terça-feira, 26 de outubro de 2010

O inferno não é ódio divino - Peter Kreeft

Muitos crêem que, por existir o inferno, Deus deve ser um Ser irado, vingativo e odioso [que descarregará sua fúria sobre os pecadores]. Quem pensa assim, ignora a possibilidade de que a consciência dos pecadores sobre o amor de Deus por eles desprezado possa constituir-se uma tortura no inferno. Esse amor poderia torturá-los devido ao egoismo com o qual os pecadores condenados insistiram e apegaram-se [levando-os à destruição e ao afastamento total daquele que é a própra vida e o próprio amor].

Assim como a beleza de uma ópera pode ser uma tortura para alguém que tenha uma inveja cega de seu compositor, as chamas do inferno podem ser feitas do ódio dos condenados pelo amor singular de Deus.
A expressão bíblica "a ira de Deus" (A) pode ser uma metáfora, como "o senhor arrependeu-se" ou um antropomorfismo, como "a forte destra de Deus"; ou seja, pode não ser literal. Se não for uma metáfora, mas literalmente ira (ódio), (B) pode ser uma projeção do ódio do pecador condenado para com Deus, em vez de ódio do próprio Deus. Se a expressão referir-se literalmente à ira de Deus, e não a uma projeção subjetiva humana, (C) é uma ira associada à santidade e à justiça de Deus, e não um ressentimento ardente da parte dele; é uma medida dele contra o pecado, não contra os pecadores.

Deus pratica o que prega: ama os pecadores, e odeia o pecado, removendo-o, assim como os cirurgiões, por amarem seus pacientes, odeiam o câncer que os ameaça e eliminam-no. Todo pecado deve encontrar seu destino necessário: a exclusão do céu. Apenas os que não se dissociarem de seus pecados terão esse destino. Logo, os condenados ao inferno serão aqueles que se recusarem a abandonar seus pecados, arrependendo-se e sendo salvos por Cristo.

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