domingo, 14 de setembro de 2008

Jesus histórico


“De tempos em tempos, aparece alguém que tenta negar a existência de Jesus, mas isso é pura perda de tempo” - dr. Edwin Yamauchi
“Jesus nunca existiu”, me disseram. ““ Se você pesquisar, vai ver que o cristianismo copiou estórias de vários mitos e colocou nesse tal de Jesus, e não existe nenhum registro histórico sobre Jesus, os que você vê por ai se mostraram fraudulentos”, concluiu.
Fiquei sem o que dizer, e resolvi estudar sobre o assunto pesquisando em alguns livros e sites, inclusive os que falam deste suposto silêncio histórico. Cheguei a uma conclusão diferente da dele: Jesus realmente existiu, o cristianismo não copiou mitos pagãos, existem diversas evidencias para se confiar nos registros cristãos sobre Ele. Alem disso, existem mais registros históricos sobre Jesus do que qualquer fundador das religiões mais antigas.
Depois que reuni alguns destes livros, resolvi criar este artigo e compartilhar com vocês. Como muitos textos apologéticos, este serve para fortalecer a fé dos cristãos, ajudar a defendê-la, e serve também como uma ajuda para o cético que busca sinceramente a verdade (Como o cético Tomé, irmão de Jesus). O artigo é grande, porém importante, com isso, espero contribuir no seu conhecimento.
Para começar, vamos ver o que alguns documentos não cristãos falam sobre Jesus. Para algumas pessoas são poucos, mas em comparação com os registros de outros personagens históricos, isto é muito grande. Sem contar que diversos textos da época foram perdidos com o tempo, e muitas pessoas não deram credito a Jesus (como a própria bíblia registra).


  • Flavio Josefo

Este é o primeiro exemplo que muita gente gosta de mostrar como um registro fraudulento. Flavio Josefo foi um historiador judeu, hoje reconhecido como um dos maiores historiadores do primeiro século. Nasceu em 37 d.C., e foi considerado traidor por se entregar a Roma em vez de suicidar-se. Em uma de suas obras, Josefo escreveu:

“Ora, havia nessa época Jesus, um homem sábio, se for lícito chama-lo de homem, pois era alguém que fazia maravilhas, um mestre de homens que recebem a verdade com prazer. Ele trouxe muitos para junto de si, tanto judeus como gentios. Ele era o Cristo. Quando Pilatos, obedecendo à sugestão dos homens mais importantes entre nós, condenou-o à cruz, aqueles que o amavam primeiramente não se esqueceram dEle, pois Ele lhes apareceu vivo novamente no terceiro dia, como os divinos profetas haviam previsto sobre essas e dez mil outras coisas maravilhosas a respeito dEle, e a tribo dos cristãos – assim chamada por causa dEle – até hoje não se extinguiu.” (Antiquities 18.63,64). [1]

O texto é considerado por muitos céticos como fraudulento, pois, como um judeu diria que Jesus era o Cristo? Eles têm razão em falar que um judeu não diria isso. Mas o que os especialistas, tanto judeus como cristãos concordam é que houve uma interpolação apenas na parte que vislumbra a divindade de Jesus. Como mostra dr. Edwin Yamauchi no livro Em defesa de Cristo. Veja sua explicação:

[...] a primeira linha diz que "nesse mesmo tempo apareceu Jesus, que era um homem sábio". Essa frase não costumava ser usada pelos cristãos em referência a Jesus, portanto deve ser de fato da autoria de Josefo. A frase seguinte, porém, diz: "... se, todavia devemos considerá-lo simplesmente como um homem". Isso implica que Jesus seria mais do que humano, o que deve ser uma interpolação. [...] Depois, lemos: "... suas obras eram admiráveis. Ele ensinava os que tinham prazer em ser instruídos na verdade e foi seguido não somente por muitos judeus, mas mesmo por muitos gentios". Essa frase parece estar plenamente de acordo com o vocabulário que Josefo utiliza em outras passagens, e costuma ser considerada autêntica. Mas vem em seguida uma declaração ambígua: "Era o Cristo", o que parece ser uma interpolação. [...] O trecho seguinte da passagem, em que são mencionados o julgamento e a crucificação de Jesus e o fato de que seus seguidores ainda o amavam, não é incomum e é considerado genuíno. Em seguida, vem a frase: "No terceiro dia, ele apareceu diante deles com a vida restituída". Estamos novamente diante de uma declaração explícita de fé na ressurreição, portanto é pouco provável que Josefo seja de fato seu autor. “Esses três elementos, ao que tudo indica, parecem ser interpolações.”

