sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

Eu Sou - Oficina G3

Já que o texto anterior é sobre a divindade de Jesus. Tá aí uma bela música sobre o tema pra vocês curtirem.



Muitos querem me encontrar
Mas não sabem onde ir
Outros querem me escutar
Mas não param pra me ouvir

Eu sou o principio e o fim
Não há outro igual a mim
Todo poder esta em minhas mãos

Muitos dizem me conhecer
Mas me conhecem só de ouvir
Outros tentam me explicar
Negar tudo o que eu fiz

Quem buscar me encontrara
Quem pedir recebera
Quem invocar eu vou ouvir
Eu sou o eu sou

Eu sou o, eu sou
Minha palavra não tem fim
Tudo esta em minhas mãos
Não há impossíveis para mim


Jesus, o Grande Eu Sou!

Jesus afirmou ser Deus?


Jesus é Deus?

Por Jonadabe Rios

jonadabe.rios@hotmail.com



As afirmações extremadas de que Jesus é somente Deus, ou que é apenas humano têm sérios problemas. Se Jesus é somente Deus, como conseguiríamos seguir o exemplo dele, se ele é um ser que pode tudo? Seguir seus passos seria algo impossível, pois ele estava aqui na terra apenas com a aparência humana. No entanto, se Jesus fosse somente humano, como o sacrifício dele poderia nos salvar inteiramente?

Como assim o sacrifício não poderia nos salvar completamente? É uma questão Bíblica e lógica. Pois o pecado nada mais é do que uma ofensa grave a Deus e ao propósito que o homem foi criado. Deus é um ser infinito, por isso a reposição deve ser infinita. Mas nós por natureza somos finitos, e consequentemente não podemos pagar isso por si mesmo com nossas obras. A Bíblia então revela que foi necessário que Deus se tornasse homem para que o ser humano pudesse voltar a ter um relacionamento perfeito com Deus, e que Jesus tem tanto a natureza humana quanto a Divina. Alister McGrath comenta : "Como ser humano, Cristo tem a obrigação de Paga-lo; como Deus, ele tem a habilidade de paga-lo." (Teologia para amadores, p. 19).

Quero deixar claro que nesse texto pretendo mostrar que Jesus afirmou ser Deus, mas não provar essa afirmação, pois isso pode ficar pra outra ocasião. Mas ficando claro que Jesus afirmou ser Deus algumas conseqüências são óbvias caso elas sejam verdadeiras. Os profetas e líderes de outras religiões, até mesmo denominações que se dizem cristãs, ou estão enganados, ou são mentirosos e querem enganar. Isso serve aos que acreditam em revelações de espíritos que se dizem de luz.

Não vou tratar sobre a humanidade, pois ela é óbvia em nossos dias, embora as principais heresias que a igreja primitiva lutou foram contra a humanidade de Jesus. Então, Jesus afirmou ser Deus? O que significa a afirmação de que o verbo se fez carne? Como responder as principais críticas da Divindade de Jesus?



Atributos intransferíveis.


Existem atributos que certas pessoas possuem que nenhuma outra possui. Características que mesmo sem afirmar "Sou tal pessoa" sabemos quem é. Essas características podem indicar também a natureza e personalidades únicas. Suponhamos que apareça um desconhecido, e aos poucos você começa a saber mais dele. Ele conta que nasceu cerca de dois mil anos atrás, você se espanta. Dois mil anos? Como pode? Ele continua a dizer que teve 12 apóstolos, que se chamavam Pedro, André, Tomé, Filipe, Mateus, Bartolomeu, Tiago filho de Zebedeu, Tiago filho de Alfeu, Simão o Zelote, Judas Tadeu, João e Judas Iscariotes. Pedro o negou três vezes, e Judas Iscariotes o traiu. No final da conversa conta que morreu numa cruz, na cruz tinha uma placa com "INRI", e ao seu lado tinha dois ladrões também crucificados. Pra concluir a conversa ele diz que ressuscitou ao terceiro dia.

Você se espanta mais ainda, afinal, só uma pessoa em toda a história tem todos esses "requisitos". Não precisou dizer o nome pois você, através dos atributos intransferíveis, sabe quem é. Mais aí você ficou com algumas opções: Essa pessoa é lunática, é um brincalhão, um mentiroso ou é quem afirma ser.

Como já sabe, esta pessoa afirmava ter as características intransferíveis de Jesus, e consequentemente afirmava ser Jesus. Jesus também fez afirmações parecidas, ele disse que possuía certos atributos que só Deus possui. E mesmo não afirmando "Eu sou Deus" (Embora nunca tenha dito "Não sou Deus") diretamente, diversas vezes ele afirmou possuir a natureza divina. Não só Ele, mas seus discípulos. Alias, Jesus parecia gostar de fazer isso na frente dos fariseus e outros líderes religiosos. Alguns exemplos de atributos intransferíveis de Deus são a onipotência, onipresença, onisciência, soberania e eternidade. Existem outras e diversas afirmações que falam de sua natureza. E uma vez que Jesus afirmou possuí-las, ele afirmou ser Deus. O mesmo Deus que salvou Israel do Egito, adicionou a humanidade para si, morreu e ressuscitou para redimir os nossos pecados e nos dar esperança da ressurreição no último dia. Como disse Bruce L. Shelley: O cristianismo é a única grande religião que tem como fato central a humilhação de seu Deus.

Agora, da mesma forma da analogia anterior, pense ter encontrado certo narazeno, fazendo afirmações como: "Eu sou Alfa e o Omega, o Principio e o fim, o primeiro e o ultimo, aquele que era, que é e que há de vir. Tenho todo o poder para perdoar os pecados você precisa que seus pecados sejam perdoados por mim. Eu sou a luz do mundo, e todo que não andar em mim está em trevas. Quer que um pedido seja respondido? ore em meu nome. Quer acesso ao Pai? Eu e o Pai somos um, ninguém vai a Ele se não for por mim. Sou o auto-existente, eterno, Pai da Eternidade, Príncipe da paz, Deus forte, e antes que Abraão existisse Eu Sou!". Você vai mais adiante e ele é adorado, mas só Deus deve ser adorado - Êx 20.1-4; Dt 5.6-9; At 14.15 - mas ele não diz que isso é errado, pelo contrário, elogia. Ele diz que deve ser honrado da mesma forma que o Pai (Jo 5:23). Ele afirmou compartilhar a glória de Deus desde a eternidade (Jo 17:5), E em Isaias 42:8 Deus disse: "Não darei a outro a minha glória". Ele afirmou ser o doador da vida (Jo 5:21-23); Mas somente Deus, Eu Sou, dá a vida. (1 Sm 2:6; Dt 32:39).



"Quem pode perdoar pecados, a não ser somente Deus?" Mc 2:7


C. S. Lewis foi muito bom ao explicar isso:


"A não ser Deus, isso, para quem fala, é tão absurdo que chega a ser cômico. Todos nós podemos entender que um homem perdoe as ofensas que recebe. Pisam em meu pé e eu perdôo, roubam meu dinheiro e eu perdôo. Mas o que pensaríamos de alguém que, não tendo sido roubado nem pisado, anunciasse que nos perdoa por termos pisado nos pés dos outros e roubado o dinheiro dos outros? O mínimo que poderíamos fazer seria chamar de petulância obtusa a conduta de quem assim procedesse. Entretanto, foi isso que Jesus fez. Ele disse a muitas pessoas que os pecados delas estavam perdoados, sem nunca consultar os que tinham sido prejudicados por esses pecados. Agia sem hesitação como se fosse a parte mais interessada, a pessoa mais ofendida em todas as ofensas. Isso só tem sentido se ele realmente era o Deus cujas leis são quebradas e cujo amor é ferido em cada pecado. Na boca de qualquer outra pessoa que não fosse Deus, essas palavras seriam para mim consideradas como uma tolice e vaidade jamais igualadas por qualquer outra personagem da História.

No entanto, mesmo os seus inimigos (e isso é a coisa mais estranha e mais significativa), quando lêem o Evangelho, não têm normalmente a impressão de tolice e vangloria. Muito menos a têm os leitores imparciais. Cristo diz ser "humilde e manso" e acreditamos; não nos damos em conta que se ele fosse só humano, a humildade e a mansidão seriam as características que menos descreveriam algumas de suas afirmações."


Em outra ocasião ele diz mais sobre o assunto:


"Entre aqueles judeus, repentinamente surge um homem que sai falando por aí como se ele mesmo fosse Deus. Afirma perdoar pecados. Diz que sempre existiu. Diz que julgará o mundo no final dos tempos. Vamos deixar uma coisa clara. Entre os panteístas, como os indianos, qualquer um pode dizer que é uma parte de Deus ou um com Deus: não haveria nada de muito estranho em relação a isso. Esse homem, porém, uma vez que era judeu, não poderia estar se referindo a esse tipo de Deus. Na linguagem daquele povo, Deus significava um ser fora do mundo, que o fizera e que era infinitamente diferente de qualquer outra coisa. Quando você entende isso, percebe que aquilo que esse homem diz foi, de maneira bem simples, a coisa mais chocante que jamais fora pronunciada por lábios humanos."


Eu Sou. Uma afirmação subjetiva?


Algumas pessoas podem dizer que afirmar isso é muito subjetivo, afinal, Eu sou, dizem eles, pode significar que é qualquer coisa. Mas não para os Judeus, muito menos para o contexto inserido. Vamos analisa-los.


Em Êxodo 3:14 diz:


14 E disse Deus a Moisés: EU SOU O QUE SOU. Disse mais: Assim dirás aos filhos de Israel: EU SOU me enviou a vós.

15 E Deus disse mais a Moisés: Assim dirás aos filhos de Israel: O SENHOR Deus de vossos pais, o Deus de Abraão, o Deus de Isaque, e o Deus de Jacó, me enviou a vós; este é meu nome eternamente, e este é meu memorial de geração em geração.


Primeiro Deus diz a Moisés: "EU SOU O QUE SOU"


Depois Ele disse: "Assim dirás aos filhos de Israel: EU SOU me enviou a vós."


Esse "Eu Sou" tem tantas implicações que a Torre de Vigia fez uma tradução forçada que não se pode fazer pelo grego.


Deus se identifica assim em outro momento:


"Vede agora que eu, eu o sou, e mais nenhum deus há além de mim; eu mato, e eu faço viver; eu firo, e eu saro, e ninguém há que escape da minha mão."

