quinta-feira, 2 de outubro de 2008

Posso confiar no Novo Testamento?

Pode. É evidente a afirmação de ser um registro histórico por parte dos autores do Novo Testamento. Tais autores escreveram o que acreditaram ter visto e ouvido, a maioria foi testemunha ocular dos acontecimentos. Mas será que é um registro histórico preciso? O que torna um registro como este confiavel? Qual o nível de precisão do Novo Testamento? Os milagres não seriam apenas embelezamentos?

São estes e alguns outros temas que serão abordados, e você poderá ver porque acredito que o Novo Testamento é um registro histórico altamente confiavel sobre Jesus, os primeiros cristãos e vários outros acontecimentos da época descrita.



Trechos abaixo foram retirados do livro Fundamentos Inabaláveis - Norman Geisler e Peter Bocchino





O que os acadêmicos têm a dizer sobre a historicidade do NT?


Conquanto os estudos acadêmicos do NT, por longo tempo dominados pela critica, foram céticos com respeito à historicidade dos evangelhos e de Atos, por isso não foi verdade dos historiadores romanos do mesmo período. Sherwin-White é um exemplo.


Outro historiador deu peso de sua erudição à questão da historicidade do livro de Atos. Colin J. Hemer relaciona dezessete razoes para aceitar a data primitiva tradicional que situam a pesquisa e os escritos de Atos no período de vida de muitos participantes (The book of Acts in the setting of hellenistic history. Winona Lake: Eisenbrauns, 1990.):


1. Não há menção alguma em Atos da queda de Jerusalém no ano 70 d.C, omissão improvável, devido o conteúdo, se já tivesse ocorrido.


2. Não há nenhuma pista da deflagração da Guerra Judaica no ano 66 d.C., nem de nenhuma deterioração drástica ou especifica das relações entre romanos e judeus, o que implica que foi escrito antes dessa época.


3. Não há nenhum indicio de deterioração das relações cristãs com Roma devidas à perseguição de Nero no final dos anos 60 do primeiro século.


4. O autor não mostra nenhum conhecimento das cartas de Paulo. Se Atos tivesse sido escrito mais tarde, por Lucas, que se mostra não cuidadoso de detalhes incidentais, não procuraria rechear sua narrativa com seções relevantes das Epistolas? As Epistolas evidentemente circularam e devem ter-se tornado fontes disponíveis. Esta questão é cheia de incertezas, mas o silêncio indica uma data mais antiga.


5. Não há nenhum indicio da morte de Tiago pelo Sinédrio por volta do ano 62, registrada por Josefo (Antiguidades 20.9.1.200).


6. A importância do julgamento de Gálio, em Atos 18.14-17 pode ser vista como o estabelecimento de um precedente para legitimar o ensino cristão sob o guarda-chuva da tolerância ao judaísmo.


7. A preeminência e autoridade dos saduceus em Atos pertencem ao período pré-70, antes do colapso da cooperação política deles com Roma.


8. Ao contrario, a relativa atitude simpática em Atos para com os fariseus (diferente da do evangelho de Lucas) não se encaixa bem no período do reavivamento farisaico depois da reunião em c. 90 dos estudiosos de Jâmnia. Em conseqüência dessa reunião, uma fase de escalada do conflito com o cristianismo foi liderada pelos fariseus.


9. Alguns alegaram que o livro antedata a vinda de Pedro a Roma e também emprega uma linguagem que dá a entender que Pedro e João, assim como o próprio Paulo, ainda estavam vivos.


10. A preeminência dos “tementes a Deus” nas sinagogas em Atos parece indicar a situação anterior à Guerra Judaica.


11. Os detalhes culturais insignificantes são difíceis de ser colocados com precisão, mas podem melhor representar o ambiente cultural da era romana dos imperadores Júlio e Cláudio.


12. Áreas de controvérsia em Atos pressupõem a importância do cenário judeu durante o período do templo.