Isso pode ser comprovado, pois quando Josefo faz referencia a Tiago, diz que Jesus era “chamado Cristo”:

"Anano, um dos que nós falamos agora, era homem ousado e empreendedor, da seita dos saduceus, que como dissemos, são os mais rigorosos nos julgamentos. Ele aproveitou o tempo da morte de Festo, e Albino ainda não tinha chegado para reunir um conselho diante do qual fez comparecer Tiago, irmão de Jesus, chamado Cristo, e alguns outros; acusou-os de terem desobedecido às leis e os condenou ao apedrejamento. Esse ato desagradou muito a todos os habitantes de Jerusalém, que eram piedosos, e tinham verdadeiro amor pela observância de nossas leis.” (capítulo VIII, parágrafo 856 das Antiguidades)

É improvável que Josefo chamasse Jesus de Cristo, mas está claro na segunda passagem que diz que era “chamado Cristo”. Alguém pode perguntar por que Ele não falou mais sobre Jesus, já que a bíblia fala muitos atos miraculosos Dele. Isto pode ser explicado com alguns pontos:

- Ele, como os demais judeus, provavelmente não acreditava nestes atos de Jesus como miraculosos, talvez porque nasceu algum tempo depois. Mas mesmo naquela época os judeus e romanos que eram inimigos do cristianismo não duvidavam da existência histórica de Jesus.
- Flavio Josefo tinha interesses políticos, Jesus pregava o reino dos céus, e não uma revolta contra Roma, outro exemplo é que ele não se opunha ao pagamento de impostos. Por isso Jesus não era considerado nenhuma ameaça política.
Existem algumas acusações de que alguns textos de Flavio Josefo contradizem a narrativa bíblica, e para quem tem duvida:

1. A Bíblia diz que João Batista foi morto por volta de 30 d.C., no início da vida pública de Jesus. Josephus, contudo, diz que Herodes matou João durante sua guerra contra o rei Aertus da Arábia, em 34 – 37 d.C.”

A bíblia não especifica a data da morte de João batista, mas fala o motivo pelo qual ele foi preso e morto. Que por sinal, é o mesmo motivo que Josefo mostra.

“2. Josephus não menciona a celebração de Pentecostes em Jerusalém, quando, supostamente, judeus devotos de todas as nações se reuniram e receberam o Espírito Santo, sendo capaz de entender aos apóstolos cada qual em sua própria língua. Pedro, um pescador judeu, se torna o líder da nova igreja; um colega fariseu de Josephus, Saulo de Tarso, se torna o apóstolo Paulo; a nova igreja passa por um crescimento explosivo na Palestina, Alexandria, Grécia e Roma, onde morava Josephus. O suposto martírio de Pedro e Paulo em Roma, por volta de 60 d.C., não é mencionado por Josephus. Os apologistas cristãos, que depositam tanta confiança na veracidade do testemunho de Josephus sobre Jesus, parecem não se importar com suas omissões posteriores.”