Dt 32:39


Por isso muitos se espantaram quando Jesus fez esta afirmação: "Em verdade, em verdade eu vos digo: Antes que Abraão existisse, EU SOU." João 8:58


Peter Kreeft no livro “O dialogo” diz que “Ninguém realmente sabe pronunciá-la, porque ninguém jamais se atreveu a pronunciá-la exceto Deus, e não se escreveu a palavra toda, apenas as consoantes, o Tetragrama. Nas Bíblias antigas ela aparecia escrita Jeová, e em algumas mais modernas, Javé. Significa ‘EU SOU’. [...]É o único nome puramente de primeira pessoa, particular, subjetivo, singular.”. Nenhuma pessoa pode dizer esse nome sem reivindicar ser Deus. E foi isso que Jesus fez. Disse que era Deus pronunciando o que nenhum judeu diria, um nome que só pode ser pronunciado pelo seu dono. Esse foi o motivo da revolta de muitos deles contra Jesus (João 8:59).


Dizer que Jesus foi muito subjetivo afirmando isso é ignorar todo o contexto inserido pra apenas sustentar a pressuposição de que Jesus não pode ser Deus.



Filho do Homem?


Mc 14


61 Mas ele calou-se, e nada respondeu. O sumo sacerdote lhe tornou a perguntar, e disse-lhe: És tu o Cristo, Filho do Deus Bendito?

62 E Jesus disse-lhe: Eu o sou, e vereis o Filho do homem assentado à direita do poder de Deus, e vindo sobre as nuvens do céu.

63 E o sumo sacerdote, rasgando as suas vestes, disse: Para que necessitamos de mais testemunhas?

64 Vós ouvistes a blasfêmia; que vos parece? E todos o consideraram culpado de morte.


O sumo sacerdote e seus assistentes sabiam das implicações da afirmação que Jesus fez ai, quando referiu a si mesmo como "Filho do Homem" e que viria nas nuvens. Ele estava fazendo referencia direta a uma profecia de Daniel (Dn 7.13,14, onde o Filho do Homem receberá autoridade do Deus Pai e será adorado por todos. Eles sabiam muito bem que só Deus pode receber adoração, e Jesus disse que todos, inclusive eles iriam adora-lo. Acho que Jesus fazia questão de deixar os lideres religiosos da época desajeitados.



Uma listas de afirmações de Jesus.


- Ele declarou: "Eu sou o Primeiro e o Último" (Ap 1.17) - Deus referiu a si mesmo assim Isaías 44.6

- "Eu sou o bom pastor" (]o 10.11) - "O SENHOR é o meu pastor" (Sl 123.1)

- Jesus afirmou ser o juiz de todas as pessoas (Mt 25.315; Jo 5.27) - Joel apresenta Deus dizendo: " ... me assentarei para julgar todas as nações vizinhas" (]13.12)

- Jesus disse: "Eu sou a luz do mundo. Quem me segue, nunca andará em trevas, mas terá a luz da vida" (]o 8.12). Mas o salmista declara "O SENHOR é a minha luz" (127.1)

- Jesus declarou: "Pois, da mesma forma que o Pai ressuscita os mortos e lhes dá vida, o Filho também dá vida a quem ele quer" (]o 5.21). Mas o AT ensina claramente que somente Deus é o doador da vida (Dt 32.39; 15m 2.6), aquele que levanta dos mortos (Is 26.19; Dn 12.2; Jó 19.25) e o único juiz (Dt 32.35; JI3.12)


Ocasiões em que recebeu e permitiu adoração:


Uma mulher Cananéia (Mt 15.25);

Todos os discípulos (Mt 28.17);

Um leproso curado (Mt 8.2);

Dirigente de uma sinagoga (Mt 9.18);

Pelos discípulos (Mt 14.33);

Mãe de Tiago e de João (Mt 20.20);

Endemoninhado geraseno (Mc 5.6);

Homem cego que foi curado (Jo 9.38);

Tomé, que disse: "Senhor meu e Deus meu!" (Jo 20.28).


Estes são algumas das passagens bíblicas que vislumbram a divindade de Jesus. Existem muitas outras, e várias profecias que dizem isso. Mas considero essas suficientes pra mostrar o que Jesus achava sobre si mesmo. Até mesmo seus discípulos tinham como Deus.



Principais críticas da divindade de Jesus.


“Um certo homem [...] perguntou [...] Bom mestre, o que devo fazer [...] Jesus respondeu: Por que me chamas de bom? Ninguém é bom, senão Deus” (Lucas 18: 19).


Jesus estava falando para aquele homem: "Só Deus é bom, sabe das conseqüências das suas palavras não é? Sabes que está me chamando de Deus, pois ninguém é bom senão Deus." Jesus está levando esse homem a considerar as implicações de chama-lo de bom. "Está me chamando de Deus?"


E isso fica claro no contexto, pois alguns versículos depois quando diz ao cego "42 Jesus lhe disse: Vê! Tua fé te salvou.", que pretensão seria de um simples homem (que se dizia humilde) afirmar que aquela fé (que foi depositada em Jesus) o tinha salvo.


Fica mais claro ainda se analisar o que Mateus registra dessa conversa, e novamente alguns versículos depois Jesus diz que é o "Filho do homem" que vai "assentar em seu trono glorioso". Essa não é a única vez que Jesus se intitula como o Filho do Homem, e isso tem ligação a uma profecia de Daniel (Dn 7.13,14), onde o Filho do Homem receberá autoridade do Deus Pai e será
adorado por todos.


Foi esse um dos motivos da indignação dos sacerdotes em outra passagem que ele se refere como o Filho do Homem (Mc 14:63,64), pois eles sabiam muito bem que só Deus deve ser adorado, mas Jesus estava afirmando que ele seria adorado, inclusive pelos sacerdotes.


As outras objeções à divindade de Jesus vem de um mal entendimento do que significa a afirmação de que o “Verbo se fez carne” e não entender o que significa a Trindade. Por isso antes de analisar as outras questões, vamos ver o conceito disso.



"E O Verbo se fez carne..." Jo 1:14 3

A afirmação de que Deus se fez homem não quer dizer que ele se limitou a natureza humana, mas que acrescentou a humanidade, se subordinou ao Pai e aceitou todas as limitações que nós seres humanos temos, mas não pecou. Foi isso o que Paulo quis dizer em Filipenses 2:5--11, Jo 1:1-14; Hb 2:17;


5 De sorte que haja em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus,
6 Que, sendo em forma de Deus, não teve por usurpação ser igual a Deus,
7 Mas esvaziou-se a si mesmo, tomando a forma de servo, fazendo-se semelhante aos homens;
8 E, achado na forma de homem, humilhou-se a si mesmo, sendo obediente até à morte, e morte de cruz.
9 Por isso, também Deus o exaltou soberanamente, e lhe deu um nome que é sobre todo o nome;
10 Para que ao nome de Jesus se dobre todo o joelho dos que estão nos céus, e na terra, e debaixo da terra,
11 E toda a língua confesse que Jesus Cristo é o Senhor, para glória de Deus Pai.



Quando Jesus foi concebido não deixou de ser Deus mas acrescentou a natureza humana. Jesus enquanto estava como humano, estava sujeito as nossas fraquezas, tanto que em tudo foi tentado, sentia fome, sede e medo, como todos que tem a natureza humana. Ele não deixou de ser Deus, pois essas tentações não eram para sua natureza Divina.


E a trindade?


Falar da natureza de Deus é falar que espécie de ser Ele é, falar da personalidade de Deus é sobre quem Ele é. Quando falamos que Deus é uma trindade, queremos dizer que ele é uma pluralidade dentro de uma unidade. Ele tem uma natureza divina (o quê) compartilhada pelas três pessoas (quem) - o Pai (quem 1), o Filho (quem 2) e o Espírito Santo (quem 3).


Norman Geisler da uma boa explicação:


"A identidade desse ser tripessoal é composta de uma relação interna que contém três pessoas individuais distintas: o Pai, o Filho e o Espírito Santo. Agora pode ficar um pouco mais claro que o quê infinito (Deus) não se tornou um quê finito (homem); ao contrário, Deus o Filho (quem 2), tendo uma natureza infinita (quê 1), acrescentou-se e assumiu uma natureza finita - um quê finito (quê 2). Não há três deuses (três quem) - há somente um Deus (quê 1) e três pessoas (três quem) que possuem essa única natureza divina. Foi somente a segunda pessoa, Jesus (quem 2) que compartilha a natureza divina (quê 1),, que assumiu uma segunda natureza, a natureza humana (quê 2)


Conseqüentemente, Jesus, Deus-Filho, veio à terra assumindo a natureza humana.


[...]


A doutrina simplesmente é que nosso Senhor Jesus Cristo como eterno Filho de Deus reteve o complexo total dos atributos divinos, e sempre e em todas as circunstancias comportou-se de maneira perfeitamente coerente com seus atributos divinos. Ele assumiu um complexo de atributos humanos essenciais e, durante "os dias de sua carne" (Hb 5:7) sempre e em todas as circunstâncias comportou-se de maneira perfeitamente coerente com sua natureza humana sem pecado."


Trindade




Portanto nas questões como “Deus pode ser tentado?” temos que levar em conta as duas naturezas de Jesus. Jesus pode ser tentado? Como Deus, não. Como homem? Sim. Na mesma ocasião que Jesus foi tentado vemos que os anjos reconhecem sua divindade:


10 Então disse-lhe Jesus: Vai-te, Satanás, porque está escrito: Ao Senhor teu Deus adorarás, e só a ele servirás.
11 Então o diabo o deixou; e, eis que chegaram os anjos, e o serviam.


Só a Deus servirás, e os anjos o serviam.



Conclusão.


Em várias ocasiões o Novo Testamento faz questão de mostrar que Jesus tem as duas naturezas. Por isso em questões como essas não devemos esquecer disso. Para concluir, gostaria de deixar um texto de Martim J. Scoot sobre a encarnação:


“Como todos os cristãos sabem, a encarnação significa que Deus (isto é, o Filho de Deus) se fez homem. Isso não quer dizer que Deus se tornou homem, nem que Deus cessou de ser Deus e começou a ser homem; mas que, permanecendo como Deus, ele assumiu ou tomou uma natureza nova, a saber, a humana, unindo esta à natureza divina no ser ou na pessoa – Jesus Cristo, verdadeiro Deus e verdadeiro homem.

Na festa das bodas de Cana, a água tornou-se em vinho pela vontade de Jesus Cristo, o Senhor da Criação (João 2:1-11). Não aconteceu assim quando Deus se fez homem, pois em Caná a água deixou de ser água, quando se tornou em vinho, mas Deus continuou sendo Deus, quando se fez homem.

Um exemplo que nos poderá ajudar a compreender em que sentido Deus se fez homem, mais ainda não ilustra de maneira perfeita a questão, é aquele de um rei que por sua própria vontade se fizera mendigo. Se um rei poderoso deixasse seu trono e o luxo da corte, e vestisse os trapos de um mendigo, vivesse com mendigos, compartilhasse seus sofrimentos, etc., e isto para poder melhorar as condições de vida, diríamos que o rei se fez mendigo, porém ele continuou sendo verdadeiramente rei. Seria correto dizer que o que o mendigo sofreu era o sofrimento de um rei; que, quando o mendigo expiava uma culpa era o rei que expiava, etc.

