Parece-nos de capital importância excluir qualquer iniciação sexual feita coletivamente nas escolas. Nos mistérios da vida quem deve iniciar os adolescentes são os pais. Só o lar reúne as condições psicológicas e morais para uma educação sadia e eficiente em matéria tão delicada. Entre outros, a iniciação coletiva encerra os seguintes
inconvenientes:
1) Na mesma idade, o desenvolvimento sexual é extraordinariamente diverso de indivíduo para indivíduo. Uma instrução adaptada a uns poderia provocar em outros surpresas funestas, choques nervosos e desequilíbrios morais de que dificilmente viriam a convalescer mais tarde.
2) A explicação feita em público de assuntos tão delicados autorizaria depois entre alunos conversas e trocas de ideias sobre as matérias vistas em aulas. É mais um incentivo, oficialmente sancionado, às conversações obscenas e por meio delas à corrupção sistemática dos mais sadios pelos mais depravados.
3) A iniciação sexual, para ser verdadeiramente eficaz no dizer unânime de psicólogos pedagogistas, requer un complexo de qualidades - e entre elas um respeito e amor à pureza de cada aluno - que fora ingenuidade esperar se encontrem em cada professor ou professora das nossas escolas públicas. Na maioria dos casos, o efeito seria desastroso e os escândalos da vida social que tanto se deploram, começariam bem cedo a contaminar as nossas escolas com incrível prejuízo da saúde, higiene e moral das novas gerações.
4) A propaganda em favor da iniciação sexual nas escolas é toda baseada num falso postulado pedagógico, isto é, na opinião de que a corrupção nasce da ignorância. Engano. Trata-se aqui muito mais de força moral do que de saber. A verdadeira pedagogia sexual concentra os seus esforços na formação da vontade e na educação do caráter e evita despertar imagens e curiosidades malsãs a que não resistiriam as consciências ainda mal formadas das crianças
5) Por estes e outros motivos, que não nos é dado aqui explanar, a iniciação coletiva, longe de representar um progresso na pedagogia, tem despertado entre os mais autorizados mestres, resistências tenazes e condenações categóricas.
F. W. FORSTER, professor de filosofia e pedagogia nas Universidades de Viena, zurich e Munich, aponta como erro perigoso "a ideia de que a depravação e superexcitação sexuais da juventude moderna seriam o resultado da insuficiência do ensino sobre a questão sexual, enquanto que a verdadeira causa deve ser unicamente procurada na terrível baixa na educação do caráter e no delírio do prazer, comum em nossa época. Num meio assim que significa só o ensino? Se o homem não é elevado por uma concepção mais alta da vida, o ensino tenderá, no máximo, a excitar-lhe a curiosidade do que se lhe não diz." (Sexualethfk und Sexualpadagogik, trad. franc., p. 203)
STANLEY HALL, o príncipe dos pedagogos norte-americanos, depois de assinalar as crises da alma e as perturbações nervosas que são muitas vezes as consequências de semelhantes intervenções prematuras, conclui que "devemos detestar toda espécie de iniciação coletiva. " (Educational Problems., New York, 1 9 1 1 , vol. I. )
O Dr. W. STEKEL, especialista de psicoterapia em Viena, no seu estudo sobre os "Estados de angústia nervosa e seu tratamento", Berlim, p. 3 10, conclui as suas reflexões sobre o assunto com estas palavras: "Sou adversário declarado do sistema de iniciação que se propaga atualmente e que se me afigura uma epidemia mental, uma espécie de exibicionismo psíquico. A iniciação coletiva nas escolas é um pensamento monstruoso cuja realização acarretaria inumeráveis choques sexuais... A questão só pode ser solucionada individualmente, e o melhor meio seria que, a começar de certa idade, os pais introduzam nas conversas coisas sexuais como coisas naturais, sem exposição solene nem cerimônias misteriosas. Não esqueçamos que a raiz de todos os desejos malsãos é a curiosidade sexual e que a iniciação precoce dos meninos seria, para o desenvolvimento da humanidade, um grande prejuízo cultural."
Em nome, portanto, da higiene, da pedagogia e da moral julgamos que se deve excluir dos programas de ensino uma iniciação coletiva, feita nas escolas públicas.
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