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Primeira Parte / Segunda Parte / Terceira Parte / Quarta Parte
Em outros lugares da Europa, novas áreas protestantes sofreram rupturas similares. A qualidade das instituições públicas regrediu em relação aos níveis medievais. O médico e autor americano James J. Walsh observa que os escritores modernos são tentados a admitir, com base nos deploráveis hospitais e asilos do seu tempo (começo de 1800 a 1900), que os hospitais medievais devem ter sido muito piores. A suposição é a de que quanto mais se volta no tempo, mais ignorantes e bárbaras tendem a ser as condições.
A pesquisa de Walsh revela, no entanto, que isso não é verdade. Ao analisar a medicina da Idade Média, ele encontrou grandes avanços na educação médica, nos estudos clínicos, na farmacologia e nos regulamentos de saúde baseados nos novos conhecimentos da época. Ele recorda avanços e experimentos em diversos tipos de cirurgias: óssea, plástica, obstétrica, cardíaca e intestinal, assim como o tratamento de ferimentos à bala (um novo problema, causado pela invenção da pólvora). Há até menção ao uso de anestesia, sobre o qual havia alguma controvérsia: alguns cirurgiões utilizavam-na e outros não a aprovavam. (A prática acabou sendo de lado e a técnica se perdeu até ser retomada nos tempos modernos).
Quanto aos hospitais, Walsh afirma que os piores da História - muito inferiores aos medievais - foram aqueles construídos no século XIX. Esses prédios, sujos, escuros e superlotados eram locais deprimentes para uma pessoa doente. Os hospitais medievais, por outro lado, abertos a pacientes pobres ou ricos, eram construções atrativas, espaçosas, com largas janelas; geralmente construídas em jardins e próximos a uma fonte de água para saneamento. Os pacientes eram tratados por religiosos dedicados, instruídos em medicina; os ricos pagavam por seus remédios e traziam a sua própria comida e vinho, mas os pobres não pagavam por nada. As paredes dos compartimentos ou quartos eram cobertas com pinturas ou outras decorações para que os pacientes tivessem algo atrativo para olhar. Instituições para doentes mentais eram também muito avançadas; elas não eram, de modo algum, os "ninho de cobra" retratados nas histórias de horror do começo da modernidade. Na Europa do Norte, os loucos eram geralmente alojados em hospitais ligados aos mosteiros em áreas rurais. Os pacientes recebiam quartos espaçosos e tratamento amável. A Espanha era considerada particularmente avançada no tratamento dos loucos, e os pacientes frequentemente melhoravam, a ponto de poder retornar à sociedade.
A Reforma causou um efeito devastador nos hospitais e em todas as outras formas de serviço social, como vimos nos casos dos mosteiros e das guildas. Um autor de história da enfermagem observa que o conhecimento e a técnica desta profissão haviam sobrevivido somente nas ordens religiosas. Consequentemente, coube ao Estado protestante sustentar os pobres, doentes, órfãos e loucos dentro de suas fronteiras, mas isso levou tempo, e as instituições públicas resultantes deixaram muito a desejar, quando comparadas ao que a Igreja havia oferecido por séculos, por amor a Deus.
Quanto à educação, o teólogo Erasmo de Roterdã, que originalmente era simpático a alguns dos objetivos "reformistas", escreveu: "onde reina o luteranismo, há o fim das letras". Ele referia-se ao fechamento de escolas e universidades, quando os professores perseguidos foram obrigados a fugir. O desaparecimento de todas essas instituições, quando as ordens religiosas que as comandavam foram reprimidas, causou grandes dificuldades. Por fim, elas também foram restabelecidas como instituições estatais. Um estudante alemão ou inglês subitamente impossibilitado de conseguir seu diploma ou uma pessoa doente expulsa de um hospital da Igreja teriam dito que as condições eram muito melhores antes da Reforma que depois.
Havia também os tesouros monásticos de arte e arquitetura, cujo valor é incalculável. Um hospital seria com o tempo substituído, apesar de não ter a mesma qualidade do seu predecessor, mas as impagáveis janelas de vidro e as preciosas relíquias (para não dizer nada do seu ainda mais precioso conteúdo) quebradas pelas multidões protestantes não poderiam mais ser reproduzidas. As tumbas de reis católicos também pereceram. Quando os mosteiros foram atacados na Inglaterra, multidões estavam prontas para saqueá-los e há relatos desses vândalos usando manuscritos das bibliotecas destruídas para limpar suas botas - manuscritos que um monge pode ter levado a vida inteira para copiar e ilustrar. Artisticamente, então, as áreas protestantes da Europa eram também muito piores depois da Reforma do que antes.
[Continua...]
Caro Jonadabe peço sua permissão para reproduzir esta série da historiadora Diane Moczar em meu blog recém-criado http://construtoradacivilizacao.blogspot.com.br/ onde postarei artigos refutando as principais mentiras que inventam contra a Santa Igreja.
ResponderExcluirPax domini!
Fique a vontade, caríssimo!
ResponderExcluirPax!
Muito obrigado Jonadabe! Pax domini!
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