segunda-feira, 17 de maio de 2010

Podem os naturalistas confiar em suas mentes?

Um questionamento interessante feito por William Lane Craig. É uma questão que os naturalistas tem que responder, e normalmente ignoram (isso quando entendem a questão). O argumento fica mais forte ainda se lembrar que nossa razão é limitada, e não temos como provar que nossos sentidos nos mostram como é a realidade em si, muito menos que eles nos mostram algo relevante sobre a realidade.

Isso os "empiristas" vivem ignorando, pois não se pode provar de forma empírica que nossos sentidos nos mostram algo que realmente importa sobre a realidade, além da função para a sobrevivência. Já havia feito um texto sobre a razão e seus limites, mas vamos ao que Craig disse:

O naturalismo, a visão de que não há Deus e que nós somos simplesmente produtos de interações aleatórias de acaso e necessidade. É o naturalismo possível de ser afirmado de forma racional? E Alvin Plantinga, que é provavelmente o maior filósofo cristão hoje em dia, tem argumentado que de fato o naturalismo não pode ser afirmado de forma racional. E a razão é a mesma que o cavalheiro aqui acabou de dar.


A saber, que se o naturalismo é verdadeiro, então nossas faculdades cognitivas são produto de um processo evolutivo, o qual não conduz para a produção de crenças que sejam verdadeiras, mas, em vez disso, conduz para crenças que o ajudem a sobreviver.  Nossas faculdades cognitivas são escolhidas pelo seu valor para sobrevivência, não pela sua capacidade de perceber a verdade.


E Plantinga apresenta cinco ou seis formas onde nossas crenças podem conduzir à sobrevivência, sem nos conduzir à verdade. Então, no naturalismo há algo que derrota suas próprias crenças.


Ou seja, você crê que suas capacidades cognitivas não conduzem à verdade, mas apenas à sobrevivência, portanto, as crenças que você possui são crenças que você tem apenas porque elas têm valor para a sobrevivência, não necessariamente porque elas tem algum valor de verdade.


Mas se isso é verdadeiro, então sua própria conclusão de que o naturalismo é verdadeiro é duvidosa, pois ela não é resultado de mecanismos que formam crenças que conduzem à verdade, mas apenas à habilidade de sobreviver.


Então, o próprio naturalismo não pode ser afirmado! Pois, o naturalista está preso aqui em um tipo de ciclo que derrota a si mesmo:


Ele crê no naturalismo com base nas faculdades que, segundo o próprio naturalismo, não podem ser confiadas a produzirem crenças que sejam necessariamente verdadeiras.


Então, eu penso que é um argumento poderoso, que está sendo muito discutido hoje em dia. Esta é, na verdade, uma dúvida que perturbou o próprio Darwin. Darwin disse:


“Como posso eu confiar no cérebro de um macaco para chegar às conclusões que eu cheguei? Se minha teoria estiver correta, então ela parece botar dúvida a si mesma, porque não posso ter certeza que minhas faculdades cognitivas sejam realmente confiáveis."


[...] Esse é um problema que o naturalista deve encarar.

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