sábado, 23 de outubro de 2010

Islã, a religião de Jesus? [Parte 1]

Por Jonadabe Rios

Resolvi fazer alguns comentários referentes ao texto citado (Islã, a religião de Jesus) devido aos inúmeros erros tanto históricos quanto lógicos, que, ao que parece, algumas pessoas por não conhecerem não somente a verdadeira religião de Jesus, mas  também sua mensagem, têm sido levadas por esse tipo de argumentação, que, ou só serve para convencer quem já está convencido, ou convencer quem não conhece a própria religião e livro que diz seguir.


Não quero com o presente comentário fazer uma defesa de que o Cristianismo é a revelação de Deus, mas que o Islã não é, ou, pelo menos, não pode ser considerado assim por meio de suas principais alegações referentes a Jesus Cristo, a Bíblia e ao Cristianismo, pois estas são infundadas. Existem v. Se algum muçulmano não se convencer com este texto, que pelo menos seja intelectualmente honesto e  através dele você possa avaliar suas próprias crenças estudando a fundo estas questões, principalmente com as obras indicadas. Estou aberto a comentários e algum tipo de diálogo, claro que sem aquele clima pesado que alguns debates possuem e não vão a lugar algum. Também espero ajudar ao cristão que se encontra diante de tais argumentações, mas que por qualquer motivo não sabe como responder, ou que, apesar de saber responder as alegações dos muçulmanos, deseja saber o que outros cristãos têm a dizer.

Comentários são bem vindos, desde que sejam feitos com respeito. No próximo sábado postarei a segunda parte, e, como é possível que enviarão respostas ao que coloquei aqui, é provável que posteriormente faça alguns outros comentários a respeito destas respostas.

Introdução

Utimamente tenho observado em alguns debates, livros, vídeos e textos as típicas argumentações utilizadas pelos muçulmanos, alguns ex-cristãos convertidos (ou revertidos, como gostam de dizer) ao Islã. Mas boa parte deles não se mostram eficientes ao tentar mostrar que o Islã é a revelação de Deus, principalmente que está de acordo com o ensino de Jesus.

Para mostrar as evidencias de alguma coisa a se acreditar, como uma religião, a pior coisa a se fazer é uma argumentação onde já se pressupõe que tal religião é verdadeira. É verdade que até mesmo vários cristãos têm feito isso, no entanto isto é observado nos que são considerados os melhores trabalhos de defesa ao Islã. Este foi um dos erros cometidos no livro. O autor já pressupõe que, (1) o Islã é a religião revelada por Deus, (2) que os livros considerados inspirados pelos cristãos foram adulterados e reunidos de forma simplesmente humana, e que por isso não podemos confiar neles e (3) que alguns traços da verdade podem ser ainda encontrados nesse livro, pois condizem com a verdade revelada por Deus ao profeta Maomé. Interessante é notar que nenhum método histórico-crítico é utilizado para saber quais partes teriam sido adulteradas, mas apenas as que convém concordar, pois já estão de acordo com a pressuposição número 1. É basicamente assim: O Islã é a verdade e Jesus é um profeta do Islã, a Bíblia, apesar de ter sido adulterada, contém traços da verdade, e os traços dessa verdade são os que concordam com o que o Alcorão diz. Nenhum estudo sério é feito dessa forma, entretanto os seus defensores afirmam que tais colocações são baseadas nas atuais descobertas. Isso mostra que, para começar, os principais argumentos do texto são verdadeiros raciocínios em círculos.

O autor afirma que "como já citamos anteriormente, o muçulmano crê na Torá e no Evangelho como livros de Deus. Porém o muçulmano não crê na formação atual da Bíblia, porque é do conhecimento do mundo inteiro que ela foi escrita, formada e canonizada por humanos que misturaram a palavra de Deus à palavra humana, por isso não serve mais de guia. [...] Isto significa que os versículos da Bíblia serão citados a seguir apenas para provar que ainda há na Bíblia [vestígios da verdade que pregamos], verdade esta que [existia integralmente] na Torá e no Evangelho, mas foi [esquecida e alterada e, depois, resgatada pelo Alcorão.]" (grifos meus). Interessante é que, talvez de forma astuta, tal autor fez a colocação de que é "do conhecimento do mundo inteiro" que a Bíblia foi escrita, formada e canonizada por humanos, e que estes misturaram a Palavra de Deus  com a humana, o que só é verdade apenas para quem já crê na mensagem do Alcorão, pois teria que necessariamente considerar o que contradiga-o como mensagem humana. Novamente o sr. Ahmad comete alguns outros equívocos. O primeiro deles, que é um erro comum entre os muçulmanos, é confundir o conceito de inspiração Bíblico que os cristãos dão à Bíblia com o conceito de inspiração que os muçulmanos dão ao Corão. Não são os mesmos conceitos, e não se pode utilizar o mesmo padrão para julgar o outros, pois ambos não passam também de pressuposições. Para os cristão a Bíblia é a Palavra de Deus não no sentido estrito, pois a Palavra de Deus é Jesus Cristo. Ele é a Palavra Viva, o Verbo Divino, e por isso a Bíblia (assim como a Tradição para os católicos) é um reflexo dessa Palavra que é vivida por cada cristão - Devo lembrar aqui que é impossível que se deixe a Tradição de lado, pois as próprias Escrituras cristãs são parte da Tradição cristã que foi escrita. - Este reflexo foi sim escrito por seres humanos, e preservado por eles por ajuda Divina, conforme Jesus houvera prometido (que, de forma conveniente, é só negar que foram promessas autênticas). E se somente o simples fato de que o ser humano foi um meio utilizado por Deus para esta transmissão significasse de verdade que as pessoas necessariamente misturariam palavras de homens junto com a Palavra de Deus, é bom lembrar que nas próprias palavras do mesmo autor citado o Alcorão "foi sendo transmitido e memorizado por milhões de pessoas, crianças e adultos, letrados e iletrados, e assim está preservado até os dias de hoje". Ele concorda, então, que a transmissão da Palavra por seres humanos não é um fator necessário para a corrupção da mensagem, tendo em vista que Deus pode providenciar meios para isso.
   
