domingo, 31 de outubro de 2010

Islã, a religião de Jesus? [Parte 2]

Por Jonadabe Rios

Não pude fazer a postagem no sábado, como havia dito, mas está aí a segunda parte do texto onde é demonstrado que o Islã está longe de ser a religião de Jesus, pelo menos segundo as "evidencias" que os muçulmanos têm apresentado.

- A mensagem de Jesus foi adulterada?
   
O sr. Ahmad me surpreendeu, mas não foi uma boa surpresa. Me surpreendeu pois a partir desse momento a sua argumentação se tornou cada vez menos razoável. Além de não conhecer doutrinas cristãs complexas como a Trindade e a Encarnação, no texto ele demonstra quase nenhum conhecimento em doutrinas e eventos relatados nos escritos neotestamentários que qualquer pessoa honesta com uma leitura superficial entenderia. Segundo ele, a mensagem de Jesus foi adulterada, principalmente por Paulo, mas será que isto está de acordo com os fatos? Veremos que o que o sr. Ahmad propõe, assim como as alegações anteriores, não confirma o que ele pretende comprovar.
   
Seus argumentos basicamente são que a mensagem de Paulo supostamente é diferente da de Jesus e dos demais apóstolos, e que, um grupo cristão genuíno de discípulos de Jesus não aceitou a doutrina ensinada por Paulo. Além desses erros, existem outros. Por exemplo, Moisés diz em Dt 31.29 que Israel se corromperia, mas é afirmado como corrupção do ensino. Entretanto a corrupção que é relatada é a corrupção moral, e não a corrupção dos ensinos. Após isso ele afirma que "os ensinamentos de Jesus também foram alterados em nome da salvação", principalmente por causa de Paulo, onde se pretende provar pela própria Bíblia (que já se considera adulterada) que Paulo modificou a mensagem de Jesus.
   
E quais são os argumentos? O primeiro é "durante a vida de Jesus" Paulo "jamais foi crente, mais ainda, fois eu maior inimigo!", como se isso fosse um argumento sério conta Paulo. Isso todos, até mesmo seus inimigos, tinham por consciência, mas nenhum deles usava tal fato como argumento, afinal, eles sabiam que isso não se constitui em nenhum argumento sério. Logo após o sr. Ahmad cita alguns versículos sobre a conversão de Paulo, seu apostolado e alguns que não o tinham por apóstolo. "Quem o acusava? Quem dizia que ele não é apóstolo? Os autênticos apóstolos e discípulos de Jesus. Aqueles que estiveram com ele desde o inicio da mensagem, desde o primeiro dia. Aqueles que creram realmente em Jesus e sacrificavam suas vidas por ele", afirma no texto. Interessante é que nem mesmo Pedro, que é um dos quais Jesus mais tinha confiança e esteve sempre com Jesus, considerou Paulo apóstolo, mas é mais parece ter sido mais interessante ainda negar esse fato, o que nos faz considerar que se Pedro, Tiago (irmão do Senhor) e outros apóstolos consideravam Paulo como um, tais que não o consideravam não estavam de acordo com a comunhão apostólica (os que receberam a ordem de Jesus para ensinar sua mensagem), talvez tivessem visto Jesus (é uma possibilidade), mas com certeza não tiveram esse oficio ordenado pelo próprio Jesus. Também é feita uma alusão à rejeição de Paulo pelos discípulos. Sim ele foi, mas não foi por ensinar doutrinas contrárias. Devido ao momento de perseguição que a Igreja de Cristo estava passando, e ao fato de que Paulo foi um dos que haviam perseguido, é totalmente óbvio que os cristãos não estavam o rejeitando por algum ensino falso, mas por precaução. O próprio texto citado pelo sr. Ahmad explica isso:

“Quando chegou a Jerusalém, tentou reunir-se aos discípulos, mas todos estavam com [medo] dele, não acreditando que fosse realmente um discípulo. Então Barnabé tomou Saulo consigo, o apresentou aos apóstolos, e lhes contou como Saulo no caminho tinha visto o Senhor, como o Senhor lhe havia falado, e como ele havia pregado corajosamente em nome de Jesus na cidade de damasco” Atos 9.26-27
   
Paulo necessitou sim da ajuda de Barnabé, mas não para que aceitassem aquele de quem ensinava doutrinas diferentes, mas aquele que outrora era perseguidor mas que acabara por se tornar como os apóstolos e seus discípulos: perseguido. A primeira reação dos cristãos é totalmente esperada, por isso não entendi porque isso foi utilizado como motivo de crer nas alegações do texto.
   
