sábado, 30 de novembro de 2013

Deus - Exposição sobre a ação do Espírito Santo (Parte IV)

IV – EXPOSIÇÃO SOBRE A AÇÃO DO ESPÍRITO SANTO NA SANTIFICAÇÃO DAS ALMAS E SUA AÇÃO, DE UMA PARTE NAS OPERAÇÕES DIVINAS AD INTRA, DE OUTRA NA ENCARNAÇÃO DO VERBO.

Na processão das pessoas divinas, o Verbo recebe apenas o nome e a qualidade de Filho; O Espírito Santo procede, mas não é o Filho. Por quê? Porque a operação divina pelo qual o Filho vem do Pai é a única que tem como objetivo a produção de um ser consubstancial (por natureza), distinto (por pessoa), mas que seja a imagem e semelhança do Pai; por consequencia, é a única que pode ser chamada, e que realmente é uma geração. A operação divina para o Espírito Santo vem do Pai não sendo da mesma espécie, embora seja também uma processão (este é um termo genérico), não pode ser chamado e não é, de fato, uma geração, mas uma operação.

Mas o Espírito Santo tem, na relação do Pai com o Filho, uma parte intima e necessária; Ele é sua conexão de amor. E se é impossível que o Pai [seja], sem que, pelo fato mesmo de seu ser, ele gera o Filho, do mesmo modo é impossível que o Pai gere o Filho e que o Filho seja gerado pelo Pai sem que, por esse motivo, todos os dois juntos respirem, exalem, soprem, se enviem reciprocamente o Espírito Santo.

(Pode-se dizer que o Espírito Santo tem, na geração eterna do Verbo, uma parte ativa, e que, por este motivo, o Pai gera o Filho? Não supõe a processão do Espírito Santo logicamente antes à geração do verbo? Se é possível dizer, sem receio, este ponto adquirido me servirá para explicar ainda mais expressamente a relação seguida que estabeleci entre a parte do Espírito Santo na geração eterna do Verbo e o que ela teve em sua Encarnação).

É sobre o papel do Espírito Santo que foi fundada a conveniência por meio do qual o Filho se encarnou, e Maria concebeu pela operação do Espírito Santo, não por meio do Pai, ou por uma operação atribuída à natureza, mas da relação a uma pessoa cujas características e atribuições pessoais estão em jogo. Aqui ainda eu lembro que encontrei na geração eterna: a encarnação forma um homem que procede do Pai por geração e que pode, por direito, ser chamado, que é o Filho; ele não pode também ser chamado de filho adotivo; ele é a semelhança formal de Deus O Pai, e sua geração carnal tem por objetivo a produção de um ser semelhante. Era, portanto, necessário que o Espírito Santo viesse da mesma ação.

É ainda sobre as mesmas observações e noções teológicas, por conveniência, das mesmas características, propriedades e atribuições pessoais, que está fundada a doutrina católica da graça santificante e da parte que têm as três pessoas divinas. Pela graça santificante e a elevação à ordem sobrenatural, nós nos tornamos filhos de Deus; nós recebemos, por adoção sem dúvida, mas de uma maneira real, uma conexão de descendência divina que nos faz filhos de Deus e que o nome exato é geração. De toda fraseologia da geração divina, após o Nosso Senhor, de nascimento e de vida nova que nos foi dada; desta idéia de semelhança divina sempre unida a esta filiação adotiva e deificação, para fazer o fundo da descrição da graça santificante. Por último, a mesma operação atribuída ao Espírito Santo, em nossa santificação, na formação de filho de Deus em nós, na nossa deificação, no ponto em que eu poderia fazer a seguinte observação de São Paulo: dificilmente se tem, das numerosas passagens onde ele apresenta, a descrição da graça santificante e que não contenham, como um dos elementos essenciais e primeiros desta descrição, as operações interiores do Espírito Santo nas almas.

Do mesmo modo da geração eterna do Verbo, não é certo que se conceba que a processão do Espírito Santo resulte de uma relação de amor entre as duas primeiras pessoas, e que à imagem desta operação divina, a geração terrestre de Jesus Cristo tem semelhante característica, não é certo ser descrito sem uma cooperação ativa do Espírito Santo fazendo com que o verbo se encarne em Maria; o mesmo é em virtude da mesma lei oculta, em toda a série de gerações místicas de Jesus Cristo, em suas diversas espécies, vós não podeis negligenciar a ação do Espírito Santo que coopera na mesma medida a estas novas e misteriosas gerações do Verbo. Assim, a formação de Jesus Cristo nas almas pela graça santificante é chamada uma geração mística de Jesus Cristo. Ora, o Espírito Santo foi exibido como o agente e princípio direto para sua operação santificante; é a ele mesmo que se atribui a causa ativa de toda santidade. É uma outra geração mística do Verbo, em que consiste na geração da fé e da inteligência das coisas reveladas; isto pode ser considerado como sua operação tanto na Igreja em geral quanto em cada inteligência católica em particular; é o Verbo que é gerado, pois é o pensamento de Deus, a palavra divina que é concebida, que se forma, que cresce e nasce nas almas. Mas assim é pela operação do Espírito Santo que se realiza esta geração, pois é Ele que ilumina, que inspira e que dá a fé.

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