13. Adolf Harnack alegou que a profecia colocada na boca de Paulo em Atos 20.25 (v. 20.38) pode ter sido contradita por acontecimentos posteriores. Se for o caso, ela supostamente foi escrita antes de os eventos ocorrerem.


14. A formulação primitiva da terminologia cristã é usada em Atos, o que é compatível com o período primitivo. Harnack arrola títulos cristológicos, como, por exemplo, Insous e ho Kurios, que são usados livremente, enquanto o Christos sempre designa “o Messias” em vez de nome próprio, e Christos é empregado de outro modo somente em combinações formalizadas.


15. Rackham chama atenção para o tom otimista de Atos, que não teria sido natural após o judaísmo ter sido destruído, e os cristãos martirizados nas perseguições de Nero no final dos anos 60 (Hemer, p. 376-82)


16. O final do livro de Atos. Lucas não continua a história de Paulo no final dos dois anos de Atos 28.30. “A menção deste período definido implica um ponto terminal, pelo menos iminente” (Hemer, p. 383). Ele acrescenta: “Pode-se argumentar simplesmente que Lucas tenha trazido a narrativa para o tempo da escrita, e a nota final foi acrescentada na conclusão dos dois anos” (ibid., 387).


17. As “imediações” de Atos 27 e 28: “Isto é o que chamamos de ‘imediações’ dos últimos capítulos do livros, que são marcados num grau especial pela reprodução aparentemente irrefletida de detalhes insignificantes, característica que alcança o apogeu na narrativa da viagem de Atos 27 e 28 [...] As “imediações” vividas desta passagem em particular podem ser fortemente contrastadas com o “caráter indireto” da parte anterior de Atos, onde presumimos que Lucas apoiou-se em fontes ou em reminiscências de outros e não pode controlar o contexto de sua narrativa” (ibid. 388-89)






Conhecimento local especifico


Lucas manifesta uma ordem incrível de conhecimento de locais, nomes, costumes e circunstancias que são próprios de uma testemunha ocular contemporânea que registra o tempo e os acontecimentos. Atos 13.28, que cobre as viagens de Paulo, mostra particularmente o conhecimento íntimo das circunstancias locais [...] Inúmeras coisas são confirmadas por pesquisa histórica e arqueológica (vou mostrar algumas das varias confirmações):


1. Um cruzamento natural entre portos citados pelo nome correto (13.4,5). Monte Cássio, ao sul da Selêucia, fica denntro do campo de visão de Chipre. O nome do procônsul em 13.7 não pode ser confirmado, mas a família de Sergio Paulo é atestada.


2. O nome correto do porto fluvial, Perge, para passagem de navio vindo de Chipre (13.13)


3. A localização correta de Licaônia (14.6)


4. A declinação incomum mas correta do nome Listra e a língua correta falada em Listra. Identificação correta de dois deuses associados com a cidade, Zeus e Hermes (14.12)


5. O porto correto, Atália, para o retorno dos viajantes (14.25)


6. A rota correta dos portões Cilicianos (16.1)


7. A forma correta do nome Troas (16.8)


8. A identificação correta de Filipos como uma colônia romana. Localização exata do rio Gangites perto de Filipos (16.13)


9. A associação de Tiatira com a tintura de roupas (16.14). Designação corretas dos títulos para os magistrados da colônia (16.20, 35, 36, 38)


10. Localizações corretas de onde os viajantes gastariam noites sucessivas em sua jornada (17.1)


11. A presença de uma sinagoga em Tessalônica (17.1), e o título correto politarch (oficiais da cidade) dos magistrados (17.6)


12. A explicação correta de que a viagem por mar é o meio mais conveniente de alcançar Atenas no verão com ventos orientais favoráveis (17.14)


13. A abundância de imagens em Atenas (17.6), e referencia à sinagoga local (17.17)


14. A descrição do debate filosófico na ágora [praça principal] (17.17). Emprego correto de gíria ateniense, em 17.18.,19, no epíteto referente a Paulo, spermologos (“tagarela”), e o nome correto do tribunal, Areópago. Descrição precisa do caráter ateniense (17.21). Identificação correta do altar ao “Deus desconhecido” (17.23). Relação lógica dos filósofos que negavam a ressurreição física (17.32)ç Areopagita, o título correto para um membro do tribunal (17.34; ARA).