Eles entendiam cada apostolo em sua própria língua, mas não foram todos os judeus devotos de todas as nações que se reuniam naquele momento que falaram em línguas. Josefo nasceu em um tempo posterior, talvez ele não acreditasse e não considerasse importante. Pedro não se tornou líder da igreja, fez apenas um discurso, provavelmente o líder da igreja era Tiago. Flavio Josefo poderia ser até contemporâneo de Paulo, mas não eram colegas. Primeiro, porque ele nasceu em 37 d.C., é bem provável que nessa época Paulo já tenha se convertido ao cristianismo. E mesmo que Paulo ainda fosse um fariseu, Flavio Josefo não teria idade suficiente para ser seu colega fariseu antes da conversão de Paulo, já que ele se tornou fariseu com 19 anos. Não faz sentido Josefo ter citado o martírio de Paulo e Pedro, em 60 d.C., já que a sua primeira obra foi com o objetivo de estudar a rebelião judaica, talvez por motivos políticos, e por isso ele dava mais importância a outros temas e pessoas, como os zelotas.
Quando uma pessoa lê um livro, o que de mais importante se observa? O tema e o conteúdo. Os livros são escritos com motivos específicos. Flavio Josefo teve os seus. Mas dizer que por ele omitir alguns fatos eles realmente não aconteceram é um erro. O leitor deve ter em mente o objetivo do escritor. Por isso, a acusação de omissão não pode ser usada dessa forma. Isso explica o porquê ele mencionava coisas que para algumas pessoas não é importante, mas que para ele era.
Com isso pode-se concluir que as citações de Flavio Josefo são confiáveis como registro da historicidade de Jesus, e que em nada ele contradiz as afirmações cristãs.


  • Talmude.

O talmude começou a ser escrito a partir do século I, e mostra muitas tradições e fatos de diversas épocas. Ele é muito importante, pois existem referencias a Jesus, que alem de comprovarem sua existência histórica, mostram que o relato bíblico sobre o que os judeus achavam de seus milagres é verdadeiro. Observe:

Na véspera da Páscoa eles penduraram Yeshua [Jesus – uma das versões diz claramente “Yeshu, o Nazareno]; E um arauto ia à frente dele durante quarenta dias dizendo: “Ele vai ser apedrejado porque praticou feitiçaria, seduziu e desviou Israel. Qualquer um que souber qualquer coisa a seu favor que venha e apele em seu nome”. Mas, não tendo sido encontrado nada a seu favor, eles o penduraram na véspera da Páscoa. [2]

Este texto é o Sanhedrin (ou Sinédrio) 43a. Note que além de fazer referência a Jesus, ele fala de coisas também registradas no Novo Testamento:

- Que Jesus fazia milagres (e eram interpretados como feitiçaria, como a bíblia diz que Jesus era acusado de fazer tais atos em nome de Belzebu)
- que Jesus foi “pendurado” na véspera da páscoa.
- Havia desviado muitas pessoas do ensinamento legalista, como a bíblia diz.
- Estavam tramando mata-lo
- Foi morto “pendurado”

Mas está não é a única citação sobre Jesus nos talmudes. Existe outra citação, também muito importante, que faz referência a Jesus, registrada em um dialogo:

“Mestre, tu deves ter ouvido uma palavra de Minuth (heresia); essa palavra deu-te prazer, e foi por isso que foste preso. Ele (Eliezer) respondeu: Akiba, tu fizeste-me recordar o que passou. Um dia que eu percorria o mercado de Séforis, encontrei lá um dos discípulos de Jesus de Nazaré; Tiago de Kefar Sehanya era o seu nome. Ele disse-me: Está escrito na vossa lei (Deuteronômio 23:18): ‘Não trarás salário de prostituição nem preço de sodomita à casa do Senhor teu Deus por qualquer voto’ Que fazer dele? Será permitido usá-lo para construir uma latrina para o Sumo Sacerdote? E eu não respondi nada. Disse-me ele: Jesus de Nazaré ensinou-me isto: o que vem de uma prostituta, volte ao lugar de imundícies.’ E esta palavra agradou-me, e foi por causa dela que eu fui preso como Minuth (herege).” (Citado por Jaques de Bivort, no livro Deus, o Homem e o Universo. Livraria Torres Martins. Porto. 1957. p. 388)

Incrível estes registros sobre Jesus feito por Judeus!


