sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

A MACROEVOLUÇÃO



Retirado do livro Fundamentos Inabalaveis de Norman Geisler e Peter Bocchino, p. 145



Se se pudesse demonstrar que existiu algum organismo complexo que possivelmente não tenha sido formado por inúmeras modificações leves e sucessivas, minha teoria entraria em absoluto colapso.

Charles Darwin



QUE É MACROEVOLUÇÃO?



A macroevolução é uma teoria ou modelo das origens que sustenta a idéia de que todas as variedades deformas de vida provêm de uma simples célula ou "ancestral comum". Os macroevolucionistas crêem que, uma vez que as primeiras células vivas passa­ram a existir, foi apenas uma questão de tempo, seleção natural,1 e alterações biológicas moleculares aleatórias em seus sistemas de informação genética (mu­tações) para o aparecimento de novas características (mudanças microevolutivas). De acordo com o darwinismo, essas pequenas mudanças microevolutivas sucessi­vas vieram a acontecer por meio de variações genéticas casuais iniciadas por uma mudança de ambiente, que exerceu várias pressões sobre os organismos. Isso os induziu a mutações a fim de sobreviverem, e por fim os organismos mais adap­táveis sobreviveram (sobrevivência do mais adaptado). A sobrevivência se deu em certos organismos pela superação de limites biológicos naturais relativos a sua espécie e deu origem a novas espécies.2 {macroevolução).

Baseados neste modelo darwiniano de "origem das espécies", os macroevolucionistas crêem que todas as espécies têm um ancestral comum, inclusive a raça humana. Conseqüentemente, se­gundo a macroevolução, a vida huma­na, em última instância, é o resultado de uma série de mudanças microevo­lutivas durante um longo período de tempo, começando com as primeiras células vivas que enfim deram origem à humanidade.



HÁ VARIAÇÕES DA MACROEVOLUÇÃO




A concepção macroevolucionista mais comumente sustentada é conhecida como gradualismo. Seguindo Darwin, dois famosos cientistas que sustentam essa posição, que é o entendimento clássico do darwinismo, são Stephen Hawking e Richard Dawkins. O gradualismo afirma que são necessários períodos muito longos de tempo para se completar o que é conhecido por formas de vida transicionais ou intermediárias. Uma forma de vida intermediária é a macroevolução "em processo". Em outras pala­vras, é uma forma de vida em transição, que possui algumas características da espécie a que uma vez pertenceu e alguns atributos que no final a transforma­rão numa nova espécie. Conseqüentemente, esse modelo das origens afirma que novas formas de vida apareceram gradualmente como produto de seleção natural e de mutações genéticas através de períodos muito longos de tempo (normalmente milhões de anos).

A mais recente variação do modelo macroevolutivo se chama equilíbrios pon­tuados. Um nome preeminente associado a essa teoria é um de seus formuladores, Stephen Jay Gould (paleontólogo e professor de biologia na Universidade de Harvard). O colega de Gould, Niles Eldredge (paleontólogo do Museu Ameri­cano de História Natural, em Nova York), assistiu-o na conceituação dessa variação. Ambos haviam reconhecido que as evidências observáveis (restos de fóssil de uma forma de vida em transição) previstas pela teoria da macroevolução e necessária para dar suporte ao gradualismo eram seriamente escassas. Dessa forma, propuseram uma explicação diferente da macroevolução, que afirma que novas formas de vida se criaram pela "eclosão rápida da especiação" (esta visão é explicada e analisada abaixo). Gould e Eldredge propuseram que essas eclosões rápidas de macroevolução ocorreram em períodos de tempo relativa­mente curtos (em geral, centenas a milhares de anos) em oposição aos milhões de anos exigidos pelo gradualismo.3 A teoria ainda sustenta que as novas for­mas de vida aparecem como produto de mutações genéticas casuais ilimitadas, mas em graus de velocidade altamente acelerados, deixando poucos traços de for­mas intermediárias de vida no registro fóssil.



QUAL É O MODELO DE PROJETO?



Modelo de projeto é a teoria das origens que afirma que todas as formas de vida foram projetadas para sofrer somente variações genéticas limitadas (microevolução) afim de se adaptar e sobreviver aos estresses causados pelas mudanças ambientais. Algumas formas de vida não foram capazes de se adaptar a suas circunstâncias porque haviam alcançado as limitações de seu projeto e, conseqüentemente, se extinguiram. Os teístas que sustentam esta forma de modelo das origens de projeto crêem que a observação confirma variações microevolutivas em certo grau dentro de uma determinada espécie4 Este modelo prevê que o registro fóssil não dá testemunho das formas de transição, mas, sim, manifesta a evi­dência das formas de vida surgindo sobre a terra abruptamente e plenamente formadas, confirmando sua causa: o irromper repentino da criação. Além dis­so, este modelo prevê que as formas básicas de vida experimentaram mudanças limitadas e não exibiram nenhuma modificação direcional durante sua existên­cia sobre a terra.

O modelo de projeto das origens sustenta que as formas de vida experimen­tam apenas mudanças microevolutivas limitadas durante longos períodos de tem­po. Também assevera que as semelhanças entre as formas de vida são resultados das especificações de projetos comuns — não de um ancestral comum. De acor­do com o modelo de projeto, esse critério de projeto interdependente se prende ao fato de que todas as formas de vida compartilham um ambiente comum e devem ser capazes de funcionar adequadamente dentro de seu ecossistema. Por­tanto, baseado nesse projeto, este modelo prevê que algumas mudanças ambientais podem causar uma extinção em massa de certas formas de vida.



HÁ VARIAÇÕES DO MODELO DE PROJETO?



Basicamente, há três formas variantes do modelo de projeto das origens. Duas se referem ao tempo e a terceira, ao mecanismo. A primeira variação do modelo de projeto das origens é sustentada por teístas que crêem que o universo espaço-tempo e todas as formas de vida foram criados em seis dias sucessivos de 24 horas. Essa posição é conhecida como a teoria da terra jovem. Outros teístas sustentam que o universo material e todas as formas de vida foram formados em vários estágios progressivos, cada estágio separado por um longo período de tempo. Os teístas que sustentam essa posição crêem que cada intervalo de tempo permitiu ao ser recém-criado no ambiente ser devidamente introduzido — o que gradualmente permitia ao ecossistema alcançar seu equilíbrio natural, ou o ponto de equilíbrio. Esta variação do modelo de projeto das origens é conhecida como teoria da criação progressiva. Essas concepções diferem em rela­ção ao tempo, mas concordam essencialmente em que a ciência operacional e as evidências observáveis do registro fóssil existente não dão apoio a nenhum modelo macroevolutivo das origens.

A terceira variação do modelo de projeto das origens é conhecida como evolucionismo teísta. Os teístas evolucionistas confirmam a necessidade de uma causa primeira inteligente para todas as formas de vida. Contudo, acreditam que essa causa inteligente usou um processo de macroevolução para produzir novas formas de vida. Os teístas evolucionistas emprestam idéias de ambos os modelos: macroevolucionista e modelo de projeto das origens. Embora a macroevolução teísta possa classificada na categoria de variante do modelo de projeto, vamos criticá-la como forma variante da macroevolução. O motivo para isso é que, se podemos demonstrar que a macroevolução não é um modelo científico viável, qualquer forma de macroevolução também será automatica­mente desqualificada. Se nosso argumento se sustenta — isto é, se as evidênci­as observáveis e as leis da ciência não dão suporte à macroevolução —, então qualquer prefixo ou rótulo ("teísta", por exemplo) que se vincule ao modelo macroevolutivo não nos diz respeito.


Quando examinamos as variações tanto do modelo de projeto quanto do modelo do macroevolutivo, é de importância crítica sempre ter consciência da diferença que se deve fazer entre a ciência operacional e a ciência das origens. Não podemos permitir que nenhuma idéia infundada acerca da origem das novas formas de vida seja injetada na corrente desta análise antes das conclu­sões da ciência operacional. Se permitirmos, daremos a questão como provada, o que ocorre quando uma hipótese injustificável se intromete num argumento que apóia uma conclusão ainda não estabelecida.

Por exemplo, Stephen Jay Gould disse que o mecanismo da macroevolução é de fato desconhecido, no entanto, também afirmou ao mesmo tempo que ele é insignificante em relação ao fato da macroevolução. Disse: "Nossa luta contí­nua para entender como a evolução acontece (a teoria da evolução) não põe em dúvida nossa documentação de sua ocorrência — o 'fato da evolução'".5 Gould reconheceu abertamente que o mecanismo {como 2l macroevolução ocorre) não é conhecido, mas o "fato da evolução" {que ela ocorreu) é certo. Este é um caso simples de dar a questão como provada — a conclusão (a macroevolução é um fato) é usada como um pressuposto (a macroevolução aconteceu). Falando sem rodeios, Gould deveria ter dito: "Eu sei que a macroevolução é verdadeira por­que ela aconteceu, e eu sei que ela aconteceu porque ela é verdadeira".