Tendo mostrado as pressuposições infundadas, como a de que a Bíblia foi adulterada - principalmente com a tempestade em copo d'água que alguns, não só muçulmanos, têm feito referente a autenticidade bíblica, principalmente depois que Bart Ehman lançou um livro sobre o assunto [1] - vamos ainda assim avaliar os textos retirados (ou retalhados) da Bíblia de forma conveniente pela pressuposição de que somente é autêntico e revelado por Deus o que condiz com o que o sr. Ahmad já crê ser a palavra de Deus: o Corão.
   
Gostaria de fazer algumas observações. Não tratarei versículo por versículo em todos os temas citados no texto, pois alguns possuem conceitos parecidos, e por isso tratarei do conceito. Além disso, me vi obrigado a colocar os conceitos de algumas doutrinas cristãs reveladas na Bíblia, além dos versículos para comprovar tais conceitos, como resposta a algumas citações de versículos e suas respectivas conclusões precipitadas devido a uma falta de entendimento dos mesmos conceitos. O sr. Ahmad às vezes acaba criticando o que ele acha ser a doutrina cristã, e não a doutrina como ela é de fato, o que não é razoável. Além desses conceitos, algumas das respostas possuirão o que os atuais historiadores descobriram sobre Jesus através dos métodos históricos. Ou seja, além da Bíblia e a Tradição Cristã primitiva, as colocações do sr. Ahmad serão refutadas com a própria história. Espero que seja uma leitura produtiva.

1 - Deus é Único.
   
Dos que já conversei, ou li algo, que afirmaram que a Trindade é algo contraditório e não é ensinada nas Escrituras, todos eles, sem exceção, não sabiam o real conceito da Trindade, não só dela, mas da Encarnação de Jesus Cristo e suas duas naturezas. Tinham em mente e em suas críticas apenas um conceito infundado. O sr. Ahmad não foi diferente.  Mas antes de falar desse conceito, vamos lembrar de alguns fatos que às vezes esquecem quando se trata desse tema.
   
Deus é um Ser além de tudo que podemos imaginar. Apesar de ter revelado-se a Nós, pelo simples fato de sermos limitados e Ele Ilimitado, nunca saberemos tudo sobre sua Natureza, e só podemos saber algumas coisas sobre Ele pois lhe aprouve que nos fosse revelado. A razão humana é limitada até mesmo para o limitado, imagine para o Ilimitado? Não estou dizendo com  isto que devemos aceitar a Trindade como contraditória, pois pretendo defender que não é. Quero apenas que tenham em mente a todo momento, que é um conceito realmente complicado, [além da nossa razão] como é a própria Natureza Divina, mas não [contrária à lógica]. Uma vez que começamos a admitir nossos limites e a Natureza Ilimitada de Deus, podemos aceitar que apesar da Trindade ser além da nossa razão (como várias coisas até mesmo limitadas são além da nossa razão), mas não é contraditória.

O conceito da Santíssima Trindade
   
Gostaria de dizer primeiro o que a Trindade não significa. Ela não significa que existem três deuses com a mesma natureza, não significa que existem três modos em que Deus se revelou ao mundo, mas exatamente o que o próprio nome o diz: são três [pessoas] em uma única [natureza]. (Atenção aos destaques)
   
Mas então, como explicar esse conceito logicamente? Como assim três pessoas em uma única natureza? E por que destacar "pessoas" e "natureza"? Norman Geisler e Peter Boccino, no livro Fundamentos Inabaláveis, dão a explicação para isso:

"Quanto à teologia, falar da natureza ou essência de Deus é falar a respeito de [que] espécie de Ser Deus é, enquanto falar da personalidade de Deus é falar a respeito de [quem] Deus é. [...] Isto é, ele tem uma natureza divina (o quê) compartilhada pelas três pessoas (quem) - o Pai (quem1), o Filho (quem2), e o Espírito Santo (quem3). Pode-se também dizer que Deus é uma unidade Divina que consiste em uma pluralidade de Pessoas. A [identidade] desse Ser tripessoal é composta de uma relação interna que contém três pessoas individuais distintas: o Pai, o Filho e o Espírito Santo. [...] Não há três deuses (três quês) - há somente um Deus (quê) e três pessoas (três quem) que possuem essa única natureza divina." (Fundamentos Inabaláveis, p. 320 e 321)
   
Uma boa analogia (lembrando que nenhuma analogia é completa, principalmente em se tratando de Deus) é a do triângulo. O triângulo é um único elemento (comparado ao "quê) que possui três pontas (comparado aos três "quem"), cada ponta é da natureza do triângulo, mas cada ponta faz parte do triângulo, e de forma alguma, por esse motivo, cada ponta vai ser um único triângulo de forma que sejam três triângulos, assim como a Trindade, logicamente falando, não é três deuses. Dizer que a Trindade são três naturezas divinas distintas é cometido pelo erro de confundir as pessoas divinas (assim como as pontas do triângulo) com a natureza divina. Falar da natureza de Deus é falar que espécie de ser Ele é, falar da personalidade de Deus é sobre quem Ele é. Quando falamos que Deus é uma Trindade, queremos dizer que ele é uma pluralidade dentro de uma unidade. Ele tem [uma] natureza divina (o quê) compartilhada pelas três pessoas (quem) - o Pai (quem 1), o Filho (quem 2) e o Espírito Santo (quem 3).
   