15. Identificação correta da sinagoga de Corinto (18.14). Designação correta de Gálio como procônsul (18.12). O bema (tribuna) pode ainda ser visto no fórum de Corinto (18.16)


16. O culto a Ártemis dos Efésios (19.24, 27). O culto é bem atestado, e o teatro de Éfeso é o lugar de encontro da cidade (19.29)


19. A permanência constante de uma legião romana na fortaleza Antônia para reprimir os distúrbios nos tempos de festa (21.31). A escada usada pelos guardas (21.31,35)


20. A identificação correta de Ananias como sumo sacerdote (23.2) e de Félix como governador (23.24)


21. Explicação do procedimento penal providencial (24.1-9)


22. Concordância com Josefo sobre o nome Pórcio Festo (24.27)


23. Observação sobre direito legal de apelo do cidadão romano (25.11). Formula legal de quibus cognoscere volebam (25.18). Forma característica de referência ao imperador (25.26)


24. Nome e lugar exatos dados para a ilha de Clauda (27.16). Manobra apropriada dos marinheiros na hora da tempestade (27.16-19). A decima quarta noite julgada pelos marinheiros experientes do Mediterrâneo uma hora apropriada para a viagem na tempestade (27.27). O termo preciso, bolisantes, para lançar a sonda (27.28). Posição de provável abordagem de um navio encalhado devido a um vento oriental (23.39).


25. Título correto, protos (tes nesou) para um homem na posição de Públio, de liderança nas ilhas (28.7).


A historicidade do livro de Atos e dos apóstolos é confirmada por evidencias incontáveis. Não há nada igual para a quantidade de provas detalhadas em qualquer outro livro da antiguidade. Isso não é apenas uma confirmação direta da fé cristã primitiva na morte e ressurreição de Cristo, mas também, indiretamente, do registro do evangelho, já que o autor de Atos (Lucas) também escreveu um evangelho detalhado. Esse evangelho é diretamente paralelo aos outros dois evangelhos sinóticos. A melhor evidencia indica que esse material foi composto até 60 d.C., apenas 27 anos depois da morte de Jesus. Isso significa que foi escrito durante a vida de testemunhas dos eventos registrados (Lucas 1.1-4).


Isso não permite tempo para qualquer suposto desenvolvimento mitológico feito por pessoas que viveram depois dos acontecimentos. O historiador Sherwin-White observou que as composições de Heródoto nos ajudam a determinar a velocidade com que as lendas se desenvolve; Ele concluiu que: Os testes sugerem que até mesmo duas gerações são muito curtas para permitir que a tendência mitológica prevaleça sobre a precisão histórica de tradição oral (Sherwion-White, p. 190)


Julius Muller (1801-1878) desafiou teólogos da sua época para mostrar um exemplo sequer em que um evento histórico desenvolvesse muitos elementos mitológicos numa só geração (Muller, p.29). Não existe nenhum.


Tanto a autenticidade como a historicidade dos documentos do NT estão firmemente estabelecidas hoje. A natureza autentica e a grande quantidade de evidencias de manuscritos são esmagadoras, e ainda mais se comparadas aos textos clássicos da Antiguidade. Além disso, muitos dos manuscritos originais datam de um período de 20 a 50 anos dos acontecimentos da vida de Jesus, isto é, dos contemporâneos e das testemunhas oculares.


