido mostrar, não responderei a essa postagem em específico e sim tentarei responder as suas objeções e colocar algo mais no que tenho dito.

A idéia de Deus

Essa crítica é basicamente ao conceito, portanto não tentarei evidenciar o conceito cristão, apenas explicar de forma bem resumida, pois não é algo que caiba em pequenas postagens como essa.

As características de Deus que podem ser entendidas melhor que as outras possuem exatamente as mesmas características que se deduz dos argumentos geralmente apresentados pelos teístas para a existência de uma Causa para o universo: Eterno, Sobrenatural, Todo-Poderoso e Inteligente. Ao passar disso, sinto em dizer, não posso explicar as demais características atribuídas a Deus exatamente por Ele ser Eterno e Além da matéria. Se temos dificuldades de explicar o natural, imagine o que é além do natural? Penso que essa questão só é resolvida se deixarmos de tratar a Deus como um mero objeto que pode ser decifrado, não podemos fazer isso pela limitada razão humana que nem mesmo consegue explicar direito o que é material. Por isso, não me arriscarei nessas pequenas postagens explicar Aquele que, segundo nós cristãos, é Insondável.

No entanto mostrar que é difícil compreender as características divinas é fácil, o problema é que não foi mostrado o porquê de ser insensato acreditar em algo que é difícil de explicar. Os ateus dão diversas explicações para a origem do universo tão difíceis de entender quanto a idéia de Deus, como o que citou sobre a situação anterior ao “Big Bang” em que se poderia fazer perguntas parecidas.

A existência do Sobrenatural

Bom, sendo o “Big Bang” uma teoria sobre esse desenvolvimento não muda muita coisa sobre o que eu afirmei sobre a Causa do universo (o que impulsionou esse desenvolvimento?). Ao que se sabe, “antes” (se é que pode dizer antes, sendo que não havia tempo) não havia matéria, espaço nem o tempo, independente do que se possa dizer de “massa condensada”, o que, de qualquer forma, exige uma causa, que, como falei, por ser anterior ao próprio tempo e a própria matéria, é “Além da Matéria”. Se existem outras teorias que dão conta tanto quanto essa, deveria então mostrá-las, principalmente demonstrando de que forma isso tornaria o ateísmo mais coerente que o cristianismo.

O assunto da existência do sobrenatural está intimamente ligado com dos milagres. Como não nega a possibilidade, não há muito o que dizer. Apenas que a natureza dos milagres citados pelos cristãos (principalmente o mais notável deles, que é a ressurreição de Jesus) é diferente do que á maioria das religiões citam, e irei me ater a tratar sobre esse.

O ateísmo e os limites da razão

 O que falei sobre o ateísmo e os sentidos é que ele não dá nenhuma garantia de que o que nossos sentidos captam algo relativo à verdade, principalmente porque, segundo o próprio naturalismo, o objetivo dos nossos órgãos é para nossa adaptação e sobrevivência, e não para captar a verdade sobre a realidade. Se é assim, entro em um argumento parecido com o que você fez no inicio: o ateísmo carece por não demonstrar uma coerência interna entre as limitações de nossos sentidos, e a possibilidade de captar a verdade sobre a realidade, em vez de apenas serem meros instrumentos para a sobrevivência. Então, quais seriam as bases do ateísmo para confiarmos em nossas capacidades cognitivas? A fé?

A ressurreição de Jesus. Creio que você confundiu as quatro crenças surgidas após as experiências do Jesus ressurreto, com os quatro pontos que W. L. Craig geralmente cita. O que coloquei são elementos que, pelo menos até agora, não há muito o que se discutir, pois são características das origens cristãs, diferente dos pontos que Craig cita (como o túmulo vazio, que não tem muita importância na argumentação que estou a fazer, apesar do surgimento da crença na ressurreição da forma que citei seja uma evidência para o túmulo vazio).