Assim, os cristãos sempre concordaram que há somente um único Deus. E isso é evidenciado nos versículos citados arbitrariamente no evangelho pelo sr. Ahmad. Convém lembrar que os textos dos evangelhos são registros feitas décadas depois pelas comunidades cristãs do que eles acreditavam [2], e é fato que eles acreditavam que Deus é um (se não, não teriam registrado), mas também é fato que tais cristãos acreditavam que haviam três pessoas divinas. É bom lembrar que a crença da Trindade ainda não havia sido explicada, pois era apenas parte do que eles criam por Jesus ter revelado sem que ainda tivessem refletido sobre tais ensinos. Por isso não é tão explicito.
   
Então, não estamos a afirmar que Deus é uma pessoa e três pessoas ao mesmo tempo, nem que Deus é uma natureza e três naturezas distintas ao mesmo tempo, de modo que não há motivo para dizer que "jamais a Trindade pode ser considerada por uma pessoa em sã consciência como unicidade". Uma ponta de fato não pode ser igual a três pontas, mas três pontas podem formar um único triângulo. O que mostra que a Trindade não é algo contraditório e ilógico. Ela é sim além da razão, assim como os próprios limites de nossa razão, dentre outras coisas limitadas que não nos são acessíveis, e como a própria Natureza Ilimitada de Deus. Dizer que algo é inverídico simplesmente porque é além da nossa razão é negar tudo isso que foi citado como verdadeiro, e ainda mais.
   
No texto se afirma que "Jesus se tornou igual a Deus ou mais importante, Deus tem filho e tem mãe, portanto não é mais único, têm semelhantes!". Com isso o autor que dizer algo como "Jesus é diferente do Pai, mas é ao mesmo tempo o Pai". Esse é um erro comum devido a falta de entendimento do conceito trinitário, mas já que sabemos o real conceito trinitário, não faz sentido criticar a Trindade com um espantalho. A [pessoa] Jesus é diferente da [pessoa] Pai como [pessoas], mas ambos compartilham a [natureza] (quê) divina. Assim como a ponta direita do triangulo não é a ponta esquerda como [ponta], mas ambos compartilham a mesma natureza (triângulo). Vale lembrar também que "pessoa" não é como nós chamamos os seres humanos, mas algo como uma personalidade, intelecto.
   
Uma vez que sabemos que a Trindade não é algo contrário a um Deus único (assim como três pontas não são contrários a um único triângulo), vamos avaliar as supostas más interpretações de algumas expressões citadas no texto. As expressões mencionadas foram: Filho de Deus, Pai e Jesus como "O caminho, a verdade e a vida". Após isso, vamos avaliar algumas das bases para a crença na divindade de Jesus.
   
Mas antes de tratar do títulos atribuídos a Jesus, vale ressaltar que eles não são apenas referente à sua natureza, mas muitas vezes sobre sua obra, objetivo passado, presente e futuro. Da mesma forma em que alguns nomes ou títulos foram dados a Deus no Antigo Testamento. Por isso não creio que todas as colocações presentes estão de acordo com o que até mesmo alguns cristãos, por diversos motivos, afirmam. Por exemplo, os titulos de "Profeta", "Servo Sofredor", "Sumo Sacerdote" estão ligados a obra terrena de Jesus; Os de Jesus como "Messias" e "Filho do Homem" são da obra futura;  Jesus sendo chamado de "Senhor" e "Salvador" são de sua obra presente, enquanto "Logos", "Filho de Deus" e "Deus" estão ligados a sua preexistência. É claro que tais títulos fizeram os cristãos refletirem principalmente sobre a natureza de Jesus de maneira mais abrangente, o que não considero errado. Esse também é um erro comum entre as afirmações dos muçulmanos. Por conta de sua crença já preestabelecida, conforme já observamos, acabam interpretando tais textos não de acordo com a tradição cristã [3] autêntica que escreveu tais textos e que anunciava todos esses títulos, mas aceitando somente o que convenientemente está de acordo com o Islã.

- Jesus como "O Filho de Deus", e Deus sendo chamado de Pai (Abba).
   
Deus constantemente chama seus servos de filhos, Israel de seu filho primogênito, o Rei de Israel como também seu filho, bem como os que promovem a paz ou os que são perseguidos por causa do nome de Jesus. Também Jesus foi intitulado como "O Filho de Deus". (Ex 4.22; Os 11.1; Is 1.2 e 30.1; Jr 31.20; Sl 82.6; Ml 1.6; 2 Sm 7.14; Mt 5.9,44,45; dentre vários outros que poderiam citados) A questão é: que tipo de filiação tais pessoas (ou povo, como é o caso de Israel) possui diante de Deus? Por que interpretar as palavras de Jesus como filiação de natureza, e não apenas como um título de honra e união? Segundo as palavras do sr. Ahmad "o termo 'filho' não foi entendido como filho gerado, mas foi entendido como 'servo' de Deus, foi entendido que 'Deus os ama assim como um pai ama ao seu filho', por isso Ele para estes é um pai e eles são seus filhos, foi entendido que Ele é nomeado 'Pai' e eles 'filhos' porque Ele os protege e eles andam com Ele. Assim foram chamados como demonstração da proximidade entre eles e Deus, sendo este um título de honra para o ser humano. Portanto, termos como: 'eu hoje o gerei' significa 'criei'". O que proponho é avaliar o que cada grupo pensava sobre tais afirmações. Não é porque ambos são chamados de alguma forma como "filhos de Deus" signifique que todas as expressões Bíblicas possuam o mesmo significado sem qualquer justificativa coerente. Assim, mediante ao contexto do próprio livro, além do contexto geral (como o que os cristãos [primitivos] pretendiam afirmar quando repassaram que Jesus é O Filho de Deus, até mesmo mostrando as afirmações que ouviram e aprenderam do próprio Jesus, ou como o Salmista entendia tais afirmações quando afirmou que o rei era gerado por Deus. Isso é importante pois até mesmo parte dos judeus possuíam entendimento diferente para alguns títulos mencionados nas escrituras, como o Messias, ou, como acontece atualmente, os vários tipos de entendimento para o conceito de "Inspiração".
   
