"Depois da Coleta e das outras orações que, muitas vezes, são acrescentadas com o nome de memórias, vem a Epístola, que é quase sempre uma passagem das Epístolas dos Apóstolos, e algumas vezes tiradas de outro livro da Sagrada Escritura.
O uso de ler só uma epístola não é um costume primitivo da Igreja; remonta, no entanto, a mil anos, ao menos. Nos primeiros séculos lia-se, primeiro, uma lição do Antigo Testamento, seguida então por uma passagem dos escritos dos Apóstolos. Agora só se lê uma epístola na missa, exceto nos dias das Quadro Têmporas e em certos dias da Féria. O uso de ler as lições do Antigo Testamento antes da epístola desapareceu quando compuseram o missal que é usado hoje, contendo tudo o que se diz na missa ,seja pelo padre, seja pelo coro, e chamado por esta razão de “Missal integral”.
O missal de antigamente, ou Sacramentário, só continha, como já dissemos, as orações, os prefácios e o Cânon. Para o restante, havia o Antifonário, a Bíblia e um Evangeliário. Perdemos com a mudança que se operou, porque cada missa tinha seu prefácio próprio, e ficamos reduzidos a um pequeno número dessas peças litúrgicas.
Observa-se para o ofício o mesmo modo de agir, já que não havia ainda breviário, usava-se então o saltério, o hinário, a Bíblia, o passionário – no qual se liam os atos dos santos – e o homiliário, que continha os discursos dos Padres da Igreja.
Durante muito tempo, o primeiro domingo do Advento guardou o privilégio de ter duas epístolas na missa. Acabou-se por deixar só uma aí também. O ofício desse domingo foi tratado com grande cuidado e representa, mais fielmente que a maior parte dos outros ofícios, os usos da antiguidade; também, apesar de semi-duplice [1], não se lhe atribuía nunca um sufrágio, assim como até a Epifania. Os sufrágios só apareceram depois do século XI.
Assim tudo procede com ordem no Santo Sacrifício: o padre expôs primeiramente os pedidos e exprimiu os votos da assistência; a Santa Igreja falou por sua boca. Logo escutaremos a palavra do Mestre, no Evangelho, mas a Santa Igreja quer nos preparar para isso por seu servidor, e põe primeiramente a Epístola, indo assim do Profeta, do Apóstolo, a Nosso Senhor.
[1] Antes de 1962 as rubricas dividiam as festas em Dúplice de 1ª e 2ª classe, Semi-duplice e Simples. O missal de 1962 simplificou esta nomenclatura. As festas passaram a ser de 1ª, 2ª, 3ª e 4ª classe."
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