Mas, caso eu tenha me enganado e você não se confundiu, então gostaria que demonstrasse aqui o porquê dessas crenças não fazerem parte das origens cristãs, todas essas novas crenças surgidas após as experiências com o que consideravam ser Jesus ressuscitado (e essa também é uma dessas novas crenças), tanto que Gerd Theissen no livro “Jesus Histórico, um manual” diz que “é infundado duvidar da autenticidade subjetiva das aparições” (p. 135). O que o argumento faz é tentar demonstrar a natureza dessas aparições a partir dos elementos que apresentei (existem outros, mas não caberia aqui).

O problema do sofrimento

 Deixei-o no final, pois apesar de não ser algo incompatível com a existência de um Deus amoroso e todo poderoso, é algo que nos atinge emocionalmente.

Sinto em dizer que segundo o cristianismo, enquanto estivermos nessa terra, o sofrimento sempre existirá, e mais: na maioria das vezes é algo para o nosso próprio bem. Ponto. Mais que isso não poderei responder, pois o argumento para conciliar a existência de um Deus de amor com o mau é exatamente que não podemos saber o bem maior que esse mau permitido por um curto período de tempo irá nos proporcionar.

Quanto ao que você levantou sobre o assunto, por que acha que é estranho que um Deus amoroso permita tais coisas que você citou? As explicações que geralmente dão são incompatíveis filosoficamente, ou você apenas não consegue concordar que esse poderia ser o melhor meio? Se as explicações que passam (que penso que não preciso citá-las) explicam que é possível [conciliar] a crença em um Deus amoroso com a existência do sofrimento, o que há mais que dizer do que o fato de apenas não consegue concordar emocionalmente, e não que ambos são incompatíveis?

Sim, as emoções ou as nossas limitações podem atrapalhar e impedir de concordar. Isso é semelhante a um aluno que não concorda que os exercícios passados por seu professor dará algum proveito no futuro. O professor nesse caso sabe que isso será proveitoso, e “sofrer” fazendo certas atividades vai proporcionar algo bom, mas muitos alunos, enquanto fazem, não conseguem ver alguma serventia.

Você também citou a resposta que dão para a causa do mau, que é a liberdade humana. Não há nenhum erro nessa afirmação. O mal só não poderia ser uma possibilidade num mundo em que não existissem pessoas livres. Tendo em vista que o sofrimento é uma conseqüência do mau uso do livre arbítrio, seria LÓGICAMENTE possível criar um mundo livre, onde as pessoas tenham livre escolha, sem a possibilidade de escolher o mal?

Enfim, essa é uma questão muito grande que não dá para ser tratada de maneira satisfatória por aqui. Mas você apenas descreveu parte do sofrimento, disse que é algo estranho se for pensado junto com a existência de um Deus amoroso, mas não mostrou os motivos. Por isso só posso responder caso demonstre porque é estranho, e caso mostre a impossibilidade lógica de existir um Deus amoroso junto som o sofrimento.

No mais, o sofrimento não atinge o nosso raciocínio da mesma forma que atinge nossas emoções. A resposta mais importante pro sofrimento seria realmente algo filosófico? Ou algo que restaure as emoções dessa pessoa? Não falo de uma ilusão confortadora, mas algo real e que várias pessoas afirmam passar.

Talvez por isso que Jesus não nos deu uma resposta filosófica, pelo contrário, ele nos deu a si mesmo. Ele disse que qualquer pessoa cansada, sobrecarregada ou oprimida fosse a ele, pois só Ele tem o alivio para a nossa alma, e só Ele é esse alivio.

Filosoficamente se pode conciliar a existência de um Deus amoroso com o sofrimento, mostrando a possibilidade lógica dessa convivência. Mas o que as pessoas realmente querem quando estão sofrendo?