Tomar como certo que de alguma forma a macroevolução aconteceu e que não há nenhuma limitação natural para alteração biológica é um pressuposto extremamente substancial e altamente questionável que precisa ser justificado. Com referência à "documentação" da macroevolução, vamos tentar demonstrar que o registro fóssil não revela essa evidência. Vamos impedir que todas as suposições, escondidas ou reveladas, influenciem modelos de origens antes que provem ser filosófica e cientificamente justificadas.



Como devem ser avaliados os modelos das origens?



Propomos que, para determinar se qualquer modelo de origens é aceitável, ele deve seguir os primeiros princípios filosóficos e não pode violar as leis da ciên­cia. Nossa meta é averiguar que modelo, o de projeto (adaptação biológica limitada — microevolução) ou a macroevolução (adaptação biológica ilimita­da) mais se conforma a esses critérios. Stephen Hawking também acrescenta mais dois elementos de teste:


Uma teoria é boa se satisfaz a duas exigências: descrever com precisão uma ampla classe de observações com base num modelo que contenha apenas alguns elementos arbitrários; e fazer predições claras acerca dos resultados de observações futuras.6


Além de se conformar aos primeiros princípios e às leis científicas, a credibi­lidade de cada modelo depende da precisão em explicar uma "ampla classe" de evidências observáveis e em testar a exatidão das predições "claras" que cada mo­delo faz com respeito a observações futuras. O modelo macroevolutivo, por exem­plo, assevera que não há limites biológicos para as alterações microevolutivas e prevê que o registro fóssil dê apoio a essa declaração com a descoberta de fósseis de espécies de transição. Ao contrário, o modelo de projeto da criação afirma que há limites para a adaptação biológica (microevolução) e prevê que o registro fóssil mostrará o surgimento abrupto de novas formas de vida plenamente desenvolvi­das. O objetivo de cada modelo deve ser oferecer uma explicação para o aparecimento de novas formas de vida, com atenção especial ao surgimento da vida humana. Uma vez que as leis da ciência e da evidência empírica tenham sido demonstradas, devemos ser capazes de julgar por nós mesmos qual modelo de origens se confor­ma mais aproximadamente com os critérios estabelecidos.

Pretendemos argumentar que a teoria da macroevolução é insustentável, mostrando que ela não é substanciada pela ciência operacional. Em primeiro lugar, vamos analisar o suposto mecanismo pelo qual se supõe que o processo da macroevolução ocorreu (seleção natural e mutações genéticas). Em seguida, examinaremos o registro fóssil para verificar se há evidências observáveis sufici­entes para satisfazer as previsões feitas pela concepção gradualista do modelo macroevolutivo.

Depois de mostrar as deficiências associadas à concepção gradualista, nos voltaremos para a variante relativamente nova da macroevolução, a hipótese chamada equilíbrios pontuados. Pretendemos demonstrar sua improbabilidade. Além do mais, demonstrar-se-á que a única alternativa lógica é o modelo de projeto de origens. Em seguida, testaremos esse modelo a fim de determinar se é uma opção científica viável, isto é, se satisfaz os critérios de uma boa teoria. Se isso acontecer, precisamos apenas apresentar todos os dados concernentes às origens de modo sistemático para verificar que variação do modelo de projeto das origens — o da terra jovem ou o da criação progressiva — corresponde mais precisamente a todas as evidências.



A SELEÇÃO NATURAL DÁ APOIO À MACROEVOLUÇÃO?



Todo modelo de origem deve responder a esta pergunta: "O que produziu esse efeito?". Um modelo das origens precisa de uma causa que realize o trabalho em questão. No caso das causas naturais, deve haver um processo ou mecanis­mo natural que possa produzir o efeito. A microevolução explica a variação dentro de uma determinada espécie, mas a macroevolução deve fornecer um mecanismo que explique como uma forma de vida finalmente se transforma em uma outra. Por essa razão, uma das primeiras questões que precisa ser res­pondida é: "Há algum limite genético ou biológico (limitações de projeto) dentro da estrutura de tipos genéticos?".

Se, como a teoria evolucionista afirma, não há limites para alterações bioló­gicas, também é preciso perguntar: "Como o organismo sabe que tipo de mu­tação genético é necessário para se transformar no tipo de ser que será capaz de sobreviver no novo ambiente?". Não nos esqueçamos de que seleção implica a idéia de escolher entre alternativas, e para isso é necessário inteligência. O DNA, em siy não tem mente para escolher coisa alguma, para selecionar sozinho um novo código de sobrevivência. Como pode haver alguma meta ou seleção sem nenhuma inteligência envolvida no processo? Em outras palavras, como um organis­mo sabe que deve adaptar-se ao seu ambiente a fim de continuar existindo? Por que simplesmente não morre? Essas perguntas nos levam de volta à única res­posta lógica — as células devem ter sido programadas por uma mente inteli­gente, que as projetou para ter uma adaptação limitada ao ambiente em transformação. Com esses parâmetros de projeto em ordem, certas mudanças ambientais disparam ajustes específicos dentro do sistema biológico e permi­tem que ele se adapte ao ecossistema em transformação até onde seus limites permitirem.

Pense, por exemplo, num computador que opera e controla um avião quan­do o piloto muda a chave para o piloto automático. O computador foi projeta­do para perceber as mudanças de pressão, altitude, velocidade do vento e outras dinâmicas a fim de fazer as alterações apropriadas para os sistemas essenciais que mantêm o avião na sua rota. Contudo, se o ambiente se alterar além dos parâmetros programados no computador, ou o piloto assume o controle, ou os resultados serão desastrosos.

Os macroevolucionistas insistem, não obstante, que não há limitações de mudanças nos sistemas biológicos. Naturalmente, a macroevolução "em pro­cesso" não pode ser observada. As grandes transições evolutivas são considera­das singularidade (supostamente ocorreram apenas uma vez). Portanto, os macroevolucionistas apelam para uma analogia chamada seleção artificial para apoiar sua reivindicação. Sustentam que, uma vez que a seleção artificial pode produzir mudanças significativas num curto período de tempo, a seleção natu­ral produziria mudanças até maiores em períodos longos de tempo. Para verifi­car se essa analogia é válida, precisamos simplesmente testá-la.

Primeiro, é preciso reconhecer que as analogias não provam, elas meramen­te esclarecem ou ilustram. Uma analogia é aceitável somente se os seus elemen­tos têm mais semelhanças do que diferenças. Se o oposto é verdadeiro, então não é uma analogia válida. Nossa tarefa é demonstrar a implausibilidade dessa analogia particular, que já foi cuidadosamente examinada e é citada na tabela a seguir.

A comparação mostra claramente que ao invés de semelhantes, a seleção artificial e a natural são opostas nos aspectos mais críticos. Por esta razão, a analogia não é boa e não fornece nenhuma evidência observável que sustente a credibilidade da seleção natural como mecanismo válido para a macroevolução. Mesmo assim, alguns macroevolucionistas ainda sustentam que a seleção arti­ficial demonstra a validade da seleção natural, e eles apelam para a ciência operacional citando projetos de pesquisa como, por exemplo, os experimentos da mosca-das-frutas.


Seleção artificial


Meta: Finalidade em vista

Processo: Processo dirigido inteligentemente

Escolhas: Escolha inteligente dos descendentes

Proteção: Descendentes protegi­dos de forças destrutivas

Anormalidades: Preserva as anormalidades desejadas

Interrupções: Interrupção continuada para alcançar a meta desejada

Sobrevivência: Sobrevivência preferencial



Seleção natural

Meta: Nenhuma finalidade em vista

Processo: Processo Cego

Escolhas: Nenhuma escolha inteli­gente dos descendentes

Proteção : Descendentes não prote­gidos de forças destrutivas

Anormalidades: Elimina a maior parte das anormalidades

Interrupções: Não há interrupções continuadas, pois não há nenhuma meta a atingir.

Sobrevivência: Não há sobrevivência preferencial



O QUE DIZER DOS EXPERIMENTOS COM A DROSÓFILA (MOSCA-DAS-FRUTAS)?




Os macroevolucionistas sustentam que o processo cego produziu a complexi­dade especificada da vida pelas mutações que ocorreram principalmente du­rante a replicação do dna, por deleção, adição, ou alteração de um único nucleotídeo. Mas a verdade é que as mutações são equívocos, erros que violam as regras da ortografia e da gramática da linguagem do dna. Esses erros são análo­gos aos cometidos quando se escreve um manuscrito. Os macroevolucionistas afirmam que esse é o meio pelo qual a estrutura genética de um organismo se altera e produz rupturas capazes de produzir novas formas de vida. Mas como os erros podem ser a base para a adaptação? As adaptações às mudanças do ambiente requerem conhecimento do que é necessário alterar a fim de sobrevi­ver como um dos mais adaptados. O que se vê é que para as adaptações serem significativas devem ser o resultado de um projeto inteligente, não o produto do tempo e de forças cegas.