Visto que Jesus Cristo é Deus e homem, é evidente que Deus, de alguma maneira, é homem também. Agora, como é que Deus é homem? Está claro que ele nem sempre foi homem, porque o homem não é eterno, mas Deus o é. Em um certo tempo definido, portanto, Deus se fez homem tomando a natureza humana. Que queremos dizer com a expressão “tomar a natureza humana”? Queremos dizer que o Filho de Deus, permanecendo Deus, tomou outra natureza, a saber, a do homem, e a uniu de tal maneira com a sua, que constituiu uma Pessoa, Jesus Cristo.

A encarnação, portanto, significa que o Filho de Deus, verdadeiro Deus desde toda a eternidade, no curso do tempo se fez homem também, em uma Pessoa, Jesus Cristo, constituída de duas naturezas , a humana e a divina. Isso, naturalmente é um mistério. Não podemos compreendê-lo, assim como tampouco podemos conceber a própria Trindade. Há mistérios em toda parte. Não podemos compreender como a erva e a água, que alimentam o gado, se transformam em carne e sangue. Uma análise química do leite não demonstra conter ele nenhum ingrediente de sangue, entretanto, o leite materno se torna em sangue e carne da criança. Nem a própria mão sabe como no seu corpo se produz o leite que dá a seu filho.

Nenhum dentre os sábios do mundo pode explicar a conexão existente entre o pensamento e a expressão desse pensamento, ou seja, as palavras. Não devemos, pois, estranhar se não podemos compreender a encarnação de Cristo. Cremos nela porque aquele que a revelou é o próprio Deus, que não pode enganar nem ser enganado.”



Espero que todos preconceitos sejam deixados de lado, e você tenha chegado a óbvia conclusão de que Jesus afirmou ser Deus, o mesmo Deus criou o mundo (Mt 3:3; Is 40:3-10).


quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

Ressurreição de Jesus - Transformação - Parte 5



"E, depois de terem jantado, disse Jesus a Simão Pedro: Simão, filho de Jonas, amas-me mais do que estes?

E ele respondeu: Sim, Senhor; tu sabes que te amo.

Disse-lhe: Apascenta os meus cordeiros.

Tornou a dizer-lhe segunda vez: Simão, filho de Jonas, amas-me?

Disse-lhe: Sim, Senhor; tu sabes que te amo.

Disse-lhe: Apascenta as minhas ovelhas.

Disse-lhe terceira vez: Simão, filho de Jonas, amas-me?

Simão entristeceu-se por lhe ter dito terceira vez: Amas-me? E disse-lhe: Senhor, tu sabes tudo; tu sabes que eu te amo.

Jesus disse-lhe: Apascenta as minhas ovelhas. Na verdade, na verdade te digo que, quando eras mais moço, te cingias a ti mesmo e andavas por onde querias: mas, quando já fores velho, estenderás as mãos, e outro te cingirá e te levará para onde tu não queiras. E disse isso signi­ficando com que morte havia ele de glorificar a Deus. E, dito isso, disse-lhe: Segue-me.

E Pedro, voltando-se, viu que o seguia aquele discípulo a quem Jesus amava, £ que na ceia se recostara também sobre o seu peito, e que dissera: Senhor, quem é que te há de trair? Vendo Pedro a este, disse a Jesus: Senhor, e deste que será?

Disse-lhe Jesus: Se eu quero que ele fique até que eu venha, que te importa a ti? Segue-me tu. Divulgou-se, pois, entre os irmãos o dito de que aquele discípulo não havia de morrer. Jesus, porém, não lhe disse que não morreria, mas: Se eu quero que ele fique até que eu venha, que te importa a ti?"

— João 21.15-23

"Varões israelitas, escutai estas palavras: A Jesus Nazareno, varão aprovado por Deus entre vós com maravilhas, prodígios e sinais, que Deus por ele fez no meio de vós, como vós mesmos bem sabeis; a este que vos foi entregue pelo determinado conselho e presciência de Deus, tomando-o vós, o crucificastes e matastes pelas mãos de injustos; ao qual Deus ressuscitou, soltas as ânsias da morte, pois não era possível que fosse retido por ela. Porque dele disse Davi:

'Sempre via diante de mim o Senhor,

porque está à minha direita,

para que eu não seja comovido;

por isso, se alegrou o meu coração,

e a minha língua exultou;

e ainda a minha carne há de repousar em esperança.

Pois não deixarás a minha alma no Hades,

nem permitirás que o teu Santo veja a corrupção.

Fizeste-me conhecidos os caminhos da vida;

com a tua face me encherás de júbilo.'

Varões irmãos, seja-me lícito dizer-vos livremente acerca do patriarca Davi que ele morreu e foi sepultado, e entre nós está até hoje a sua sepultura. Sendo, pois, ele profeta e sabendo que Deus lhe havia pro­metido com juramento que do fruto de seus lombos, segundo a carne, levantaria o Cristo, para o assentar sobre o seu trono, nesta previsão, disse da ressurreição de Cristo, que a sua alma não foi deixada no Hades, nem a sua carne viu a corrupção. Deus ressuscitou a este Jesus, do que todos nós somos testemunhas. De sorte que, exaltado pela destra de Deus e tendo recebido do Pai a promessa do Espírito Santo, derramou isto que vós agora vedes e ou vis. Porque Davi não subiu aos céus, mas ele próprio diz:

Disse o Senhor ao meu Senhor:

Assenta-te à minha direita, até que ponha os teus inimigos por escabelo de teus pés.

Saiba, pois, com certeza, toda a casa de Israel que a esse Jesus, a quem vós crucificastes, Deus o fez Senhor e Cristo."

Atos 2.22-36

O que aconteceu em resultado da ressurreição não tem precedente na história humana. No espaço de poucas centenas de anos, um peque­no grupo de crentes aparentemente insignificante teve sucesso em virar um império inteiro de cabeça para baixo. Como já se disse com proprie­dade: "Eles enfrentaram o aço brandido do tirano, a juba ensangüentada do leão e os fogos de mil mortes",1 porque estavam totalmente conven­cidos de que eles, como seu Mestre, iriam ressurgir da sepultura em um corpo glorificado e ressurreto.

Ainda que seja concebível que os discípulos tivessem enfrentado tortura, vilipendio e até morte cruel pelo que fervorosamente criam ser verdade, é inconcebível que tivessem estado dispostos a morrer pelo que sabiam ser mentira. Ninguém apregoou este argumento com mais eloqüência que o Dr. Simon Greenleaf, o majestoso Professor de Direito, em Harvard. Greenleaf foi indubitavelmente a maior autoridade ameri­cana em evidências de direito comum do século XIX. Seu livro, A Treatise on the Law ofEvidence (Um Tratado sobre a Lei das Evidências) ainda é considerado um dos trabalhos mais importantes sobre evidências legais. Em 1846, ele escreveu:

As grandes verdades que os apóstolos declaram foram que Cristo tinha ressurgido dos mortos, e que somente pelo arrependimento de pecados e fé nEle os homens podem ser salvos. Eles afirmam esta doutrina a uma voz, em todos lugares, não apenas durante os maiores esmorecimentos, mas diante dos terrores mais apavorantes que podem ser apresentados à mente humana.

Seu mestre perecera recentemente como malfeitor, pela sentença de um tribunal público. Sua religião procurou subverter as religiões do mundo inteiro. As leis de todos os países eram contra os ensinos dos seus discípulos. Os interesses e paixões de todos os governantes e dos grandes homens do mundo estavam contra eles. A moda do mundo estava contra eles.

Ao propagar esta nova fé, mesmo da maneira mais inofensiva e tran­qüila, eles poderiam esperar nada mais que desprezo, oposição, insulto, perseguições implacáveis, açoites, prisões, tormentos e mortes cruéis. Contudo, eles propagaram zelosamente esta fé; e todas estas misérias eles suportaram impavidamente — não, alegrando-se. A medida que um após o outro era morto de forma miserável, os sobreviventes davam prosseguimento à obra ainda com mais vigor e resolução. Os anais da guerra militar quase não oferecem exemplo de igual constância heróica, paciência e coragem impassível. Eles tinham todo o motivo possível para revisar minuciosamente os fun­damentos da fé e as evidências dos grandes fatos e verdades que defendiam, e estes motivos eram impingidos em sua atenção com a freqüência mais melancólica e maravilhosa. Era, então, impossível eles terem persistido em afirmar as verdades que narravam, não tivesse mesmo Jesus ressurgido dos mortos e não tivessem eles conhecido este fato tão certamente quanto conheciam algum outro fato.*

* O livro The Testimony of the Evangelists (O Testemunho dos Evangelistas) contém esta nota:

Se se presumisse que as testemunhas tivessem sido influenciadas de modo desfavorável, isto não lhes destruiria o testemunho em termos de fato; apenas depreciaria o peso do seu julgamento em termos de opinião. A regra da lei sobre este assunto foi declarada pelo Dr. Lushington nestas palavras: "Quando você examina o testemunho de testemunhas estreitamente relacionadas com as partes e não há nada muito peculiar que tende a lhes destruir o crédito, quando elas de­põem os meros fatos, seu testemunho deve ser crido; quando elas depõem no que tange a termos de opinião, então deve ser recebido com suspeita". (Dillon versus Dillon, 3 Curteis, Eccl. Rep., pp. 96, 102.)

Se fosse moralmente possível eles terem sido enganados neste assunto, todo motivo humano operava para os levar a descobrir e admitir o erro. Ter persistido em tão grosseira falsidade, depois de terem se inteirado dela, não só era encontrar, para o resto da vida, todos os males os quais o homem pode infligir do nada, mas também suportar a angústia da culpa interior e da consciência; sem esperança de paz futura, sem testemunho de boa consciência, sem expectativa de honra ou estima entre os homens, sem esperança de felicidade nesta vida ou no mundo vindouro.

Semelhante conduta nos apóstolos teria sido totalmente irreconciliável com o fato de que eles possuíam a constituição comum de nossa natureza comum. Contudo, a vida que tiveram mostra que eles eram homens como todos os outros de nossa raça; controlados pelos mesmos motivos, animados pelas mesmas esperanças, afetados pelas mesmas alegrias, subjugados pelas mesmas tristezas, sacudidos pelos mesmos medos e sujeitos às mesmas paixões, tentações e fraquezas como nós. E seus escritos evidenciam que eles foram homens de entendimento vigo­roso. Se, então, o testemunho deles não fosse verdade, não haveria motivo possível para esta invenção.2

Os Doze

Como Greenleaf tão habilmente comunica, os doze3 foram transfor­mados completamente pela ressurreição.