Diante do sofrimento, o que você prefere: Uma resposta filosófica ou a cura para a dor? Pode acreditar, quando estamos sofrendo, o que menos queremos é saber o porquê da dor. Jesus, segundo os cristãos, trouxe a solução para o sofrimento, e não é uma solução meramente filosófica, é uma cura. E isso, segundo dizem, Jesus faz muito bem. Mas é uma cura que visa o eterno, não o que é temporal.


CALOS WILKER – RÉPLICA

Argumento contra o cristianismo / A ideia de deus

Jonadabe disse que meu argumento contra o cristianismo não é um argumento em favor do ateísmo. Ora, eu mesmo reconheci isso quando o coloquei. No entanto, caso não exista vida após a morte e imortalidade, o cristianismo sofreria um duro golpe. E penso eu, que poderia ser descartado como uma posição racional. Vejamos algo semelhante: caso soubéssemos que Deus existe, o ateísmo estaria liquidado. Porém, o cristianismo ainda não poderia ser tida como a posição mais racional, já que não se sustenta apenas na existência de um criador. Agora eu pergunto: que fortes razões podem nos fazer afirmar e ensinar, assim como fazem os cristãos, que existe vida após a morte, imortalidade, céu e inferno?


A ideia de deus

O Jonadabe apenas confirmou o que eu disse. Na verdade, ele apenas repetiu. Continuamos sem nem mesmo saber o que é esse Deus ao qual os cristãos amam, adoram, entregam suas vidas a ele.
Talvez nossa razão humana não consiga mesmo explicar o que é material. Mas falar isso é atirar no próprio pé, já que os cristãos ao afirmarem que Deus é um ser pessoal, inteligente, todo-poderoso e que nos ama, estão tentando explicar o que é sobrenatural, que nem sabemos se existe! Se você diz que nossa razão não explica o material, que sabemos existir, como vocês falam sobre um ser pessoal e sobrenatural?

Outro ponto que deve ser colocado é que não são os ateus que dão diversas explicações para a origem do universo. Quem faz isso são cientistas de diversas crenças e filosofias, inclusive ateus e cristãos. E isso se trata de questões físicas, científicas. São coisas abertas a testes, observações, novos dados, novas teorias. Algo bem diferente de Deus!


Existência do sobrenatural / Milagres

O Jonadabe disse que o “desenvolvimento” não muda muita coisa sobre o que ele afirmou sobre causa. Quando coloquei isso quis dizer que o Big Bang não aborda a origem de TUDO. 
Ele perguntou o que impulsionou esse desenvolvimento. Penso que ninguém sabe. Caso ele sugira que foi Deus, deve nos dar uma explicação coerente, já que pelo que sabemos seres pessoas agem no tempo-espaço. Claro, ele primeiro deveria dar conta do meu argumento sobre a Ideia de Deus. Caso contrário, seria colocar mistério em cima de mistério, o que não resolve nada.
Em que outras teorias tornam o ateísmo mais coerente? Num ponto de vista de um ateísmo negativo, na ausência de evidência que há um ser pessoal imaterial, atemporal, mas que no entanto é inteligente e que age fora (?) do tempo-espaço, o ateísmo é sim mais coerente. Essas outras teorias se baseiam em coisas como a Química e a Física. São independentes de posições filosóficas ou religiosas. Não estou AFIRMANDO que não há evidências. Sabemos que ausência de evidência não é evidência de ausência. Estou apenas colocando que enquanto tivemos explicações mais acessíveis, Deus fica no fim da fila.

MILAGRES

Eu não nego a possibilidade de milagres, no entanto não acho plausível que os mesmos existam. Possibilidades são bem diferentes de realidades. Você disse que a natureza dos milagres dos cristãos é diferente das demais religiões. Não sei porque. Se você partir de pressupostos, podem até ser.