Na tentativa de providenciar evidências observáveis para apoiar sua posi­ção, os macroevolucionistas põem a prova sua hipótese com o que veio a ser conhecido por "burro de carga genético" da macroevolução: uma mosca-das-frutas chamada drosófila. Os cientistas macroevolucionistas têm tentado mudar a drosófila por diversos meios nos últimos 75 anos na tentativa de forçá-la, com as mutações, a transformar-se em alguma nova forma de vida. Contudo, mesmo com a intervenção inteligente e em condições controladas no laborató­rio, todos os esforços dos macroevolucionistas têm sido em vão. A drosófila permanece aquilo que sempre foi — uma mosca-das-frutas. Ao invés de de­monstrar que os limites genéticos não existem, a drosófila provou exatamente o oposto.7

Por que os geneticistas macroevolucionistas não conseguem que a drosófila se transforme numa nova forma de vida? A resposta simples é que o código genético da mosca-das-frutas foi criado com certos limites, e a informação ne­cessária para transformar esse código numa nova forma de vida não existe den­tro da estrutura molecular ou nos parâmetros do projeto da drosófila. Além disso, um novo tipo genético requer mais que simplesmente uma modificação de gene, necessita de uma nova informação/material genética, inclusive a inte­ligência para construí-lo. Conseqüentemente, se os macroevolucionistas inteli­gentes não conseguem realizar essa tarefa pela própria engenhosidade, por que devemos considerar a idéia de que ela pode acontecer por variações genéticas acidentais? Logo, concluímos que, se as teorias científicas devem permanecer científicas, elas devem ficar estritamente dentro dos parâmetros da ciência operacional. A drosófila fornece evidências observáveis sólidas que confirmam a implausibilidade tanto da seleção natural quanto da artificial como meca­nismos viáveis em favor da macroevolução. Na realidade, a pesquisa deles serve como evi­dência observável forte para au­torizar a afirmação do modelo de projeto de que a variação macro evolutiva ocorre dentro dos limites genéticos.



Que dizer do emprego de modelos de computador e analogias?

Alguns cientistas convocam modelos matemáticos e outras analogias para de­monstrar que mutações genéticas aleatórias, durante longos períodos de tem­po, podem produzir a complexidade especificada requerida para a vida e para surgir novas formas de vida. Por exemplo, Stephen Hawking refere-se a "um conhecido bando de macacos batendo nas teclas de uma máquina de escrever — a maior parte do que escrevem é lixo, mas muito eventualmente, por pura sorte, eles datilografariam um soneto de Shakespeare". De modo semelhante, as mutações casuais não poderiam produzir esse tipo de ordem que finalmente daria origem à primeira forma de vida (uma simples célula) e novas formas de vida?

O texto que usamos para determinar a credibilidade da analogia entre a seleção artificial e a seleção natural também pode ser usado para testar a analo­gia do macaco. Antes disso, é importante observar que os macroevolucionistas usam muitas outras analogias baseadas em evidências circunstanciais, entre elas anatomia comparativa, embriologia, bioquímica comparativa e estrutura comparativa de cromossomos. Todavia, tudo isso não prova nada em relação às evidências observáveis e à ciência operacional. Por causa disso, esta será a última analogia que analisaremos, pois nosso propósito é testar a validade dos aspectos fundamentais dos modelos de origens, não dar um panorama de evidências circunstanciais.

Precisamos apenas voltar à ciência operacional e ao primeiro princípio da biologia molecular com respeito à teoria da informação: a lei de complexidade especificada. Esta lei confirma que o conteúdo de informação do texto genético não pode surgir sem causa inteligente. A inteligência é precondição necessária para a origem de qualquer código de informação, inclusive o código genético, não importa quanto tempo leve. Portanto, qualquer analogia que tente explicar o código genético sem intervenção inteligente desqualifica-se automaticamen­te como explicação científica.

Além do mais, propor que macacos sentados em frente a uma máquina de escrever depois de algum tempo acabem datilografando um soneto de Shakespeare vai muito além do escopo da ciência no que se refere à estatística. Um especialista em estatística decidiu tentar resolver a probabilidade de tal esforço:


William Bennett criou no computador um trilhão de macacos diante de máquinas de escrever, digitando dez teclas por segundo ao acaso. Teríamos de esperar um trilhão de vezes a idade estimada do universo para ver sequer a frase "Ser ou não ser: eis a questão". Pode não ser teoricamente impossível uma chaleira de água congelar-se quando colocada sobre uma boca de fogão acesa, mas a probabilidade real é tão absurda que mal vale a pena falar sobre isso.8


Se é difícil imaginar macacos sentados quietos diante de escrivaninhas dati­lografando, é muito mais difícil ainda imaginar que não haja macacos rasgando papéis e derrubando as máquinas de escrever das escrivaninhas — nem todos os macacos têm a capacidade de construir. Nem tampouco as mutações têm. Para dizer a verdade, quase todas, se não todas, as mutações são erros destrutivos que prejudicam a sobrevivência do organismo.

Richard Dawkins dá uma versão mais criativa e modificada da mesma ana­logia, mas de modo que a faz parecer mais factível. Diz:


Eu não sei quem primeiro assinalou que, dado tempo suficiente, um maca­co esmurrando aleatoriamente uma máquina de escrever poderia produzir todas as obras de Shakespeare. A frase operativa é, naturalmente, dado tem­po suficiente. Limitemos a tarefa defrontando-nos um pouco com o nosso macaco. Suponha que ele tenha de produzir, não as obras completas de Shakespeare, mas apenas a curta sentença: "Methinks it is like a weasel" [Acho que ela parece uma fuinha], e tornaremos a tarefa relativamente fácil dando-lhe uma máquina de escrever com um teclado restrito, com apenas 26 letras (maiúsculas) e uma barra de espaço. Quanto tempo ele levará para escrever essa frase curta? [...] A probabilidade de ele conseguir formular a frase toda corretamente é [...] de cerca de 1 em 10 000 milhões, milhões, milhões, milhões, milhões. Falando de maneira mais simples, a frase que procuramos demoraria muito tempo a chegar, sem falar nas obras completas de Shakespeare. Até aqui falamos de um único estágio de variação aleatória. Que dizer a respeito da seleção cumulativa: quanto ela seria mais eficaz? Muito, muito mais eficaz [...] Usamos novamente nosso macaco de compu­tador, mas com uma diferença crucial em seu programa. Ele começa nova­mente escolhendo ao acaso a seqüência de 28 letras [caracteres], exatamente como antes:


WDLMNLT DTJBKWIRZREZLMQCO P


Ele agora "gera" desta frase aleatória. Duplica-a repetidas vezes, mas com uma certa probabilidade de erro casual — "mutação" — no copiar. O compu­tador examina as frases mutantes sem sentido, a "progênie" da frase original, e escolhe aquela que, embora ligeiramente, mais se parece com a frase alvo,

"methinks it is like a weasel".9


Observe como a analogia de Dawkins está se distanciando cada vez mais da não-inteligência, das mutações ao acaso. Ele concorda que a seleção de "um único passo" não funciona. (Com "único passo" ele quer dizer a mutação que se "apaga" depois de ocorrer e precisa começar de novo de onde estava antes de ocorrer [a mutação]). Em seguida dá a entender que a mutação que segue na direção "certa" é armazenada para ser acionada posteriormente. Esse efeito cu­mulativo (o armazenamento das formas mutantes favoráveis do organismo) supostamente vai ajudar o organismo a alcançar o seu objetivo pretendido, que ele chama de "alvo". Todavia, como esse organismo "sabe" qual é o alvo ou mesmo como ele pode "saber" que não é explicado.

Isso não freia Dawkins. Ele continua sua ilustração mostrando que o maca­co do computador conseguiu atingir sua "frase alvo" mais rápido utilizando o método da seleção cumulativa em oposição à seleção de "único passo".