Pedro, que outrora ficou com medo de ser exposto como seguidor de Cristo por uma jovem, depois da ressurreição foi transformado em um leão da fé e sofreu morte de mártir.4 De acordo com a tradição, ele foi crucificado de cabeça para baixo porque se sentiu indigno de ser crucificado da mesma maneira que seu Senhor.5

Tiago, o meio-irmão de Jesus, que antes odiava tudo o que seu irmão defendia, depois da ressurreição se chamou "servo [...] do Senhor Jesus Cristo" (Tg 1.1). Ele se tornou líder da Igreja em Jerusalém e, em cerca de 62 d.C, foi martirizado por causa de sua crença.6 Eusébio de C^saréia descreve como Tiago foi lançado do pináculo do templo e subseqüentemente apedrejado.7

O apóstolo Paulo foi igualmente transformado. Em outro tempo per­seguidor incessante da igreja crescente, se tornou o principal ganhador de adeptos entre os gentios. Sua transformação radical é sublinhada em sua carta aos filipenses:

Mas o que para mim era ganho reputei-o perda por Cristo. E, na verdade, tenho também por perda todas as coisas, pela excelência do conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor; pelo qual sofri a perda de todas estas coisas e as considero como estéreo, para que possa ga­nhar a Cristo e seja achado nele, não tendo a minha justiça que vem da lei, mas a que vem pela fé em Cristo, a saber, a justiça que vem de Deus, pela fé; para conhecê-lo, e a virtude da sua ressurreição, e a comunicação de suas aflições, sendo feito conforme a sua morte; para ver se, de alguma maneira, eu possa chegar à ressurreição dos mortos (Fp 37-11).

Pedro, Tiago e Paulo não estavam sós. Como o filósofo J. P. Moreland mostra, em semanas depois da ressurreição, não apenas um judeu, mas uma comunidade inteira de pelo menos dez mil judeus estava disposta a deixar as próprias tradições sociológicas e teológicas que lhes tinha dado identidade nacional.8

Tradições

Entre as tradições que foram transformadas depois da ressurreição encontram-se o sábado, os sacrifícios e os sacramentos.

Em Gênesis, o sábado era uma celebração da obra de Deus na cria­ção (vide Gn 2.2,3; cf. Êx 20.11). Depois do Êxodo, o sábado se expan­diu para uma celebração da libertação de Deus da opressão do Egito (vide Dt 5.15). Em conseqüência da ressurreição, o sábado foi mudado uma vez mais. Tornou-se uma celebração de "descanso" que temos por meio de Cristo que nos livra do pecado e da sepultura (vide Cl 2.16,17; Hb 4.1-11). Em memória da ressurreição, a igreja primitiva cristã mudou o dia de adoração do sábado para o domingo. Deus proporcionou à igreja primitiva novo padrão de adoração pela ressurreição de Cristo no primeiro dia da semana, suas subseqüentes aparições no domingo e a descida do Espírito Santo no domingo.9 Para a emergente Igreja Cristã, a armadilha mais perigosa era não reconhecer que Jesus era a substância que cumpriu o símbolo do sábado.

Para os crentes judeus, o sistema sacrificai também foi radicalmente transformado pela ressurreição de Cristo. Desde os dias de Abraão, os judeus foram inteirados da obrigação de sacrificar animais como símbolo da expiação do pecado. Contudo, depois da ressurreição, os seguidores de Cristo de repente deixaram de sacrificar. Eles reconheceram que a nova aliança era melhor que a antiga aliança, porque o sangue de Jesus Cristo era melhor que o sangue de animais (vide Hb 8—10). Entende­ram que Jesus era a substância que cumpriu o símbolo dos sacrifícios de animais. Ele era "o Cordeiro [sacrificai] de Deus, que tira o pecado do mundo" (Jo 1.29).

Como o sábado e o sistema sacrificai, os "sacramentos" judaicos da páscoa e do batismo foram profundamente transformados. No lugar da refeição pascal, os crentes celebraram a Ceia do Senhor. Moreland salienta que Jesus tinha acabado de ser morto de modo grotesco e humilhante, contudo os discípulos se lembravam com alegria do corpo partido e do sangue derramado de Cristo. Só a ressurreição pode explicar isso! Imagine os devotos de John F. Kennedy reunindo-se para comemorar seu assassinato às mãos de Lee Harvey Oswald. Eles podem celebrar suas confrontações com o comunismo, suas contri­buições aos direitos civis ou seu carisma cativante, mas nunca seu assassinato brutal.10

De modo semelhante, o batismo foi transformado radicalmente. Os convertidos gentios ao judaísmo eram batizados em nome do Deus de Israel.11 Depois da ressurreição, os convertidos ao cristianismo também foram batizados em nome de Jesus Cristo (vide At 2.36-41).12 Assim, os cristãos compararam Jesus com o Deus de Israel. Só a ressurreição pode explicar isso.13

Hoje

A cada dia, pessoas de todas as línguas, tribos e nações são batizadas em nome do Cristo ressurreto. Recentemente, diante do jardim da tum­ba em Jerusalém, encontrei um turista que não fazia idéia da significa­ção da ressurreição. Expliquei-lhe que Cristo se encapsulou em carne humana para restaurar a relação com Deus quebrada por nosso pecado, que Cristo viveu a vida perfeita que nós nunca poderíamos viver e que Ele morreu por nossos pecados, foi sepultado e, no terceiro dia, ressus­citou dos mortos. Também lhe expliquei que esta não era mera fantasia, mas o fato mais bem atestado da história antiga. Depois de comunicar o feito que demonstra o fato da ressurreição, este jovem deu o passo final e pessoalmente experimentou o Cristo ressurreto. Reconhecendo que era pecador, ele se arrependeu dos seus pecados e recebeu Jesus Cristo como Deus e Salvador de sua vida.

Hoje, ele conhece o Cristo não só por evidências, mas também por experiência. Cristo ficou mais real para ele do que a própria carne nos seus ossos.





Notas

1. Fonte desconhecida.

2. Simon Greenleaf, The Testimony ofthe Evangelists: The Gospels Examined by the Rules ofEvidence (Grand Rapids: Kregel Classics, 1995; publicado originalmente em 1874), pp. 31, 32.

3. Vide 1 Coríntios 15.5, onde os apóstolos originais, exceto Judas, são menciona­dos como os doze (cf. João 20.24).

4. Vide Clemente de Roma (c. 30-100 d.C), Primeira Epístola aos Coríntios, cap. V; Tertuliano (c. 160-225 d.C), Sobre a Prescrição contra os Heréticos, cap. XXXVI; Eusébio (c. 260-340 d.C), História Eclesiástica, Livro II, p. XXV.

5. Vide Eusébio, História Eclesiástica, Livro III, p. I, onde Eusébio cita Orígenes (c. 185-254 d.C.) concernente à crucificação de Pedro.

6. Kenneth Barker, editor geral, The NIV Study Bible (Grand Rapids: Zondervan, 1985), p. 1.879.

7. Eusébio, Livro II, p. XXIII. Cf. Josefo, Antigüidades Judaicas, 20:9:1; vide John P. Meier, A Marginal Jew: Rethinking the Historical Jesus, vol. 1 (Nova York: Doubleday, 1991), pp. 57-59.

8. Strobel, The Case for Cbrist, p. 251.

9. Norman Geisler e Thomas Howe, When Critics Ask (Wheaton: Victor Books, 1992), p. 78. Vide Mateus 28.1-10; João 20.26ss; Atos 2.1; 20.7; 1 Coríntios 16.2.

10. Argumentação adaptada de Lee Strobel, The Case for Cbrist, pp. 251, 253.

11. "Esperava-se que os prosélitos que entravam no judaísmo se despissem da roupa anterior, se submetessem à circuncisão e tomassem banho completo, depois do que eram considerados membros da comunidade judaica. O rito era reconheci­mento de mácula e da aceitação da lei como agente purificador." (Carl F. H. Henry, editor, Basic Cbristian Doctrines [Grand Rapids: Baker Book House, 1971], p. 256.)

12. Vide também Mateus 28.19; Atos 8.16; 10.48; 19.5; Romanos 6.3-5; 1 Coríntios 6.11.

13. Adaptado de Strobel, The Case for Cbrist, p. 253.


Ressurreição de Jesus - Aparições de Cristo - Parte 4



"E eis que, no mesmo dia, iam dois deles para uma aldeia que distava de Jerusalém sessenta estádios, cujo nome era Emaús. E iam falando entre si de tudo aquilo que havia sucedido. E aconteceu que, indo eles falando entre si e fazendo perguntas um ao outro, o mesmo Jesus se aproximou e ia com eles. Mas os olhos deles estavam como que fecha­dos, para que o não conhecessem.

E ele lhes disse: Que palavras são essas que, caminhando, trocais entre vós e por que estais tristes?

E, respondendo um, cujo nome era Cleopas, disse-lhe: És tu só pere­grino em Jerusalém e não sabes as coisas que nela têm sucedido nestes dias?

E ele lhes perguntou: Quais?

E eles lhe disseram: As que dizem respeito a Jesus, o Nazareno, que foi um profeta poderoso em obras e palavras diante de Deus e de todo o povo; e como os principais dos sacerdotes e os nossos prínci­pes o entregaram à condenação de morte e o crucificaram. E nós esperávamos que fosse ele o que remisse Israel; mas, agora, com tudo isso, é já hoje o terceiro dia desde que essas coisas aconteceram. É verdade que também algumas mulheres dentre nós nos maravilharam, as quais de madrugada foram ao sepulcro; e, não achando o seu corpo, voltaram, dizendo que também tinham visto uma visão de anjos, que dizem que ele vive. E alguns dos que estavam conosco foram ao sepulcro e acharam ser assim como as mulheres haviam dito, porém, não o viram.

E ele lhes disse: Ó néscios e tardos de coração para crer tudo o que o§ profetas disseram! Porventura, não convinha que o Cristo padecesse essas coisas e entrasse na sua glória? E, começando por Moisés e por todos os profetas, explicava-lhes o que dele se achava em todas as Escrituras.

E chegaram à aldeia para onde iam, e ele fez como quem ia para mais longe. E eles o constrangeram, dizendo: Fica conosco, porque já é tarde, e já declinou o dia. E entrou para ficar com eles.

E aconteceu que, estando com eles à mesa, tomando o pão, o aben­çoou e partiu-o e lho deu. Abriram-se-lhes, então, os olhos, e o conhe­ceram, e ele desapareceu-lhes. E disseram um para o outro: Porventura, não ardia em nós o nosso coração quando, pelo caminho, nos falava e quando nos abria as Escrituras?

E, na mesma hora, levantando-se, voltaram para Jerusalém e acha­ram congregados os onze e os que estavam com eles, os quais diziam: Ressuscitou, verdadeiramente, o Senhor e já apareceu a Simão. E eles lhes contaram o que lhes acontecera no caminho, e como deles foi conhecido no partir do pão.