  • Referências feitas pelo Historiador Phlegon.

Orígenes faz referências a duas obras de Phlegon, infelizmente os originais foram perdidos. Veja o que ele diz:

E, em relação ao eclipse na época de Tibério César, em cujo reinado parece que Jesus foi crucificado, e o grande terremoto que então teve lugar... (Orígenes contra Celsus) [ver referencia no examine as evidencias]. Phelgon mencionou o eclipse que teve lugar durante a crucificação do Senhor Jesus e nenhum outro; é claro que não sabia, a partir das suas fontes, a respeito de nenhum outro eclipse (semelhante) nos anos anteriores e isso pode ser visto através do relato histórico de Tibério César (Origen and Philopon, De. Opif. Mund., II21). [3]


  • Luciano de Samóstata

Viveu entre 125 a 180 d.C. Era apaixonado por história, como pode ser visto em alguns de seus escritos. E não deixou de falar sobre Jesus (indiretamente):

“Os cristãos... até hoje adoram um homem, um distinto personagens que lhes deu novos ritos e por isso foi crucificado... Foi gravado neles, pelo seu legislador original, que eram todos irmãos, a partir do momento que se convertiam, e que deveriam negar os deuses da Grécia e adorar a sabedoria do crucificado e viver de acordo com suas leis. [4]”

Luciano, como um bom historiador, fez questão de dizer que os cristãos “adoram um homem”, “um distinto personagem que lhes deu novos ritos e por isso foi crucificado”. O mesmo motivo da crucificação que a bíblia mostra. Mesmo não sendo um cristão, Luciano reconhecia a historicidade de Jesus.



  • Tácito

Nos Anais de Roma, Tácito faz menção à Cristo:

"Para destruir o boato [que o acusava do incêndio de Roma], Nero supôs culpados e inflingiu tormentos requintadíssimos àqueles cujas abominações os faziam detestar, e a quem a multidão chamava cristãos. Este nome lhes vem de Cristo, que, sob o principado de Tibério, o procurador Pôncio Pilatos entregara ao suplício. Reprimida incontinenti, essa detestável superstição repontava de novo, não mais somente na Judéia, onde nascera o mal, mas anda em Roma, pra onde tudo quanto há de horroroso e de vergonhoso no mundo aflue e acha numerosa clientela" (Tácito, Anais , XV, 44 trad, Gaelzer na Coleção Budé, apud Suma Católica contra os sem Deus p. 256).

O relato de Tácito bate perfeitamente com a descrição bíblica. Não há como supor interpolação: um cristão jamais descreveria sua crença como “detestável superstição”. Alguns tentam a seguinte argumentação: Tácito não estava sendo exato nas suas informações sobre Jesus. Vamos verificar em que se sustenta essa hipótese:

Tácito chama Pilatos de “procurador”, quando na verdade seu título era prefeito.

Josefo também chama Pilatos de procurador . Isso nos leva a três possibilidades: Pilatos detinha os dois títulos; existia uma certa intercambialidade entre eles; ou talvez isso seja um anacronismo com a intenção de não confundir o leitor, já que à época de Tácito, os governadores da Judéia eram chamados de procuradores.

Tácito usa o título Cristo, ao invés de Jesus, como um nome próprio, algo incorreto.

Tácito queria explicar de onde vinha o nome do movimento (cristãos). Referências ao nome Jesus não explicariam isso, mas ao nome Cristo sim. Não há nada demais nisso.
Nenhum autor da Igreja Primitiva faz referência a essa passagem.

Nenhum cristão lúcido iria citar essa passagem, pelos mesmos motivos citados na acusação de interpolação: ela é extremamente ofensiva aos cristãos. Além disso, Tácito não era exatamente popular entre os Pais da Igreja: um dos poucos que lhe faz referência, Tertuliano, o chamou de “mentiroso”. Ainda mais: Tácito praticamente foi esquecido durante toda a Idade Média: Após ser citado no sexto século por Cassiodoro (pra deixar claro, a citação não se refere aos Anais), Tácito só é retomado por volta de 1360, tornando-se novamente populares na Renascença (século XV em diante).



