sábado, 24 de abril de 2010

Um comentário sobre “A Palavra”


A Palavra (gr. ho logos). A doutrina da Palavra apresentada por João foi formada por duas influencias. A Palavra é concebida como distintamente relacionada à Palavra do AT. E a concepção é influenciada aqui também pelo pensamento grego contemporâneo como preservado no final do século I.

O cristianismo teve seu berço no judaísmo. Mas o evangelista reconhece que as missões aos gentios necessitavam de uma apresentação de Cristo em termos que seriam compreendidos tanto por judeus quanto por gregos. Para o judeu, a “palavra” fazia coisas. Ele concebia a linguagem como algo vitalmente ativo.

Quanto mais verdadeiro então isso seria com relação à palavra de Deus! Foi a Palavra de Deus que trouxe a terra e os céus à existência (cf. Sl 33.6-9), de forma que os autores mais antigos do AT puderam falar sem hesitação do falar de Deus no ato de trazer À existência (cf. Gn 1,3,9,11,14,20,24,26). Além disso, a Palavra de Deus nunca retornou a ele como um eco infiel, mas sempre cumpriu o propósito para o qual tinha sido falada (Is 55.11), preeminentemente como poder de gerar vida (Is 55.3) e como uma compulsão sobre os seus mensageiros (Jr 23.29). Essa é uma pressuposição básica do AT. No entanto, sempre que certos trechos do AT sugeriam que algo de Deus pudesse ser visto pelos homens 9Ex 33.22,23; Is 6.1; Ez 1.1; Is 48.13, etc), ou que ele possuísse partes humanas, os targuns aramaicos posteriores removeram essas referencias, inserindo circunlocuções no lugar delas, geralmente menra, “a palavra”, que poderia estar por traz do emprego do logos de João. Deus agora foi visto na palavra que se tornou carne. Deve-se lembrar, também, que o livro de Provérbios, junto com outros livros da literatura sapiencial, personifica a Sabedoria e a representa como associada com Deus na criação do mundo (PV 8.22-31).

Para a mente grega, logos era também um termo significativo. A partir de Heráclito, quando pensadores começaram a formular uma doutrina do controle criativo intrínseco no Universo, o logos passou a ser um termo técnico entre os filósofos, particularmente os estóicos (como também Fílon).

Essa autoridade, escreve João, expressando a exata natureza da divindade e sua sabedoria na criação e salvação, é revelada em Cristo. Ele domina o poder eterno em virtude de sua divindade. Mas os seus atos são racionais e por isso reveladores. Ele é Deus. Ele é Cristo. Ele é Senhor. Por isso, ele pode da mesma forma fazer afirmações incomparáveis e promessas inigualáveis 9Hb 1.1; Cl 1.160. É principalmente essa idéia de Deus, ativo e imanente no mundo criado e revelado nos eventos na história, que está implícita no uso que João faz de “a Palavra”. Mas, sem dúvida, ele reconhece a concepção grega como a que comunica a racionalidade do Universo e que sugere uma mente pensante e intencional. João acrescenta a personalidade distinta às duas idéias, embora possa haver alusões À personalidade nos trechos de Provérbios.

Embora a Palavra não seja especificamente mencionada após o prólogo, não devemos perder de vista que sempre que Jesus fala ou age ele é a Eterna Palavra Encarnada. E como testemunho de Apocalipse (AP 19.13) dessa Palavra, João lembra os seus leitores de que o seu livro não é somente um tratado teológico, mais um testemunho de Cristo como aquele que é o único digno de receber glória e honra. “Adore a Deus! O testemunho de Jesus é o espírito de profecia” (Ap 19.10).

Um comentário:

  1. Parabéns pelo trabalho no blog. Já estou seguindo.

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    Vicente Lino da Natividade Apelidado: NEL

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