E, falando eles dessas coisas, o mesmo Jesus se apresentou no meio deles e disse-lhes: Paz seja convosco.

E eles, espantados e atemorizados, pensavam que viam algum espí­rito. E ele lhes disse: Por que estais perturbados, e por que sobem tais pensamentos ao vosso coração? Vede as minhas mãos e os meus pés, que sou eu mesmo; tocai-me e vede, pois um espírito não tem carne nem ossos, como vedes que eu tenho.

E, dizendo isso, mostrou-lhes as mãos e os pés. E, não o crendo eles ainda por causa da alegria e estando maravilhados, disse-lhes: Tendes aqui alguma coisa que comer? Então, eles apresentaram-lhe parte de um peixe assado e um favo de mel, o que ele tomou e comeu diante deles.

E disse-lhes: São estas as palavras que vos disse estando ainda con­vosco: convinha que se cumprisse tudo o que de mim estava escrito na Lei de Moisés, e nos Profetas, e nos Salmos.

Então, abriu-lhes o entendimento para compreenderem as Escrituras. E disse-lhes: Assim está escrito, e assim convinha que o Cristo padecesse e, ao terceiro dia, ressuscitasse dos mortos; e, em seu nome, se pregasse o arrependimento e a remissão dos pecados, em todas as nações, começando por Jerusalém. E dessas coisas sois vós testemunhas. E eis que sobre vós envio a promessa de meu Pai; ficai, porém, na cidade de Jerusalém, até que do alto sejais revestidos de poder."

— Lucas 24.13-49

Em Atos dos Apóstolos, escreve o dr. Lucas que Jesus deu aos discí­pulos "muitas e infalíveis provas, sendo visto por eles por espaço de quarenta dias e falando do que respeita ao Reino de Deus" (At 1.3). Pedro, em sua poderosa proclamação no Dia do Pentecostes comunicou confiantemente que muitas testemunhas oculares dignas de crédito podiam confirmar o fato das aparições físicas pós-ressurreição de Cristo: "Varões irmãos, seja-me lícito dizer-vos livremente acerca do patriarca Davi que ele morreu e foi sepultado, e entre nós está até hoje a sua sepultura. Sendo, pois, ele profeta e sabendo que Deus lhe havia pro­metido com juramento que do fruto de seus lombos, segundo a carne, levantaria o Cristo, para o assentar sobre o seu trono, nesta previsão, disse da ressurreição de Cristo, que a sua alma não foi deixada no Hades, nem a sua carne viu a corrupção. Deus ressuscitou a este Jesus, do que todos nós somos testemunhas" (At 2.29-32).

Como o apóstolo Pedro, o apóstolo Paulo transpira confiança nas aparições de Cristo. Em sua primeira carta aos cristãos coríntios, ele fornece detalhes e descrições:

Também vos notifico, irmãos, o evangelho que já vos tenho anunciado, o qual também recebestes e no qual também permaneceis; pelo qual também sois salvos, se o retiverdes tal como vo-lo tenho anunciado, se não é que crestes em vão.

Porque primeiramente vos entreguei o que também recebi: que Cristo morreu por nossos pecados, segundo as Escrituras, e que foi sepultado, e que ressuscitou ao terceiro dia, segundo as Escrituras, e que foi visto por Cefas e depois pelos doze. Depois, foi visto, uma vez, por mais de quinhentos irmãos, dos quais vive ainda a maior parte, mas alguns já dormem também. Depois, foi visto por Tiago, depois, por todos os apóstolos e, por derradeiro de todos, me apareceu também a mim, como a um abortivo.

Porque eu sou o menor dos apóstolos, que não sou digno de ser chamado apóstolo, pois que persegui a igreja de Deus. Mas, pela graça de Deus, sou o que sou; e a sua graça para comigo não foi vã; antes, trabalhei muito mais do que todos eles; todavia, não eu, mas a graça de Deus, que está comigo. Então, ou seja eu ou sejam eles, assim pregamos, e assim haveis crido (1 Co 15.1-11).

O Mais Antigo Credo Cristão

Uma coisa pode ser declarada com certeza blindada: Os apóstolos meramente não propagaram os ensinos de Cristo; eles estavam absolutamente certos de que ele tinha lhes aparecido na carne. Embora esteja­mos hoje dois mil anos afastados do acontecimento em si, nós também podemos estar absolutamente confiantes nas aparições pós-ressurreição de Cristo. Uma das principais razões para esta confiança é que, na passagem citada acima (1 Co 15.3-7), Paulo está reiterando um credo cristão que pode ser rastreado até às fases formativas da primitiva igreja cristã.1 Inacreditavelmente, os estudiosos de todos os naipes concor­dam que este credo pode ser datado de três a oito anos da própria crucificação.2 Em seu produtivo trabalho intitulado The HistoricalJesus: AncientEvidencefor the Life ofChrist (O Jesus Histórico: Provas Antigas da Vida de Cristo), o Dr. Gary Habermas alista uma variedade de razões pelas quais os estudiosos chegaram a esta conclusão.

Paulo emprega terminologia judaica técnica usada para transmitir a tradição oral, quando utiliza palavras como entreguei e recebi. Os estu­diosos vêem este fato como evidência de que Paulo está recitando informação que ele recebeu de outra fonte. O eminente estudioso Joachim Jeremias, principal autoridade neste assunto, também destaca frases não-paulinas como por nossos pecados (1 Co 15.3), segundo as Escrituras (1 Co 15.3,4), ressuscitou (1 Co 15.4), terceiro dia (1 Co 15.4), foi visto (1 Co 15.5-7), os doze (1 Co 15.5) e apareceu (1 Co 15.8). "O credo está organizado em forma estilizada e paralela", o que reflete tradição oral. E o uso de Paulo da palavra aramaica Cefas para designar Pedro indica fonte semítica extremamente antiga.3

O erudito e filósofo de Oxford Dr. Terry Miethe concorda. Diz Miethe: "Muitos estudiosos do Novo Testamento destacam que uma das maneiras que sabemos [que 1 Co 15.3-7] é declaração de credo é que parece ter estado em forma aramaica mais primitiva e também está em forma de hino. Isto significa que era grego estilizado, palavras não-paulinas e assim por diante, o que indica que pré-datava Paulo e era extensamente usado, provavelmente até usado e recitado em experiências de adoração como forma de adoração ou cântico ou hino ou declaração de credo, e era, portanto, reconhecido universalmente".4

Quase não há como não exagerar nas descrições das enormes impli­cações da datação antiga deste credo. Jeremias afirma que é "'a mais antiga tradição de todas', e Ulrich Wilckens diz que 'indubitavelmente remonta à mais antiga fase de todas na história do cristianismo primiti­vo'".5 O historiador clássico A. N. Sherwin-White argumenta que seria historicamente sem precedentes que se tenha desenvolvido lenda com essa rapidez.6 Ele destaca que as fontes usadas para a história grega e romana são não apenas tendenciosas, mas estão a gerações ou até sécu­los longe dos acontecimentos que descrevem. No entanto, estas fontes são a base na qual os historiadores reconstroem confiantemente os fatos históricos relativos à história grega e romana.7

O Dr. William Lane Craig salienta que os escritos de Heródoto8 nos dão perspectiva sobre a taxa à qual a lenda se avoluma — os dados demonstram que até duas gerações é insuficiente para que os embelezamentos suplantem um conjunto específico de fatos históricos. O curto espaço de tempo entre a crucificação de Cristo e a composição deste credo cristão primitivo impede a possibilidade de corrupção lendária.9 As lendas vêm do folclore, e não de pessoas e lugares que estão demonstrativamente arraigadas na história. O estudioso do sé­culo XIX, Julius Muller, ressalta esta verdade na eloqüência do inglês pós-elisabetano:

Decididamente tem de haver um considerável intervalo de tempo para a transformação completa de uma história inteira pela tradição popular, quando a série de lendas é formada no mesmo território onde os heróis viveram e trabalharam de fato. Aqui não se pode imaginar como tal série de lendas poderia surgir em uma era histórica, obter respeito universal e suplantar a lembrança histórica do verda­deiro caráter e conexão da vida dos seus heróis na mente da comuni­dade, se as testemunhas oculares ainda estivessem por perto, as quais poderiam ser questionadas concernentes à verdade das maravilhas registradas. Por conseguinte, a ficção lendária, como não gosta do claro tempo atual, mas prefere a escuridão misteriosa da antigüidade cinzenta, está acostumada a buscar o distanciamento da idade, junto com o espaço, e a transferir suas criações mais corajosas e mais raras e maravilhosas a uma terra muito remota e desconhecida.10

Como citado por Craig, Müller "desafiou os estudiosos de meados do século XIX a mostrar em qualquer lugar da história onde dentro do espaço de trinta anos uma grande série de lendas se acumulara em torno de um indivíduo histórico e se tornara firmemente assentada na crença em geral. O desafio de Müller nunca foi atingido" }l É emocionalmente instigante perceber que o cristianismo pode confiantemente aludir a um credo que alguns dos maiores eruditos, teólogos, filósofos e historiadores situaram a apenas três a oito anos da crucificação de Cristo. O Dr. Gary Habermas elucida nitidamente que nunca "deveríamos arrui­nar a evidência persuasiva que o credo é antigo, que está livre de con­taminação lendária, que está desprovido de ambigüidade, que é específico e que está, no final das contas, arraigado em depoimentos de testemunhas oculares".12



Testemunhas Oculares

Pedro, Paulo e os demais apóstolos afirmaram que Cristo apareceu a centenas de pessoas que ainda estavam vivas e acessíveis para inter­rogatório cruzado.13 Por exemplo, Paulo assevera que Cristo "foi visto, uma vez, por mais de quinhentos irmãos, dos quais vive ainda a maior parte, mas alguns já dormem também" (1 Co 15.6). Teria sido uma coisa atribuir estas experiências sobrenaturais a pessoas que já tives­sem morrido. Era totalmente outra atribuí-las a multidões que ainda estavam vivas.

O afamado estudioso do Novo Testamento da Universidade de Cambridge, C. H. Dodd, salienta: "Não pode haver outro propósito em mencionar o fato de que a maioria das quinhentas pessoas ainda está viva, a menos que Paulo esteja dizendo, com efeito: 'As testemunhas estão aí para serem interrogadas'".14 Diz Craig: "Paulo nunca teria dito isto se o acontecimento nunca tivesse ocorrido; ele nunca teria desafiado as pessoas a perguntar as testemunhas se o acontecimento não tivesse ocorrido e não houvesse testemunhas. Mas evidentemente havia teste­munhas deste evento, e Paulo sabia que algumas haviam morrido entrementes. Portanto, o acontecimento deve ter ocorrido".15

Suponha que eu anuncie publicamente que joguei uma partida par­ticular de golfe com Arnold Palmer no Bay Hill Country Club, de Orlando. Durante a partida, dei a mais longa tacada que Palmer jamais vira, fiz um buraco de uma tacada só e bati o recorde de maior trajetória. En­quanto Palmer estiver vivendo, minha credibilidade pode ser facilmente levantada em questão. Do mesmo modo, as afirmações de Paulo relati­vas às testemunhas oeulares que viram o Cristo ressuscitado poderiam ter sido facilmente refutadas se na realidade não fossem verdadeiras.