A historicidade dessas narrativas contemporâneas da vida, ensino, morte e ressurreição de Cristo também estão estabelecidos sobre base histórica firme. Com respeito para a exatidão dos relatórios das testemunhas oculares, há em geral apoio da história secular do primeiro século e, em particular, os detalhes específicos das numerosas descobertas arqueológicas da narrativa do NT.


A integridade dos escritores do NT parece estabelecer-se pela quantidade e pela natureza independente de suas testemunhas. Todavia, precisamos examinar o caráter dessas testemunhas também. Podemos ter um registro acurado da histórica, mas como sabemos que as testemunhas não estão mentindo?


Primeiro, a honestidade deles. Uma pessoa normalmente fala a verdade quando não há nenhum motivo predominante ou persuasão para o contrário. Essa hipótese é aplicada nos tribunais de justiça, mesmo a testemunhas cuja integridade não seja totalmente isenta de suspeita. Portanto, é mais aplicável aos evangelistas, cujo testemunho foi contra todos os seus interesses mundanos. Eles desejavam morrer pelo seu testemunho (e muitos morreram).


Se Jesus não houvesse realmente ressuscitado dos mortos, e seus discípulos não tivessem conhecido esse fato com tanta certa quanto conheciam qualquer outro fato seria impossível persistir na afirmação das verdades que narraram.


Segundo, o numero e a coerência do testemunho deles. As discrepâncias entre as narrativas dos diversos evangelistas, quando cuidadosamente examinadas, não são suficientes para invalidar o testemunho deles. Muitas contradições aparentes, debaixo de um escrutínio estreito, provam estar em concordância substancial, como é observado no livro Manual popular de dúvidas, enigmas e “contradições” da bíblia de Norman Geisler e Howe.





Contemporâneos e oculares


Embora muito da historia antiga não tenha sido registrada por testemunhas oculares nem por contemporâneos, ela é, não obstante, considerada suficientemente confiável para nos informar a respeitos dos principais acontecimentos que foram registrados. Por exemplo, o nosso conhecimento de Alexandre o Grande é baseado em biografias escritas no período de trezentos a quinhentos anos após sua morte. Ao contrario, no caso dos documentos do NT que nos informam da morte e ressurreição de Cristo, até os críticos da bíblia admitem que alguns deles datam do tempo de vida das testemunhas oculares e dos contemporâneos. Por exemplo:


1. A maioria dos críticos concorda que Paulo escreveu 1Corintios por volta de 55-56 d.C. Nessa epistola, o apostolo fala de mais de quinhentas testemunhas da ressurreição de Jesus Cristo – a maioria delas ainda estava viva (1Co 15.6)


2. Um importante historiador de Roma, Colin J. Hemer, estabeleceu que Atos [como foi mostrado], confirmado como historicamente preciso em centenas de detalhes, foi escrito entre 60 e 62 d.C. Todavia, Atos 1.1 refere-se a um “livro anterior” [o evangelho de Lucas] que esse mesmo historiador cuidadoso escreveu. De fato, o evangelho de Lucas não somente alega ser historicamente exato, baseado em testemunhas oculares e evidencias documentais (Lc 1.1-4), mas também verificou-se que na verdade é. Considere novamente este detalhe preciso de referencia histórica confirmado como verdadeiro: “ No décimo quinto ano do reinado de Tibério César, quando Pôncio Pilatos era governador da Judéia; Herodes, tetrarca da Galileia; seu irmão Filipe, tetrarca da Ituréia e Traconites; e Lisânias, tetrarca de Abilene. Anãs e Caifás exerciam o sumo sacerdócio. Foi nesse ano que veio a palavra do Senhor a João, filho de Zacarias, no deserto” (Lc 3.1,2)