Há uma grande diferença, portanto, entre a seleção cumulativa (em que cada melhora, embora leve, é usada como base para construção futura) e a seleção de "único passo" (em que cada tentativa é uma nova tentativa). Se a evolução tivesse que depender da seleção de "único passo", jamais teria ido a lugar algum. Se, no entanto, tivesse havido algum meio pelo qual as condi­ções necessárias para a seleção cumulativa pudessem ter sido estabelecidas pelas forças cegas da natureza, as conseqüências poderiam ser estranhas e maravilhosas. De fato, foi exatamente isso que aconteceu neste planeta.10


Precisamos parar aqui e analisar as duas últimas frases. "Se [...] as condições necessárias [...] pudessem ter sido estabelecidas pelas forças cegas [...] De fato, foi exatamente isso que aconteceu". Espere um pouco — o que aconteceu e como aconteceu? Devemos aceitar a suposição cientificamente injustificada: "Se as condições necessárias pudessem ter sido estabelecidas pelas forças cegas" como uma premissa maior verdadeira por puro salto de fé "cega"? Temos de acreditar que é "de fato", e não apenas algum esforço desesperado de ajudar Dawkins a explicar por que a macroevolução é um modelo viável? Como as "forças cegas da natureza" estabeleceram as condições necessárias e criaram um software (informação) se existia apenas o hardware (matéria)? Quem criou o programa original? A validade da proposição total de Dawkins repousa sobre a credibilidade da premissa maior. E essa premissa maior contém uma suposição incrivelmente injustificável que de novo revela um raciocínio circular.

Como as condições necessárias para uma informação altamente especificada e complexa foram estabelecidas é o aspecto mais importante da teoria da macroevolução. Dawkins negligencia e, desse modo, deixa de ir diretamente aos fundamentos da ciência dando explicação de como a informação veio a existir (o princípio da causalidade). Ele indiretamente mostra com sua analo­gia de computador que deve haver uma relação direta entre a informação (mente/ software) e a estrutura molecular (hardware). Todavia, jamais dá nenhuma ex­plicação de como a matéria sem inteligência é capaz de estabelecer as condições necessárias para alguma coisa, sem mencionar a complexidade necessária para a vida e novas formas de vida.

A citação seguinte é extensa e pode ser difícil de acompanhar. Mas se você tiver calma e ler cui­dadosamente, ela vai ajudá-lo a enxergar por que a mutação da matéria, de único passo ou cumu­lativa, é insuficiente para produ­zir novas formas de vida.



As moléculas de tinta que mediam o conteúdo deste livro têm sua própria ar­quitetura química, que reproduz as frases escritas em preto, de modo legível e perceptível. Essa arquitetura das moléculas existe como sistema fechado e faz que a tinta — ou a tinta da impressora — se torne preta. Simultaneamente, também forne­ce uma base para a forma codificada super imposta de uma linguagem. Essa forma escrita de linguagem se baseia na arquitetura da tinta da impressora, sem se originar dela. Nem tampouco a informação contida nas moléculas da tinta da impressora dá base para o conteúdo, o conteúdo codificado do livro completo, embora a arquitetura da tinta e a arquitetura de uma sentença ou da escrita sejam certamente interdependentes. Todavia, a constituição química da tinta é completamente independente do conteúdo codificado do texto do livro. Foi imposta à química da tinta informação externa. Essa informação pertence à ordem do segundo tipo.

Se se derramar água num texto escrito a tinta, esse texto vai ser modifi­cado ou parcialmente manchado, mas jamais uma nova informação seria fundamentalmente acrescentada ao texto desse jeito. A química das muta­ções na informação do código genético tem efeito semelhante ao da água em nosso texto. As mutações modificam ou destroem a informação genética já existente, mas nunca criam nenhuma nova informação. Jamais criam, por exemplo, um órgão biológico inteiramente novo, como um olho ou um ouvido. Aí repousa um erro [...] de que fundamentalmente uma nova infor­mação se cria pelas mutações [...]

As propriedades químicas dos átomos do carbono que afetam a natureza da molécula do dna têm pouco a ver com o conteúdo codificado dos ácidos nucléicos, embora ambos sejam interdependentes — exatamente como a tinta da impressora e o conteúdo do texto. Esses dois estágios podem ser distintos um do outro da seguinte maneira: o primeiro tipo de ordem não inclui nenhum "projeto" ou teleonomia11, enquanto o segundo tipo de or­dem (escrita) inclui a teleonomia codificada e os projetos codificados. Do mesmo modo que a tinta da impressora não contêm intrinsecamente ne­nhum código que indique "grama", o primeiro tipo de ordem não contém nenhum código simulado nem informação armazenada. Mas o escrito codi­ficado registrado com a ajuda da tinta da impressora contém tanto o primei­ro como o segundo tipo de ordem. No segundo tipo, a informação adicional que excede e transcende a da química pura está incluída.

Naturalmente, os fenômenos de duas ordens superimpostas estão espa­lhados. Um pedaço de ferro jogado contém a ordem abrigada pelo ferro. Mas essa ordem não é suficiente para construir a ordem do eixo de um carro. A informação necessária para construir o eixo de um carro não é inerente ao ferro. Contudo, uma informação "estranha" adicional ao eixo pode ser impressa na informação abrigada pelo ferro. Tendo em mãos a planta de um carro e o ferro e usando os dois numa oficina, constrói-se o eixo. O ferro em si, porém, não tem a informação codificada na planta do carro, mas pode receber e contê-la, de modo que o eixo passe a existir. Destarte, o eixo do carro possui ao mesmo tempo as propriedades da planta e as das moléculas do ferro. Portanto, o eixo do carro é um tipo de híbrido entre os dois tipos de ordem.

Da mesma forma, os componentes químicos dos ácidos nucléicos e das proteínas da vida não têm informação suficiente para criar uma ameba ou um homem. Mas tendo um conceito de vida (um projeto, digamos) e com­binando essa informação codificada com as propriedades dos componentes dos ácidos nucléicos (ou das proteínas), pode-se formar um homem ou uma ameba. Entretanto, a matéria sozinha — nem mesmo a matéria da qual os ácidos nucléicos ou as proteínas são formados — não possui a informação de um projeto codificado necessário para fazer um homem. Um organismo vivo é um híbrido entre os dois tipos de ordem.12


A relação entre o software e o hardware é a relação entre a mente e a matéria. Essa percepção é tudo que se precisa para verificar a impossibilidade da metá­fora macroevolucionista do macaco na máquina de escrever. A mesma impossi­bilidade aplica-se a todas as outras comparações feitas pelos macroevolucionistas baseadas em evidências circunstanciais, entre elas a anatomia compara­da, a embriologia, a bioquími­ca comparada e a estrutura dos cromossomos comparada.

Concluímos, portanto, que a inteligência é o verdadeiro "elo perdido" da cadeia da teoria macroevolucionista. Sem o pro­gramador original para produ­zir o software, o computador não pode operar de forma alguma. Não somente isso, o hardware sozinho nunca seria capaz de gerar espontaneamente um programa auto-replicante que se modifique cumulativamente para produzir uma versão mais maravilhosamente complexa e especificada de sua versão original. Isso é o que tem de ser demonstrado para que a macroevolução possa ter bases em leis científicas e em evidên­cias observáveis. Entretanto, a ciência operacional não conhece nenhum mecanis­mo que dê apoio à novidade biológica por meio de mutações cumulativas. O registro fóssil é a única evidência observável para ajudar no apoio à reivindica­ção de que o acúmulo de pequenas mutações durante longos períodos de tem­po foi responsável por novas formas de vida. E assim nos voltamos para a disciplina da paleontologia a fim de examinar essas evidências.



O QUE SE PODE AFIRMAR SOBRE O REGISTRO FÓSSIL (EVIDÊNCIA PALEONTOLÓGICA)?



Se os macroevolucionistas como Richard Dawkins estão corretos a respeito do gradualismo — se o acúmulo de pequenas alterações durante longos perío­dos de tempo ocorreu, então esse fato histórico deve ser verificável no registro fóssil. Se a macroevolução ocorreu de fato ocorreu de modo gradual por meio de mudanças microevolutivas cumulativas e ilimitadas, então as transições en­tre as formas de vida devem aparecer na evidência paleontológica como parte do que o organismo era em seu estado original e parte daquilo em que se estava transformando como uma nova forma de vida.

A concepção gradualista prevê que uma grande classe de fósseis intermedi­ários ou transicionais deve ser descoberta no registro fóssil. Pode-se verificar essa previsão produzindo evidências fósseis de transições graduais de for­mas de vida relativamente simples em formas de vida cada vez mais comple­xas. Por exemplo, o registro fóssil deve ser preenchido com algum tipo de combinação de um peixe num está­gio de transição, quando ele está-se tornando anfíbio (digamos, peixíbio), ou uma mistura de um réptil em tran­sição que está se transformando numa ave (digamos, reptave).

A paleontologia é o estudo das formas de vida existentes nos tempos pré-históricos conforme representadas pelos restos fósseis de plantas, animais e outros organismos. Fóssil é um remanescente de um organismo de uma era geológica passada, como, por exemplo, um esqueleto de um animal ou uma folha impressa incrustado e preservado na crosta terrestre. Com isso em mente, comecemos bem do princípio, num ponto da história conhecido por período Pré-cambriano, e vejamos o que o registro tem para nos dizer.