  • Fócio, o cristão que sabia demais?


Muitos tentam apelar para o que disse Fócio, o patriarca de Constantinopla, que afirma que Justus de Tiberíades, um autor contemporâneo a Josefo, “não menciona a vinda de Cristo, os eventos da sua vida, ou os milagres feitos por Ele”. Isso seria uma séria objeção à historicidade de Jesus, afinal, um autor da Galiléia, do primeiro século, não mencionaria Jesus? Vamos analisar bem direitinho a situação. Não temos o texto ipsis litteris de Justus, apenas citações de outros autores. Josefo diz que Justus serviu o rei Agripa II, e escreveu duas obras: uma história da Primeira Guerra Judaico-Romana, em que culpava Josefo pelas desgraças da luta, e uma história dos Judeus, desde Moisés ao Rei Agripa II. As coisas continuam complicadas para qualquer cristão, certo? Como explicar a omissão de Justus em mencionar Jesus?

Para responder, vamos dar uma lida no texto de Fócio, encontrado na sua Bibliotheca, códice 33:



“Li a Crônica de Justus de Tiberíades, intitulada Uma Crônica dos Reis dos Judeus na forma de genealogia, por Justus de Tiberíades. Ele veio de Tiberíades na Galiléia, de onde tirou seu nome. Ele começa sua história com Moisés e vai até a morte do sétimo Agripa da família de Herodes e o último do rei dos judeus. Seu reino, o qual foi lhe dado por Cláudio, foi estendido por Nero e um pouco mais por Vespasiano. Ele morreu no terceiro ano de Trajano, quando a história acaba. O estilo de Justus é muito conciso e ele omite vários fatos de extrema importância. Sofrendo com o erro comum dos judeus, cuja raça ele pertenceu, ele não menciona a vinda de Cristo, os eventos de sua vida, ou os milagres feitos por Este. [...]”
(J.H.Freese, The Library of Photius, vol. I, SPCK, London, 1920, tarudução de Rodrigo Ribeiro)



Vejamos bem: Justus se ocupa de escrever sobre os Reis dos Judeus. Para Fócio, que considerava Jesus rei dos Judeus, existe uma omissão por parte de Justus. Já Justus não considerava Jesus rei dos Judeus, portanto não tinha razão para mencioná-lo. Por fim, só sobra um grande vácuo nesta objeção.


  • Prisioneiro sírio cita Cristo como exemplo em uma carta.

No Museu Britânico existe um manuscrito que preserva o texto de uma carta escrita por volta de 73 d.C., onde tem a assinatura de Mara Bar-Serápio. Ele escreveu esta carta para seu filho Serápion. Nela havia alguns conselhos, neles existe uma referência a Jesus:

“Que proveito teve os atenienses em tirar a vida de Sócrates? Fome e peste sobrevieram como juízo pelo nefando crime que cometeram. Que lucro obteve os cidadãos de Samos com lançar Pitágoras às chamas? Num instante seu território se viu coberto de areia. Que vantagem alcançou os judeus com a execução de seu sábio Rei? Foi justamente em seguida a esse exício (execução, morte) que se aboliu o reino.
Deus, com justiça, vingou esses três sábios: os atenienses, a fome os consumiu; os samos tragaram-os o mar; os judeus, arruinados e banidos da sua própria pátria, vivem em completa dispersão. Entretanto, Sócrates não o extinguiu a morte; continuou a viver no ensino de Platão. Pitágoras não o aniquilou a morte: continuou a viver na estátua de Hera. “Nem o sábio Rei dos judeus o destruiu a morte: continuou nos ensinos que transmitira.” (F.F. Bruce. Merece Confiança o Novo Testamento? Edições Vida Nova. São Paulo. 1965. p. 148).