A ressureição de Jesus

Você citou quatro pontos e disse que a melhor explicação seria a ressureição de Jesus. Penso que não confundi nada. Eu disse que você se apóia em pontos (os quatro pontos citado por você) duvidosos e para os quais há muitas discordâncias, até mesmo entre estudiosos cristãos. Você disse:

“Wright apresenta alguns pontos que, pelo que penso, só podem ser respondidos com a ressurreição de Jesus”

Um exemplo: sobre a ressureição física há discordâncias. Exemplos: John Dominic Crossam e Marcus Bjorg. Sei que você poderá citar outros discordam, o que confirmará o que tenho dito.

O PROBLEMA DO SOFRIMENTO

O Jonadabe disse que o sofrimento é maioria das vezes para o nosso bem. Só faltou demonstrar isso. AIDS, câncer, estupros, fome. Que bem isso nos traz?
Ele diz que não sabemos que bem maior isso irá nos proporcionar. Eu diria que não sabemos se há esse bem maior. Ele já está partindo do pressuposto que há algo nos esperando após a morte. Mas isso é extremamente duvidoso!

Quanto ao que você levantou sobre o assunto, por que acha que é estranho que um Deus amoroso permita tais coisas que você citou? As explicações que geralmente dão são incompatíveis filosoficamente, ou você apenas não consegue concordar que esse poderia ser o melhor meio? Se as explicações que passam (que penso que não preciso citá-las) explicam que é possível [conciliar] a crença em um Deus amoroso com a existência do sofrimento, o que há mais que dizer do que o fato de apenas não consegue concordar emocionalmente, e não que ambos são incompatíveis?

Enquanto as explicações, penso que elas são insatisfatórias por vários motivos. Primeiro: parte de pressupostos duvidosos, como que há vida após a morte, imortalidade e, que portanto, não sabemos que recompensa teremos. Ou seja, o que bem que teremos será infinitamente maior que o sofrimento que passamos. Segundo: como conciliar um Deus poderoso e que nos ama incondicionalmente, mas que fica olhando uma pessoa indefesa e inocente sendo humilhada e torturada até a morte? Não é apenas uma questão emocional, é algo contraditório. Pra resolver isso, terá que recorrer novamente aos pressupostos duvidosos que eu falei.

Quando você o exemplo do professor, já parte do pressuposto que há um “professor”, que seria Deus. E que há um proveito futuro: uma recompensa após a morte.

Seria LÓGICAMENTE possível criar um mundo livre, onde as pessoas tenham livre escolha, sem a possibilidade de escolher o mal? Sim, seria. No céu, seremos livres ou seremos robôs? Pelo que sei, seremos livres, mas lá não existirá o mal. Outro ponto é que eu não sugeria a ausência do sofrimento. Precisamos sofrer pra aprender e crescer. O que eu abordo é o sofrimento em excesso, sem sentido. Uma coisa é uma criança machucar ao sair correndo, outra coisa é ela ter um tumor maligno no cérebro. Uma coisa é ter que batalhar duro pra conseguir o pão, outra coisa é milhões de crianças morrerem de fome. Minha principal crítica é que Deus não faz nada em relação a isso. Isso é estranho!

Pra que possamos pensar que o cristianismo é uma posição mais racional que o ateísmo, o Jonadabe deve nos dar uma boa definição do que é Deus, nos mostrar que ele existe, nos fornecer razões boas pra afirmação que há mesmo vida após a morte, imortalidade, céu e inferno. Enquanto isso, o ateísmo é mais coerente que o cristianismo.

Obrigado.

JONADABE RIOS – TRÉPLICA

Sobre o argumento contra o cristianismo

Bom, como estamos de acordo que seu argumento contra o cristianismo não é algo a favor do ateísmo (o que significa que ainda não apresentou nenhum argumento positivo), irei me ater a comentar as outras colocações. Mas é bom que quero deixar claro, mais uma vez, que não pretendo provar a veracidade do cristianismo com esses pequenas postagens, e sim fazer, vamos dizer... um resumo do que pode ser usado como defesa do cristianismo.

A ideia de Deus.