Na geologia, o período de tempo Pré-cambriano é a divisão de tempo mais antiga e maior pelo qual os estratos da rocha são organizados. Considera-se que essa era inclui o intervalo total de tempo que começou com a formação da crosta sólida da terra e terminou quando a vida nos mares havia começado a florescer. E o espaço de tempo que precede o período Cambriano e é caracteri­zado pelo aparecimento das formas primitivas de vida. Supõe-se que os princi­pais processos macroevolutivos tenham ocorrido dentro dos limites de tempo entre o Cambriano e o Pré-cambriano, o que faz deste período a maior e a mais larga lacuna do registro fóssil. Portanto, os estratos geológicos que ligam essas duas eras deveria estar transbordando de evidências fossilizadas que apóiam as afirmações dos gradualistas.

Entretanto, não há absolutamente nenhuma evidência que indique como os cinco mil tipos ge­néticos de vida animal e marinha supostamente evoluíram durante essas duas eras. Esta é uma re­alidade curiosa que não se encaixa no modelo macroevolucionista dos gradualistas. Na verdade, a pri­meira evidência de vida de animais invertebrados aparece num surpreendente e notável repente no período Cambriano. O público em geral teve notícia disso pela primeira vez pelo artigo de capa da revista Time, que dizia:


543 milhões de anos atrás, no início do Cambriano [período], no espaço de tempo de não mais que um milhão de anos, criaturas com dentes, tentácu­los, garras e mandíbulas se materializaram com aparições repentinas. Numa eclosão de criatividade nunca antes vista, 3. natureza parece ter esboçado os projetos para praticamente todo o reino animal. Essa explosão de diversida­de biológica é designada pelos cientistas como o big-bang da biologia.


Durante décadas, os defensores da teoria da evolução, começando com Charles Darwin, tentaram argumentar que o aparecimento de animais multicelulares durante o [período] Cambriano parecia meramente repenti­no, mas na verdade havia sido precedido de um longo período de evolução cujo registro geológico estava perdido. Mas esta explicação y embora remenda­da numa teoria magistralmente contrária, agora parece progressivamente insatisfatória. Desde 1987, descobertas de importantes sítios fósseis na Groelândia, China, Sibéria, e agora na Namíbia, mostraram que o período da inovação biológica ocorreu praticamente no mesmo instante do tempo geo­lógico em todo o mundo [...]

Foi durante o Cambriano (e talvez somente durante o Cambriano) que a natureza inventou os projetos de corpo animal que definem os amplos gru­pos biológicos conhecidos como filos, que abrange tudo de classes e ordens a famílias, gêneros e espécies. Por exemplo, o filo dos cordados inclui ma­míferos, aves e peixes. A classe dos mamíferos, por sua vez, abrange a or­dem dos primatas, a família dos hominídeos, o gênero Homo e a nossa própria espécie, Homo sapiens.

Os cientistas pensavam que a evolução dos filos havia ocorrido durante um período de 75 milhões de anos, e mesmo assim parecia impossivelmente curto. Então, dois anos atrás, um grupo de pesquisadores liderados por John Grotzinger, Samuel Bowring do MIT e Andrew Knoll [paleontologista na Uni­versidade de Harvard] tomou este problema que já se estendia e intensificou sua crise. Em primeiro lugar, esst grupo acertou o relógio geológico, redu­zindo o período Cambriano a cerca de metade de sua extensão anterior. Em seguida, os cientistas anunciaram que o intervalo da principal inovação evolutiva não abarcava o total de 30 milhões de anos, mas concentrava-se no primeiro terço. "Rápido", [Stephen Jay] Gould da Universidade de Harvard observa, "agora é muito mais rápido do que pensávamos". [...] Naturalmen­te, entender o que tornou possível a explosão Cambriana não trata da ques­tão maior do que a fez acontecer tão rapidamente. Aqui os cientistas sutilmente escorregam no que se refere aos dados, sugerindo possibilidades de acontecimen­tos com base na intuição em vez de evidências sólidas [...]

A explosão Cambriana fez que os especialistas questionassem se os dois imperativos darwinianos da variação genética e da seleção natural fornecem uma estrutura adequada para entender a evolução. "O que Darwin descreveu em A origem das espécies", observa o paleontólogo Narbonne, da Queens'University, "foi o tipo de evolução de pano de fundo fixo. Mas parece haver também uma espécie de evolução não-darwiniana que funciona em pe­ríodos de tempo extremamente curtos — e que está onde toda a ação está".13


Os pesquisadores agora dizem que essa explosão Cambriana levou até menos tempo que se pensava anteriormente e revisaram esse tempo redu­zindo-o para-dez milhões de anos. Porém não importa como eles arranjem o modelo, essa eclosão rápida de criação da vida é diametralmente oposta ao gradualismo. Michael Behe, professor adjunto de bioquímica da Lehigh University, diz:


Pesquisas cuidadosas mostram apenas um conhecimento superficial de fós­seis de criaturas pluricelulares em rochas com mais de 600 milhões de anos. Todavia, em rochas só um pouco mais jovens se vê uma profusão de animais fossilizados, com uma multidão de projetos de corpo amplamente diferen­tes. Recentemente o tempo estimado de duração da ocorrência da explosão foi revisado de 50 milhões para 10 milhões de anos — um piscar de olhos para o tempo geológico. A redução do tempo estimado forçou os escritores de manchetes a andar tateando em busca de novos superlativos. Entre os favoritos está o "big-bang biológico". Gould argumentou que "a velocidade rápida de aparecimento de novas formas de vida exige um novo mecanismo diferente da seleção natural para sua explicação(14)


A previsão macroevolucionista de mudança lenta em períodos muito longos de tempo — o gradualismo — provou-se falsa no que se refere aos primórdios da aparição da vida e de novas formas de vida. Já desde o início, a disciplina da paleontologia não oferece nenhuma evidência observável que a apóie. Se isso é verdadeiro para a maior lacuna, com base em quê deveria qualquer pessoa inte­ligente aceitar a alegação de que os fósseis de transição existem em todo o restante dos registros, com exceção de alguns elos perdidos? Vamos examinar também essa afirmação.



Exceto alguns elos perdidos, o registro fóssil não é completo?



Mais uma vez, Charles Darwin admite que "se se pudesse demonstrar que existiu algum organismo complexo que possivelmente não tenha sido formado por inúmeras modificações leves e sucessivas, minha teoria entraria em absolu­to colapso".15 Já mostramos que a teoria de Darwin entrou em colapso no nível da biologia molecular. Na verdade, Michael Behe dedicou todo o seu livro, Darwin 's black box [A caixa-preta de Darwin], a esse fim. Sua tese central se concentra no fato de haver muitos órgãos que não foram e não podem ser "formados por inúmeras modificações leves e sucessivas".

Behe explica que alguns sistemas biológicos são irredutivelmente complexos. Isto é, eles não podem ter evoluído como partes independentes para formar um todo integrado — vieram num pacote completo. Uma ratoeira, por exem­plo, é irredutivelmente complexa, se qualquer uma de suas partes for removi­da, ela não pode funcionar. Behe cita elementos do corpo humano que não poderiam ter evoluído porque são igualmente irredutivelmente complexos: a molécula do dna, a visão, a coagulação do sangue, o transporte celular e mui­tos outros.

Na replicação do dna, por exemplo, as proteínas são necessárias para pro­cessar a informação na estrutura de dupla hélice. Todavia, a informação paraformar essas proteínas já está armazenada como dados codificados na hélice dupla!16 E isso que que­remos dizer quando dizemos que no nível molecular, de acordo com seu próprio critério de falseamento, a teoria de Darwin entrou em "absoluto" colapso. A seguir, va­mos aplicar o teste de Darwin para o registro fóssil e as formas de transição.

A concepção macroevolutiva das origens baseada no gradualis­mo prevê um grande grupo de fósseis de transição. Estes fósseis existiriam como evidência das transições graduais de formas relativamente simples de vida evoluindo para formas de vida mais complexas durante períodos muito longos de tempo. Por aproximadamente 140 anos (equivalente a 500 milhões de anos geológicos de evidência fóssil) os macroevolucionistas predisseram que seria somente uma questão de tempo para que a evidência paleontológica fosse descoberta e desse apoio a essa teoria. Em vez de discutir como os artistas deveriam imaginar que tipo de carne e músculo pertence a determinado tipo de osso ou fragmentos do crânio,17 precisamos apenas citar os macroevo­lucionistas intelectualmente sinceros que admitiram a falta de evidências com respeito aos "elos perdidos".