Estes são alguns exemplos de textos não cristãos que confirmam a historicidade de Jesus. E em diversos pontos mostra que a bíblia registrou realmente como Jesus morreu. Para complementar, gostaria de mostrar alguns escritos que falam indiretamente sobre Jesus, e muito sobre os primeiros cristãos, no que eles acreditavam ter visto, ouvido e experimentado.


  • Plínio, o Moço (62 – 113)

Esta é uma carta enviada ao imperador romano Trajano, pedindo algumas orientações:

“Adotei, senhor, como regra inviolável recorrer às vossas luzes em todas as minhas dúvidas; pois quem mais apto a remover os meus escrúpulos ou a guiar-me nas minhas incertezas? Nunca tendo assistido aos julgamentos de cristãos ignoro o método e os limites a serem observados no processo e punição deles: se, por exemplo, alguma diferença deva ser feita com respeito à idade ou, ao contrário, nenhuma distinção se observe entre o jovem e o adulto; se o arrependimento admite perdão; se a um indivíduo que foi cristão aproveita retratar-se; se é punível mera confissão de pertencer ao Cristianismo, ainda que sem nenhum ato criminoso, ou se só é punível o crime a ela associado. Em todos esses pontos tenho grandes dúvidas.
Por enquanto, o método por mim observado para com aqueles que me foram denunciados como cristãos tem sido o seguinte: pergunto-lhes se são cristãos; se confessam, repito duas vezes a pergunta, acrescentando uma ameaça de punição capital. Se preservarem, mando executá-los; pois estou persuadido de que, qualquer que seja a natureza do seu credo, uma obstinação contumaz e inflexível certamente merece castigo. Outros fanáticos dessa espécie me têm sido trazidos que, por serem cidadãos romanos, remeto para Roma.
Essas acusações, pelo simples fato de estar sendo o assunto investigado, começaram a estender-se, e várias formas do mal vieram à luz. Afixaram um cartaz sem assinatura, denunciando pelo grande número de pessoas. Aqueles que negaram ser ou ter sido cristãos, que repetiram comigo uma invocação aos deuses e praticaram os ritos religiosos com vinho e incenso perante a vossa estátua (a qual para este propósito mandei buscar com as dos deuses), e finalmente amaldiçoaram o nome de Cristo (o que não se pode arrancar de nenhum verdadeiro cristão), julguei acertado absolver.
Outros que foram denunciados pelo informante confessaram-se a principio cristãos, depois o negaram; de fato haviam sido cristãos, mas abandonaram a crença (uns faz três anos, outros há muito tempo, sendo que alguns há cerca de vinte e cinco anos). Todos prestaram culto à vossa estátua e às imagens dos deuses, e amaldiçoaram o nome de Cristo.
Afirmaram, contudo, que todo o seu crime ou erro se reduzia a terem se encontrado em determinado dia antes do nascer do sol, cantando então uma antífona (pequeno versículo cantado, antes ou depois de um salmo) como a um Deus, ligando-se também por solene juramento de não cometer más ações, e de nunca praticar nenhuma fraude, furto ou adultério; de nunca mentir e de nunca trair a confiança neles depositada; depois do que, era costume se separarem, e então se reunirem novamente para tomarem em comum algum alimento – alimento de natureza inocente (inofensiva).
Toda via, até esta última prática haviam abandonado após a publicação do meu edito, pelo qual, de acordo com as vossas ordens, proibira reuniões políticas. Julguei necessário empregar tortura para ver se arrancava toda a verdade de duas escravas chamadas diaconisas. Nada, porém, descobri, senão excessiva superstição.
Julguei por isso de bom aviso adiar qualquer resolução nesta matéria, a fim de pedir o vosso conselho. Porque o assunto merece a vossa atenção, especialmente se levar em conta o número de pessoas em risco: indivíduos de todas as condições e idades, e dos dois sexos, estão e serão envolvidos no processo. Pois esta contagiosa superstição não se confirma nas cidades somente, mas espalha-se pelas aldeias e pelos campos. Todavia parece-me ainda possível detê-la e curá-la. Os templos, pelo menos, que andavam quase desertos, recomeçaram agora a ser freqüentados, e as solenidades sagradas, após uma longa interrupção, são de novo revividas; e há geral procura de animais para os sacrifícios, para os quais até bem pouco tempo poucos compradores apareciam. “Por aí é fácil imaginar a quantidade de pessoas que se poderão salvar do erro, se deixar a porta aberta ao arrependimento.” – As Grandes Cartas da História, de M. Lincol Shuster (Trad. Manuel Bandeira. Companhia Editora Nacional. Rio de Janeiro, 1942. pp. 37-39).