Como concordamos que não podemos nem mesmo saber de muita coisa sobre o que é finito, e é mais improvável ainda com o que é infinito, mas gostaria de fazer apenas alguns comentários.

Primeiro, é bom notar que eu não disse que é impossível explicar qualquer coisa sobre Deus. Pelo contrário, afirmei que algumas coisas podem ser conhecidas através da razão, e que isso é mostrado em alguns argumentos para a existência de Deus, tais como as que citei: Eternidade, Imaterialidade, Poder e Inteligência.

As outras características que apresentamos, teriam nos sido dadas por meio da revelação. O que não significa necessariamente que poderíamos conciliar ou explicar tudo, principalmente pelo fato de que até mesmo essa revelação utilizou de antropomorfismos (a própria impressão verbal, seja escritos ou auditivos, são tipos de antropomorfismos).

Por fim, o fato de algo ser difícil de explicar não implica sua falsidade. Algo pode ser real e ainda assim não termos explicação. Por isso para continuar a negar que se pode acreditar em algo inexplicável, nesse caso Deus, você primeiro deveria mostrar o porquê de ser insensato em acreditar em algo assim por ser além da nossa razão.

Quanto a coisas relativas a origem do universo abertas a observação, gostaria que me desse um exemplo.

A existência do sobrenatural

Quanto ao que colocou sobre isso, confesso que não entendi muita coisa, se puder me explicar melhor o que quis dizer.
No mais, gostaria de fazer uma pergunta: Se a ausência da evidência não é a evidência da ausência, como você mesmo disse, como pode dizer que a ausência de evidências sobre o sobrenatural torna o ateísmo mais coerente?
Quanto aos milagres, não disse que são todos diferentes, mas a maioria, e citei explicitamente a ressurreição de Jesus, na qual irei me focar.

- A ressurreição

Bom, primeiro, gostaria que você então rebatesse o que coloquei, pois citar assim pesquisadores não traz muita evolução no debate, pois impossibilita que eu e você debatamos (não eu e os demais pesquisadores, que com certeza possuem mais conhecimento que eu). Seria um problema para que trocássemos idéias se eu simplesmente citasse nas suas outras afirmações que alguns cientistas discordam de suas colocações e outros não, e que por isso não haveria muito o que dizer.

Quanto aos pontos que coloquei, penso que não são de modo algum sem sentido, pois o que postei foram apenas crenças inteiramente novas que surgiram após a morte de Jesus devido às supostas aparições (que não são negadas, embora se discuta a natureza delas).

Não sei se ainda vai dar tempo que discuta os pontos que postei, nem que eu poste algo relevante sobre o assunto, mas gostaria que fizesse comentários sobre eles, e não fizesse apenas referência que alguns discordam ou concordam.

- O problema do sofrimento.

Não tenho muito o que dizer, pois quando comecei a tratar do assunto deixei claro que não quero provar que é necessariamente verdadeiro, apenas explicar como conciliar o sofrimento com a existência de um Deus amoroso (especialmente o Deus que os cristãos afirmam ter se revelado). Dito isso, seria óbvio o uso de pressupostos.

Por isso repito o que havia dito: Filosoficamente se pode conciliar a existência de um Deus amoroso com o sofrimento, mostrando a possibilidade lógica dessa convivência.

Se pretendo mostrar como é possível a existência do sofrimento com o Deus que teria se revelado por Jesus, é mais do que natural que eu use suas pressuposições.

Conciliar, não provar. E você ainda não demonstrou como essa conciliação, dentro de suas próprias pressuposições, não faz sentido.

Em resumo, você ainda não deu um argumento positivo ao ateísmo, não mostrou porque não devemos acreditar em algo por ser inacessível por completo a nossa razão. Também sobre a razão, não mostrou como pode conciliar as afirmações materialistas com o uso da razão, tal como mencionei no inicio do texto, além de não ter demonstrado nenhum argumento relevante contra a ressurreição de Jesus fazendo referência apenas que há pesquisadores que concordam e discordam dos pontos apresentados.