Depois de citar At 9.26-27 é feita as seguintes perguntas:

“Por que os evangelhos dos discípulos de Jesus foram esquecidos e são apócrifos, enquanto as cartas daquele que vestiu o apostolado após Jesus e nunca olhou para ele com a paz e a misericórdia, as cartas deste, sim, são sagradas, e são fonte para o estabelecimento da religião do Senhor? Onde estão as cartas de Barnabé, já que ele foi o primeiro? Onde estão os escritos dos verdadeiros discípulos de Jesus?”
   
A questão da aceitação dos evangelhos não é tão obscura como o sr. Ahmad pretende descrever. Primeiro é bom notar que há a possibilidade de boa parte dos apóstolos não ter escrito nada (já que muitos não sabiam escrever), ou de ter se perdido, ou até mesmo de que, mesmo sabendo escrever, outros apóstolos não viram a necessidade. É bom lembrar que as cartas só possuíam o objetivo de exortar e resolver problemas nos locais em que o Evangelho já fora pregado, e não fazer um punhado de livros feitos para divulgar esse evangelho (como se fosse jornais, ou como alguns protestantes fazem), muito menos para que pessoas vários séculos depois ficassem despreocupados quanto ao que ensinavam. Eles estavam na verdade bem preocupados em fazer o que Jesus mandou, que era propagar o evangelho, e essa propagação era de forma oral. Foi necessário a utilização de alguns escritos (como as cartas e os evangelhos), mas não para substituir o que pregavam, e sim apenas para suprir algumas necessidades. Os livros não se tornaram apócrifos porque foram rejeitados pela Igreja, aconteceu exatamente o contrário: eles foram rejeitados porque eram apócrifos. É importante lembrar que o significado mais exato de apócrifo não é “escondido” (como se os livros tivessem sido escondidos pela Igreja), mas o sentido de “oculto” (oposto de público). Eles eram (não se tornaram) apócrifos porque as próprias comunidades cristãs não liam esses livros de forma pública, na sua liturgia e culto. Tais livros não eram lidos assim porque, além de ir de encontro com a Tradição que haviam recebido, porque era evidente a falsificação, ou heresia. Por exemplo, o Evangelho de Barnabé (que os Muçulmanos gostam de citar) é considerado inautêntico, e um livro provavelmente da Idade Média. Talvez faltou um estudo sério do sr. Ahmad, talvez faltou honestidade. Prefiro pensar que foi falta de um aprofundamento, mas isso não é importante agora. Em todo caso, é importante que antes de criticar a formação canônica atual, deve-se pelo menos conhecer suas motivações, objetivos e meios para formá-lo. [10] Para concluir essa questão, quero dizer que não é verdade que Paulo ainda possuía plenos poderes que havia recebido pelos chefes dos sacerdotes, ou não seria depois da conversão um dos perseguidos, e até mesmo sofrido represálias por parte dos judeus posteriormente. Paulo e Barnabé não se separaram em suas pregações por nenhum motivo doutrinário (e seria ilógico, pois em outras ocasiões o mesmo Barnabé apoiou Paulo nas questões em que o autor do texto não concorda como doutrina genuína), mas porque Paulo não desejava ficar com quem outrora não cumpriu com suas obrigações (Marcos). Mas o sr. Ahmad vai muito além do que está escrito para afirmar que “os Atos dos Apóstolos não passa por completo a gravidade do conflito, e tenta fazer acreditar que a escolha de Marcos por Barnabé como companheiro de viajem foi a única razão deste conflito. O [fato] é que Paulo separou-se de Barnabé e dos outros discípulos definitivamente.”. Além de ir contra o texto, com suposições que não possuem nenhum respaldo na história cristã primitiva, comete o erro grotesco de afirmar que a separação não foi apenas onde e como evangelizar, mas de uma desunião maior de modo que acabou se separando dos outros discípulos, coisa que o próprio livro de Atos registra posteriormente como sendo mentira. Tanto que o próprio autor do livro de Atos (Lucas) indica posteriormente que até mesmo ele esteve com Paulo depois dessa ocasião (At 16.10,16).

