sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Da suposta desunião da Igreja Católica


Rodrigo, um grande amigo, andou comentando uma postagem do blog, e com isso fez uma postagem no seu blog sobre o assunto (que tem alguns ótimos artigos). Não pude respondê-lo antes pois sofri um capotamento de carro, mas graças a Deus não aconteceu nenhuma tragédia.

A critica dele é que os católicos alegam a desunião protestante, enquanto a própria Igreja Católica seria desunida. Em sua postagem ele cita alguns exemplos que irei comentar. Ele também cita algumas questões relativas ao primado de Pedro, no Concílio de Jerusalém, que resolvi não tratar.

Rodrigo não nega que o protestantismo é dividido (e não sei como ele responde essa questão com a unidade ensinada por Jesus, e vista na Igreja primitiva), no entanto ele alega que não há diferença entre a desunião protestante e a católica.

Mostrarei aqui que a desunião católica (que é um mau) não é na essência, ao contrário da desunião protestante. Citarei o que ele postou, seguido de resposta.
Você precisa ir dizer isso para teus correligionários tradicionalistas, que pensam de forma diferente. Para comprovar o que eu digo, confira este singelo parágrafo:
Recordando-me desta doutrina certíssima e irrevogável da Madre Igreja [da Eucaristia] e observando as transformações, convulsões e experiências peculiares do que atualmente ousam qualificar de renovação litúrgica, sou como que forçado a concluir que esta balbúrdia se rege por uma doutrinaoposta à doutrina ortodoxa. (http://permanencia.org.br/drupal/node/2118, as enfases são todas do autor)
E este artigo segue dizendo que as mudanças litúrgicas comprometem a transubstanciação e a doutrina do Sacrifício de Cristo. Não que eu concorde com isso, repito (sendo protestante, não creio na transubstanciação), estou apenas demonstrando a que ponto os católico-romanos divergem entre si.
E o que vem a seguir é quase uma admissão disto, pela boca de outro tradicionalista:
Então quem está dentro da Igreja? Aqueles que aceitam e procuram por em pratica as falsas doutrinas do Vaticano II ou aqueles que as recusam abertamente para permanecer fieis ao que o Magistério, assistido pelo Espírito Santo, ensinou durante dezenove séculos?

Isso na verdade só demonstra que não dizemos que há mais de uma Igreja, ou que ambos podem estar certos ao mesmo tempo. Mas que um grupo está com a Igreja e outro não. Um é católico, outro não.

Ao dizer que quem está com a Igreja é quem acredita no que Ela sempre afirmou, só se está dizendo que não é católico quem acredita em inovações que contradizem o que sempre foi ensinado. Um exemplo disso foi Ário, com sua inovação de que Jesus não é Deus. Ora, quando ele veio com este ensino, mesmo dentro de templos católicos, isso não passou a significar que esse era também um ensino católico. O ensino da Igreja foi o que ela sempre acreditou: que Jesus é Deus.

Dessa forma a pergunta citada por Rodrigo também se aplica nesse caso: é católico quem acredita no que a Igreja sempre ensinou, ou quem acredita em inovações? É católico Atanásio que defende o que sempre foi ensinado, ou Ário? É óbvio que a resposta é que Atanásio é católico, e Ário não. Apesar de estar em templos católicos, a fé dele não é. Essa não é uma divisão DENTRO da Igreja, mas alguém que ensina algo diferente do que ela ensina, e portanto está fora dela. Esse é o foco do que foi mencionado.

É isso que está ocorrendo na atual crise da Igreja. No entanto, apesar de discordarem de questões como a validade do Concílio Vaticano II, e das formas litúrgicas, ambos concordam com os elementos que são citados na liturgia. Por exemplo, os tradicionalistas defendem que a liturgia da Nova Missa é perigosa, e que a transubstanciação vai depender da intenção do padre. Os que defendem a Nova Missa discordam desse perigo, no entanto ambos acreditam na transubstanciação. E assim ocorre com os demais dogmas.

Essas diferenças em relação aos protestantismos são imensas, onde um acredita na transubstanciação, enquanto outro não acredita, fazendo com que a diferença não seja só na liturgia (quando existe liturgia), mas nos dogmas, no que pode ou não ser considerado revelação de Jesus. Realmente não sei como ele consegue conciliar isso com o ensino de Jesus e dos apóstolos em relação à unidade.

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Um diálogo fictício sobre o batismo infantil.