Por fim, também não mostrou como a idéia de Deus é incompatível com o mal, apenas fez alusão ao uso de pressuposições que seriam naturais que eu usasse para fazer uma conciliação, até porque, no próprio problema do sofrimento há duas pressuposições que os teístas têm se esforçado para conciliar: (1) Deus e (2) o sofrimento como algo ruim.

CARLOS WILKER – TRÉPLICA

Argumento contra o cristianismo

Meu argumento contra o cristianismo levanta questões cruciais como vida após a morte, imortalidade, céu e inferno. No entanto, Jonadabe até agora não nos apresentou nada pra defender tais pontos. Se ele está aqui argumentando em favor do cristianismo, não pode ficar apenas defendendo a existência de Deus. Mesmo que ele nos mostre bons motivos pra acreditar que Deus existe, ignorando esse argumento, ele nos levará, no máximo, a pensar que o deísmo é mais plausível. Ele disse que não apresentei nenhum argumento em favor do ateísmo. Não é verdade! Apresentei a ideia de Deus, no qual defendo que a ideia de um Deus criador e pessoal é contraditória, sem sentido. Também apresentei o problema do sofrimento. E coloquei o argumento contra o cristianismo, que ele parece ignorar. Pra derrubar esse argumento, ele deve começar nos fornecendo evidências que nossa consciência (ou mente) sobrevive à destruição do nosso cérebro. Não precisamos aderir ao materialismo reducionista, mas tudo indica que nossa consciência cessa de existir após a morte do cérebro. Isso é um forte argumento contra o cristianismo. Assim como não deixa de ser um argumento pra o ateísmo também, já que é dito que Deus é um ser pessoal, mesmo sendo incorpóreo. Mas isso eu já coloquei em meu argumento A Ideia de Deus.

A Ideia de Deus

Jonadabe disse que podemos conhecer algumas sobre Deus através da razão. Ele só não nos mostrou como. Ele nem ao menos nos apresentou uma definição coerente do que é esse deus imaterial atemporal e pessoal ao qual os cristãos adoram. 
Eu não disse que Deus é difícil de explicar. Na verdade, eu disse que a ideia de Deus é contraditória e vazia. Jonadabe disse:

“...continuar a negar que se pode acreditar em algo inexplicável, nesse caso Deus, você primeiro deveria mostrar o porquê de ser insensato em acreditar em algo assim por ser além da nossa razão...”

Devemos adorar, amar e entregar nossas vidas a algo inexplicável?
Devemos pregar ao mundo uma mensagem que se diz a única verdade, mas que é inexplicável?
Claro que isso não implica que Deus não existe propriamente. Mas o torna muito implausível e nos dar um bom motivo pra pensar que essa mente cósmica que nos ama, não exista. Ele pedia um exemplo em relação às origens do universo. Isso é totalmente diferente. Essas coisas, sim, são difíceis de explicar. Eu não vivo conversando com as origens do universo! Muito menos conheço alguma religião que seu deus pessoal é aquilo que os físicos e cosmólogos não sabem explicar.


Existência do Sobrenatural

Jonadabe disse:

“Se a ausência da evidência não é a evidência da ausência, como você mesmo disse, como pode dizer que a ausência de evidências sobre o sobrenatural torna o ateísmo mais coerente?”

Primeiro, até o presente momento o sobrenatural (se é que existe) não tem sido útil pra esclarecer nada. 
Segundo, tudo que conhecemos é o natural. A existência do sobrenatural, é no máximo, uma especulação.
Terceiro, ausência de evidência não é evidência de ausência. Porém, cada ser humano em sã consciência age guiado pelo mais evidente. Se pra você não houvesse evidência que Jesus existiu, você acreditaria que ele existiu?