Mas o autor parece citar as supostas contradições entre o ensino de Jesus e os de Paulo como mais provas de que Paulo adulterou a mensagem do Senhor Jesus. A primeira razão a negar o apostolado de Paulo é que, para ser verdade que Paulo seria um apóstolo, Jesus deveria ter anunciado que “ele ou um individuo cujas qualidades são dele será apóstolos... há várias parábolas e profecias narradas por Jesus, por que então, ele não profetizaria sobre tão importante apóstolo?”. Como o sr. Ahmad não cita nenhuma razão porque Jesus [deveria necessariamente] ter dito isso para que o apóstolo Paulo fosse considerado como tal, já que não há nenhuma razão para considerar essa condição como verdadeira,  passarei as outras afirmações.

Nas outras objeções o sr. Ahmad demonstra mais ainda uma falta de conhecimento dos ensinos revelados na Bíblia. Paulo de forma alguma faz discriminação entre os judeus e pagãos, mas demonstra apenas e simplesmente que o mesmo Evangelho foi confiado a ele e a Pedro, mas cada um com uma missão: Pedro para os judeus, enquanto Paulo para os pagãos. Na terceira, quarta e quinta objeções, por exemplo não é só Paulo que fala que a Lei não é fator determinante para a salvação do cristão, pois isso estava em conformidade com os outros apóstolos (At 15). Por que o sr. Ahmad insiste em não citar esses fatos, como fez outras vezes? Suspeito que o leitor sabe responder essa pergunta. Mas além disso, notei que os que afirmam que a doutrina de Paulo é diferente do que Jesus ensinou acabam por ignorar alguns fatores:

“O Evangelho do Reino [a mensagem de Jesus] é essencialmente o mesmo que o Evangelho da Graça; as aparentes diferenças são devidas a dois diferentes pontos de perspectiva ao longo da linha da história redentora. Deveria ser óbvio que, se o nosso Senhor experimentara grande dificuldade em convencer os seus discípulos que a morte messiânica era um fato dentro do escopo do propósito divino (Mt 16.21-23), dificilmente ele poderia instruí-los a respeito do [significado gracioso] e redentor dessa morte. Era inaceitável que o evangelho, as boas novas de redenção antes do evento, deveria estar descrito em termos diferentes daqueles usados pelos apóstolos depois que o evento da morte e ressurreição diferentes daqueles usados pelos apóstolos depois que o evento da morte e ressurreição já havia se tornado uma parte da história da redenção. Pela mesma razão, seria de supor-se como natural que alguém encontrasse a diversidade dentro de uma unidade básica, e, de fato, é isso o que encontramos.” [11]
   
Evangelho da Graça tal que não era pregado somente por Paulo, como qualquer um pode ver em qualquer leitura sincera e não arbitrária dos evangelhos, e, a menos que se considere que os evangelhos e todas as cartas apostólicas foram corrompidas a ponto de que não podemos saber a mensagem que pretenderam passar originalmente, como afirmam alguns muçulmanos e que segundo os estudiosos atuais não é verdade, qualquer pessoa honesta vai observar os ensinos da salvação pela fé em Cristo Jesus, e que Cristo cumpriu a lei, e não aboliu, mas quando participamos da sua morte também estamos mortos pela lei (e assim como Jesus ressuscitaremos). [12]
   
A sexta alegação de corrupção paulina, como se não bastasse, também provém do não conhecimento da doutrina do pecado original. A doutrina do pecado original não é que pagamos pelos erros de Adão, contrariando o ensino da Bíblia que cada um morrerá por seus próprios pecados (Dt 24.16; Jr 31.30; Ez 18.20; Mt 7.1,2). Na verdade ensina que pecamos juntos com Adão (assim como morremos juntos com Jesus), por conta disso a natureza humana está inclinada ao pecado, por isso desejamos o que é mal (Sl 14.2,3; Sl 5.10; Sl 140.4; Sl 10.7; Is 59.7,8; Sl 36.2; Rm 3.10-18).
   