A verdade do assunto é que o registro fóssil não mostra nenhuma evidência de fosseis de transição e conseqüentemente não descreve com precisão nenhuma grande classe de observações. Todavia, por muitas décadas, os livros-texto de ciência mantiveram em segredo a verdade a respeito dessas principais lacunas e descre­veram a macroevolução como uma cadeia de vida com poucos elos perdidos. Por exemplo, conforme a macroevolução, os humanos e os macacos suposta­mente têm um ancestral comum. Acredita-se que também compartilhem um ancestral comum com o cavalo. Imaginam-se relações semelhantes de ligação na totalidade dos reinos animal e vegetal. Essas inter-relações se chamam filogenia e são descritas num tipo de fluxograma de associações chamado árvore filogenética(18) Como se mostra aqui, o conceito dessa árvore foi desenvolvido pelos macroevolucionistas para mostrar como o modelo deles explica a diver­gência de todas as coisas vivas que provêm de um "ancestral co­mum". Os ramos representam as transições que remetem ao ances­tral comum, e as novas formas de vida aparecem como as folhas da árvore filogenética.


A maior parte dos livros-tex­to de ciência retrata a macroevolução como uma árvore com ramos que revelam várias especiações*. Contudo, a analogia da árvore filogenética é uma distor­ção grosseira dos fatos. Só em tempos relativamente recentes os macroevolucionistas enfrentaram a verdade e fizeram confissões públicas como a que se segue, de Stephen Jay Gould:


A raridade extrema de formas transicionais no registro fóssil persiste como a transação secreta da paleontologia. As árvores evolutivas que adornam nossos livros-texto têm dados somente nas pontas e nos nódulos de seus ramos, o restante é inferência, que por mais razoável que seja, não é a evidência dos fósseis.19


Em resumo, não há nenhuma árvore, apenas galhos finos e as folhas sem ramos nem tronco! A falta de evidências paleontológicas que dêem apoio ao gradualismo foi escondida por muitos anos na tentativa de suprimir a verdade e criar um caso em favor da macroevolução baseado no apelo ao público. Essa tática particular foi usada para ganhar o apoio da população não-científica a fim de fazer da macroevolução um modelo de origens amplamente aceito. Para que você não ache que isso é opinião nossa, pense novamente à luz da seguinte citação escrita mais de quarenta anos atrás na introdução do livro de Charles Darwin, Origem das espécies, na reedição de 1956 [em inglês]:


Como sabemos, há uma grande divergência de opinião entre os biólogos, não somente a respeito das causas da evolução, mas até a respeito do processo real. Essa divergência existe porque as evidências são insatisfatórias e não permitem nenhuma conclusão certa. E certo e próprio, portanto, dirigir a atenção do público não-científico para as discordâncias a respeito da evolução. Mas algu­mas observações recentes de evolucionistas mostram que eles pensam que isso não é razoável. Esta situação, em que cientistas se reúnem para a defesa de uma doutrina que são incapazes de definir cientificamente, muito menos de demonstrar com rigor científico, tentando manter seu crédito com o público pela supressão da crítica e eliminação das dificuldades, é anormal e indesejável em ciência?20


A maioria dos macroevolucionistas ignorou essa admoestação e, ao contrá­rio, tentou estabelecer a própria posição, induzindo o público em erro e ape­lando para o sentimento popular e opiniões, em vez de apelar para a ciência operacional e as evidências observáveis. A verdade, porém, é que os dados evi­dentes e as leis da ciência não dão suporte a um mecanismo digno de confiança para a macroevolução gradualista.

Não há nenhuma árvore filogenética, mas os gradualistas desculpam-se por essa pretensão empírica pondo a responsabilidade dela no registro fóssil. Gould cita Darwin nesse assunto e assinala que Darwin chamou o registro geológico de "extremamente imperfeito". Ele também conta que Darwin afirmava que esse fato explica por que os fósseis intermediários não existem.21 Gould diz que "o argumento de Darwin ainda persiste como a fuga favorita da maioria dos paleontólogos do em­baraço de um registro que parece mostrar tão pouco da evolução di­retamente" ?22 Richard Dawkins acrescenta que "algumas lacunas importantes realmente se devem a imperfeições no registro fóssil. As lacunas muito grandes, tam­bém".23


Darwin e Dawkins estão cor­retos? O fato de o registro fóssil não dar base para as previsões do gradualismo pode ser atribuído à idéia de que o registro é imperfeito? Gould pensa que essa desculpa é difícil de imaginar:


Todos os paleontólogos sabem que o registro fóssil contém pouca quantida­de preciosa no caminho das formas intermediárias. As transições entre os grupos principais são caracteristicamente abruptas. Os gradualistas normal­mente escapam desse dilema invocando a extrema imperfeição do registro fóssil [...] Embora eu rejeite esse argumento, admitamos esse escape tradi­cional e façamos uma pergunta diferente. Mesmo que não tenhamos evidên­cia direta de transições claras, podemos inventar uma seqüência razoável de formas intermediárias — a saber, organismos viáveis em funcionamento — entre os ancestrais e os descendentes nas transições estruturais principais? Qual a utilidade possível dos estágios incipientes imperfeitos das estruturas úteis? Que vantagem há numa meia-mandíbula ou numa meia-asa? O con ceito de pré-adaptação fornece uma resposta convencional que nos permite argumentar que os estágios incipientes desempenharam funções diferentes. Uma meia-mandíbula funcionou perfeitamente bem como uma série de os­sos que sustentam as guelras. Uma meia-asa pode ter sustentado a presa ou controlado a temperatura do corpo. Considero a pré-adaptação importante, um conceito indispensável até. Mas uma história plausível não é necessaria­mente verdadeira. Não duvido de que a pré-adaptação possa salvar o gradualis­mo em alguns casos, mas ela nos permite inventar uma história de continuidade na maioria dos casos ou em todos eles? Embora possa ser somente o reflexo de minha falta de imaginação, reconheço que a resposta é não.25


Não é verdade que o registro fóssil é completo exceto por alguns elos perdi­dos. A árvore filogenética não é nada mais que galhos filhos (microevolução) e folhas. A verdade é que não há nenhum elo perdido, mas, sim, uma corrente perdida, representativa de lacunas enormes no registro. Por exemplo, se tivésse­mos um elo na cidade de Nova York, um em Londres e outro em Berlim, seria correto dizer que se tem elos perdidos de uma corrente? Não. Seria mais corre­to dizer que temos apenas alguns elos e estamos imaginando que há uma cor­rente. Conseqüentemente, concluímos que o gradualismo não é apoiado por nenhum mecanismo conhecido na ciência operacional, nem há nenhuma evidência de observação aceitável disponível para apoiá-lo com base na paleontologia.

Essa notável ausência de formas intermediárias exigidas para verificação do modelo macroevolutivo é uma responsabilidade séria que não pode ser ignora­da. O próprio Charles Darwin escreveu: "Por que, então, toda formação geoló­gica e toda camada não é cheia de elos intermediários? A geologia seguramente não revela nenhuma corrente orgânica tão finamente graduada. Essa talvez seja a objeção mais óbvia e mais grave que se pode fazer contra minha teoria\26 Con­cordamos.

Qual a situação dos macroevolucionistas diante disso? Admitem que sua teoria foi falsificada e vão desistir dela? Não. Em vez disso, continuam a fazer o que sempre fizeram: "escorregam sutilmente, propondo situações imaginárias baseadas na intuição em vez de evidências sólidas".27 Uma dessas situações imaginárias chama-se equilíbriospontuados. Vamos analisar em seguida sua va­lidade.



O MODELO DE EQUILÍBRIOS PONTUADOS É VALIDO?



No que certamente parece ser um esforço desesperado para salvar uma teoria moribunda, os macroevolucionistas recorreram a inventar uma visão notável de "dados escassos" do seu modelo. Os principais advogados dessa nova hipótese são Stephen Jay Gould, Niles Eldredge e Steven Stanley (paleontólogo da John Hopkins University). Esses homens se referiram a sua nova hipótese como equilíbrios pontuados. Os equilíbrios pontuados não são um mecanismo científico recentemente descoberto, são meramente uma tentativa de manter vivo o mo­delo macroevolutivo reafirmando os fatos. De acordo com Stephen Jay Gould:


Os paleontólogos pagaram um preço exorbitante pelo argumento de Darwin. Imaginávamo-nos como os únicos e verdadeiros estudantes da história da vida. Todavia, para preservar o nosso relato favorito da evolução pela seleção natural, vemos nossos dados como tão ruins que quase nunca enxergamos o próprio processo que professamos estudar [...] A história da maioria das espécies fósseis inclui dois aspectos particularmente incoerentes com o gra­dualismo:

1. Estase. A maioria das espécies não exibe nenhuma mudança direcional durante o período delas na terra. Mostram-se no registro fóssil muito pare­cidas com o que eram quando desapareceram; a alteração morfológica é geralmente limitada e sem direção.