Primeiro vamos avaliar as afirmações do Antigo Testamento. A maioria dos exemplos citados são da forma que o autor citado explica, pois são sobre apenas um tipo de proximidade entre a pessoa (ou povo) e Deus, por isso não creio ser relevante tratá-los. Mas e a afirmação de que Israel é o "filho primogênito" ou de Davi a quem Deus disse "eu hoje o gerei"?
   
Quanto ao Salmo 2,7, é bom lembrar que esta profecia, mesmo com algumas objeções, é considerada uma profecia messiânica. É claro que o Salmo estava falando também do rei na celebração de sua entronização, mas, isso não é problema segundo os métodos de interpretações [4]. E isto fazia parte da crença dos judeus que tinham Jesus como messias. Após Pedro e João relatarem sua prisão aos irmãos de sua comunidade, "todos juntos elevaram a voz a Deus", e depois de citar que Deus falou pelo Espírito Santo através de Davi, afirma que Jesus é esse servo a quem Deus ungiu (At 4,19-27). "Essa interpretação teológica do papel do rei davídico vai muito além da realidade da experiência histórica da monarquia. Nenhum rei de Judá (nem mesmo Davi) chegou a exercer domínio mundial. À medida que os reis de Judá se afastavam cada vez mais desse ideal posto diante deles, os homens olhavam para o futuro, ou seja, o cumprimento da promessa divina a Davi (2Sm 7.8-16; Is 9.7; 11.1-5; Jr 23.5). Após a queda de Jerusalém em 587 a.C. e o fim da monarquia, salmos como esse passaram a ser compreendidos e usados de forma profética e messiânica. Os autores do NT (e os cristãos em geral) enxergam o cumprimento desse salmo no reinado de Jesus, o Messias (At 4.25-28; 13.13; Hb 1.5; 5,5; Mt 3.17; Rm 1.4; Ap 2.26,27; 12.5; 19.15." [5] Ou seja, em conformidade com os escritos do Antigo Testamento (como os exemplos de 2Sm, Is e Jr) e do Novo Testamento, tal profecia é referente ao Messias. Segundo o próprio Alcorão Jesus é o Messias, e por isso podemos concordar que quem é o Filho Gerado por Deus é Jesus. Mas antes de observar o significado dessa "geração" e de filiação referente a Jesus, vamos avaliar a questão da primogenitura de Israel.
   
"Dirás a Faraó: Assim falou Iahweh: o meu filho primogênito é Israel. E eu te disse: 'Deixe partir o meu filho, para que me sirva!' Mas, uma vez que recusas deixá-lo partir, eis que farei perecer o teu filho primogênito" (Ex 4.22,23). Esse trecho escrito por Moisés (segundo a tradição) deve, por esse motivo, ser observado segundo os outros escritos do mesmo autor, o que vai indicar que essa filiação é de proeminência (Ex 19.6; Dt 7.6; 14.2) entre os demais povos por conta do propósito que Deus prometeu a esse povo. Em Deuteronomio 1.31 o autor afirma que "no deserto viste que Iahweh teu Deus te levou, como um homem leva seu filho", fazendo referência ao caso da libertação de Israel. Ora, se segundo Moisés Israel é destacado por ter proeminência, e segundo o mesmo profeta Israel na verdade não possui nenhuma filiação referente a natureza de Deus, mas na verdade era tido como um filho por conta dessa proeminência, como já era de se esperar (seria um tanto ilógico afirmar que tal filiação significasse a essência divinda de um povo). Mas e as afirmações de algum tipo de filiação com Deus feitas por Jesus e seus discípulos? Ela é se refere à natureza divina, apenas sobre a proeminência de Jesus ou, quem sabe, ambas as coisas? "Gerar" nesses casos significa "criar" ou algo mais? O melhor a fazer é avaliar as próprias palavras de Jesus e discípulos, as reações de seus ouvintes e o contexto cristão primitivo. Este título está intimamente ligado com o fato de Jesus ter chamado Deus de "Pai", que é tratado no texto do sr. Ahmad, por isso ambas as objeções serão tratadas juntas.
   