A ressureição de Jesus

Quando falei que até mesmo estudiosos cristãos discordam dos pontos que você colocou, quis demonstrar que você se apoiou em coisas duvidosas. Ou seja, suas premissas não são tão fortes como você deseja, e até mesmo cristãos como você, discordam veementemente.

Quando um cristão defende que Jesus ressuscitou, ele está dizendo que Deus ressuscitou Jesus dos mortos.

1º) Já se parte do pressuposto que Deus existe. Se o Jonadabe nem mostrou que Deus existe, como pode afirmar que Deus fez algo?;

2º) As supostas aparições de Jesus podem ser entendidas como simbólicas (como defende Crossam e Bjorg) ou como ilusões, como defende o teólogo cético alemão Gerd Lüdemam;

3º) Jonadabe disse que naquela época as crenças pagãs e judias era contrárias a ressureição física. O que nos leva e pensar que isso surgiu muito posteriormente. Muitos estudiosos defendem que a ressureição de Jesus não foi física.

4º) A história da ressureição é algo nitidamente mitológico. Envolve Deus ressuscitando Jesus dos mortos, inferno, demônios, salvação, etc.

Afirmar que Jesus ressuscitou dos mortos traz consigo muitos pressupostos. Dizer que é a melhor explicação não resolve nada.

O problema do sofrimento

O Jonadabe parece dizer que não apresentei nenhuma contradição lógica entre Deus existir e existir o sofrimento. Realmente não há nenhuma contradição. No entanto, se estivermos falando do Deus cristão (como é o caso) a coisa muda. Ora, o Deus cristão é amoroso e misericordioso! Como conciliar o fato de existirem inúmeras pessoas inocentes e indefesas que sofrem cruelmente até à morte, se existe um Deus que as ama incondicionalmente? Ele poderá alegar que após a morte essas pessoas gozarão de uma felicidade imensamente maior. Bem, nesse caso ele estará afirmando existir vida após a morte, imortalidade e felicidade eterna. Enquanto ele não nos der bons motivos pra acreditar nisso, isso não passará de uma fuga. Pra resolver o problema do sofrimento, Jonadabe deve nos apresentar boas razões pra acreditarmos que existe um Deus criador e, além disso nos apresentar algo em favor de uma recompensa além túmulo. Até agora, ele não fez isso!

A ideia de Deus é contraditória. Tudo indica que nossa consciência cessa de existir após a morte. Não há uma justificativa pra tanto sofrimento, caso o deus dos cristãos exista. Isso é um forte caso em favor do ateísmo.

JONADABE RIOS – CONCLUSÃO

Como disse outras vezes, seu principal argumento contra o cristianismo não é um argumento positivo. Está simplesmente pedindo para que eu demonstre a veracidade dele, mas isso não é argumentar, é pedir argumento.

Quanto à ideia de Deus, insisto em dizer que apesar de algumas coisas poderem ser descobertas pela razão (e alguns desses atributos podem ser vistos no inicio da postagem) outros são inacessíveis, e são aceitos pela fé. Da mesma forma que fiz antes, não vou me arriscar em querer explicar o que está acima da razão.

Mas devemos nos entregar a algo que não podemos explicar? Penso que se tivermos evidências (que procurei apresentar algo ao falar da ressurreição de Jesus), sim. Uma pessoa que ama outra se entrega mesmo sem conhecê-la completamente. Veja que estou falando de relações humanas. Se já é impossível conhecer e entender completamente o próprio ser humano, não passa de pretensão e arrogância querer entender o que transcende a nós.