Esse é um diálogo fictício criado por Dave Amstrong e “traduzido” por mim. Ainda não sei inglês o suficiente para fazer uma boa tradução, e tenho feito algumas como forma de praticar pelo menos a leitura. Ainda falta muito para que eu faça leituras e traduções sem dificuldade e sem apelar o tempo todo a um dicionário, mas mesmo com certa dificuldade estarei disponibilizando algumas pequenas traduções. Espero que façam bom proveito. Originalmente os personagens se chamavam “Zeke” (Protestante) e "Cathy” (Católica), mas resolvi trocar para nomes mais familiares aos brasileiros.

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João Flavio: Alexandre, por que os católicos batizam bebês? É sem sentido, pois eles não sabem o que está acontecendo e não podem arrepender-se, segundo Atos 2:38 e Marcos 6:16.

Alexandre: Mas onde está proibido na Bíblia especificamente o batismo de bebês?

João Flavio: Bem... Eu acho que não diz isso, mas...

Alexandre: Mas você não segue apenas o que é ensinado claramente nas páginas das Escrituras?

João Flavio: É a conclusão que vem a partir de idéias claras na Escritura. Por isso é uma doutrina bíblica.

Alexandre: Essa é uma grande diferença! Agora estamos no mesmo barco, já que a Bíblia não ensina explicitamente sobre o batismo de crianças. Devemos fazer inferências. Os católicos observam que lá existem muitas indicações de nossa visão.

João Flavio: Onde? Eu nunca vi nenhuma em 17 anos de convertido.

Alexandre: Em Atos 16:15, 33; 18:8 (cf. 11:14), e 1Corintios 1:16 afirma-se um indivíduo e sua “casa inteira” foram batizados. E seria difícil, para não dizer impossível, não haver nenhuma criança. Paulo em Colossenses 2:11-13 faz conexão entre o batismo e a circuncisão. Israel era a igreja antes de Cristo (Atos 7:38, Romanos 9:4). Circuncisão, dada ao oitavo dia, foi o selo do pacto com Deus feito a Abraão, que também se aplica a nós (Gálatas 3:14,29). Ela era o sinal de arrependimento e fé futura (Romanos 4:11). Crianças eram parte do pacto tanto quanto os adultos (Genesis 17:7, Deuteronômio 29:10-12, cf. Mateus 19:14). Da mesma forma, o batismo é o selo do Novo Testamento em Cristo. Ela significa a purificação do pecado, precisamente o que a circuncisão fez (Deuteronômio 10:16, 30:6, Jeremias 4:4, 9:25, Romanos 2:28-9, Filipenses 3:3). Crianças são salvas totalmente pela graça de Deus da mesma forma que os adultos são, exceto pelo consentimento intencional racional.

João Flavio: Isso é impossível. Você tem que se arrepender e nascer de novo para receber salvação, como João 3:5.

Alexandre: Ele não diz exatamente isso. Ele diz que primeiro é preciso “nascer da água e do Espírito”. Os católicos, juntamente com os Pais da Igreja, como Santo Agostinho, e muito protestantes (Luteranos e Anglicanos, por exemplo), interpretam com referência ao batismo e uma prova da necessidade do batismo infantil.

João Flavio: Isso não faz sentido. A água referida aqui é do saco amniótico quando o bebê nasce. Bebês não podem nascer novamente. Jesus está contrastando o nascimento natural e espiritual.

Alexandre: Você está dizendo que o bebê não pode ser salvo, e vai morrer antes da “idade da razão”?

João Flavio: Não, eu não disse isso. Deus também é misericordioso demais para deixar que isso aconteça a um bebê inocente.

Alexandre: Se você diz que o bebê será salvo, então há claramente uma justificação para batizar crianças, já que existem outros fatores para a salvação além de seu consentimento. Dessa forma você chega a mais um ponto comum, a aliança de salvação (veja, por exemplo, 1 Co 7:14, 12:13), diferente da noção individualista que a maioria dos evangélicos possuem. A realidade do pecado original faz com que o batismo seja desejado o mais rápido possível, já que remove a punição e conseqüência do pecado e infunde a graça santificante. É por isso que muitos protestantes como Luteranos, Anglicanos, Metodistas, Reformados e Presbiterianos, ao longo da história tem batizado bebês.

João Flavio: Espere um minuto. Você realmente acredita que o batismo faz algo? Ele é somente um simbolismo.

Alexandre: Vocês sempre negam que a matéria pode ser um meio de transmitir graça, e também frequentemente fazem cara feia com a idéia dos sacramentos, que são os meios físicos pelo qual a graça é conferida.