A sétima objeção é da morte de Jesus. Essa talvez seja a que menos está de acordo com a realidade e as atuais descobertas históricas, e é uma das evidências históricas sobre a inveracidade do Alcorão como alegação. Antes de citar o que os historiadores afirmam, é bom lembrar o leitor que o sr. Ahmad em todo momento citou os Evangelhos, Atos, e outros versículos bíblicos, mas por que calou-se em relação a isso nesse momento? O sr. Ahmad sabe que o Novo Testamento é unânime quanto a morte de Jesus. Por que não acreditar, então, como constantemente afirmava, no que os genuínos discípulos de cristo? Usarei uma pergunta parecida: Por que acreditar quanto a morte de Jesus em Maomé que viveu cerca de 600 anos depois do que nos próprios discípulos autorizados de Jesus? Por que apelar para tais discípulos quando convém, e nesse momento ficar totalmente mudo? Só pressupondo a inspiração do Alcorão e ignorando os fatos históricos pra crer nisso, mas suspeito que o leitor já sabe a resposta das perguntas referentes ao silêncio do sr. Ahmad ao se tratar as afirmações dos discípulos de Jesus no caso da morte do seu mestre. Eles seriam os últimos a querer admitir isso, exatamente porque segunda a lei morrer daquela forma é uma maldição, mas eles não se cansaram de proclamar tal mensagem que fazia parte do Evangelho pregado, e nesse momento foi ignorado convenientemente.
   
E o que os atuais historiadores afirmam?  John Dominic Crossan dedica fez um trabalho extenso sobre o Jesus Histórico, e gostaria de mencionar dois trabalhos dele, que é “Jesus, uma biografia revolucionária” e “Quem matou Jesus?”. No primeiro livro ele cita no capítulo seis (Os cães sob a cruz), e o segundo citado é exatamente sobre a controvérsia de quem matou Jesus (os lideres judeus ou os romanos?). Monica Sevaltici, no livro “Jesus de Nazaré, uma outra história”, onde estão escritos vários artigos sobre o Jesus histórico, também confirma este fato. No seu trabalho ela fala sobre a provável data do nascimento e morte de Jesus, onde os dados apresentados “transporta a crucificação de Jesus para a data de 36 d.C” (p. 39). Claro que a data não é de total importância aqui, e sim o fato da morte de Jesus na cruz que se insiste em negar. J. P. Meier, no livro “Um judeu marginal” (v. 1), é mais um dentre [todos] atuais historiadores que confirmam a morte de Jesus como fato (Cap. 11). É claro que não concordo em tudo que tais historiadores afirmam, o que quero mostrar é que a morte de Jesus na cruz é algo unânime entre os historiadores, e o que fiz foi citar alguns dentre vários outros, sejam eles cristãos, ateus, judeus ou agnósticos.
   
É lembrar ao leitor que a crença infundada dos muçulmanos de que Jesus não morreu é principalmente baseada no Evangelho de Barnabé, comprovadamente não histórico, tanto que sua importância na pesquisa do Jesus histórico é nula. No entanto isso é bem conveniente aos muçulmanos, pois, mesmo sem confiabilidade na questão do Jesus histórico, este livro anda sendo utilizado como se fosse uma fonte segura. Segundo J. Slomp “a pesquisa acadêmica provou cabalmente que esse evangelho é falso. Essa opinião também é compartilhada por vários eruditos muçulmanos” (The gospel dispute, Islamochistiana. p. 68) No mais, se utilizarmos o critério histórico da multiplicidade de atestação, veremos que é atestada por todos os documentos do primeiro século escritos, sejam eles cristãos ou não. Só isso serviria para desbancar a alegação de que Jesus não morreu. O que não dá para entender é tanta vontade de crer a qualquer custo em uma crença tão infundada como essa de que Jesus não morreu.

-    A Torá e o Evangelho (que outrora, sobre a morte de Jesus, foi silenciado) anuncia o envio de Maomé?