Nada pode ser responsável pela total transformação de Paulo na estrada de Damasco, que não a aparição de Cristo. Enquanto ele ainda estava "respirando [...] ameaças e mortes contra os discípulos do Senhor", Cristo lhe apareceu. "Subitamente o cercou um resplendor de luz do céu. E, caindo em terra, ouviu uma voz que lhe dizia: Saulo, Saulo, por que me persegues?" (At 9.1,3,4). Naquele momento, Paulo foi transformado de perseguidor de cristãos a ganhador de adeptos para Cristo. Outrora ele ficara observando aprobatoriamente quando Estêvão era brutalmente assassinado; agora ele estava disposto a ser assassinado pelo mesmo testemunho cristão. Só a aparição de Cristo pode respon­der por isso.

Inacreditavelmente, Paulo abandonou sua posição de estimado líder judeu, rabino e fariseu, que estudara sob a orientação do afamado professor Gamaliel. Ele desistiu da missão de aniquilar todo vestígio do que ele considerava a heresia insidiosa do cristianismo. Em suas palavras: "[Eu] sobremaneira perseguia a igreja de Deus e a assolava" (Gl 1.13). Mas depois que o Cristo ressuscitado lhe apareceu, ele se tornou tão comprometido com o evangelho como fora com Gamaliel. Em sua Segunda Carta aos cristãos coríntios, ele esboça como ele comerciou em sua posição de fariseu pela pobreza, prisão e perseguição. Diz Paulo:

São ministros de Cristo? (Falo como fora de mim.) Eu ainda mais: em trabalhos, muito mais; em açoites, mais do que eles; em prisões, muito mais; em perigo de morte, muitas vezes. Recebi dos judeus cinco quarentenas de açoites menos um; três vezes fui açoitado com varas, uma vez fui apedrejado, três vezes sofri naufrágio, uma noite e um dia passei no abismo; em viagens, muitas vezes; em perigos de rios, em perigos de salteadores, em perigos dos da minha nação, em peri­gos dos gentios, em perigos na cidade, em perigos no deserto, em perigos no mar, em perigos entre os falsos irmãos; em trabalhos e fadiga, em vigílias, muitas vezes, em fome e sede, em jejum, muitas vezes, em frio e nudez. Além das coisas exteriores, me oprime cada dia o cuidado de todas as igrejas (2 Co 11.23-28).

Sem dúvida, Paulo era o homem mais radicalmente convertido da história. No fim, ele pagou o preço último pela fé — o martírio. A inscrição lapidar sob o altar-mor na Basílica de São Paulo, em Roma, traz estas simples palavras: "A Paulo, Apóstolo e Mártir".16 Somente a aparição física do Cristo ressuscitado é explicação suficiente para tal transformação radical.

Deve-se observar que as aparições de Cristo a Paulo e aos quinhen­tos não são incidências isoladas. Como comentado por Craig, Paulo fornece uma lista das aparições de Cristo em 1 Coríntios 15.17 Entre elas está a aparição a Pedro — a qual é atestada pelo próprio Pedro (vide 2 Pe 1.16). O Dr. Lucas acrescenta confirmação a esta aparição: "Ressus­citou, verdadeiramente o Senhor, e já apareceu a Simão" (Lc 24.34). Talvez a aparição mais bem atestada de todas seja a aparição de Cristo aos doze. Atestações independentes desta aparição são dadas por Lucas e João que relatam Cristo comendo com os doze e mostrando-lhes suas feridas (vide Lc 24.36-42; Jo 20.19,20). Assim, Jesus não só demonstrou "que ele era o mesmo Jesus que fora crucificado", mas forneceu prova da " corporalidade e continuidade do corpo da ressurreição".18

Não há que duvidar que a aparição mais surpreendente alistada por Paulo é a aparição de Cristo a seu meio-irmão, Tiago. Antes desta aparição, Tiago tinha vergonha de Jesus. Posteriormente, Tiago estava djsposto a morrer por Jesus. Como relata o historiador judeu Josefo: "Tiago foi apedrejado ilegalmente pelo Sinédrio algum tempo depois de 60 d.C. por sua fé em Cristo".19 Inevitavelmente, temos de nos perguntar: O que levaria uma pessoa a morrer de boa vontade pela crença de que um dos membros de sua família é Deus? No caso de Tiago, a única explicação razoável é que Jesus lhe apareceu vivo dentre os mortos.20 Diz Craig: "Até o crítico cético do Novo Testamento, Hans Grass, admite que a conversão de Tiago é uma das provas mais seguras da ressurreição de Jesus Cristo".21

Medidas Extremas

Visto que a razão e a retórica não podem prescindir da ressurreição, medidas extremas são a ordem do dia. Incapazes de explicar as muitas aparições físicas de Cristo, os críticos são obrigados a explicá-las como aparições de Cristo meramente psicológicas. Assim, argumenta-se que os devotos de Cristo tiveram sob alucinação, hipnose ou sugestionabilidade.

Hipótese de Alucinação

A hipótese de alucinação seguramente tem de se classificar como uma das medidas mais extremas para explicar as aparições pós-ressur­reição de Cristo. De acordo com esta hipótese, os discípulos simples­mente viram as coisas que queriam ver em conseqüência de excentrici­dades que variam do uso de drogas a meras expectativas. Os argumentos dos críticos da ressurreição são bastante diretos: Se os devotos do cristianismo ao longo da história tiveram alucinações, há razão para pensar que os discípulos de Cristo também tiveram alucinações.

Eis como o filósofo e ateu Dr. Michael Martin conta a história. Diz Martin: "Sabemos pela história de feitiçaria que as pessoas que se julga­vam estar enfeitiçadas tinham alucinações, que faziam com que as pes­soas ao redor também tivessem alucinações. Por exemplo, Cotton Mather narra a história de Mercy Short, uma criada bostoniana de dezessete anos, em 1692, que foi amaldiçoada por Sarah Good, 'uma bruxa'. Pen­sando estar enfeitiçada, Mercy começou a exibir vários sintomas, inclu­sive alucinações de grupos de espectros".22 Martin também menciona outra ocasião durante a qual Mercy teve uma alucinação. Desta vez ela viu fogo espectral. "Mather relatou que 'não vimos as chamas, mas ime­diatamente o ambiente cheirou a enxofre'." Assim, de acordo com Martin:

Parece claro que no contexto da Nova Inglaterra do século XVII, onde bruxas e demônios eram dados por certo, que a alucinação de uma pessoa ativasse, de alguma maneira, alucinações visuais, audí­veis, táteis e olfativas nos que estivessem por perto. Seguramente, não está além do âmbito da possibilidade psicológica, como [Gary] Habermas presume que está, que na Palestina do século I, entre pes­soas simples que acreditavam na divindade de Jesus, a alucinação de um discípulo de Jesus ativasse alucinações correspondentes nos outros. O contexto, formação e estado psicológico dos discípulos não eram menos congeniais a este tipo de alucinação coletiva do que os das pessoas em Salém ou em Boston há cerca de trezentos anos.23

Os que, como Martin, usam a hipótese de alucinação como possível explicação para as aparições pós-ressurreição de Cristo têm a mesma probabilidade de indicar exemplos atuais de credulidade cristã — como a alucinação que aconteceu numa conferência de Rick Joyner, durante a qual os participantes cantaram uma canção "por mais de três horas".24 Em conseqüência disso, Joyner disse: "O abismo entre o céu e a terra fora, de alguma maneira, transpassado".25 Ele também informou que quando a canção terminou, alguns dos músicos estavam deitados no chão: "Olhei Christine Potter e Susy Wills, que estavam dançando perto do centro do palco, e nunca vi semelhante olhar de terror na face de alguém. Uma queimação intensa, como fogo nuclear que queima de dentro para fora, parecia estar no palco. Christine começou a puxar às roupas como se ela estivesse em chamas, e Susy se meteu rapidamente atrás dos tambores. Então uma nuvem apareceu no centro do palco, visível a todos, e um cheiro doce de flores encheu o ambiente".26

Enquanto os críticos do cristianismo, como Michael Martin, podem indicar exemplos como os citados acima, seus esforços em explicar as aparições pós-ressurreição de Cristo como alucinações não se mantêm diante dos fatos frios e sólidos. Primeiro, em nítida distinção da conten­ção de Michael Martin de que as alucinações são comuns e contagiosas, na realidade elas são subjetivas e escassas. Contudo, Cristo apareceu a muitas pessoas durante um longo período de tempo. Como observado pelo psicólogo Dr. Gary Collins: "Alucinações são ocorrências individuais. Por sua própria natureza só uma pessoa pode ver uma determinada alucinação de cada vez. Não são certamente algo que possa ser visto por um grupo das pessoas. Nem é possível que uma pessoa induza, de alguma maneira, uma alucinação em alguém. Considerando que a alucinação existe somente neste sentido subjetivo e pessoal, é óbvio que outros não podem testemunhá-la".27

O Dr. Collins também afirma que para alguém provar que os discípulos estavam tendo alucinações quando eles experimentaram o Cristo ressus­citado, "eles teriam de fazer muito contra os atuais dados psiquiátricos e psicológicos sobre a natureza das alucinações".28 Assim, o fato indisputável de que Cristo apareceu a multidões em ocasiões múltiplas apresenta grande enigma para os teoristas da alucinação.

