sábado, 2 de outubro de 2010

Um mal além do bem e do mal?

Não vejo sentido em todo esse discurso moral ateísta, sendo que a moralidade só faz real sentido quando há um padrão absoluto para a moral, algo como uma lei, e, por este motivo, um legislador.

Debatendo com um ateu, que acabou me indicando um vídeo, só acabei confirmando ainda mais esse fato. Ele havia citado um video onde Dawkins critica o Papa Bento XVI (no que respondi que a própria critica de Dawkins pode ser utilizada contra seu ateísmo):


Depois acabou me indicando o vídeo abaixo:


Mas eles só confirmaram o que eu havia dito, que segundo o naturalismo filosófico o que chamamos de “moral” é consenso de opinião, e não que há moral absoluta pra dizer que alguma atitude não é boa:

"Eu decido e sou autor do que decido ser moral. Posso acessar uma situação e decidir se é moral de acordo com meus padrões ou imoral de acordo com os meus padrões." (assim como hitler, stalin, estupradores, assassinos, os pedófilos, ...)

"Eu não gosto de ser morto e nem que roubem minhas coisas, então eu encontro outras pessoas que também preferem não ser mortas ou roubadas, então nós entramos num acordo em que ninguem mate, roube ou force ninguem a nada."

Mas logo após ele se contradiz, colocando nada menos do que algo utilizado nos argumentos para uma lei moral:

"E é natural perceber: 'EI, se eu vou viver com todas essas pessoas tenho que fazer compromissos'".

Segundo o naturalismo filosófico o fato de você não gostar de ser morto nem que o roubem não implica que você deve (um dever que ele sabe que possuimos) fazer compromissos. Compromissos esses que não deveriam chamar de morais, mas de preferência.

Ele deveria seguir o que diz e falar: "Eu quero fazer um compromisso, se vou viver com essas pessoas. Mas não tenho nenhuma obrigação (dever)".

Caso contrario vai estar contradizendo sua própria cosmovisão. Mas é natural também se indignar com isso que chamam de gosto.

O ateísmo precisa de explicações pra isso e até hoje vi poucas boas explicações. Até hoje também não conheci nenhuma sociedade em que as pessoas prefiram uma traidora da fiel, ou um covarde na guerra pra defender sua terra a um heroi que morreu defendendo-a. (estou falando de chamar tais coisas de algo de "bem" ou "mal")

E quanto mais ele tenta explicar, mais piora pra seu ateísmo:

"Eu não tenho a habilidade ou o direito de ir fazendo tudo que eu quero sem pensar nas consequencias para as outras pessoas."

Por que não? Se como disse que é questão de gosto e não há moral absoluta, ele pode muito bem gostar de ir fazendo tudo que quer sem pensar nas consequencias para as outras pessoas. E o que as pessoas podem fazer? Só dizer que não gostam, mas não dizer que o que ele faz não é bom, moralmente falando. Um estuprador pode dizer que segundo os seus padrões pode decidir o que é moral e imoral.

Aí vai citando mais outros valores que só fazem sentido se existir uma moral absoluta:

Entretanto, ainda comparando a moral atéia com a moral teísta, eu não tenho nada contra a vida particular de adultos fazendo alguma coisa com o consentimento do outro, sem afetar ninguem mais. Sendo qualquer coisa que lhes agrade.

Por que uma pessoa que gosta, segundo seus próprios padrões, deveria fazer uma coisa só com o consentimento da outra? Ele pode ter algo contra pessoas que fazem coisas sem o consentimento da outra, mas não pode dizer que é imoral de fato, mas só segundo o seu padrão, assim como a outra pessoa acha o que faz moral, segundo o padrão pessoal. Bom.. foi o que ele disse...

Quase no final:

"Nós melhoramos desde essa época. Nós constituimos um entendimento melhor olhando para esse passado."

Melhoramos? A partir de que padrão ele diz isso? O padrão subjetivo dele? Do padrão subjetivo, que ele mesmo admite que é o gosto, das pessoas? Mas aí eles não podem dizer que melhoraram apenas que mudaram de gosto. Nada mais.

Segundo o ateísmo deveriam dizer: Eu gosto da record e você gosta da globo.

Pra finalizar, quero deixar uma coisa clara: não estou afirmando que o ateismo leva a imoralidade, estou dizendo que o ateísmo não permite que algo seja considerado imoral de forma absoluta, nem que se critique atitudes como as que Dawkins criticou como imorais.

Dawkins poderia usar essa oportunidade pra falar do que o naturalismo implica: "Bom... esses padres gostam de abusar crianças de acordo com seus próprios padrões, eu não. Mas eu gosto de chocolate e eles de creme com passas...".

Só teria que explicar de forma satisfatória (e não com contradições como as do video), segundo o ateísmo, porque todas as pessoas sabem que isso é errado, até mesmo tais padres, e ainda se indginam como isso não sendo bom (não relacionado a sobrevivencia da sociedade, mas a moral. Como algo que não está além do bem e do mal).

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