Sobre o sobrenatural, tenho que discordar que não tem sido útil para esclarecer nada, mas não terei aqui como falar sobre. Basta dizer que mesmo que não fosse útil não significa necessariamente que não exista. Segundo, há várias especulações sobre o próprio mundo natural, se for para desconsiderar o que afirmam conhecer do sobrenatural por isso, deveria desconsiderar muito do que afirmam sobre o mundo natural. Aliás, como eu disse sobre a questão da razão, a própria fé de que podemos conhecer algo do mundo natural

Quanto ao item 1 sobre a ressurreição, quem sabe ele tenha sido ressuscitado por um ET? (Risos). Sobre o segundo, sim, existem pesquisadores que defendem uma ressurreição simbólica, mas o fato que citei sobre às crenças sobre a ressurreição no judaísmo e paganismo do primeiro século são um forte indício contra essa tese. Talvez você não tenha avaliado direito as consequências disso. Sobre o 3, as afirmações das aparições da ressurreição são bem antigas, o que, sendo simbólicas ou não, impossibilitam que tenha surgido muito posteriormente. No quarto item só foram feitas afirmações gratuitas.

Assim, dizer que é a melhor explicação explica muita coisa, o que não explica nada (nem responde) é dizer que alguém discorda de alguns dados como históricos.

Sobre o sofrimento, fico satisfeito em ter concordado que não é contraditório com a existência de um Deus. Esse é o objetivo do argumento. Não pretendi provar a existência de Deus com ele, apenas mostrar que não é contraditório.

No mais, gostei dessa forma de debate com tempo limitado. Espero conversar melhor com você sobre outros assuntos, principalmente sobre a ressurreição.

CARLOS WILKER – CONCLUSÃO

O Jonadabe ignorou meu argumento contra o cristianismo. Isso me pareceu um erro de sua parte. Meu argumento coloca em questão a vida após a morte, a imortalidade. Eu falei que há isso em outras religiões, que o cristianismo é apenas mais uma que defende isso. O Jonadabe não apresentou nada pra nos mostrar que tais coisas realmente existem e não são apenas mitos, lendas. Eu não pedi argumento, pedi uma justificativa pra pensarmos que existe mesmo umcéu e um inferno nos esperando, como afirma o cristianismo. Ele não mostrou nada!

No meu argumento sobre a ideia de Deus, demonstrei que a própria ideia de um Deus, como o cristão, é vazia, contraditória, sem sentido. O Jonadabe apenas admitiu que não consegue explicar. Ou seja, quando pergunto o que é Deus, ele admite que não sabe. Estranho que ele creia e viva em nome de algo que ele nem mesmo entenda!

Ele diz que é impossível conhecer e entender o ser humano. Sabemos muitas coisas sobre o ser humano, estamos avançando aos poucos em relação a isso. Porém, nem se quer saber o que é o Deus no qual se crê fortemente, é absurdo!

Quando digo que o sobrenatural tem sido inútil, quero dizer que sempre que recorremos ao sobrenatural pra tentar explicar algo, isso fracassou. O sobrenatural tem sido invocado pra explicar o que não sabemos explicar. O fato dele não explicar nada, não significa que não exista, claro. Porém, qual será outro meio pra tentar defender que ele existe?

Sobre a ressureição, o Jonadabe falou que as crenças no judaísmo e no paganismo seriam contrária a uma ressureição como teria sido a de Jesus, não há consenso sobre isso. O historiador Richard Carrier em seu livro “O cristianismo foi muito improvável pra ser falso?” argumenta muito bem contra isso. No mais, penso que a suposta ressureição de Jesus está repleta de alegações mitológicas.
Pra se crê na ressureição, não basta história, deve-se acreditar em diversas coisas, no mínimo, extremamente duvidosas.

Concordo que o sofrimento não é contraditório com a existência de um deus. No entanto, o que eu defendi é que é contraditório com a existência do deus dos cristãos. Eu mostrei que há uma séria contradição entre existir um deus todo-poderoso e amoroso, enquanto existem inocentes e indefesos sofrendo de diversas formas. O Jonadabe não esclareceu isso.
  
Agradeço imensamente ao meu amigo Jonadabe pelo debate. Foi uma honra pra mim. Nunca tínhamos debatido nesse formato e somos muito ocupados, o que explica o fato do debate não ter sido proveitoso e aprofundado, como gostaríamos.

Obrigado.


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