quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

Deus: sua existência. [Parte 1]

Estarei postando o que Reginald Garrigou-Lagrange escreveu sobre o que a Igreja diz a respeito da existência de Deus e os meios que podemos saber dela. O livro pode ser encontrado em espanhol para download no site http://www.obrascatolicas.com/ e se chama "Dios: Su Existencia".

O texto que vou colocar é dividido em cinco partes e não procura provar a existência de Deus, apenas expôr o ensino da Igreja sobre o assunto. O livro no todo, porém, faz a prova e vale a pena ser lido com cuidado.


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A DOUTRINA DA IGREJA SOBRE A EXISTÊNCIA E A NATUREZA DE DEUS, SOBRE O CONHECIMENTO QUE PODEMOS TER DELE POR MEIO DA LUZ NATURAL E DA RAZÃO HUMANA.

1º Definição do Concílio Vaticano* sobre a existência e natureza de Deus. “a Santa Igreja Católica, Apostólica, Romana, diz o Concílio Vaticano (Const. Dei Filius, cap. I), crê e confessa que há um só Deus verdadeiro e vivente, Criador e Senhor do céu e da terra, Todo Poderoso, Eterno, Imenso, Incompreensível, Infinito em inteligência, em vontade e em toda perfeição; que, sendo uma substância espiritual única por natureza, absolutamente simples e imutável, deve ser declarado realmente distinto do mundo e sua essência, bem aventurado em si e por si, e inefavelmente excelso sobre tudo que há ou se pode conceber fora Dele”.

Para determinar o que neste parágrafo é de fé católica, resumiremos as conclusões sobre este ponto que Vacant estabeleceu (Études théologiques sur lês Constituitions Du Concile Du Vatican, d’apès lês Actes Du Concile). O Concílio, depois de ter afirmado nossa fé em Deus, designando-o com os principais nomes que a Sagrada Escritura lhe dá, declara qual é a natureza de Deus e quais são os atributos que constituem a essência Divina. A eternidade, a imensidão e a incompreensibilidade mostram que a essência divina está acima do tempo, espaço e de qualquer conceito das criaturas. E eternidade significa que em Deus não pode haver começo nem fim, nem mudança; a ausência ou inexistência de toda sucessão, admitida de forma unânime pelos teólogos como elemento do conceito de eternidade, é uma verdade que se aproxima à fé, mas não parece ser, entretanto, um dogma de fé católica. A imensidão de Deus definida significa que a substância de Deus integra está e deve estar presente em todas e cada uma das criaturas às quais conserva em seu ser, e, também, que existe em todo lugar. A incompreensibilidade divina significa que Deus não pode ser plenamente compreendido por nenhum ser, exceto por si mesmo, e que até mesmo a visão intuitiva de  Deus que os bem aventurados gozam não pode chegar a esta plenitude. Ao definir que Deus é infinito em toda perfeição, o Concílio determina o sentido que se deve entender aqui o termo infinito. Os antigos filósofos só chamavam de infinito o que não estava terminado, que não estava completamente determinado. A Igreja, pelo contrário, quando diz que Deus é infinito quer dizer que Ele possui todas as perfeições possíveis, que sua perfeição não tem limite nem fim, assim como não tem imperfeições, de modo que é impossível conceber algo em que Ele possa melhorar. Consequentemente, o Concílio descarta o erro hegeliano de que o ser infinito, formado de todas as perfeições possíveis, é um ideal que tende a realizar-se, mas que jamais poderá ver-se realizado. Ao adicionar inteligência e vontade, o Concílio condena o panteísmo materialista segundo o qual a divindade não passa de uma necessidade cega e impessoal, uma lei fatal sem inteligência nem vontade. A respeito das demais perfeições possíveis que se podem atribuir a Deus, das quais o Concílio não fala, podemos dizer que somente são aquelas que não implicam imperfeição nenhuma; todas estas perfeições absolutas (simpliciter símplices) se identificam em uma superioridade absolutamente simples, que constitui seus aspectos parciais e que é a Deidade propriamente dita.

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