João Flavio: Não acreditamos neles, pois são anti-bíblicos. A Bíblia fala que o Espírito que confere a Graça (Jo 6:63, Rm 8:1-10), não a matéria. Os católicos sempre acreditam nessas coisas bizarras, como as estátuas, relíquias, rosário, a hóstia da comunhão e água benta. Isso geralmente vira idolatria.

Alexandre: Eu discordo. O próprio Deus se fez carne em Jesus Cristo. O lenço de Paulo curou doentes (At 19:12), também a sombra de Pedro (At 5:15). Assim, o batismo é feito para a regeneração dos pecados. Atos 2:38 fala do batismo "para a remissão dos seus pecados.", 1 Pedro 3:21 que " agora vos salva, o batismo" (cf. Mc 16:16, Rm 6:3-4). Paulo lembra que Ananias disse "batiza-te, e lava os teus pecados" Atos 22:16. Em Co 6:11 Paulo parece inferir uma conexão orgânica entre batismo (lavagem), santificação e justificação, enquanto os evangélicos separam todos os três. Tito 3:5 diz que Ele "nos salvou pela lavagem da regeneração e da renovação". O que mais de prova bíblica é preciso? É para explicar isso tudo como simbolismo?

João Flavio: Estou de saída. Tenho algumas perguntas para meu pastor...

Texto original: http://socrates58.blogspot.com/2005/11/fictional-dialogue-on-infant-baptism.html

terça-feira, 8 de novembro de 2011

Epístola - Missa Tridentina.

"Depois da Coleta e das outras orações que, muitas vezes, são acrescentadas com o nome de memórias, vem a Epístola, que é quase sempre uma passagem das Epístolas dos Apóstolos, e algumas vezes tiradas de outro livro da Sagrada Escritura.

O uso de ler só uma epístola não é um costume primitivo da Igreja; remonta, no entanto, a mil anos, ao menos. Nos primeiros séculos lia-se, primeiro, uma lição do Antigo Testamento, seguida então por uma passagem dos escritos dos Apóstolos. Agora só se lê uma epístola na missa, exceto nos dias das Quadro Têmporas e em certos dias da Féria. O uso de ler as lições do Antigo Testamento antes da epístola desapareceu quando compuseram o missal que é usado hoje, contendo tudo o que se diz na missa ,seja pelo padre, seja pelo coro, e chamado por esta razão de “Missal integral”.

O missal de antigamente, ou Sacramentário, só continha, como já dissemos, as orações, os prefácios e o Cânon. Para o restante, havia o Antifonário, a Bíblia e um Evangeliário. Perdemos com a mudança que se operou, porque cada missa tinha seu prefácio próprio, e ficamos reduzidos a um pequeno número dessas peças litúrgicas.

Observa-se para o ofício o mesmo modo de agir, já que não havia ainda breviário, usava-se então o saltério, o hinário, a Bíblia, o passionário – no qual se liam os atos dos santos – e o homiliário, que continha os discursos dos Padres da Igreja.

Durante muito tempo, o primeiro domingo do Advento guardou o privilégio de ter duas epístolas na missa. Acabou-se por deixar só uma aí também. O ofício desse domingo foi tratado com grande cuidado e representa, mais fielmente que a maior parte dos outros ofícios, os usos da antiguidade; também, apesar de semi-duplice [1], não se lhe atribuía nunca um sufrágio, assim como até a Epifania. Os sufrágios só apareceram depois do século XI.

Assim tudo procede com ordem no Santo Sacrifício: o padre expôs primeiramente os pedidos e exprimiu os votos da assistência; a Santa Igreja falou por sua boca. Logo escutaremos a palavra do Mestre, no Evangelho, mas a Santa Igreja quer nos preparar para isso por seu servidor, e põe primeiramente a Epístola, indo assim do Profeta, do Apóstolo, a Nosso Senhor.

[1] Antes de 1962 as rubricas dividiam as festas em Dúplice de 1ª e 2ª classe, Semi-duplice e Simples. O missal de 1962 simplificou esta nomenclatura. As festas passaram a ser de 1ª, 2ª, 3ª e 4ª classe."

Coleta - Missa Tridentina.


Coleta é a oração onde se apresenta os pedidos a Deus. É a primeira oração propriamente dita da Missa.