2. Aparecimento repentino. Em qualquer área local, uma espécie não apa­rece gradualmente por transformação constante de seus ancestrais, aparece de uma vez e "formada plenamente" [...]

Eldredge e eu nos referimos a esse esquema como o modelo dos equilíbrios pontuados. As linhagens mudam pouco durante a maior parte da história delas, mas eventos de especiação rápida eventualmente pontuam essa tranqüilidade. A evolução é a sobrevivência diferencial e a disposição dessas pontuações. (Descrevendo a especiação de periféricos isolados como muito rápida, falo como geólogo. Um processo pode levar centenas, até milhares de anos. Pode não se ver nada durante toda uma vida humana se se detiver na observação da especiação de abelhas de uma árvore. Mas mil anos é uma fração muito pe­quena de um por cento da duração média da maioria dos fósseis de espécies invertebradas — 5 a 10 milhões de anos. Os geólogos raramente conseguem pensar num intervalo tão curto. Tendemos a tratá-lo como um momento.)28


Dentro da estrutura do macroevolucionismo, os equilíbrios pontuados e o gradualismo estão em posições diametralmente opostas com respeito aos limi­tes de tempo de transição. O gradualismo exige um organismo para mudar num ritmo muito lento pelo processo de seleção natural e de mutações microevolutivas casuais no nível

genético, que gradualmente conduzem ao surgimento de uma nova forma de vida. A concep­ção pontualista mais recente, contudo, exige que as formas de vida permaneçam dentro de seus próprios limites genéticos por períodos muito longos de tem­po (estase), até que a pressão am­biental as force à "eclosão" (pontuações repentinas) de no Ancestral comum novas formas de vida. Como se ob­servou na ilustração acima, no esforço de remendar os buracos da árvore filogenética da macroevolução, as grandes lacunas do registro fóssil foram co­bertas por símbolos de explosão, indicativas de "eclosões pontuadas" de novos tipos genéticos.

Essas "especiações rápidas" são "saltos quânticos" da macroevolução, que ocorrem num momento geológico em que a entidade viva se transforma imedi­atamente numa nova forma de vida. Cremos que essa visão é pontuada, não com raciocínio científico nem evidências observáveis, mas com tentativas in­certas de explicar, sem justificar, as grandes lacunas tão óbvias do registro fóssil. Repetimos, é um mero rearranjo dos fatos para resguardar uma teoria constru­ída sobre suposições filosóficas e científicas injustificadas da visão naturalista do universo. Antes de enxergar a concepção pontualista da macroevolução de uma perspectiva puramente científica, deixemos claro que o gradualismo e os equilíbrios pontuados são conceitos filosóficos e não são baseados em leis científicas nem em evidências observáveis. Na verdade, Gould admite que isso é verdade:


Se o gradualismo é mais um produto do pensamento ocidental que um fato da natureza, então devemos considerar filosofias alternativas de mudança para aumentar nossa esfera de preconceitos constrangedores. Na Rússia, por exem­plo, os cientistas são treinados com uma filosofia de mudança muito dife­rente: as chamadas leis dialéticas, reformuladas por [Friedrich] Engels da filosofia de [G. W. E] Hegel. As leis dialéticas são explicitamente pontualistas. Falam, por exemplo, da "transformação da quantidade em qualidade". Isso pode soar como palavras sem sentido, mas dá a entender que a mudança ocorre em grandes saltos seguindo um acúmulo lento de pressões que um sistema resiste até que alcance um ponto de colapso [...] Eu não confirmo enfaticamente a "verdade" geral desta filosofia de mudança pontual [...] Faço um simples apelo para que haja pluralismo nas filosofias norteadoras.30


Pluralismo científico? Em outras palavras, uma vez que não há evidências cien­tíficas que apóiem tanto o gradualismo quanto os equilíbrios pontuados, Gould gostaria que fôssemos mais abertos no que diz respeito à ciência e aceitássemos todas as idéias de como a macroevolução ocorreu. Se preferirmos ser gradualistas, precisamos ser mais abertos ao ponto de vista do pontualismo quando o gradualis­mo não pode explicar os fatos. Se tendermos para a descrição pontualista, não precisamos ser tão duros com os gradualistas. Isto é, não deixe os nossos preconcei­tos filosóficos minarem o modelo macroevolucionista das origens.

O que realmente está-se pedindo de nós é que sejamos mente abertas (pluralistas) somente dentro das possibilidades do naturalismo. Conseqüente­mente, pede-se que acreditemos que a macroevolução é a única explicação dis­ponível para justificar a origem da vida e das novas formas de vida. Pede-se também que sejamos abertos com relação às duas graves falhas científicas do modelo macroevolutivo em geral: 1) Não há nenhum mecanismo científico para explicar a mudança genética ilimitada; e 2) não há evidências observáveis (fatos) para apoiar suas reivindicações. Concordamos com a avaliação anterior que Gould fez do gradualismo como "uma história plausível [que] não é neces­sariamente verdadeira".31 Não somente achamos que sua afirmação se aplica ao gradualismo, mas também à posição pontualista.


Portanto, rejeitamos a posição pontualista, juntamente com o "pluralismo científico" de Gould, com bases puramente científicas e concordamos com a crítica científica dos equilíbrios pontuados feita por Michael Denton. Ele diz que mesmo que se aceitar a posição pontualista como uma explicação possível das lacunas entre as formas de vida, também será necessário explicar as lacunas sistemáticas maiores. Denton resume quais são talvez as armadilhas essenciais da posição pontualista:


As lacunas que separam as espécies cão/raposa, rato/camundongo etc. são totalmente triviais comparadas com, digamos, as que estão entre os mamífe­ros terrestres primitivos e uma baleia ou um réptil terrestre primitivo e um ictiossauro. Mesmo essas descontinuidades relativamente maiores são trivi­ais comparadas com as que dividem os filos maiores como, por exemplo, os moluscos e os artrópodes [...] Certamente essas transições devem ter envol­vido longas linhagens incluindo muitas linhas colaterais de centenas e, pro­vavelmente, de milhares de espécies de transição. Sugerir que centenas, milhares ou possivelmente milhões de espécies de transição que devem ter existido no intervalo entre tipos imensamente dessemelhantes foram todas espécies sem nenhum resultado que ocupavam áreas isoladas e tinham po­pulação muito pequena é beirar os limites do inacreditável! [...]

Qualquer que seja a posição que se queira tomar das evidências da paleontologia, elas não fornecem bases convincentes para crer que o fenô­meno da vida se conforma a um padrão contínuo. As lacunas não foram explicadas. É possível aludir a um número de espécies e grupos tais como o Archeopteryx, ou o peixe ripidistiano, que parecem, em algum grau, interme­diários. Mas mesmo se esses fossem intermediários em algum grau, não há evidência de que sejam mais intermediários que grupos como os peixes dipnóicos vivos ou os monotrêmatos, que são não apenas muito isolados de seus primos mais próximos, mas também têm sistemas de órgãos individu­ais que não são de forma alguma estritamente transicionais. Como evidência da existência de elos naturais entre as grandes divisões da natureza, eles conven­cem somente quem já está convencido da realidade da evolução orgânica?32


Da mesma forma que o gradualismo, o equilíbrio pontuado não é nada além de especulação. Como já se mencionou, essa variante não tem o suporte da ciência operacional e viola a lei da uniformidade e não oferece nenhum mecanismo científico nem dados empíricos que dêem sustentação a suas rei­vindicações. Além disso, Gould observa que as novas formas de vida surgem num momento geológico, o que apenas multiplica os obstáculos genéticos as­sociados a macroevolução e a necessidade de um mecanismo até mais eficiente para produzir a inovação biológica. Por essas razões, devemos rejeitar o equilíbrio pontuado como explicação válida do aparecimento da vida e das novas formas de vida. A rejeição de ambas as variantes do macroevolucionismo — gradualismo e equilíbrio pontuado — como modelos válidos para explicar a origem de novas formas de vida automaticamente desqualifica também a macroevolução teísta. Como acontece com a visão pontualista, a macroevolução teísta convence somente quem já está predisposto a crer nela. Entretanto, nos ateremos aos problemas associados com a evolução teísta no próximo capítulo, quando examinarmos o modelo de projeto das origens.

Concluímos esta análise com comentários do dr. Colin Patterson, autor do livro Evolutiony macroevolucionista toda a vida. Em 1981 ele fez uma série de palestras para alguns dos macroevolucionistas mais importantes dos Estados Unidos. Naquele tempo o dr. Patterson era o paleontólogo titular do Museu Britânico de História Natural, em Londres, e editor do periódico científico daquela instituição. As citações seguintes são extraídas de uma transcrição de sua palestra proferida no Museu Americano de História Natural, na cidade de Nova York, em 5 de novembro de 1981.