O Sr. Ahmad acaba por me decepcionar de vez. Além de continuar com os mesmos erros de aceitar como preservados alguns textos por pura conveniência, acabou fazendo interpretações forçadas dos versículos bíblicos. Não tratarei das supostas profecias ditas por Maomé e que, segundo ele se cumpriram, irei me resumir às interpretações e citações sobre Jesus e Moisés referente a Maomé. Da mesma forma que as outras alegações, irei primeiro demonstrar parte dos equívocos seguindo da explicação dos versículos tratados.

1 – É um profeta. Como observamos, não há nenhum problema em Jesus ser profeta, pois de fato ele foi como o próprio autor admite e defende.

2 – Não é dos filhos de Israel. É afirmado que a profecia de Deuteronômio não fala que será dos filhos de Israel, quando esta é uma interpretação forçada e arbitrária. Segundo ele “é costume da Torá denominar o termo ‘irmão’ para ‘primo’”. Sim é costume, mas isso não significa que necessariamente devemos crer que não será dos filhos de Israel, mas que demos avaliar se será dos Israelita ou de algum povo com parentesco. O Sr. Ahmad não mostra razões para acreditarmos que não serão os filhos de Israel e sim de Ismael, e na verdade o próprio contexto mostra o contrário, pois é dito que “não terão herança no meio de teus irmão”. É bom lembrar também que o termo “irmãos” pode sim se referir a primos, mas sempre era entre os israelitas, ou seja, primos e irmãos de um mesmo povo (Israel) e não a outros povos.

3 – É feita uma comparação entre Jesus, Maomé e Moisés, tentando provar que Jesus não foi o profeta semelhante a Moisés. Mas ocorre o erro de se pensar que o tipo de profeta seria exatamente igual a Moisés em suas características seculares em vez de suas características de profeta, a forma de profetizar e a característica desta mensagem. Demonstrarei mais adiante que é exatamente o contrário do que ele tenta argumentar.

4 – Não há lugar nessa profecia afirmando que tal profeta não lê nem escreve, e mesmo que houvesse não há evidências de que Jesus sabia escrever (que é diferente de saber ler). Em todo caso, se fossemos utilizar a mesma forma de comparação do Sr. Ahmad, Maomé então já não teria a qualificação de ser considerado este profeta pois Moisés sabia ler e escrever, enquanto Maomé não, segundo o próprio texto. Que contradição! Por que será que o Sr. Ahmad omitiu este fato? Posteriormente, para piorar, ele afirma que a exortação de Isaías se refere a declaração do inicio da revelação a Maomé. Deixo que o leitor leia por si mesmo tals versos bíblicos, e veja como o propósito da mensagem de Isaías é fortemente distorcida.

5 – O Sr. Ahmad afirma que o trecho da profecia de que “ele lhes dirá tudo o que eu lhes ordenar” significa que ele iria transmitir toda a religião de Deus (que nesse caso supostamente seria Maomé). Mas o trecho de forma alguma fala que ele transmitiria toda a religião de Deus, fala apenas que faria tudo que Deus ordenaria, mas não afirma que seria toda essa religião. Por isso, novamente, mais uma “prova” de que Maomé é este profeta se torna bem forçada e arbitrária. Portanto Jesus está em total conformidade com esta profecia, pois afirmou dizer tudo que o Pai havia lhe ordenado, inclusive que ainda há coisas que seriam ensinadas.

6 – Quem não seguir o que este profeta falar, Deus o punirá. Segundo o Sr. Ahmad, “ele é um profeta cuja obediência é obrigatória a todos, e quem não ouvi-lo e obedecê-lo estará sujeito ao castigo de Deus. E isto é o que ocorreu com todos os inimigos do profeta Muhammad (saas), entre os pagãos árabes e outras nações, quando negaram a sua mensagem”. No entanto o texto tanto de Moisés, quanto a interpretação de Pedro citada por ele, não fala de destruição dessa forma, mas que Deus pedirá contas e que quem não seguir o profeta será eliminado do seu povo, o que não significa também necessariamente que será da forma que Maomé fez. E os textos continuam a ser forçados em sua interpretação...