3. William F. Albright escreveu: “Podemos já dizer enfaticamente que não há mais nenhuma base sólida para datar nenhum livro do NT depois de cerca de 80 d.C., duas gerações completas antes da data entre 130 e 150 d.C., estipuladas pelos críticos mais radicais do NT hoje (Recent discoveries in bible lands [Descobertas recentes nas terras bíblicas], p. 136). Em outro lugar Albright disse: “Naminha opinião, cada livro do novo testamento foi escrito por um judeu batizado entre os anos quarenta e oitenta do primeiro século (muito provavelmente entre os anos 50 e 75 d.C.) [Toward a more conservative view [Por uma visão mais conservadora], CT, 18 de janeiro de 1993, p. 3)


4. John A. T. Robinson, conhecido por sua atuação no lançamento do movimento da “morte de Deus”, escreveu um livro revolucionário intitulado Redating the New Testament [Redatando o Novo Testamento], no qual postula datas revisadas para os livros do NT mais antigas que até os eruditos mais conservadores jamais haviam postulado. Robinson situa Mateus entre 40 e 60, Marcos, cerca de 45 a 60, Lucas antes de 57 a 60, e João de antes de quarenta a 65. Isso significaria que um ou dois evangelhos pode ter sido escrito cerca de sete anos após a crucificação. No mínimo, eles todos foram compostos dentro do período de vida das testemunhas oculares e dos contemporâneos dos acontecimentos. Supondo a integridade básica e a precisão razoável dos escritores, isto colocaria a confiabilidade dos documentos do NT alem de qualquer duvida razoável.


A simplicidade e a naturalidade deles não devem passar desapercebidas quando declaram prontamente até o menosprezo a eles próprios. Sua disposição de fé em seu Mestre, a lentidão para aprender os ensinos de Jesus, a luta por preeminência, a inclinação para pedir que fizesse descer fogo do céu sobre os inimigos, a deserção deles de seu Senhor em sua hora de extremo perigo – estes muitos outros incidentes que tendem diretamente para a própria desonra deles são, não obstante, postos com toda a integridade de caráter e sinceridade de verdade, como homens que escrevem com o mais profundo senso de responsabilidade perante Deus.


C. S. Lewis descreveu sua mudança do ateísmo para o teísmo em geral e para o cristianismo em particular:


No inicio de 1926, o mais empedernido dos ateus que jamais conheci sentou-se e, contra tudo que eu dele esperava, observou que os indícios da historicidade dos evangelhos eram de fato surpreendentemente bons, [...] “Chega até a parecer que aquilo realmente aconteceu”. Para entender o impacto explosivo disso [de sua observação], o leitor precisaria conhecer o homem (que certamente jamais demonstrou qualquer interesse pelo cristianismo). Se ele, o cético dos céticos, o durão dos durões, não estava – como eu o diria – “seguro”, então a que é que eu poderia recorrer? Será que não havia mesmo uma saída?

O esquisito era que, antes de Deus fechar o cerco sobre mim, foi-me oferecido aquilo que hoje me parece um momento de escolha absolutamente livre [...] Eu poderia abrir a porta ou deixa-la trancada [...] A escolha parecia poderosa, mas era também estranhamente desprovida de emoção. Não eram desejos nem medos que me motivavam, Em certo sentido, nada me motivava. Escolhi abrir, tirar a carapaça, afrouxar as rédeas. (Surpreendido pela alegria, p. 228)




O Novo testamento passa no teste bibliográfico?


Trechos retirados do livro "Fundamentos Inabaláveis" - Norman Geisler e Peter Bocchino


Novamente, há duas perguntas básicas: 1) Não havendo os documentos originais, qual o grau de confiabilidade das cópias existentes em relação ao número de manuscritos? E 2) Qual é o intervalo de tempo entre o documento original e as copias existentes? Em resposta a essas perguntas, pode-se entender que há evidencias de manuscritos mais precisos e em quantidade muito maior para o Novo Testamento que para qualquer outro livro do mundo antigo.
Em History and christianity [Historia e cristianismo]. John Warwick Montgomery apresenta uma evidência forte do Jesus histórico. No começo do livro, Montgomery cita uma palestra do professor Avrum Strool, na Universidade da Columbia Britânica, intitulada “Jesus existiu de fato?”. A posição do professor Stroll é resumida na sentença final de sua preleção:


“Um acréscimo de lendas que surgiram a respeito desse personagem [Jesus] foi incorporado nos evangelhos por vários devotos do movimento e rapidamente se espalhou pelo mundo mediterrâneo por meio do ministério de S. Paulo. Por causa disso, é improvável separar esses elementos lendários nas descrições pretensas de Jesus daquelas que de fato eram verdadeiras a respeito dele” (p. 14)


Em resposta a essa hipótese, e outras de natureza semelhante, precisamos apenas assinalar alguns fatos referentes às evidencias dos manuscritos. Um deles está na Biblioteca John Rylands, em Manchester, Inglaterra, e é conhecido por Fragmento John Rylands. Esse papiro contém cinco versículos do evangelho de João (18.31-33,37,38)


Foi encontrado no Egito e é datado entre 117 d.C e 138 d.C. O grande filólogo (pessoa que estuda textos escritos para estabelecer sua autenticidade) Adolf Deissmann argumentou que podia ser ainda mais antigo (Norman Geisler e William Nix, A general introduction to the Bible, p. 268). Essa descoberta destruiu a ideia de que o Novo testamento foi escrito durante o segundo século a fim de providenciar tempo para que surgissem mitos em torno da verdade.
O que vai ver a seguir é uma pequena amostra da grande quantidade de evidencias manuscritas disponível, que fazem os documentos do NT passarem no texto bibliográfico com notas muito boas. A tabela apresenta manuscritos do NT, datas, conteúdo e localização de alguns dos importantes manuscritos.



Fragmento John Rylands – 125 d.C – evangelho de João (18.31-33,37,38) – Biblioteca John Rylands Manchester, Inglaterra.


Papiro Bodmer – 200 d.C – 40 páginas de João, Judas, Lucas, 1 e 2 Pedro. – Biblioteca Peter Bodmer Cologny, Suíça


Papiro Chester Beatty – 250 d.C – Porções importantes de Mateus, João, Marcos, Lucas e Atos – Museu C. Beatty, Dublin Irlanda.


Códice do Vaticano – 325 d. C – Maior parte do AT e do NT – Biblioteca do Vaticano, Roma


Códice – Sinaitico – 340 d.C – Metade do AT e a maioria do NT – Museu britânico, Londres.


Códice Ephraemi – 350 d.C – Todos os do NT exceto 2 joão e 2 tessalonicenses – Biblioteca Nacional, Paris


Códice Bezae (D) Códice Cantabrigense – 500 d.C – Quatro evangelhos, Atos, 3João 11-15 – Biblioteca daUniversidade de Cambridge, Inglaterra


Códice Claromontano – 550 d.C – Epistolas paulinas, Hebreus – Biblioteca Nacional, Paris.


Códice Coislinianus – Século VI – Epistolas paulinas – Varias bibliotecas (Paris, Moscou, Kiev)


Uma vez mais, isso é apenas uma pequena amostra das evidencias empíricas que dão sustentação à confiabilidade dos documentos do NT. A soma total só de manuscritos de manuscritos gregos é agora 5.686. Alem desses, há mais de 10 mil manuscritos em latim; 4.100 em língua eslava; 2.500 em armênio; mais de 2.000 em etíope etc. Isso soma 24.286, além de centenas de outras línguas. O único outro texto antigo que sequer pode comparar-se às evidencias de manuscritos do NT (5.686) é a Ilíada de Homero, com apenas 643 exemplares. Alem do mais, o grau de precisão é maior para o NT que para outros documentos comparáveis – aproximadamente 99% copiados com precisão.





O novo testamento passa no teste interno?