Uma das razões pela qual comecei a assumir uma posição anti-evolucionismo, ou chamemo-la posição não-evolucionista, foi que no ano passado tive uma percepção repentina de que por mais de vinte anos eu pensara que de algum modo estava trabalhando com a evolução. Certa manhã levantei-me e algo havia acontecido durante a noite que me deixou perplexo: eu havia trabalha­do nesse assunto por vinte anos e não havia nada que soubesse dele. É um choque perceber que alguém possa estar tão enganado por tanto tempo [...] Nestas últimas semanas tenho tentado colocar uma simples questão para várias pessoas e grupos.

A pergunta é: Você pode me dizer alguma coisa que saiba sobre a evolu­ção, qualquer coisa, qualquer coisa que seja verdadeira? Testei a pergunta no pessoal de geologia do Field Museum de História Natural e a única resposta que obtive foi o silêncio. Testei com os membros do Seminário de Morfologia Evolutiva da Universidade de Chicago, uma organização muito prestigiosa dos evolucionistas, e tudo o que obtive foi um longo tempo de silêncio e, finalmente, alguém disse: "Eu só sei de uma coisa: ela não deveria ser ensi­nada nas escolas" [...] O nível de conhecimento a respeito da evolução é notavelmente raso. Sabemos que não deve ser ensinada na escola e isso é tudo que sabemos dela [...] Por isso acho que muitas pessoas nesta sala reconhecem que durante os últimos anos se tivéssemos pensado a respeito dela, teríamos experimentado uma mudança da evolução como conhecimento para a evolução como fé. Sei que isso é verdade a meu respeito e creio que também é para muitas pessoas boas como vocês aqui.33


Patterson não está sozinho na declaração de que a macroevolução está empobrecida com relação ao conhecimento científico. Quando Michael Behe fez sua pesquisa para o livro Darwin 's black box, decidiu verificar o número de artigos que apareciam numa publicação especial intitulada Journal ofMolecular Evolution [Revista de evolução molecular] (jme). Este periódico foi fundado em 1971 para acomodar o número crescente de trabalhos de pesquisa dedicados à evolução molecular. Behe observou que o JME é dirigido por "figuras preemi-nentes" na área, entre elas cerca de uma dezena de membros da Academia Nacional de Ciências. Depois de ter feito uma pesquisa em dez anos de artigos, Behe chegou à seguinte conclusão:


A evolução molecular não tem base em autoridade científica. Não há nenhu­ma publicação na literatura científica — seja em periódicos prestigiosos, pe­riódicos especializados, ou livros — que descreva como a evolução molecular de qualquer sistema bioquímico real e complexo tenha ocorrido ou mesmo possa ter ocorrido. Há afirmações de que tal evolução ocorreu, mas absoluta­mente nenhuma delas tem o suporte de experimentos ou cálculos pertinentes [...] "Publique ou pereça" é um provérbio que os acadêmicos levam a sério. Se você não publica o seu trabalho para o restante da comunidade avaliar, não terá vez na academia (e se você ainda não tem estabilidade, será banido). Mas o ditado pode ser aplicado às teorias também. Se uma teoria reivindica ser capaz de explicar algum fenômeno, mas não gera nem mesmo uma tentativa de explicação, então ela deve ser banida. A despeito de comparar seqüências e modelos matemáticos, a evolução molecular nunca se ateve à questão de como as estruturas complexas vieram a existir. Na verdade, a teoria da evolução molecular darwiniana não tem publicado e por isso deve perecer.34


A pesquisa teórica que tenta explicar a visão macroevolutiva da vida é, como um autor observa, uma ciência "livre dos fatos".35 Quanto mais os pesquisado­res aprendem, mais perplexos ficam ao tentar encaixar suas descobertas no modelo macroevolutivo. Portanto, concluímos que o modelo das origens da macroevolução não é válido e voltamos a nossa atenção para a única alternativa: o modelo de projeto. Consideramos o modelo de projeto o modelo das origens mais razoável porque é o mais coerente com respeito à filosofia (causalidade e uniformidade), à ciência operacional (observação e repetição) e à paleontologia (dados empíricos/fatos).





NOTAS

1 - Seleção natural, segundo o darwinismo, é o processo pelo qual plantas e animais se adaptam a um ambiente em transformação durante um longo período de tempo. Supõe-se que esse processo finalmente dê origem a organismos tão diferentes da população original que novas espécies se formam. V. Oxford Dictionary of Biologf, p. 338.

2 - Estamos empregando o termo espécie como entende a biologia, "uma categoria usada na classi¬ficação dos organismos que consistem de um grupo de indivíduos semelhantes que podem cruzar-se entre si e produzir descendência fértil". V. Oxford Dictionary ofBiology, p. 477.

3 - Stephen Jay Gould, The panda 's thumb, p. 181-4.

4 - E importante notar que o termo espécie, no modelo de projeto, refere-se a uma espécie criada. Esse modelo dá a entender que a teoria da informação, quando aplicada à biologia molecular, demonstra que existe um limite definido para mudanças biológicas. Embora a variação ocorra para permitir a adaptação, nossa intenção é mostrar que as evidências confirmam que todas as expressões alternativas são ainda essencialmente do mesmo tipo básico criado. Isso permite extensa variabilida-de dentro da espécie criada no que se refere às limitações impostas sobre o organismo pelas leis que controlam o conteúdo da informação do texto genético.

5 - The verdict on crationism, New York Times Magazine, 19/07/1987, p. 34.

6 - A briefkistory of time, p. 9. Publicado em português com o título [Uma breve história do tempo].

7 - Lane P. LESTER & Raymond G. BOHLIN, The natural limits to biological change, p. 88-9.

8 - Scientifíc and engineeringproblem solving with the computer, referido no livro de Lane P. Lester e Raymond G. Bohlin, The natural limits to biological changes, p. 157-8.

9 - The blind watchwaker, p. 46-8. Publicado em poortuguês com o título O relojoeiro cego. 10Ibid., p. 49 (grifo do autor).

10 - Ibid., p.49

11 - Teleonomia aqui significa o conceito de ter um projeto ou uma finalidade em mente, fenômenos são orientados por outra força diferente da mecânica, pois são intencionalmer dos em direção a determinados alvos.

12 - A. E. WILDER-SMITH, The naturalsciences know nothing of evolution, p. 46-8 (grifo do autor).

13 - J. Madeleine Nash, When Life Exploded, Time, 4/12/1995, p. 49-56 (grifo do autor).

14 - Darwin '$ bkck box, p. 27-8.

13 - On the origin ofspecies, p. 171. Publicado em português com o título Origem das espécies

16 - Op. cit., p. 39-46.

17 - V. Evolutiom the challenge of the fóssil record, de Daune Gish [p. 149]. Exemplo de «constituições artísticas macroevolucionistas mostra dois desenhos contrastantes dos mesmos restos fossilizados do Zinjanthropus bosei, ou "homem da África oriental". Um desenho descreve o fóssil com aparência humana, enquanto o outro mostra-o com aspectos semelhantes ao do macaco.

18 - As ilustrações que aqui representam a árvore filogenética são apenas ajuda visual Não são representações tecnicamente exatas da árvore filogenética nem de um projeto formal das supostas relações macroevolutivas entre as espécies.

**Processo que se compõe de muitas fases, e decorre ao longo de enorme lapso de tempo, segundo o qual as espécies vivas se diferenciam umas a partir de outras" (segundo Novo dicionário Aurélio da língua portuguesa). (N. da E.)

19 - The panda's thumb, p. 181 (grifo do autor).

20 - W. R. THOMPSON, na introdução de On the origin species, ed. de 1956. Citado no Jounal of the American Scientific Affiliation, março/1960, p. 135 (grifo do autor).

21 - Op. cit., p. 159.

22 - Thepanda's thumb, p. 181 (grifo do autor).

23 - The bltnd watchmaker, p. 229.

24 - V. nota de rodapé 21.

25 - The Thepandas thumb, 189 (grifo do autor).

26 - On the origins ofspecies, p. 287 (grifo do autor).

27 - J. Madeleine NASH, When Life Exploded, Time, 4/12/1995, p. 55

28 - The pandas thumb, p. 181-4.

29 - V. nota de rodapé 21.

30 - Ibid., p. 184-5 (grifo do autor).

31 - Ibid., p. 189.

32 - Evolution, p. 193-5 (grifo do autor).

33 - "Evolutionism and creationism" , palestra feita no Museu Americano de História Natural, em Nova York, em 5 de novembro de 1981 (transcrita oir Wayne Fair), p. 1, 4 (grifo do autor)

34 - Darwin's black box, p. 185-6.

35 - Ibid., p. 191 (citação de um exemplar do Scientifc American, de junho de 1995, From complexity to perplexity).