7 – Este profeta não será morto. Em nenhum lugar na profecia fala que o profeta não será morto, e o trecho citado de que “o profeta que ousar falar em meu nome alguma coisa que não lhe ordenei, ou que falar em nome de outros deuses, terá que ser morto” não é referencia à alegação de que o Profeta não seria morto, muito menos algo referente a este profeta, mas sobre os falsos profetas. Entretanto se insiste em fazer malabarismos para que o texto ensine o que o convém.

8 – São apresentadas supostas profecias de Maomé. Como havia dito, não tratarei dessas supostas profecias (pois todas elas, devidamente contextualizadas, mostram a falsidade de tais alegações muçulmanas), apenas pretendo mostrar à luz das evidencias bíblicas que Maomé não é esse profeta semelhante a Moisés. Mas observamos que as que pretendiam comprovar algo, só comprovaram como o texto é tendencioso.

Quanto a Jesus ter profetizado a vinda de Maomé, o que se pode dizer é que “não há base alguma para se concluir que o ‘Consolador’ que Jesus mencionou seja Maomé. Em primeiro Lugar, nem um único dos 5.366 manuscritos gregos do NT contém a palavra [periclytos] (“o que é louvado”), que os muçulmanos dizem ser a expressão correta, Em segundo lugar, Jesus identifica claramente o ‘Consolador’ como sendo o Espírito Santo, não Maomé. Cristo referiu-se ao ‘consolador, o Espírito Santo, a quem o Pai enviará’ (Jo 14.26). Em terceiro lugar, o ‘Consolador’ foi dado aos discípulos de Jesus (‘Ele vos dará’, v. 16), e Maomé não foi seu discípulo. Em quarto lugar, o ‘Consolador’ estaria para sempre com eles (v. 16), e Maomé já morreu há 13 séculos! Em quinto lugar, Jesus disse aos discípulos: ‘vós o [o Consolador] conheceis’ (v. 17), e eles não conheciam Maomé, que não nasceu senão depois de seis séculos. Em sexto lugar, Jesus disse a seus apóstolos que o Consolador estaria neles (‘em vós’, v. 17). Em nenhum sentido Maomé poderia estar ‘nos’ apóstolos de Jesus, Em sétimo lugar, nosso Senhor afirmou que o Consolador seria enviado em seu nome (de Jesus, v. 26). Mas nenhum islamita crê que Maomé tenha sido enviado por Jesus, em seu nome. Em oitavo lugar, o Consolador que Jesus enviaria não iria falar por si mesmo (Jo 16.31), o passo que Maomé constantemente testifica de si mesmo no Corão (cf. Sura 33.40). E, nono lugar, o Consolador iria glorificar Jesus (Jo 16.14), e Maomé declara substituir Jesus, na condição de um profeta posterior. Finalmente, Jesus afirmou que o Consolador viria ‘não muito depois destes dias’ (At 1.5), ao passo que Maomé veio somente depois de seiscentos anos.”. [13]

O Sr. Ahmad tem a disposição de afirmar que todas as evidências comprovam que Maomé é o profeta anunciado por Jesus e Maomé. Se a comparação da profecia de Moisés não se fundamenta, a afirmação de que Jesus profetizou a vinda de Maomé fica no mesmo patamar. Tal interpretação além de vir de um erro de leitura (e crença infundada da adulteração desse texto), outros diversos versículos do NT e da própria profecia desmentem o que o Islamismo ensina. Somente ignorando arbitrariamente os outros textos neotestamentários, que outrora foram aceitos convenientemente, para acreditar que a profecia se refere a Maomé. Mas isto seria desobedecer ao próprio Deus, que nos deu capacidade de entender o que um texto diz e quando as evidências apontam para um lado (que Maomé não é esse profeta) e não para outro.

Agora vamos ao que as Escrituras realmente afirmam. Então, o que as Escrituras dizem sobre o Profeta? Como Jesus cumpriu esta profecia? Qual a conclusão disso tudo?

Vou suscitar para eles um profeta como tu, do meio dos teus irmãos. Colocarei minhas palavras em sua boca e ele lhes comunicará tudo o que eu lhe ordenar.
   
