domingo, 21 de novembro de 2010

Inerrância Bíblica, alguns comentários sobre.

O que vou colocar aqui é o que postei como comentário em outro blog, mas achei interessante que os leitores soubessem do que tenho refletido referente à inerrância bíblica e sua inspiração.

Não faz muito tempo que deixei de defender a inerrância bíblica da forma que os fundamentalistas propõem. O que não quer dizer que creio que a Bíblia é cheia desses erros, principalmente os apontados no manual de contradições bíblicas do Geisler. Uma coisa que me chama atenção nessa questão é que, para estes, a inerrância plena se dá somente nos autógrafos. Mas se não os possuímos, como é que podemos dizer que os autógrafos são inerrantes da maneira que desejam apresentar?

Eu partilho do pensamento de que Jesus é a Palavra no sentido estrito e que as Escrituras são a Palavra, pois elas refletem a Jesus Cristo. Mas ainda isso me faz indagar: se Jesus não erra e as escrituras são um reflexo dessa Palavra, então como elas não seriam inerrantes da mesma forma que Jesus é inerrante? Creio que depende de como vemos a Bíblia como esse reflexo e como vemos Jesus como inerrante. Por exemplo, se ela é um reflexo de Jesus, então ela é humana e espiritual (sua mensagem espiritual). É claro que como cristão acredito que Jesus não errou em sua mensagem espiritual, portanto a Bíblia também não erra na mensagem de salvação para a humanidade.

A questão é se “a Bíblia não possui erro algum em sentido nenhum”, ou como chamo aqui, de "escrita secular". Mas se Jesus errou de alguma forma como homem, no sentido de que possuía as crenças de sua época a respeito do mundo secular, então a Bíblia poderia sim ter errado nessas questões.

Por exemplo, Jesus falou que o menor grão é o grão de mostarda. É claro que Jesus estava a falar do menor grão em que os palestinos possivelmente conheciam. Será que Jesus também não estava errado nisso, de acordo com o conhecimento secular limitado? Esse é um exemplo de conhecimento secular limitado que todo ser humano possui.

Sinceramente, até agora não vi nenhum problema para pensar que Jesus não poderia ser limitado dessa forma, afinal, Ele é totalmente Deus e totalmente homem, isso significa que assim como um palestino no primeiro século [totalmente homem], Jesus era limitado nessas questões seculares assim como nós que somos totalmente humanos. Sem pecado, porém ainda limitado nas questões seculares como qualquer ser humano. Veja que não estou a falar que Jesus foi limitado na questão de sua mensagem que Ele disse ter sido revelada pelo Pai.

Então, se a Bíblia reflete essa Palavra, ela deveria refletir Jesus até mesmo em suas limitações. O que faria da inerrância não algo de que “a Bíblia não possui erro algum em sentido nenhum”, mas que a Bíblia contém a mensagem verdadeira de Jesus revelada aos homens escrita por pessoas com as limitações de conhecimento secular humano.


Claro que devemos fazer diferenciação de Inspiração Bíblica com o de Inerrância, mas a questão da inerrância vai depender do que temos por inspiração.

Como até o momento não vi nem mesmo nas próprias escrituras a exposição do conceito de inspiração que os fundamentalistas defendem, nem mesmo argumentos lógicos apropriados, penso que nos casos em que mostrei não é contraditório crer na inspiração e em erros bíblicos, na verdade, pelos motivos apresentados, os tipos de erros e características humanas já eram de se esperar na Bíblia sem afetar também sua característica espiritual, esta sim inerrante.

Assim, pelas palavras escritas pelos homens inspirados por Deus, a Palavra de Deus vem à tona, da mesma forma que a Palavra de Deus veio à tona através da humanidade de Jesus.

Nenhum comentário:

Postar um comentário