Jesus nunca é chamado de [um] Filho de Deus, como vários outros exemplos bíblicos, mas como O Filho de Deus que mantinha um tipo de relação especial com o Pai [6]. Tudo que ele sabia e pregava era porque havia recebido diretamente do seu Pai, como Ele mesmo diz que cuidava dos "negócios de meu Pai". O Pai diz que Jesus é o seu Filho amado, a quem se compraz (Mt 3.17) [7]. Depois disso, em uma reunião reveladora com seus discípulos, Pedro afirma que Jesus é "o Cristo, o Filho do Deus Vivo" (Mt 16.16), onde Jesus afirma que quem revelou a pedro foi [seu] Pai que está nos céus: " "porque não foi carne ou sangue que te revelaram isso, e sim meu Pai que está nos céus" (v. 17). Antes dessa ocasião, os que estavam no barco com Jesus afirmaram que Ele é verdadeiramente "o Filho de Deus" (Mt 14.33). Jesus diz: Meu Pai trabalha até agora, e eu trabalho também", colocando-se junto com a mesa atividade divina. Afirmou saiu do Pai (Jo 16.28). Ele sai [do] Pai e vem ao mundo, e deixa o mundo e vai para o Pai. Tanto que depois os discípulos creram que Ele havia saído de Deus (v. 30). Essas afirmações são espantosas, e indicam que a filiação divina é algo mais que apenas uma proeminência. Não estou a afirmar que não houve proeminência, mas que os textos apostólicos são unanimes ao afirmar que Jesus não é apenas [um] filho de Deus, mas [o] Filho de Deus. Ele é o Filho de Deus que foi gerado pelo Pai.

Mas qual, então, o que significa Jesus ter sido gerado pelo Pai? O sr. Ahmad afirma que "gerar" possui o sentido de "criar", afinal, o rei não poderia ter sido gerado por Deus e assim possuir a mesma natureza divina dEle. Mas agora que sabemos que esse salmo na verdade é um salmo messiânico, e que está em conformidade com o a afirmação de que Jesus Cristo foi gerado pelo Pai, como outros versículos bíblicos que mostram isso (Hb 1.5; 5.5), basta saber o verdadeiro significado da palavra gerar. Quando um ser humano gera outro ser humano, ele gera um ser da mesma natureza. Então, ao afirmar que Jesus é o Filho que foi gerado pelo Pai ("Tu és meu filho, e hoje te gerei") significa que Jesus possui a mesma natureza do Pai. É uma forma humana de afirmar coisas que estão além da nossa razão. É como se as escrituras estivessem falando que, da mesma forma que um filho humano gerado por um ser humano é de natureza humana, Jesus foi gerado pelo Pai, e por isso possui a mesma natureza do Pai. Entretanto, se Jesus foi gerado "hoje", e Deus é Eterno, como Jesus pode possuir essa natureza que o Pai possui (a eternidade) se Deus disse "hoje te gerei"? Basta lembrarmos que a percepção nossa do tempo não é o mesmo que ocorre com Deus, que está além do mesmo. Santo Agostinho percebeu bem essa questão, e tratou de fazer a seguinte confissão:

"Sendo pois, Vós, o obreiro de todos os tempos - se é que existiu algum tempo antes da criação do céu e da terra - por que razão se diz que Vos abstínheis de toda a obra? Efetivamente fostes Vós que criastes esse mesmo tempo, nem ele podia decorrer antes de o criardes! Porém, se antes da criação do céu e da terra não havia tempo, para que perguntar o que fazíeis [então]? Não podia haver [então], onde não havia tempo. Não é no tempo que Vós precedeis o tempo, pois, de outro modo, não seríeis anterior a todos os tempos. Precedeis, porém, todo o passado, alteando-Vos sobre ele com a Vossa eternidade sempre presente. Dominais todo o futuro porque está ainda para vir. Quando ele chegar, já será pretérito. Vós, pelo contrário, permaneceis sempre o mesmo e os Vossos anos não morrem. Os Vossos anos não vão nem vêm. Porém os nossos vão e vêm, para que todos venham. Todos os Vossos anos estão conjuntamente parados, porque estão fixos, nem os anos que chegam expulsão os que vão, porque estes não passam. Quanto aos nossos anos, só poderão existir [todos], quando todos já não existirem. Os Vossos anos são como um só dia, e o Vosso dia não se repete de modo que possa chamar-se quotidiano, mas um perpétuo [hoje], porque Vosso hoje não se afasta do [amanhã], nem sucede o [ontem]. O vosso hoje é a eternidade. Por isso gerastes coeterno Vosso Filho a quem dissestes: 'Eu hoje te gerei'. Criastes todos os tempos e existis antes de todos os tempos. Não é concebível um tempo em que se possa dizer que não havia tempo".
   
É bom o leitor notar que esse texto de Santo Agostinho não foi colocado como uma explicação ao mesmo nível da explicação bíblica, mas como uma explicação lógica de como Jesus foi "gerado" pelo Pai, possuindo assim [toda] a natureza divina do Pai, inclusive a eternidade. Portanto, dizer que Jesus foi "gerado" só foi um modo de afirmar que o Filho possui a mesma substancia do Pai, como ensinam as Escrituras, assim como um filho humano possui a mesma natureza de seu pai humano. Mas esse termo não foi empregado pra dizer que Jesus possui um inicio, já que isso seria contráditório. Por que contraditório? Bom, uma das características da natureza do Pai, como observamos, é a Eternidade (não possuir começo nem fim, não há um momento em que não exista), então ao afirmar que o Filho foi gerado do Pai, e, por isso, possui a mesma natureza, o Filho então tem a natureza eterna, assim como o Pai. É claro que agora teremos que conciliar também a crença de que Jesus é também humano. Como isso pode ser possível? Não é algo contraditório? Vou tentar argumentar que não, mas isso será adiante. Basta por agora avaliar as primeiras objeções que foram levantadas.
   
