Retirado do livro "Etudes sur Dieu, l'Eglise, le Pape e sur le surnature" do Padre Jean-Baptiste Aubry.
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A união, a distinção e as relações das três pessoas podem ser estudadas à luz do que nós portamos (o que faz parte de nossa natureza) e do que podemos observar.
A geração do Verbo pelo Pai, ou seja, do pensamento ou palavra interior, é o tipo da nossa; por conseqüência, a nossa pode dar uma idéia dela. Ela é a primeira e excelente realização na atividade do Ser divino, exercício da inteligência ou pronunciação do Verbo interior.
A geração de nosso pensamento em nós e a pronúncia de nossa palavra interior é, assim, nossa operação mais elevada; mas nós somos seres finitos e inferiores, assim, esta operação em nós não pode lembrar em tudo à operação divina. Não pode, sobretudo, conduzir à produção de um verbo subsistente e pessoal. Ela não é mais que um desdobramento*. Porém, ela porta todas as características de uma geração intelectual que lembra a geração eterna do Verbo divino.
A procissão do Espírito Santo, amor mútuo do Pai e do Filho, pode, da mesma maneira, ser estudada sobre o tipo que nós portamos. Qual é, em nós, o objeto e a causa do amor? Nossa semelhança que vemos no outro. A paternidade produz um filho à imagem do pai e objeto de seu amor. Assim é em Deus, onde o Filho é a imagem e o esplendor do Pai. Mas em nós, este amor não é mais que um sentimento, uma relação, e não o termo subsistente de uma relação. Em Deus, é necessário que se tenha um termo subsistente de uma relação.
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II. Como nos assombra encontrar três pessoas em uma natureza, se nós portamos em nós mesmos duas naturezas em uma pessoa? Um é mais compreensível que o outro? E se negamos a primeira porque é incompreensível, porque não negamos a segunda?
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III. Passei longos tempos meditando ou fazendo simples comparações pouco engenhosas, à maneira dos escolásticos, buscando em todas as criaturas um reflexo, uma semelhança da Trindade e também de outros mistérios da fé, analogias que eles buscavam sobretudo entre a maneira que as atribuições do homem procedem de alguma forma uma da outra e a relação entre as pessoas divinas.
Entretanto, hoje eu creio que essas comparações e analogias têm um fundamento real em uma real semelhança. Com efeito, uma vez que Deus fez tudo que existe nos dois mundos, espiritual e material, e toda criatura é a expressão de seu poder, é necessário que sua vida intima seja reproduzida, seja impressa, leve sua expressão, e, assim, tenha o reflexo da vida divina. Pode ser que haja engano na maneira de encontrar, mas se não buscar não se vai encontrar; Deus é o ideal de tudo, não um ideal abstrato, impessoal, privado de existência real, mas um ideal existente, ou o tipo e exemplar ao mesmo tempo em que é autor.
* Nota do tradutor: A palavra original é adobration. Não encontrei o significado desta palavra, e, por isso, tentei deduzi-la pelo contexto. Caso alguém a encontre, e seja diferente, eu ficaria grato ser corrigido.
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