"Esta primeira oração da Missa se encontra nos ofícios de Vésperas, Laudes e Matinas, do ofício monástico; mas não no romano, salvo no natal, antes da Missa da meia noite. Não se encontra em Prima, porque este ofício foi instituído mais tarde; nem em Completas, que é como uma oração da noite, a qual só se tornou parte da liturgia com São Bento. Mas é reencontrada em Terça, Sexta e Nona".

O padre diz a Coleta de braços estendidos, observando o antigo costume dos primeiros cristãos. Esse costume pode ser observado nas imagens das catacumbas, além dos escritos patrísticos, que, como bem diz o autor, "teríamos perdido para sempre" muitos detalhes dos primeiros séculos sem os primeiros cristãos. Detalhes esses até mesmo importantes para a interpretação das escrituras.

"No Oriente, esse uso se conservou para todo o mundo; no Ocidente tornou-se muito raro e está restrito a casos particulares; só o padre reza desta maneira, porque representa Nosso Senhor oferecendo uma prece muito eficaz a Seu Pai enquanto estava na cruz."

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Cristofobia, JÁ CHEGA!


Criticar alguma personalidade, algum judeu (que não seja Jesus), os homossexuais, dentre outras pessoas e grupos é querer acabar com a liberdade de expressão e incitar ódio e preconceito (basta lembrar o alarde que certos grupos fizeram com o filme "A Paixão de Cristo", em algumas falas de judeus, ou coisas do tipo)... Agora criticar Jesus é ser politicamente correto, mente aberta, em alguns casos - como esse - é fazer arte.

Fazer ataques a Cristo e aos cristãos tem que ser permitido, temos que ser "tolerantes", isso é liberdade de expressão. O contrário não pode ser permitido, pois é querer impor a religiosidade e dogmas.

Como disse Reinaldo Azevedo:

"Cristo — sim, aquele, o Jesus — é alvo das maiores vilezas. E ai de quem se atrever a contestar o agressor. Há o risco de ser linchado sob a acusação de cercear a liberdade alheia. Malhar o Nazareno pode; chamá-lo eventualmente de “impostor” é um sinal de progressismo, de independência e de caráter superior. Mas Chico Buarque é intocável. Não foi assim, em passado recente, com Che Guevara, o porco fedorento?"

Segue aí um vídeo do que consideram liberdade de expressão. Ao mesmo tempo que criticava os poucos jovens que protestavam contra a peça em que se atira pedras numa imagem de Jesus Cristo, a platéia grita reafirmando essa "liberdade". Ironicamente os jovens que protestavam não possuem tal liberdade, tendo que ser tirados por policiais enquanto a platéia aplaudia o espetáculo.

Não é raro encontrar grupos que protestam de forma zombeteira em eventos organizados pela Igreja. Cito por exemplo um que jogava camisinhas na cara de jovens que oravam no JMJ, se não me falha a memória. Ou o tão comum hoje "beijaço gay" (que parece já até mesmo um certo fetiche). Agora compare-os com o protesto desse vídeo.

O que está na claro é que querem ter um tipo estranho de liberdade: liberdade para impor. Impor seus dogmas com aparência de mera opinião politicamente correta. Você não pode criticá-los, isso é intolerância. Não podem prendê-los em seus protestos contra a igreja (e falo agora das demais igrejas cristãs, não apenas a Católica). No atual conceito de "liberdade de expressão" se pode tolerar imagens de santos com formas eróticas, como fizeram numa parada gay, e ao mesmo tempo é intolerável que se diga o que tais santos diziam sobre essas práticas, o que fazia parte da vida dessas pessoas.

Podem zombar e atirar pedras em imagens que simbolizam a crença de milhares de pessoas no mundo inteiro, mas se você fizer uma música contrária a o que muita gente pensa, um filme em que apenas coloca o que está relatado em um documento antigo e considerado autêntico ou afirmar que não concorda com eventos como o holocausto por não existir evidências suficientes (que não é o meu caso), será acusado de incitar o ódio, ser intolerante e um fundamentalista fanático. Vão considerar uma ofensa, um crime digno de castigo.

Eles podem criticar a família, a correção dos filhos, a defesa da vida dos bebês e a dignidade desses seres vivos que são assassinados no ventre de suas próprias mães em prol de uma obsessão ao consumo de coisas e de pessoas, além de uma fuga de responsabilidade como seres humanos. Mas criticar qualquer uma dessas coisas é intolerância e algo injustificável. É isso que querem impor.

Eu não estou criticando a liberdade de se expressar, a questão aqui é a falsa tolerância. Então está aí meu recado: chega de Cristofobia.