Quanto as afirmações neotestamentárias de Mateus (5,9,44,45), diante de tudo que observamos até aqui, não se refere a nenhum tipo de filiação de natureza, tanto que em outros ensinos de outros escritos apostólicos, isso ocorria como uma adoção. (Romanos 8:15)

- Jesus como "o caminho, a verdade e a vida"
   
Novamente nesta objeção o sr. Ahmad parece não saber o mínimo do conceito da Trindade e da Encarnação de Jesus Cristo (que não será tratada agora). Ele não tenta responder da mesma forma que os outros títulos de Jesus, mas afirma que os cristãos nunca se dirigiram a Jesus como objeto de adoração, mas que o Mestre foi apenas um exemplo, de forma que a afirmação de que Jesus "eu sou o caminho a verdade e a vida, e ninguém [vem] ao Pai a não ser por mim" significa, em suas próprias palavras, que "ninguém chega a Deus senão pelo meu caminho, fazendo como eu faço, O adorando como eu adoro. Não é para chegar e adorar a ele, porque Jesus nunca adorou a ele mesmo quando dizia 'Ó Senhor', se dirigia ao Único Deus e não era um deus se dirigindo a ele mesmo e não era um deus se dirigindo a outro!!!". É lamentável que o Islã tenha que se apoiar numa falta de entendimento do que é revelado nas escrituras, e dos conceitos que foram formados a partir delas. Como posteriormente a isso o sr. Ahmad irá criticar a divindade de
Jesus citando outros títulos dEle como sendo homem e profeta, por exemplo (o que nenhum cristão nega), achei conveniente tratar da Encarnação de Jesus, e o verdadeiro conceito nesse momento, de modo que quando tais títulos e afirmações de sua humanidade e submissão ao Pai forem utilizados, o que bastará será fazer apenas alguns comentários. [9]


- O Verbo se fez carne.
   
Continuo a lembrar que o leitor leve sempre em consideração a explicação trinitária, caso contrário, o mesmo espantalho criado para denegrir tal doutrina vai continuar impedi-lo de observar tais questões de forma lógica.
   
A afirmação de que Deus se fez homem não quer dizer que ele se limitou a natureza humana, mas que acrescentou a humanidade, se subordinou ao Pai e aceitou todas as limitações que nós seres humanos temos, mas não pecou. Foi isso o que Paulo quis dizer em Filipenses 2:5--11, Jo 1:1-14; Hb 2:17;

"De sorte que haja em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus, que, sendo em forma de Deus, não teve por usurpação ser igual a Deus, mas esvaziou-se a si mesmo, tomando a forma de servo, fazendo-se semelhante aos homens; e, achado na forma de homem, humilhou-se a si mesmo, sendo obediente até à morte, e morte de cruz. Por isso, também Deus o exaltou soberanamente, e lhe deu um nome que é sobre todo o nome; para que ao nome de Jesus se dobre todo o joelho dos que estão nos céus, e na terra, e debaixo da terra, e toda a língua confesse que Jesus Cristo é o Senhor, para glória de Deus Pai."
   
Quando Jesus foi concebido não deixou de ser Deus mas [acrescentou] a natureza humana. Jesus enquanto estava como humano, estava sujeito as nossas fraquezas, tanto que em tudo foi tentado, sentia fome, sede e medo, como todos que tem a natureza humana. Ele não deixou de ser Deus, pois essas tentações não eram para sua natureza Divina. E por esse motivo, é possível logicamente afirmar que Jesus com a natureza humana adicionada pode muito bem ser profeta e possui outros títulos humanos. Só não percebe isso quem não quer ser honesto e continuar a criticar tal conceito de forma obstinada. Dessa forma, o que resta é mostrar como o conceito trinitário se relaciona com a encarnação do Verbo. Norman Geisler também faz uma ótima colocação sobre essa questão:

"A identidade desse ser tripessoal é composta de uma relação interna que contém três pessoas individuais distintas: o Pai, o Filho e o Espírito Santo. Agora pode ficar um pouco mais claro que o quê infinito (Deus) não se tornou um quê finito (homem); ao contrário, Deus o Filho (quem 2), tendo uma natureza infinita (quê 1), acrescentou-se e assumiu uma natureza finita - um quê finito (quê 2). Não há três deuses (três quem) - há somente um Deus (quê 1) e três pessoas (três quem) que possuem essa única natureza divina. Foi somente a segunda pessoa, Jesus (quem 2) que compartilha a natureza divina (quê 1),, que assumiu uma segunda natureza, a natureza humana (quê 2)

Conseqüentemente, Jesus, Deus-Filho, veio à terra assumindo a natureza humana.

[...]

A doutrina simplesmente é que nosso Senhor Jesus Cristo como eterno Filho de Deus reteve o complexo total dos atributos divinos, e sempre e em todas as circunstancias comportou-se de maneira perfeitamente coerente com seus atributos divinos. Ele assumiu um complexo de atributos humanos essenciais e, durante "os dias de sua carne" (Hb 5:7) sempre e em todas as circunstâncias comportou-se de maneira perfeitamente coerente com sua natureza humana sem pecado."
   
Só considera tais conceitos como politeísmo quem também parece acreditar, como o sr. Ahmad, que nossa imaginação é suficiente para entender a realidade última que é o Eterno Deus. Entretanto, nossa imaginação também é humana e limitada, e por isso não é correto dizer que tais conceitos ensinam politeísmo tendo isso como motivo. Segundo ele, quando falamos do Deus Pai, imaginamos uma pessoa; ao falar do Deus Filho e Deus Espírito Santo, imaginamos outras pessoas. O problema é que isso não é verdade pra quem entende esse mistério Divino que é a Trindade. Pois além de cometer o erro de presumir que nossa imaginação é suficiente para mostrar algo sobre os mistérios da natureza Eterna de Deus, tais pessoas imaginam a Trindade não apenas como três pessoas, mas como três seres de natureza distinta, o que não condiz com o ensino da Santíssima Trindade. Além de que, mesmo com nossa imaginação limitada, imaginando a Trindade como três seres, não significa que tal pessoa possa crer que Deus de fato seja três naturezas distintas e semelhantes (politeísmo) mas apenas utiliza antropomorfismos para representar o que Deus revelou para a humanidade. Entretanto, fazer uso de antropomorfismos não é necessariamente um erro teológico, pois o próprio Deus é apresentado nas Escrituras com antropormofismos, não porque ele é como um homem ou suas ações e emoções são humanas, mas porque nossa razão é limitada e Ele sabe disso.
   