O teste interno utiliza um dos axiomas de Aristóteles na Poética. Disse:


“Eles [os críticos] começam com alguma hipótese improvável; e tendo eles mesmos decretado, procedem fazendo inferências, e a censurar o poeta como se ele realmente tivesse dito tudo quanto tenham crido, se sua afirmação conflita com a noção que tinham das coisas [...] Sempre que uma palavra parece implicar alguma contradição, é necessário refletir sobre quantos modos pode haver de entende-la na passagem em questão [...] Portanto, é provavelmente um erro dos críticos que deu origem ao Problema [...] Veja se ele [o autor] quer dizer a mesma coisa, na mesma relação, e no mesmo sentido, antes de admitir que ele contradisse alguma coisa e que ele próprio disse ou que um homem de bom senso presume como verdadeira.” ( Richard McKeon (org.), The basic works of Aristotele, p. 1485-6.)


Em outras palavras, se for possível demonstrar que o autor não se contradisse, o beneficio da dúvida deve ser dado ao autor do próprio documento, e não atribuído ao crítico. Como John Warwick Montgomery insiste: “Deve-se ouvir as alegações do documento sob analise, e não presumir fraude ou erro a menos que o autor se desqualifique a si mesmo por contradições ou incorreções factuais conhecidas” (History and cristianity, p. 29). Não se demonstrou nenhuma contradição real no novo testamento, as discrepâncias obvias são esperadas em testemunho confiável independente. Havia muitas alegações de contradições na Bíblia, e a maioria das quais foi esclarecida por procedimentos jurisprudenciais adequado, princípios corretos de interpretação e descobertas arqueológicas dignas de nota. Para estudo mais abrangente, sugerimos o livro Manual de dificuldade, enigmas e “contradições” da Bíblia. Também recomendamos a obra de Gleason Archer, Enciclopédia de temas bíblicos.


Antes de alguém intelectualmente honesto concluir que um documento tem coerência interna, deve em primeiro lugar ter certeza de que os seguintes princípios foram corretamente aplicados ao texto: Considerar a linguagem, a cultura, a geografia e a história da época em que o documento foi escrito.




Testemunho da arqueologia


Antes, gostaria de mostrar uma descoberta interessante: O decreto de Nazaré. Uma laje de pedra foi encontrada em Nazaré em 1878, inscrita com um decreto do Imperador Cláudio (41 -54 d.C) segundo o qual nenhuma sepultura devia ser violada nem corpos deviam ser extraídos ou movidos. Esse tipo de decreto não é fora de comum, mas o fato surpreendente é que aqui “o ofensor será condenado a penalidade máxima pela acusação de violação de uma sepultura”. Outras advertências citavam uma multa, mas morte por violar uma sepultura? Uma explicação provável é que Cláudio, depois de ouvir a doutrina cristã da ressurreição e do túmulo vazio de Jesus, ao investigar os tumultos de 49 d.C., decidiu impedir que relatórios desse tipo viessem novamente a tona. Isso faria sentido à luz do argumento judaico de que o corpo fora roubado (Mt 28.11-15); Esse é um testemunho primitivo da crença forte e persistente de que Jesus ressuscitou dos mortos.


Descobertas arqueológicas dão testemunho dos lugares descritos no Novo Testamento. Entre essas descobertas estão:


O pavimento de pedra (Jô 19.13)
O tanque de Betesda
O poço de Jacó
O tanque de Siloé
As cidades antigas de Belém, Nazaré, Cana, Cafarnaum e Corazim
A residência de Pilatos em Jerusalém


Muito mais evidencias textuais e arqueológicas sustentam a exatidão do Novo Testamento. Mas mesmo estes exemplos revelam a extensão em que a arqueologia confirma a verdade das Escrituras.




Depoimentos de testemunhas especialistas em arqueologia.