Deus promete que enviará um profeta como Moisés, profeta que falará tudo o que Deus comunicar e ordenar. Como observamos, Maomé possui mais diferenças que semelhanças em relação a Moisés, principalmente fazendo o tipo de comparação do Sr. Ahmad. Tanto as diferenças até mesmo comparadas a Jesus foram omitidas, por exemplo, segundo ele Jesus não foi perseguido, mas não é isso que mostram as Escrituras. De fato ele foi morto exatamente por causa de uma perseguição que sofreu. Mas o que o texto parece indicar é que a semelhança não seria nestes detalhes (apesar de que até mesmo nestes detalhes Maomé não possui totais semelhanças), mas na forma em que Moisés era profeta, ou seja, no relacionamento entre Deus e Moisés. Por exemplo, sendo um judeu (entre os irmãos, conforme a profecia), Jesus disse que nada faz por si mesmo, mas que fala o que seu Pai ensinou; também que não tem falado por si mesmo, se não o que o Pai tem prescrito o que dizer e anunciar. (Jo 8.28; 12.49), da mesma forma que a profecia afirma que “lhes comunicará tudo o que eu lhe ordenar”. Como profeta, Moisés se relacionou com Deus “face a face”, e Jesus em seu ministério afirmou possuir este tipo de relação com o Pai. Este profeta, assim como Moisés, daria o real significado da Lei, e isto foi o que Jesus veio fazer (e vários muçulmanos admitem). Existem estudos mais detalhados sobre essa questão que seria interessante ao leitor [], mas o que pretendi mostrar aqui é que Maomé não preenche as características do profeta que teria um ministério profético como o seu (na forma de profetizar, anunciando tudo o que o Pai tem prescrito, não anunciando sobre si mesmo e que falou “face a face” com Deus), mas se cumpre em Jesus.

 - Conclusão

Os muçulmanos parecem estar bem dispostos a admitir os critérios históricos e os escritos bíblicos quando não contradizem sua doutrina. Mas ao ponto em que os ensinos bíblicos e tais critérios começam a demonstrar a falsidade de suas alegações, o que acabam por fazer é ignorá-los ou considerá-los inautênticos de forma puramente arbitrária. Na verdade o que o Sr. Ahmad fez nesse trabalho foi somente pressupor que o Alcorão é verdadeiro, e tentar mostrar que até mesmo a Bíblia e a história mostram isso, quando evidenciam exatamente o contrário. Creio que o leitor pôde observar os raciocínios em círculos, erros de leitura (como a casa do paraclito) e as arbitrariedades, além das interpretações totalmente forçadas dignas de um malabarista. Ainda há muitas questões contra o movimento islâmico que poderiam ser tratadas, mas preferi fazer isto em outras ocasiões e me ater apenas nas interpretações e alusões bíblicas. Mas, diante do que foi apresentado, o Islamismo está longe de ser uma nova revelação de Deus aos homens, Maomé está longe de ser o Profeta predito por Moisés e o Consolador profetizado por Jesus, e este Jesus está bem longe de ter o Islã como sua religião. Espero também que os defensores do Islamismo conheçam pelo menos o básico das doutrinas cristãs antes de questioná-las com críticas sem fundamento algum na realidade.

NOTAS

[10] – Sobre este assunto, indico o livro “O Canon bíblico” do Prof. Alessandro Lima.
[11] – Teologia do Novo Testamento, George Eldon Ladd, p. 31
[12] – http://www.answering-islam.org/portugues/cristianismo-basico/pagarpecados.html
[13] – Manual popular de dúvidas, enigmas e “contradições” da Bíblia, p. 427 e 428, Norman Geisler e Thomas Howe.

2 comentários:

  1. olá irmão,meu nome é tiago de criciúma/sc,não tenho religião,mas amo a bíblia,leio ela 3 a 4 horas por dia,só ela é importante,entre no site de busca e escreva-contradições da bíblia e Norman geisler,aí click enter e entre no site scribd,neste site tem um livro da autoria de Norman geisler e Thomas howe,que refuta as acusações de contradições bíblicas,respondendo uma por uma e provando que pelo contexto não há contradição em tudo,tomara que os muçulmanos leiam tembém,um abraço.

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  2. Olá!

    Sim, esse livro é muito bom.

    Seria bom que conhecessem não só esse livro dele, mas vários outros.

    Abraços!

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