Em várias ocasiões o Novo Testamento faz questão de mostrar que Jesus tem as duas naturezas. Por isso em questões como essas não devemos esquecer disso. Para concluir, gostaria de deixar um texto de Martim J. Scoot sobre a encarnação:

“Como todos os cristãos sabem, a encarnação significa que Deus (isto é, o Filho de Deus) se fez homem. Isso não quer dizer que Deus se tornou homem, nem que Deus cessou de ser Deus e começou a ser homem; mas que, permanecendo como Deus, ele assumiu ou tomou uma natureza nova, a saber, a humana, unindo esta à natureza divina no ser ou na pessoa – Jesus Cristo, verdadeiro Deus e verdadeiro homem.

Na festa das bodas de Cana, a água tornou-se em vinho pela vontade de Jesus Cristo, o Senhor da Criação (João 2:1-11). Não aconteceu assim quando Deus se fez homem, pois em Caná a água deixou de ser água, quando se tornou em vinho, mas Deus continuou sendo Deus, quando se fez homem.

Um exemplo que nos poderá ajudar a compreender em que sentido Deus se fez homem, mais ainda não ilustra de maneira perfeita a questão, é aquele de um rei que por sua própria vontade se fizera mendigo. Se um rei poderoso deixasse seu trono e o luxo da corte, e vestisse os trapos de um mendigo, vivesse com mendigos, compartilhasse seus sofrimentos, etc., e isto para poder melhorar as condições de vida, diríamos que o rei se fez mendigo, porém ele continuou sendo verdadeiramente rei. Seria correto dizer que o que o mendigo sofreu era o sofrimento de um rei; que, quando o mendigo expiava uma culpa era o rei que expiava, etc.

Visto que Jesus Cristo é Deus e homem, é evidente que Deus, de alguma maneira, é homem também. Agora, como é que Deus é homem? Está claro que ele nem sempre foi homem, porque o homem não é eterno, mas Deus o é. Em um certo tempo definido, portanto, Deus se fez homem tomando a natureza humana. Que queremos dizer com a expressão “tomar a natureza humana”? Queremos dizer que o Filho de Deus, permanecendo Deus, tomou outra natureza, a saber, a do homem, e a uniu de tal maneira com a sua, que constituiu uma Pessoa, Jesus Cristo.

A encarnação, portanto, significa que o Filho de Deus, verdadeiro Deus desde toda a eternidade, no curso do tempo se fez homem também, em uma Pessoa, Jesus Cristo, constituída de duas naturezas , a humana e a divina. Isso, naturalmente é um mistério. Não podemos compreendê-lo, assim como tampouco podemos conceber a própria Trindade. Há mistérios em toda parte. Não podemos compreender como a erva e a água, que alimentam o gado, se transformam em carne e sangue. Uma análise química do leite não demonstra conter ele nenhum ingrediente de sangue, entretanto, o leite materno se torna em sangue e carne da criança. Nem a própria mãe sabe como no seu corpo se produz o leite que dá a seu filho.

Nenhum dentre os sábios do mundo pode explicar a conexão existente entre o pensamento e a expressão desse pensamento, ou seja, as palavras. Não devemos, pois, estranhar se não podemos compreender a encarnação de Cristo. Cremos nela porque aquele que a revelou é o próprio Deus, que não pode enganar nem ser enganado.”
   
Espero que todos preconceitos sejam deixados de lado, e você tenha chegado a óbvia conclusão de que as alegações do Islã sobre Jesus não se sustentam, e que, da mesma forma, as objeções à Trindade e a Encarnação são baseadas num profundo desconhecimento dos mesmos ensinos.

- Conclusão.
   
Mesmo citando somente os versos bíblicos de forma arbitrária, tais versículos não corroboram a alegação de que o Islã ensina o que o Antigo e Novo Testamentos ensinaram sobre Jesus, além de que as principais objeções são fruto de um péssimo entendimento das doutrinas cristãs, o que não é razoável para quem quer defender as alegações do Alcorão e do Islã como religião verdadeira, e, principalmente, como a religião de Jesus.
   
É bom salientar que meu objetivo aqui não foi fazer uma defesa detalhada da Divindade de Jesus, mas uma explicação de tais conceitos (com algumas referências bíblicas) e responder as afirmações do sr. Ahmad. Como essas explicações também servem para responder a questão da humanidade de Jesus (que os cristãos nunca negaram) e dEle ser um profeta, pois para isso basta entender o que ensinamos, passarei para as outras alusões de que a Bíblia confirma o que o Alcorão ensina. Não tratarei de forma detalhada todos os aspectos colocados, pois os considero bem irrelevantes, ao contrário da afirmação de que a mensagem de Jesus foi alterada, Jesus não morreu crucificado, e que tanto o Antigo Testamento quanto o Novo mostram profecias sobre Maomé. Não posso deixar de lamentar que nessas argumentações, apesar do autor ensinar que a Bíblia foi adulterada, acata como verdadeiro só o que era conveniente de acordo com o que ele já acreditava. Então, deixarei os aspectos menos importantes para o final.