As alucinações são tipicamente relegadas a pessoas com certas desordens de personalidade, estimuladas por expectativas e não param abruptamente. Porém, Cristo apareceu a todos os tipos de personalidade sem expectativas, e depois as aparições pararam abruptamente. Como destaca o Dr. Habermas:

As alucinações não podem explicar as aparições. [...] Os discípulos estavam medrosos, duvidosos e em desespero depois da crucificação, ao passo que as pessoas que têm alucinações precisam de uma mente fértil de expectação ou antecipação. Pedro era teimoso; Tiago era cético — certamente não eram bons candidatos a alucinações. As alucinações são comparativamente raras. Normalmente são causadas por drogas ou privação física. Há chances de você não conhecer ninguém que nunca tenha tido uma alucinação não causada por uma dessas duas coisas. Não obstante, julga-se que acreditemos que no decurso de muitas semanas, pessoas de todas as espécies de formação, de todos os tipos de temperamentos, em vários lugares, tiveram alucinações? É forçar demais a hipótese, não? Se estabelecemos as narrativas dos evangelhos como fidedignas, como você explica que os discípulos comeram com Jesus e o tocaram? Como Ele anda junto com dois deles na estrada de Emaús? E quanto ao sepulcro vazio? Se as pessoas apenas pensaram que viram Jesus, seu corpo ainda estaria na sepultura.29

Uma observação final deve ser feita: As alucinações em si não teriam levado a uma crença na ressurreição por parte dos discípulos. Craig explica que alucinações, "como projeções da mente, não po­dem conter nada novo. Portanto, dadas as convicções judaicas preva-lecentes sobre a vida depois da morte, os discípulos teriam projetado alucinações de Jesus no céu ou no seio de Abraão, onde acreditava-se que a alma dos mortos justos ficavam até a ressurreição. E tais visões não teriam causado a crença na ressurreição de Jesus".30 A conclusão inevitável, diz Craig, é que alucinações poderiam ter levado os discípulos a crer que Jesus fora transladado, mas não que ele fora ressuscitado dos mortos:

A translação é a assunção física de alguém deste mundo para o céu. A ressurreição é o levantamento de um homem morto no universo tempo-espaço. Assim, dadas as crenças judaicas relativas à translação e ressurreição, os discípulos não teriam pregado que Ele surgira dos mortos. Quando muito, o sepulcro vazio e as alucinações de Jesus somente os teriam levado a crer na translação de Jesus, pois isto se ajusta com a estrutura judaica de pensamento. Mas eles não teriam proposto a idéia que Jesus fora ressuscitado dos mortos, pois isto contradiria a crença judaica.31

Hipótese de Hipnose

Outra medida extrema empregada pelos críticos da ressurreição é a hipótese de hipnose.32 Esta é a noção de que os discípulos estavam em algum tipo de estado alterado de consciência em resultado de privação de sono ou desespero sufocante pela perda do Mestre. O Dr. Charles Tart — que recebe o crédito de haver cunhado a expressão estados alterados de consciência — explicou que durante hipnose profunda uma pessoa transita a um novo estado de consciência, que a leva a perder o contato com a realidade.33 Como foi bem documentado por estudos do mundo do oculto, os efeitos perigosos da hipnose podem envolver depressão, separação, despersonalização, desilusão e muitas desordens igualmente sérias.34

Como salientado pelo investigador de hipnose, Robert W. Marks, "as pessoas em multidões são mais facilmente influenciadas que as pessoas tomadas isoladamente. Este fato é aproveitado por hipnotizadores de palco como também por evangelistas, oradores políticos e ditadores".35 Diz Marks: "O efeito da sugestão em multidões parece virtualmente não ter limites. Pode fazer parecer que o preto é branco. Pode obscurecer realidades, cultuar absurdos e impelir os homens a impiedosamente partir o crânio de seus irmãos".36 Marks também comenta que assim que uma sugestão epidêmica contamina um movimento, os seres humanos podem se comportar como animais ou idiotas e se orgulhar disso.37 Ninguém "está imune à força da sugestão em massa. Assim que uma epidemia de histeria esteja em plena força, atinge os intelectuais como também os tolos, os ricos e os pobres semelhantemente. Sua fonte é subconsciente e biológico, não racional".38 Sob a influência da hipnose em massa, os devotos de um movimento podem ficar extremamente suscetíveis a sugestões espontâneas. O investigador Charles Baudouin escreve: "Uma condição de relaxamento mental é imposta nos partici­pantes. Em seguida, um estado emocional invariavelmente é desperta do por aproximação ao misterioso. Em terceiro lugar, existe uma expec­tativa de que coisas notáveis acontecerão".39

Um caso clássico em questão pode ser encontrado na história de um menino do Bronx chamado Joseph Vitolo.40 No seu livro The Story of Hypnosis (A História da Hipnose), Marks conta que em 1945, Joseph, de nove anos de idade, estava ajoelhando sobre uma pedra em terreno vazio, quando teve uma visão da virgem Maria. Maria prometeu a José que ela apareceria em noites sucessivas e que na noite de sua última aparição, uma fonte milagrosa brotaria do chão.

Seguindo o anúncio, multidões viajaram à cena da alegada visão. Em certa noite, vinte e cinco mil pessoas surgiram em cena com flores, velas e estátuas de santos. Admitiu-se automaticamente que Joseph tinha uma unção especial. Assim, dezenas de deficientes físicos foram trazidas a Joseph para que ele lhes impusesse as mãos.

Ainda que Joseph não tivesse podido realizar nada fora do comum, as expectativas da multidão eram tais que as pessoas começaram a criar seus próprios "milagres". Em uma das noites, uma chuva suave começou a cair, e uma mulher gritou: "Está chovendo, mas Joseph não fica molhado". Apesar do fato de que repórteres que estavam perto de Joseph observa­ram que ele estava tão encharcado quanto qualquer um, as expectativas do milagroso criou a ilusão. Outra mulher afirmou ter visto uma aparição em branco se materializar atrás de Joseph. Na realidade, a aparição não era nada mais que outra mulher que usava capa de chuva branca.

Marks ressalta que as expectativas da multidão eram tais que "se a imaginação e o contágio histérico tivessem sido deixados soltos para fazer seu trabalho alucinatório, a multidão teria criado seu próprio mila­gre. E é altamente provável que Joseph pudesse ter produzido alguma 'cura' real e Visão' real, se os efeitos hipnóticos da situação pudessem ter progredido suficientemente longe".41 As expectativas da multidão foram realçadas a tal extremo que, como diz Marks, as pessoas "já não eram capazes de resistir à própria sugestão hipnótica do que o cão de Pavlov era capaz de resistir ao estímulo de salivar".42

Os céticos da ressurreição sugerem que isto pode muito bem ter acon­tecido aos seguidores de Cristo. Em estado hipnótico altamente sugestionável, os discípulos viram o que quiseram ver — a aparição de Jesus em carne! Porém, esta noção é completamente adhoc — em outras palavras, não há fragmento de evidência que a substancie. Ainda que seja verdade que líderes espirituais, oradores políticos e ditadores tirem proveito da dinâmica da multidão para enganar as massas, não há justificação para sugerir que foi o que aconteceu com os discípulos. A hipótese hipnótica foi dogmaticamente afirmada por anti-supranaturalistas, mas ninguém jamais apresentou um argumento defensável que a substancie. Como demons­trado conclusivamente, os discípulos não apenas proliferaram os ensinos de Cristo; eles também estavam absolutamente certos de que Ele ressus­citara dos mortos.

Não há fundamento para acreditar que os discípulos estavam na prática de se porem em estados alterados de consciência. Mesmo uma leitura superficial dos escritos dos apóstolos demonstra que eles tinham alta consideração pela mente. Longe de buscar entorpecer o processo do pensamento crítico, eles exortavam uns aos outros a estarem alertas e terem mente sóbria (vide 1 Ts 5.6; 1 Pe 5.8). Se há dúvida de que os discípulos eram dedicados à argumentação, uma leitura do livro de Romanos apagará essa dúvida para sempre.

Gurus hindus como Baghwan Shree Rajneesh acreditavam que a "meta é criar um homem novo, um que seja alegremente estúpido".43 Assim, ele incumbiu seus devotos em práticas designadas a dominar as faculdades do pensamento crítico e esvaziar-lhes a mente do pensamento coerente. Em nítida distinção, a tradição judaico-cristã tem alta consideração pela mente. No Antigo Testamento, os israelitas foram ensinados a praticar bom julgamento mediante indagação, sondagem e completa investigação do ensino e prática (vide Dt 13). No Novo Testamento, o apóstolo Paulo ordena os tessalonicenses a examinar tudo (1 Ts 5.21) e elogia os bereanos por usar a mente para analisar seus ensinos levando em conta uma estru­tura objetiva de referência — as Escrituras (vide At 17.11). O próprio Mestre ordenou os discípulos a julgarem com justiça (vide Jo 7.24) e a amarem a Deus de todo coração, alma e mente (vide Mt 22.37; NTLH). Assim, o hipnotismo, é completamente alienígena ao Reino de Cristo.

Como salientado pelo teólogo e historiador Carl Braaten: "Até os histo­riadores mais céticos concordam que, para o cristianismo primitivo, [...] a ressurreição de Jesus foi um acontecimento real na história, a própria fun­dação da fé e não uma idéia mítica que surge da imaginação criativa dos crentes".44 É fato histórico estabelecido que Jesus foi fatalmente atormenta­do, que Ele foi enterrado, que seu sepulcro ficou realmente vazio três dias depois e que ,as aparições pós-ressurreição de Cristo foram uma realidade material tão certa que os discípulos estavam dispostos a morrer por isso.

Hipótese da Sugestionabilidade


Uma última medida extrema deve ser considerada antes de passarmos adiante, qual seja, a hipótese da sugestionabilidade. Esta é a idéia básica que diz que os discípulos estavam por natureza altamente sugestionáveis e, assim, suscetíveis a criar do nada as aparições pós-ressurreição de Cristo e depois crer nelas. Aventa-se que sob a influência de um guru oriental como Jesus, os devotos estão aptos a pôr de lado a capacidade de pensar racionalmente ou exercitar a vontade. Assim, eles se tornam sugestionáveis, "o que significa que é provável que eles aceitem qualquer 'verdade' espiritual que lhes venha à mente. Até mais notavelmente, eles parecem estar preparados para experiências místicas e podem atribuir grande significação espiritual a virtualmente qualquer acontecimento ou pensamento, pouco importando quão mundano ou estranho seja".45

Tal propensão à fantasia por parte dos discípulos é tipicamente cha­mado "Síndrome do Grau Cinco".46 Ainda que indivíduos com persona­lidades de grau cinco possam ser bem intuitivos e inteligentes, eles também têm imaginações vividas e visuais. Assim, são altamente susce­tíveis ao poder da sugestão. Para começar, são muito crédulos. Segundo, desejam agradar (particularmente uma figura de autoridade, como Jesus). Terceiro, têm a capacidade de aceitar experiências contraditórias. Quarto, têm a denotada tendência à associação com acontecimentos novos ou incomuns. Quinto, são hábeis em relacionar tudo com a pró­pria percepção de si mesmo.47

Este complexo de características torna os indivíduos de personalidades de grau cinco particularmente suscetíveis a fantasias espirituais, "expe­riências psíquicas e extracorpóreas, e a dificuldade ocasional de dife­renciar eventos e pessoas fantasiados dos não-fantasiados".48 Se um entre doze americanos é suscetível a tal propensão,49 é racional, então talvez não seja irracional acreditar que uns meros doze discípulos também pudessem entrar nesta categoria.