O arqueólogo da Bíblia de renome mundial, William F. Albright disse: O excessivo ceticismo mostrado para com a bíblia por importantes escolas historias dos séculos dezoito e dezenove, certas fases das quais ainda se manifestam periodicamente, tem sido progressivamente desacreditado. Descoberta após descoberta estabeleceram a exatidão de inúmeros detalhes e produziram o aumento do reconhecimento do valor da Bíblia como fonte histórica. (The archeology of Palestine, p. 127-8)


O professor F. F. Bruce observa:

Onde se suspeitou de imprecisão de Lucas, e a precisão foi vindicada por alguma evidencia de inscrição, pode ser legitimo dizer que a arqueologia confirmou o registro do Novo Testamento. (Archaeological confirmation of the New Testament, p.. 331


Arqueólogo de Yale, Millar Burrows afirma:

No total, o trabalho arqueológico tem inquestionavelmente fortalecido a confiança na confiabilidade do registro escriturístico. Mais de um arqueólogo tem aumentado o respeito pela Bíblia pela experiência de escavação na Palestina. ( What mean these stones?, p. 1)



Sir William Ramsey é considerado um dos grandes arqueólogos do NT. Depois de ler a critica a respeito do livro de Atos, ficou convencido de que não era uma narrativa digna de confiança dos fatos daquela época (50 d.C) e, portanto, não era digno de consideração da parte de um historiador. Em sua pesquisa de história na Ásia Menor, Ramsey foi finalmente constrangido a considerar os escritos de Lucas. Observou a precisão meticulosa dos detalhes históricos e gradualmente reconsiderou sua posição. Após trinta ano de estudo, concluiu:


Lucas é um historiador de primeira categoria, suas declarações não são meramente fatos dignos de confiança [...] esse autor deve ser colocado juntamente com os maiores historiadores. (The bearing of recent discovery on the trustworthiness of the New Testament, p. 222).





Conclusão


Há confirmação especifica de fatos específicos da historia do NT proveniente da arqueologia. Vamos concentrar nossa atenção na história registrada por Lucas no livro de atos.

Se atos foi escrito antes de 70 d.C., enquanto as testemunhas ainda estavam vivas [...] o livro tem grande valos histórico para nos informar sobre as crenças cristãs mais primitivas.

Se atos foi escrito por Lucas, companheiro do apostolo Paulo, ele nos coloca dentro do círculo dos apóstolos que participaram dos eventos relatados.

Se atos foi escrito por volta do ano 62 d.C (a data tradicional, foi escrito por um contemporâneo de Jesus, que morreu no ano 33)

Se atos é considerado historia precisa, traz credibilidade aos seus relatos sobre as mis básicas crenças cristãs quanto a milagres (At 2.22), morte, ressurreição e ascensão de Cristo (At 2.23 - 29-32; 1.9,10).

Se Lucas escreveu atos então seu “livro anterior” (At 1.1), o evangelho de Lucas deve receber a mesma data (durante a vida dos apóstolos e testemunhas) e credibilidade..

As evidencias que sustentam a data e a autenticidade dos Atos dos Apóstolos incluem a história romana, os argumentos tradicionais, o conhecimento geral e especializado do autor, e o conhecimento especifico do local do autor (nome de vários lugares e pessoas, condições, costumes e circunstancias). Existem varias descobertas que confirmam a autenticidade do NT, os livros como fonte histórica.

Dizer que os apóstolos simplesmente inventaram, ou que alguém forjou algo é uma afirmação infundada. Pois a historia e a arqueologia confirmam a autenticidade do novo testamento. Os céticos são obrigados a chegar a seguinte conclusão: A bíblia (principalmente o NT) é sim uma fonte histórica confiável.


Uma vez que a confiabilidade dos documentos do NT e a integridade dos seus autores foram estabelecidas como historicamente confiáveis e aceitáveis, as supostas contradições refutadas (Existem vários livros que tratam sobre este assunto), o que resta é a pessoa intelectualmente honesta admitir isto, inclusive as afirmações que Jesus fez a respeito de si.

Nenhum comentário:

Postar um comentário