Notas

[1] - Sobre esse assunto indico os livros "Merece confiança o Novo Testamento?" de F. F. Bruce, "Questões cruciais do Novo Testamento" de Craig Bloomberg e os seguintes artigos na internet: http://porquecreio.blogspot.com/2010/09/o-novo-testamento-e-historicamente.html | http://porquecreio.blogspot.com/2010/09/o-polemico-bart-d-ehrman.html.
[2] - http://porquecreio.blogspot.com/2010/06/historia-dos-escritos-neotestamentarios_10.html
[3] - A tradição não era amorfa, e os próprios evangelhos são registros escritos de tal tradição. Para mais informações sobre as evidências da confiabilidade dessa tradição e de como ela preservou a mensagem cristã escrita, leia a nota [1]. Sobre a importância da Tradição também indico o seguinte texto: http://porquecreio.blogspot.com/2010/08/pais-da-igreja-importancia-nula.html
[4] - Este veio da forma "Sod" de interpretação.
[5] - Comentário Bíblico NVI, p. 764.
[6] - E no presente momento, com a devida explicação da Trindade feita anteriormente, creio que o leitor honesto saberá diferenciar o Filho do Pai nessas questões.
[7] - Segundo a Bíblia de Jerusalém "Essa visão interpretativa designa, antes de tudo, Jesus como o verdadeiro Servo anunciado por Isaías. Entretanto, o termo 'Filho', que acaba por substituir o termo 'Servo' (graças ao duplo sentido da palavra grega 'pais'), salienta o caráter messiânico e propriamente filial de sua relação com o Pai (cf. 4.3 + )
[8] - Santo Agostinho, Confissões, p.277 e 278, Editora Universitária São Francisco
[9] - Além desse breve comentário, indico o livro "Cristologia do Novo Testamento" de Oscar Culmann, onde o autor faz avaliações, utilizando o método histórico-critico, dos títulos atribuídos a Jesus.

4 comentários:

  1. " [...] Não há três deuses (três quês) - há somente um Deus (quê) e três pessoas (três quem) que possuem essa única natureza divina." (Fundamentos Inabaláveis, p. 320 e 321)"

    O único problema é que a única forma de aceitar completamente esta disposição é por vias de um artigo de fé puro e simples.É um "mistério de fé",não é racional,é algo incognoscível.Por qual motivo Deus sendo ÚNICO,seria TRIPESSOAL?Acreditar na tripessoalidade de Deus é algo IRRELEVANTE,se for como você afirma.Já parou para pensar?Isto ai não refuta o Islam.

    ResponderExcluir
  2. Realmente é uma questão de fé.

    Mas é fé tanto quanto aceitar que Deus não é tripessoal.

    No entanto é irrelevante na medida em que observamos as crenças que afirmam ser revelação de Deus de igual, e se as evidencias apontarem para o que está nos Evangelhos e Tradição Cristã como revelação de Deus, aí sim é relvante, pois toda revelação de Deus é relevante.

    Mas não postei aí como algo necessário para refutar o Islã, e sim a acusação de que o cristianismo é politista. Algo como refutar espantalhos em relação a Igreja que são divulgados como verdade.

    Abraços.

    ResponderExcluir
  3. Desculpa,mas se os muçulmanos falham ao tentar validar o Islam já pressupondo que ele é real.Você também falha pelo mesmo motivo tentando tratar uma "verdade" quase que de forma categórica,como se fosse algo explícito,sendo que é uma coisa que é questão de fé e nem é explicita na Bíblia,pelo menos não da parte de Deus.

    Por isto eu digo que a Trindade não é revelação divina e é uma crença irrelevante,mesmo com aquela coisa do triangulo e as três pontas do triangulo.

    As tres pontas do triangulo,não são tres pontos distintos dele e nem tres pontos distintos entre si.

    Pois todos estes são necessários,dentro de um contexto de UNIDADE,para se formular a idéia de triangulo.Coisa muito diferente são tres pessoas,que são Deus em natureza.


    Pois bem ,vc defende de forma quase que positiva,um artigo de fé,que não refuta em NADA os postulados muçulmanos sobre a unicidade divina e nem a razoabilidade deste conceito dentro deste contexto muçulmano,como sendo MELHOR do que esta noção de TRINDADE que é SUBJETIVA,que é ABSTRATA que é OBSCURANTISTA que não foi REVELADA DIRETAMENTE POR DEUS E NEM POR JESUS.

    É como você disse,a trindade é um mero artigo de fé,como astrologia,comosuperstições.

    Deus é um só,em tres pessoas,não tres Deuses em uma pessoa,ou um Deus.Deus é um em natureza sendo tripessoal.Explicação "mistério de fé"...isto é petitio principii.Onde o seu lado é invariavelmente certo mesmo não apresentando explicações racionais ou indicando revelações objetivas da parte de Deus.O argumento de que a Trindade é "mistério de fé",só a valida por petição.

    Justifique ou explique isto?

    "Mistério de fé"...

    Isto é escapismo ,visando fugir da explicação de uma verdade supostamente categórica ou explicita,para justificar uma baixa e vazia petição de principio.

    Viu?Mesmo eu sabendo do exato conceito de Trindade já demonstrei sua insignificância apelativa.

    ResponderExcluir
  4. Ola, tudo bem?

    Como disse, não pretendi refutar o islã em si com esse texto, e sim responder o texto "Islã, a religião de Jesus".

    Existem alguns textos que tratam melhor a validade do cristianismo ou outras questões ao islã.

    Com a explicação da Trindade, por exemplo, não digo que ela é necessariamente verdadeira por conta dessa explicação, e sim que as acusações de politeísmo são falsas (e por isso o triangulo, não para demonstrar que é necessario a Tridnade, e sim como ela não é incoerente). Simplesmente isso.

    Abraços.

    ResponderExcluir