Respondendo à noção de que os discípulos estavam meramente sugestionáveis e que, desse modo, aceitaram sem questionar as apari­ções pós-ressurreição de Cristo, o Dr. Lucas vem imediatamente à mente. Diz Lucas: "Tendo, pois, muitos empreendido pôr em ordem a narração dos fatos que entre nós se cumpriram, segundo nos transmitiram aos mesmos que os presenciaram desde o princípio e foram ministros da palavra, pareceu-me também a mim conveniente descrevê-los a ti, ó excelentíssimo Teófilo, por sua ordem, havendo-me já informado minu­ciosamente de tudo desde o princípio, para que conheças a certeza das coisas de que já estás informado" (Lc 1.1-4).

Uma leitura superficial do evangelho de Lucas ou de seu Atos dos Apóstolos é suficiente para demonstrar que ele era tudo menos "grau cin­co". Longe da sugestionabilidade, o dr. Lucas estava comprometido com a história. Ele se informou minuciosamente de tudo que cercava as apari­ções pós-ressurreição de Cristo. Em certo debate com o ateu e filósofo Dr. Antony Flew, o Dr. Habermas desacreditou a contenção de que os discípu­los eram pouco mais que visionários sugestionáveis. Atravessando a retó­rica de Flew com razão rigorosa, Habermas demonstrou por que uma preponderância de "historiadores críticos, filósofos, teólogos e eruditos da Bíblia" aceitam universalmente o seguinte conjunto nuclear de fatos:

As evidências fundamentais da ressurreição de Jesus são: 1) as expe­riências das testemunhas oculares dos discípulos, as quais eles criam ser aparições literais do Jesus ressurreto; estas experiências não são explicadas por teorias naturalistas e fatos adicionais corroboram estes testemunhos das testemunhas oculares. Outras evidências positivas são: 2) a proclamação inicial da ressurreição por estas testemunhas oculares, 3) sua transformação em testemunhas ousadas que estavam dispostas a morrer pelo que criam, 4) o sepulcro vazio e 5) o fato de que a ressurreição de Jesus era o centro da mensagem apostólica, todos os quais exigem explicações adequadas. Descobriu-se também que os discípulos proclamaram esta mensagem na própria Jerusalém, onde é relatada em repetidas confrontações com as autoridades, 6) os líderes judeus não puderam contestar a mensagem, embora tivessem o poder e a motivação para fazê-lo.

Além disso, 7) a própria existência da igreja, fundada por judeus monoteístas e obedientes à lei, que, no entanto, 8) cultuavam no domingo também exige causas históricas.

Dois fatos adicionalmente fortes que defendem a historicidade da ressurreição são que dois céticos, 9) Tiago e 10) Paulo, se tornaram cristãos depois de terem experiências que eles também acreditaram serem aparições do Jesus ressurreto.50

Ninguém resumiu melhor o consenso da erudição liberal e conserva­dora do que o Professor Norman Perrin, o finado estudioso do Novo Testamento na Universidade de Chicago: "Quanto mais estudamos a tradição com respeito às aparições, mais firme a pedra fica na qual elas estão baseadas".51

Neste ponto, já não deve haver dúvida de que Cristo sofreu tormento fatal, que o sepulcro vazio é uma realidade efetiva e que as aparições pós-ressurreição de Cristo não podem ser explicadas por lendas ou medidas extremas. Assim, passemos agora para o próximo capítulo cha­mado Transformação. Ali, destacaremos o fato de que, longe de ser fantasia propensa, os discípulos foram os destemidos ganhadores de adeptos que transformaram o mundo, porque eles tinham encontrado o Cristo vivo e ressuscitado.




Notas


1. Wilkins e Moreland, Jesus Under Fire, p. 147.

2. Habermas, The Historical Jesus, p. 154; cf. Wilkins e Moreland, Jesus Under Fire, pp. 42, 43, 147.

3. Habermas, The Historical Jesus, pp. 153, 154.

4. Gary R. Habermas e Antony G. N. Flew, Did Jesus Rise from the Dead? (São Francisco: Harper & Row, 1987), p. 86.

5. Strobel, The Case for Christ, p. 230. Vide Joachim Jeremias, "Easter: The Earliest Tradition and the Earliest Interpretation", New Testament Theology: The Proclamation of Jesus, traduzido para o inglês por John Bowden (Nova York: Scribner's, 1971), p. 306; Ulrich Wilckens, Resurrection (Atlanta: John Knox Press, 1978), p. 2.

6. Craig, Reasonable Faith, p. 285; vide A. N. Sherwin-White, Roman Society and Roman Law in the New Testament (Oxford: Clarendon, 1963), pp. 188-191.

7. Adaptado de Craig, Reasonable Faith, p. 285.

8. Heródoto (c. 484-424 a.C.) foi importante historiador grego.
9- Craig, Reasonable Faith, p. 285.

10. Julius Müller, The Theory ofMyths, em Its Application to the GospelHistory Examined

and Confuted (Londres: John Chapman, 1844), p. 26; conforme citado em Craig, Reasonable Faith, p. 285.

11. Craig, Reasonable Faith, 285 (grifos meus).

12. Strobel, The Case for Christ, p. 233.

13. Vide 1 Coríntios 15.6. Paulo recebeu este credo da comunidade de crentes (1 Coríntios 15.3), talvez de Pedro e Tiago em Jerusalém (vide Gaiatas 1.18,19), se não mais cedo (vide Habermas, The Historical Jesus, p. 155).

14. C. H. Dodd, "The Appearances of the Risen Christ: A Study in the Form Criticism of the Gospels", em More New Testament Studies (Manchester: University of Manchester, 1968), p. 128; conforme citado em Craig, Reasonable Faith, p. 282.

15. Craig, Reasonable Faith, p. 282.

16. Youngblood, Nelson's New Illustrated Bible Dictionary, p. 955.

17. Argumentação adaptada de Craig, Reasonable Faith, pp. 281-283.

18. Ibid., pp. 281, 282 (grifos no original).

19. Ibid., p. 283. Vide Josefo, Antigüidades Judaicas, 20:200.

20. Adaptado de Craig, Reasonable Faith, p. 283-

21. Ibid. Vide Hans Grass, Ostergeschehen und Osterberichte, 4.a edição (Gottingen: Vandenhoeck & Ruprecht, 1974), p. 80.

22. Michael Martin, The Case Against Christianity (Filadélfia: Temple University Press, 1991), p. 94.

23. Ibid., pp. 94, 95.

24. Rick Joyner, "The Heart of David: Worship and Warfare", Conference Report (Abril de 1996), fita de áudio.

25. Ibid.

26. Ibid.

27. Habermas e Flew, DidJesus Risefrom the Dead, p. 50. (Habermas cita correspon­dência pessoal do Dr. Collins, 21 de fevereiro de 1977.)

28. Ibid., p. 51. Habermas também cita J. R Brady, "The Veridicality of Hypnotic, Visual Hallucinations", em Wolfram Keup, Origin and Mechanisms of Hallucinations (Nova York: Plenum Press, 1970), p. 181; Weston La Barre, "Anthropological Perspectives on Hallucination and Hallucinogens", em Hallucinations: Behavior, Experience and Theory, editores R. K. Siegel e L. J. West (Nova York: John Wiley & Sons, 1975), pp. 9, 10.

29. Strobel, The Case for Cbrist, p. 239.

30. Craig, Reasonable Faith, p. 292.

31. Ibid., pp. 292, 293- No pensamento judaico, a ressurreição era geral, ocorreria depois do fim do mundo e não havia a concepção de uma ressurreição isolada para o Messias (ibid., pp. 290, 291).

32. Por exemplo, o ateu Morton Smith escreveu um livro procurando mostrar que Jesus empregou hipnose e outras táticas de manipulação sociopsicológicas para enganar seus adeptos (vide Morton Smith, Jesus the Magician [São Francisco: Harper & Row, 1978]).

33. Charles T. Tart, "Transpersonal Potentialities of Deep Hypnosis", Journal of Transpersonal Psycbology, n.° 1 (1970): p. 37.

34. Vide Hank Hanegraaff, Counterfeit Revival: Lookingfor God in ali the Wrong
Places
(Dallas: Word Publishing, 1997), Parte 5.
Argumentação adaptada de
Hanegraaff, Counterfeit Revival, pp. 221, 239.

35. RobertW. Marks, The Story ofHypnotism (Grand Rapids: Prentice-Hall, 1947), p. 190.

36. Ibid., p. 191.

37. Ibid., p. 193.

38. Ibid., p. 195.

39. Charles Baudouin, Suggestion andAutosuggestion (Londres: George Alien & Unwin, 1954), p. 82.

40. Argumentação adaptada de Hanegraaff, Counterfeit Revival, pp. 235, 236.

41. Marks, Story ofHypnotism, p. 150.

42. Ibid.

43. Baghwan Shree Rajneesh, Fearls the Master, Jeremiah Films, 1986, vídeo.

44. Carl Braaten, History and Hermeneutics, vol. 2, de New Directions in Theology Today, editor William Hordern (Filadélfia: Westminster Press, 1966), p. 78; confor­me citado em Habermas e Flew, Did Jesus Risefrom the Dead?, p. 24.

45. Elizabeth L. Hillstrom, Testing the Spirits (Downers Grove, Illinois: InterVarsity Press, 1995), p. 79- Noção grandemente prevalecente em nossa cultura é que os cristãos são, por natureza, sugestionáveis. Os críticos propõem o argumento de que se os cristãos do século XXI se deixam enganar pela venda do medo, jorna­lismo malfeito, sofisma e sensacionalismo que cerca, por exemplo, o suposto "Bug do Milênio", então provavelmente foi como os seguidores de Cristo do século I também foram sugestionáveis.

46. As gradações na gama de hipnotização vão de zero (quase não hipnotizável) a cinco (extremamente hipnotizável). Vide Jon Trott, "The Grade Five Syndrome", Cornerstone, vol. 20, n.° 96. Argumentação adaptada de Hanegraaff, Counterfeit Revival, pp. 237, 238.

47. Esta informação foi resumida de muitas fontes, incluindo o Dr. George Ganaway, "Historical Versus Narrative Truth", Journal of Dissociation II, n.° 4 (Dezembro de 1989): pp.- 205-220; e Steven Jay Lynn e Judith W Rhue, "Fantasy Proneness", American Psychologist (Janeiro de 1988): pp. 35-44.

48. Judith W. Rhue e Steven Jay Lynn, "Fantasy Proneness, Hypnotizability, and Multiple Personality", em Human Suggestibility, editor John F. Schumaker (Nova York: Routledge, 199D, p. 201.

49. Trott, "The Grade Five Syndrome", p. 16. Trott escreve: "Um entre doze america­nos é suscetível a criar uma memória do nada, e depois crer nisso".

50:TIabermas e Flew, Did Jesus Rise from the Dead?, p. 22.

51. Norman Perrin, The Resurrection according toMatthew, Mark, andLuke (Filadélfia:

Fortress, 1977), p. 80, conforme citado em Paul Copan, Will the Real Jesus Please

Stand UpF, p. 28 (grifos meus).