  • Um estranho eclipse

Júlio Africano, em um livro escrito cerca do ano de 221, fala sobre o registro de um historiador que se chamava Talo. Talo, falando sobre a história da Grécia e as relações que ela tinha com a Ásia, que é datada em 52 d.C., fala sobre um eclipse do sol que ocorreu exatamente na data em que a bíblia e os historiadores confirmam ser a Crucificação de Jesus:

“Talo, no terceiro livro de suas histórias, sustenta que essas trevas foram nada mais do que o resultado de um eclipse do sol – explicação desarrazoada, a meu ver.” [5]


Com esses dados podemos concluir que:
- Jesus existiu.
- Teve discípulos.
- Tramaram mata-lo.
- Foi morto pendurado (crucificado).
- No dia da sua morte o sol escureceu misteriosamente.
- O túmulo onde ele foi enterrado foi encontrado vazio.
- Os primeiros cristãos acreditaram ter tido experiências com Jesus ressurreto.





[1] http://www.uncc.edu/jdtabor/josephus-jesus.html
[2] www.facingthechallenge.org/talmud.htm
[3] Examine as Evidências, Ralfh O. Muncaster, p. 203
[4] Examine as Evidências, Ralfh O. Muncaster, p. 204
[5] As grandes defesas do cristianismo, p. 39


Autor: Jonadabe Rios

2 comentários:

  1. A tentação de se transformar fé em História criou um dilema ético de difícil solução para a cristandade. A atualidade dessa questão tão antiga sublinha o poder do Jesus cultural sem nada acrescentar à sua “figura histórica”. No assunto da não existência do Jesus histórico, além da argumentação disponível na Internet, evidentemente como um reflexo de laboriosas pesquisas, existia uma pergunta para a qual eu não encontrava resposta: por quê? Tudo tem a sua razão de ser, principalmente a instituição de uma nova cultura religiosa do vulto do cristianismo. Seria possível que o fundador desta crença jamais tivesse existido? Seria sim. Entretanto, para mim, faltava explorar o problema por um lado inequívoco e digno de uma acurada apreciação ─ a necessidade de tal concepção. O jeito foi pesquisar. Investi alguns anos na dedicação dessa tarefa. Minha curiosidade aguçou-se por não encontrar livro algum voltado a esclarecer assunto tão relevante do ponto de vista histórico. A versão da História Universal me parecia um esparadrapo sobre uma antiga ferida. Destoava da cor e da natureza do tecido daquilo que nos é apresentado como História. O resumo da minha pesquisa está publicado na Internet, como um e-book, no site http://www.ebooksbrasil.org/ Clique em “Entrar” e depois em “Nacionais” no pé da página. O título é: Jesus Cristo – um presente de gregos, de Ivani de Araujo Medina. Minha tese oferece outra versão da história do cristianismo e é apresentada de forma simples para o leitor comum. Assim sendo, você terá a oportunidade de conhecer uma dissertação que escapa da forma usual de como o assunto é tradado.

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  2. Amei muito este texto; muito bem redigido. Deus os abençõe a cada dia. Continuem assim!!!

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